Não sei exatamente quantas vezes fiz isso em todos esses anos, mas a cada vez que fazia era como se pudesse reviver cada segundo dos anos que passei feliz ao lado dele, foi pouco tempo sim , mas o suficiente para ter a certeza que eu nunca mais ia conseguir encontrar um outro homem como ele.Paul tinha sido especial, único.

Em 2001

- Você precisa fazer essa barba, sabe disso não é?

Ele estava em frente ao espelho do banheiro penteando o cabelo, enquanto eu terminava de escovar os dentes.

- Isso pode esperar mais alguns dias, meu amor, não estou tão mal assim. - ele olhou pra mim sorrindo e logo depois continuou sua tarefa diária.

- Não gosto de homens com a barba por fazer, Paul você sabe disso. - lavei minha boca e saí.

- Isso é um aviso? - ele perguntou enquanto me seguia pelo quarto, limpando as mãos em uma toalha. - Deveria me preocupar?

- Eu poderia dizer que sim, mas sabe que mais ninguém nesse mundo é capaz de me fazer tão feliz como você.

Ele sorriu novamente e veio ao meu encontro, me pegando pela cintura e me beijando em seguida.

- Sou o homem mais feliz do mundo por ter você como minha esposa, Stella Sulivan.

- É melhor nos apressarmos, sei que tem uma reunião importante hoje e eu preciso chegar um pouco mais cedo no laboratório.

- Você sempre chega cedo no laboratório.

A estação do metro era próximo ao nosso apartamento e Paul e eu sempre íamos caminhando até ela, era engraçado como eu me sentia uma adolescente do lado dele, mesmo com os meus vinte cinco anos de idade.Ele me fazia feliz e isso era o que importava, somente isso bastava para mim.Eu descia duas estações antes dele e quando era chegado o momento nos despedíamos com um beijo, e eu ainda ficava na estação olhando ele partir e Paul sempre me mandava um beijo e eu sorria.Mas... desde aquele maldito dia isso nunca mais se repetiu.

Dias atuais

Agora estava na minha sala no laboratório olhando um álbum de fotos das várias viagens que fizemos juntos e a alegria que sentíamos por estarmos um do lado do outro.Eu ainda sentia como se tudo tivesse acontecido no dia anterior.Deus, quando essa saudade ia passar? Será que era saudável ainda amar tanto uma pessoa que tinha ido embora a tanto tempo? Deixei as fotos em cima da mesa e saí da minha sala e aquele velho pressentimento de que todos estavam olhando com pena para mim estava presente.Talvez uma xícara de café ia me fazer bem e pra mim era tudo o que eu precisava no momento.

- Está tudo bem com você, Stella?

Estava tão absorvida em meus pensamentos que cheguei a me assustar com a voz dele bem próxima a mim e isso me fez derrubar um pouco de café na minha mão.

- Droga! - Mac aproximou-se rapidamente e segurou a minha mão com todo o cuidado.

- Desculpe, eu não quis assusta-la.Deixe-me ver isso aqui.

Puxei minha mão rapidamente e ele pareceu não entender a minha reação.

- É sério Mac eu estou bem e isso não foi nada, de verdade.

- Stell, sou seu amigo e estou preocupado com você.O que está acontecendo?

Ele conseguia arrancar qualquer informação que quisesse de mim somente com uma frase.

- Hoje é vinte cinco de novembro e...

- Seria seu décimo segundo aniversário de casamento como a senhora Sulivan.

- É... - foi o que eu fui capaz de dizer.

- Quer conversar sobre isso? Estou disponível se precisar. - ele me deu seu melhor sorriso.

- Obrigada Mac, mas... acho que já tomei muito do seu tempo falando sobre a minha vida e sinceramente não queria mais tocar nesse assunto.

- Stellla - ele tentou insistir.

- Obrigada - eu saí dali rapidamente e voltei para a minha sala.Todo ano era esse transtorno de emoções e essa agonia parecia não ter fim.

XXXXXMacXXXXX

Nas últimas semanas todo o laboratório estava em um caos completo.O prefeito da cidade de Nova York estava visitando todas as delegacias da cidade e queria visitar também nosso laboratório.Se tinha algo que me tirava do sério era ficar paparicando gente desse tipo, mas como precisava fazer isso não tive escolha.Felizmente Stella ficou do meu lado o tempo todo e por algumas vezes pedia que eu respirasse fundo quando ela notava que eu estava a ponto de explodir.Esse dia já tinha terminado e agora eu estava de volta a minha sala perdido em relatórios que precisavam ser revistos, foi quando a vi passar apressada até nossa sala de descanso.Alguma coisa estava errada e quando olhei para o calendário em cima da minha mesa eu sabia qual o motivo que a fez ficar tão transtornada.Eu a conhecia a cerca de quinze anos e tinha até sido padrinho do seu casamento com o Paul.Ele tinha sido um bom homem e eu sabia como a morte dele ainda a perturbava.

No momento que nos encontramos no café e logo depois ela saiu novamente apressada, eu me preocupava com os fantasma que ela devia estar enfrentando e queria poder ajuda-la, mas Stella insistia em me manter afastado disso e eu só podia ficar de longe, esperando que ela entendesse que eu queira apenas fazer meu papel de amigo.Eu não podia dizer com todas as letras que sabia o que ela estava sentindo porque afinal de contas nunca tinha me apaixonado, e mesmo Peyton, minha atual namorada ser uma boa pessoa eu não conseguia sentir por ela mais do que carinho e admiração e me sentia como se estivesse privando ela de conhecer alguém que realmente sentisse algo muito além disso.

- Posso saber o que está mantendo seu pensamento tão longe, Mac?

Don acabara de entrar na minha sala.

- Nada que deve tomar a sua atenção, Don.

- Notou que a Stella está bem estranha hoje? Será que aconteceu alguma coisa?

- É melhor não perturbá-la com suas perguntas, ela precisa de privacidade agora e nãoi está aceitando qualquer aproximação.

- Mas com certeza isso não se encaixa com você, sei que é o melhor amigo dela.

- Todo mundo precisa de um momento sozinho e existe certas coisas que não podemos ou não queremos dizer a ninguém e se ela preferiu se fechar agora eu vou respeitar isso.

- Vai com o pessoal hoje no bar?

- Peyton me chamou para jantar em sua casa hoje. - suspirei sentindo o estresse e a tensão nos meus músculos.

- Não parece muito animado com isso, ou estou enganado? Poderia leva-la com a gente, tenho certeza que vamos nos divertir muito.

- Eu tenho certeza que sim, Don, mas Peyton não gosta muito desse tipo de encontro e hoje se eu mudar qualquer coisa em relação ao nosso compromisso estou perdido.

- Tudo bem detetive Taylor - ele levantou-se da cadeira onde estava - Mas se mudar de ideia sabe onde nos encontrar, até amanhã.

- Até amanhã

Depois que ele saiu, eu pude notar que era um dos poucos no laboratório.Levantei e peguei meu palito que estava pendurado na cadeira e poucos minutos depois já estava a caminho de casa.Ao abrir a porta do meu apartamento fui direto para o meu quarto, desabotoei minha camisa e a joguei em cima da cama, mas antes mesmo que eu pudesse fazer o mesmo com a minha calça ouvi a campainha tocar.Será que era a Peyton? Quando abri a porta me deparei com a última pessoa que imaginava ver naquele momento, Stella.

- Mac... desculpe vir assim se avisar, mas... eu precisava falar com você.

Ela estava com os olhos manchados pela maquiagem que suas lagrimas insistiam em desfazer.Stella me abraçou e eu só pude segurá-la em meus braços.

- Calma Stella - ela chorava nos meus braços como uma criança e eu por um segundo fiquei sem saber o que fazer, a levei até o sofá da sala e esperei pacientemente que ela se acalmasse.Aos pouco senti que Stella estava mais calma e assim que pareceu mais segura ela afastou-se enxugando uma lagrima.

- Eu não consegui suportar ficar sozinha hoje e só conseguia pensar no meu melhor amigo. - ela forçou um sorriso - Eu precisava ver você, Mac.

- Eu fez o certo, sou seu amigo,Stella e sabe que pode contar comigo sempre que precisar e já te disse isso milhares de vezes.

- Você ia no bar com o pessoal, não é? Droga e eu cheguei e atrapalhei tudo.

- Hei, você nunca vai atrapalhar em nada e fique tranquila porque eu não ia sair de casa hoje, estou livre e pode me usar como meu ombro amigo o resto da noite.

Enfim consegui tirar um sorriso daquele belo rosto.

- Você não existe, Mac... é a melhor pessoa do mundo.

- Então, sobre o que gostaria de conversar? - Stella puxou as pernas para cima do sofá e segurou com um dos braços, apoiando sua cabeça em meu ombro e eu abraçava seu corpo por cima do sofá.

- Você me acha uma mulher fraca? Por não conseguir seguir em frente?

- Porque está dizendo isso? É a mulher mais forte que conheci em toda a minha vida e não é o fato de ainda amar os eu marido que vai fazer com que eu mude de ideia sobre isso.

- Eu juro que já tentei superar isso tantas vezes, mas nenhum dos meus namorados pareciam me capazes de me fazer sentir o mesmo que o sentimento que tinha pelo Paul.

- Você não ficava mais que um mês com o pobre coitado, eu podia ver o desespero de cada um deles quando iam te procurar no laboratório.

- Será que um dia vou conseguir sentir isso novamente?

- Se apaixonar? - perguntei colocando um dos seus cachos atrás da orelha.

- Sim, as vezes eu penso, mas ninguém escolhe quando e quem vai ser essa pessoal.

- Pra namorar a detetive Bonasera precisa ser um homem de outro mundo.

Ela levantou a cabeça me olhando sem entender.

- Porque está dizendo isso?

- Não é qualquer homem que teria a honra de ter uma mulher como você do lado, que realmente mereça todo o carinho e amor que você está disposta a dar, você é uma mulher boa demais pra ser amada por qualquer um.

- Mac... - ela aproximou- se e beijou suavemente a minha bochecha e depois me fitou sorrindo e emocionada. - Se você não fosse meu melhor amigo eu com certeza me apaixonaria por você.

Stella acomodou-se uma pouco mais nos meus braços e eu depois das suas palavras fiquei acariciando seus cabelos com uma das mãos.Eu?! Namorado dela?! Aquilo era algo que nunca tinha passado pela minha cabeça, e agora de repente ela diz isso com tanta naturalidade que me pega totalmente de surpresa e me deixa até um pouco desconfortável na verdade, afinal de contas ela não pensaria em um relacionamento afetivo comigo somente porque era seu melhor amigo ou porque não era interessante para ser seu parceiro?

- Você está fazendo academia, Mac?

- O que? - pergunto sem entender, só então me dou conta que Stella está acariciando meu abdômen sem camisa.

- Qual é o segredo da boa forma do detetive Mac Taylor? - ela diz e eu posso ouvir um sorrisinho e isso me vem como um grande elogio pra mim.

- Sabe que não tenho tempo para ir a academia, Stell, acho que é essa vida maluca que me fez ficar assim.Nem tempo para engordar eu tenho.

- Você está perfeito assim.

E mais uma vez ficamos em silêncio e assim o tempo passa, quando sinto que ela está um pouco mais leve em meus braços e então vejo que Stella dorme profundamente.Me levanto vagarosamente para que ela não acorde e com delicadeza a pego no meu colo e Stella inconsciente abraça meu pescoço e eu só posso achar maravilhoso aquele perfume que ela usa.Como não tenho quarto de hospede, deito ela na minha cama e gentilmente tiro a sandália que ela está usando e me pergunto como ela consegue ficar com aquilo o dia inteiro.Ela usa uma calça social preto e uma blusa de manga comprida branca, além de um palitó preto também.Eu apenas quero que ela fique a vontade e consiga descansar, mas apenas tiro o palitó e a cubro com um cobertor.Eu fico olhando para ela dormindo por alguns poucos minutos e me saiu do quarto fechando a porta com cuidado, hoje o sofá vai ser a minha cama.

XXXXXXXXXX

Eu não sei dizer onde estou ao certo, mas me parece que é umas das ruas em Nova York e muitas pessoas correm desesperadas e uma grande onde de poeira vem em minha direção, mas eu não consigo fugir e sinto dificuldade para respirar.Escuto um grito apavorado pedido por ajuda e meu desespero aumenta quando reconheço a voz do Paul.Eu tento acha-lo, mas não consigo e quando finalmente consigo encontra-lo, Paul vem correndo em minha direção com o corpo em chamas.

- Não! - eu grito apavorada e me dou conta que tudo não passou de um terrível pesadelo.Passo as duas mãos na cabeça e de primeira não reconheço onde estou, mas depois me lembro que estava na casa do Mac e que como bom cavaleiro que é me levou para dormir em sua cama.Escuto uma batida na porta e logo ele aparece.

- Ouvi um grito, está tudo bem? Você teve um pesadelo?

Ele está simplesmente gracioso daquela maneira.Cabelo bagunçado, vestido somente um cueca samba canção.Ele se aproxima preocupado e se senta na cama e me olha cauteloso.

- O pesadelo de sempre - dou de ombros e ele acaricia meu rosto.

- Isso um dia vai passar, Stella.

- Será? Eu não aguento mais isso, Mac, a anos vivo atormentada pela morte do meu marido e sofro até hoje por nunca ter encontrado o corpo dele para prestar minhas últimas homenagens.As vezes até me pego pensando, e se... e se ele estiver vivo?

- Você sabe que isso não é possível, Stella. - ele fala firme e isso me faz sentir um nó na garganta. - Desculpe se te faço sofrer com isso, mas não é justo com você mesmo pensar assim.Stell... Paula trabalhava no último andar da torre.Se ele tivesse escapado com certeza teria entrado em contato com você em todos esses anos.

- Você tem razão... coo sempre.Desculpe Mac, estou sendo uma boba pensando dessa forma.

- Não, você não estás endo boba, apenas está sendo você mesmo.

- Onde está dormindo? - pergunto querendo mudar de assunto.

- No sofá da sala.

- Aquele sofá é horrível, Mac.

- Está dizendo que meu sofá é ruim? = ele pergunta fingindo estar chateado comigo.

- Sim, ele é e o aconselharia a troca-lo imediatamente, mas como isso não pode ser feito agora, sugiro dividir a sua cama.

- Não Stella, você precisa ficar a vontade e descansar, eu vou ficar bem, sério.

- Mac... - eu digo suavemente e sei que posso convencê-lo - Se quiser coloco travesseiros no meio para não correr o risco de nos tocarmos durante a noite - eu dou risada acompanhada por ele.

- Tudo bem Bonasera, já estava começando a sentir uma terrível dor nas costas.

- Eu faço tudo pelo meu melhor amigo.

Ele simplesmente olha pra mim antes de se arrumar na cama e pegar um travesseiro.

- Boa noite querida, durma bem - ele diz depois de beijar carinhosamente minha testa.

- Você também. - Não sei quanto tempo demorei pra dormir, mas fiquei pensando em como era engraçado estar dormindo na cama dele.Isso me fez lembrar da minha infância, quando estava no orfanato e por diversas vezes só para fingir que íamos na casa de algum amigo, eu e algumas ,meninas de lá dormíamos uma na cama da outra e isso era muito divertido, porque nos fazia sonhar que um dia isso ia acontecer realmente.Infelizmente nem todas tiveram essa sorte.

Acordei com um toque de celular e quando abri os olhos estava abraçada ao Mac e me afastei rapidamente e ele acordou completamente.Me olhou um pouco sem graça e atendeu seu celular em cima do criado mudo.

- Taylor.Bom dia Don, o que temos? Daqui quinzes minutos estamos ai, quer dizer daqui a quinze minutos eu estou ai. - ele desligou e me olhou com rosto de sono - Ele deve ter ligar daqui a pouco - e foi o que aconteceu. - Eu não disse? Só cuidado com o que vai falar Stella, sabe como o Don pode interpretar nossa inocente noite de sono.

- Fica tranquilo, Mac - eu atendi e Don deve ter falado o mesmo que falou ao Mac.

Era bom ser acolhida daquela forma e eu estava feliz por passar algum tempo com o meu amigo e detetive preferido.Ele preparou o café da maneira que eu gostava.

- Vou com o meu carro pra cena, pra evitar qualquer tipo de falatório. - eu sorri e o beijei na bochecha. - Obrigada por tudo, Mac.

- Nãoi precisa agradecer, Stella, até daqui a pouco então.

Não demoramos a chegar até o local, e eu cheguei um pouco depois do Mac.Pegamos caminhos diferentes.

- Vocês chegaram quase juntos - Don falou assim que parei do lado dele e do Mac.

- O que temos aqui, Don? - perguntei deixando claro que não estava afim de puxar assunto por qualquer outra coisa que não fosse o caso;

Ficamos ali processando a cena por cerca de duas horas, quando finalmente seguimos até o laboratório e assim que eu e o Mac saímos do elevador uma Peyton furiosa apareceu.

- Poderia falar com você um instante, Mac?

- Claro, com licença Stella. - os dois saíram de perto de mim e ele a levou até sua sala e eu pude notar que ele estava bem magoada por alguma coisa e alguma coisa me dizia que era por causa da noite passada.

- Ah Mac... eu sussurrei.Não queria que ele tivesse problemas por minha causa e eu devia ter estragado algum compromisso dele com a Peyton.

XXXXXX

- Você faz ideia de quantas vezes eu te liguei na noite passada? De quanto tempo fiquei te esperando no meu apartamento, olhando nosso jantar esfriar e você sequer me ligar pra dar uma satisfação? Qual o problema com você, Mac? - ela me olhava com raiva nos olhos ao mesmo tempo que tinha magoa nos olhos.Eu não queria que Peyton sofresse por minha causa.

- Desculpe por ontem, Peyton, é que... a Stella apareceu no meu apartamento ontem e eu não pude simplesmente manda-la embora.

- Mas a mim que sou sua namorada você podia deixar esperando, não é? - ele enxugou uma das lagrimas que caiu no seu rosto. - Sabe Mac, as vezes eu acho que você se importa mito mais com a Stella do que comigo e sinceramente? Nada me tira da cabeça que vocês dois foram feitos um para o outro e que eu estou sobrando nessa história, que estou sendo feita de palhaça. - ela levantou-se da poltrona onde estava sentada e me olhou com os rosto em lagrimas.

- é melhor terminarmos por aqui e cada um seguir o seu caminho, eu não quero que você fique comigo por carinho e gratidão, eu mereço muito mais do que isso, Mac, eu mereço alguém que me ame.

- Peyton... - ela saiu rapidamente e eu me senti péssimo por ver ela tão mal assim, não queria que terminássemos dessa forma e muito menos que ela achasse que Stella era mais importante do que ela na minha vida.Eu podia não amar a Peyton, mas não queria parecer tão cafajeste.Ouvi uma leve batida na porta e levantei a minha cabeça.

- Posso entrar, Mac?

- Claro que sim, Stella, entre.

- Porque não me disse que tinha marcado alguma coisa com a Peyton? Eu teria ido embora e deixado você livre.

- Você me conhece muito bem e sabe que eu nunca ia permitir que você fosse embora naquele momento, você precisava de mim, da minha amizade.

- Eu interferir no seu relacionamento com ela, Peyton tem total razão em ficar chateada e eu não consigo me perdoar por ser a causa do fim do relacionamento de vocês.

- Como sabe que terminamos? - perguntei curioso.

- Eu sei que sim, senão você não estaria com essa cara e Peyton tão arrasada.O que você está fazendo com a sua vida, Mac? Peyton é uma mulher maravilhosa e você estragou tudo por minha causa?

- Você é muito importante pra mim, Stella.

- Ninguém pode ser mais importante do que a mulher que é sua companheira, da sua namorada.

- Está querendo me dizer que devo me dedicar totalmente a Peyton? É isso?

- Não foi o que eu quis dizer, Mac, mas afinal de contas qual a diferença em tudo isso agora? Não existe mais esse casal... Bem, desculpe por tudo e por ter estragado o seu encontro.Vou voltar ao trabalho.

Vi Stella sair da minha sala e soltar o ar que estava preso no peito.Em poucos minutos senti que minha vida tinha mudado completamente e não sabia como agir e o que fazer.

Eu me preocupava com a Peyton, mas me preocupava ainda mais com a Stella e pra dizer a verdade nesses últimos tempos minha preocupação tinha aumentado ainda mais porque conforme o tempo ia se passando ela parecia ainda mais fechada para o mundo e isso me fazia sentir uma grande preocupação com o bem-estar dela.

Já fazia alguns meses que eu não a via na companhia de ninguém e na maioria das vezes ela se negava a sair junto com a equipe.Como eu poderia deixa-la sozinha justamente quando ela mais precisava de mim?

XXXXXX

Quando abria porta do meu apartamento, joguei a chave em cima da mesinha de centro, na sala e me joguei no sofá.Sentia o meu corpo inteiro reclamar de cansaço e eu sabia como o meu dia tinha sido puxado e para piorar as coisas eu não conseguia me perdoar por ter atrapalhado a vida do Mac daquela forma.

- O que você fez, Stella?

Fui para o banheiro e me permitir ficar entregue na banheira,e aquele sensação de entrega foi tão boa e me fez lembrar da última vez que fiz isso acompanhada...

Flash Back

- Está gostando disso, senhora Sulivan?

- Onde aprendeu a fazer isso? - ele massageava meus ombros com, as duas mãos enquanto permanecia sentado por trás de mim, na nossa banheira.

- Não faço ideia,talvez já tenha nascido com esse dom.

Eu sorri e me virei para ele o beijando com paixão.

Fim do Flash Back

Sempre me orgulhei de ser uma pessoa centrada, mas quando se tratava da minha vida amorosa era tudo diferente e eu acabava agindo completamente diferente.Agora estava com tanto remorso por ter estragado o relacionamento do meu melhor amigo que não sei se ia ser capaz de olhar novamente para ele.

- Não bastava sua vida ser uma droga, precisava estragar tudo para ele também.

Peguei a toalha que estava sobre uma cadeira do lado da banheira e me enrolei nela ao ficar de pé.Escolhi no guarda-roupa uma calça jeans justa e uma blusinha branca de alcinha, depois coloquei minha bota.Não estava com vontade de ficar em casa aquela noite e resolvi beber alguma coisa.A noite por incrível que pareça estava calma naquele dia e eu tive a leve esperança que o meu bar favorito estivesse um pouco mais vazio dessa vez.Infelizmente estava bem lotado e eu tive que me contentar depois de vinte minutos esperando um simples lugar no balcão.Pedi uma tequila e a saboreei aos poucos, tentando afastar qualquer lembrança.

- Stella? Não imaginava encontrar você por aqui hoje.

Me virei e encontrei Jess me olhando.

- Oi Jessica, poderia dizer o mesmo sobre você.

Ela sorriu.

- Precisava pensar um pouco e achei que uma dose de tequila pudesse me ajudar.

Ela pediu o mesmo que eu e acabou conseguindo um lugar do meu lado.

- Está tudo bem com você? Não está com uma cara muito boa.

- Estou me sentindo estranha e culpada.Mac e Peyton terminaram e foi tudo minha culpa.

- Porque está dizendo isso? - depois de explicar para ela, Jess me olhava como se tivesse nascido uma segunda cabeça em mim.

- Você não teve culpa alguma em nada disso e muito menos o Mac, okays, ele pode ter tido sim, mas o que queria que ele tivesse feito? Ter te dispensado naquele jeito? Não conheço o Mac tão bem como você Stella, mas tenho certeza que mesmo se ele saindo para se casar e não te deixaria ir embora.

Eu tive que rir das palavras dela.

- Ele é um grande homem e um verdadeiro amigo.

- Isso é verdade, não se encontra mais homens como ele.

- O que quer dizer com isso, Jess? Não vai me dizer que se apaixonou por algum mau-caráter?

- Não, não dessa vez.Quer dizer... não estou apaixonada, não estou mesmo. - ela gaguejou e eu nãoa creditei um segundo sequer nas suas palavras. - Mas sinceramente acho que agora que ele está solteiro você poderia começar a pensar em ter alguma coisa com ele.

Eu comecei a rir, mas Jess ainda me olhava séria.

- Estou falando sério Stella, ele é um homem admirável.

- O Mac é praticamente um irmão pra mim, Jess, não consigo olhar pra ele com outros olhos e só imaginar eu e ele... dormindo juntos, é estranho...

- Se fosse você não perderia mais tempo, o seu grande amor pode estar do sue lado. - ela sorriu.

- Desde quando está tão romântica, detetive Angell?

- Sempre fui, você que nunca percebeu.Bem Stella preciso ir pra casa, acho que por hoje chega pra mim, quer companhia no táxi?

- Não obrigada, vou terminar minha bebida e seguir a pé.

- Tudo bem então - Um pouco depois ela desapareceu pela porta e aos poucos o local foi se esvaziando, dei um último gole e depois de pagar a conta fui pra casa.O tempo parecia ter mudado e agora a temperatura estava um pouco mais baixa e eu tinha deixado meu casaco em no meu apartamento.

- Está com frio detetive Bonasera?

Eu não sei se me arrepiei por ouvir aquela voz ou por causa do frio, me virei e encontrei quem eu menos esperava ver naquele momento.