Beauty Queen escrita por Rocker


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

É o seguinte gente: eu estava com dificuldades de postagens, mas consegui dar um jeito de fazer dois blocos de postagens, com umas cinco fics em cada uma. A cada semana, eu posto um bloco, fazendo assim com que cada fic tenha uma atualização a cada duas semanas. Espero que dê certo e espero que comentem, senão eu desanimo. Bem, está aí mais um capítulo!



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Capítulo 9

Selene entrou furtivamente pela janela de seu quarto. Não fora fácil andar durante horas até chegar em seu antigo palácio. Muito menos fácil foi passar por toda a segurança da matilha de lobos da sua irmã desnaturada. Selena pelo menos sabia um bom caminho a se passar por aquele jardim com estátuas de pedra. Foi duro ver seu amigo Tumnus ali transformado em pedra. Queria poder desfazer o feitiço. Nele, e em muitos outros que ela vira por ali. Mas sabia que seria apenas um problema para ela. Ela não podia ser vista. Ao menos não antes de arrancar Edmundo daquelas masmorras.

Selene olhou em volta, percebendo que a irmã revirara todo o seu quarto, provavelmente à procura de indícios de seu paradeiro. Balançou a cabeça de modo reprovador - sua irmã nunca tomaria jeito, mesmo depois de cem anos de tentativa. Era sempre ela que criava o caos e os problemas e muito possivelmente não mudaria. Selene só então se perguntava como poderia ter o mesmo sangue que a aquela mulher. Selene balançou a cabeça novamente, tentando expulsar esses pensamentos que a distraiam. Correu até um quadro virado diagonalmente na mesma parede da porta. Jadis provavelmente o virara, pensando que algo poderia estar tão obviamente guardado ali.

Cruel, mas ingênua.

Selene colocou o quadro em seu devido lugar, e criou-lhe um contorno de gelo. Algumas palavras sussurradas em uma língua desconhecida, e ali podia-se ver algumas armas. Uma segunda espada, um conjunto de arco e flecha, e um punhal. Selene pegou apenas o punhal e cortou a barra de seu longo vestido branco. Ela já estava se cansando dele. Logo depois guardou o punhal entre o tecido de suas vestes, como fizera com o pedaço de vidro, e saiu pela porta em direção às masmorras. Não havia muita gente nos corredores e, quem tinha, ela conseguiu despistar até chegar a cela de Edmundo.

– Eddie! - ela o chamou ao vê-lo encolhido no canto mais longe.

E ela sabia que não havia se preparado emocionalmente para vê-lo. E isso foi comprovado quando seu coração acelerou consideravelmente. Mas apenas ignorou essa sensação.

– Selene! - ele exclamou, feliz ao vê-la, e se aproximou das grades. - O que está fazendo aqui?!

– Eu vim te tirar daqui. - ela disse firmemente, e olhou ao redor, procurando por alguém por perto, mas não havia ninguém.

Selene suspirou, aliviada, mas tensa. Era finalmente a hora de mostrar a Edmundo quem era.

– Como? - perguntou Edmundo.

– Só se afasta. - ela disse simplesmente e Edmundo afastou o rosto das grades.

Selene colocou as duas mãos sobre as grades, fechou os olhos e respirou fundo, concentrando-se. Suas mãos se tornaram mais frias e, aos poucos, linhas finas de gelo foram de formando e espalhando-se ao redor do metal. Um espetáculo lindo - se Edmundo não estivesse tão estupefato. Quando a grade já estava toda congelada, ela abriu novamente os olhos para observar a reação de Edmundo. Mas não houve nenhuma a não ser os olhos arregalados.

– Desculpe, Eddie, devia ter dito antes que era irmã dela. - assumiu Selene, abaixando a cabeça.

Mas então ela sentiu seu queixo ser levantou e viu Edmundo bem mais próximo, com o rosto grudado nas grades congeladas e com o braço para fora, aproximando o rosto dela do seu.

– Aposto que você deve estar pensando que eu sou uma imbecil. - ela sussurrou baixinho, entorpecida por tal aproximação.

– Não. Só estou pensando que você seria uma bela rainha. - ele sussurrou de volta e então tocou seus lábios nos dela.

Apenas um tocar de lábios, o máximo que a distância das grades permitia, mas foi o suficiente para trazer diversas sensações a Selene. Mas então um barulho a acordou do seu estado de entorpecimento e se separou de Edmundo para ver o final do corredor. Ninguém, mas havia o som de passos bem ao longe. Selene se levantou num pulo e tentou pegar a espada para quebrar as grades congeladas, mas Edmundo a impediu.

– Não dá tempo, vai embora! - disse Edmundo, desesperado.

– Eu tenho que te tirar daqui!

– Vamos dar um jeito. Eles só não podem te pegar aqui, vão matá-la!

Selene teve um único segundo para refletir, enquanto os passos se aproximavam. Ela não serviria de nada morta, nem para ajudar Edmundo nem para lutar na guerra que se aproxima. Deu um outro selinho em Edmundo e correu na direção contrária. A Feiticeira apareceu - junto com o anão e alguns lobos - pouco depois de Selene desaparecer e paralisou ao ver a cela de Edmundo. Ninguém congelaria uma grade assim.

– Ela esteve aqui, não esteve? - ela perguntou com a voz firme e raivosa. Edmundo se encolheu, sem querer responder, mas ela viu um brilho em seus olhos. - Aquela vadiazinha... ATRÁS DELA!

Selene pode ouvir o grito feroz de sua irmã. Mas já estava longe o suficiente.

~*~

– Não temos culpa se ela fugiu! - insistiu Susana.

– Ela não fugiu! - defendeu Lúcia.

Estavam discutindo desde que acordaram e perceberam a falta de Selene. Susana ainda insistia que ela não era confiável, mas Lúcia a defendia com unhas e dentes. Não sabia porque tinha toda essa afeição pela princesa, mas não deixaria que Susana a insultasse.

– Tenho certeza que Selene não fugiria de algo assim. - acrescentou Pedro.

– Até você, Pedro?! - questionou Susana, inconformada.

– Selene é muito íntegra. - disse a castor. - Se ela desapareceu, deve ter uma boa razão para isso.

Susana bufou em desgosto. - Não vejo nenhuma razão para isso.

Eles pararam, então em um rochedo, onde à direita tinha um brilho do sol no horizonte, iluminando picos ao longe, às margens de um grande rio congelado.

– O acampamento de Aslam é perto da Mesa de Pedra... – disse o castor – do outro lado do rio congelado.

– Rio? - perguntou Pedro, surpreso.

– Bem... Ele está congelado há cem anos. - disse a Sra. Castor.

– É imenso... – disse Pedro, apertando os olhos.

– Igual ao nosso mundo... – disse a Sra. Castor. – Pensou que fosse pequeno?

– Menor. – disse Susana, olhando desdenhosamente para Pedro, culpando-o e seguindo pelo caminho que deveriam seguir.

~*~

Selene fez uma pausa em sua caminhada e aproveitou a oportunidade para dar uma espiada em Edmundo. Não sabia o que Jadis teria feito, e rezava para que ainda não tenha decidido que ele era descartável. Ela sentou-se perto de uma árvore, e tirou o vidro de gelo.

Edmundo foi arrastado pelo anão e seu chicote até o pátio onde se lembrara de ter visto as estátuas que pareciam realistas até demais. Assustou-se quando viu que elas eram mais que realistas; eram reais. O fauno Tumnus estava parado ali, com o cachecol envolto do pescoço e uma expressão de piedade.

– Estou aguardando... – disse a Feiticeira de seu trenó já pronto. – Filho de Adão. – completou desdenhosamente.

– Vamos! – exclamou o anão, voltando a empurrá-lo.

Entraram no trenó, que rapidamente entrou em movimento, arrastando-se pela neve que começava a se derreter.

Selene suspirou, aliviada por ele estar bem, na medida do possível. Mas então ela ouviu um uivo. Não no espelho, pois ele já não estava mais refletindo. O uivo vinha da floresta.

A matilha de Maugrin a havia alcançado.


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