Tronos de Fúria escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 4
Capítulo 4




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Desde que a nova corrida imperialista havia começado, era a primeira vez que tantos imperadores estavam reunidos em um único local.

Claro que houve ausências. O imperador da China, Marco, o imperador do México, Francisco, e o imperador do Brasil, Maximiliano, não compareceram à reunião. Eram os três soberanos mais reclusos e menos íntimos aos imperadores do Velho Mundo.

Mesmo assim, a rainha Rina estava satisfeita. Apenas três convites não haviam sido respondidos, e treze imperadores estavam presentes.

Ela sentou-se ao local marcado na mesa redonda que fora posta no principal salão do palácio. Sobre cada assento, havia o nome do imperador e de seu país. Um dos lados da mesa estava ocupado por Filipe da Inglaterra, Paulo da Índia, Isabella da Suíça, Rina da França e Marilia do Japão. Em seguida havia um assento vazio, originalmente destinado ao imperador da China. Depois vinha o assento de Aline da Holanda, e, então vinham os Impérios da Espada: Thiago de Portugal, Matt da Rússia, Daniel da Alemanha, Heriberto da Espanha e Gustavo da Suécia. Ao lado deles, mais um assento vazio, que seria para o imperador do Brasil. Depois vinham Luke, da Itália, e Beatrice, da Etiópia. Depois, mais um assento vazio, o do imperador do México, fechando o grupo.

Os imperadores acomodaram-se, enquanto a rainha Rina indicou às esposas dos imperadores uma mesa secundária num canto do salão. Poucos repórteres tinham sido autorizados a entrar – apenas os correspondentes dos principais jornais e noticiários ingleses, franceses e dos Impérios da Espada. Cada imperador veio escoltado por um primeiro-ministro ou primeira-ministra, que ficaram numa sala vizinha em outra reunião.

Quando todos já estavam sentados, Rina deu a todos as boas vindas. A rainha iniciou seu discurso, narrando como o mundo havia sido reconstruído pelos imperadores, desde que seus antecessores haviam ascendido ao trono. A maioria dos imperadores já conhecia a história, mas, como a reunião, aparentemente, tinha o objetivo de promover a paz, exaltar os feitos de cada império era muito oportuno para a ocasião.

A rainha finalizou seu discurso, e os demais imperadores aplaudiram educadamente. Rina sentou-se e cumprimentou rapidamente seu primeiro-ministro.

— Agora que os senhores encontram-se confortáveis – disse a rainha da França – creio que os negócios desta assembléia já possam ser iniciados.

— Perfeitamente. – Filipe tomou a palavra. – É uma grande honra e uma excelente oportunidade estarmos na presença dos ilustres regentes dos Impérios da Espada.

Daniel, Gustavo, Matt, Heriberto e Thiago encararam o imperador britânico seriamente. Citar o nome da aliança em uma assembléia de paz não parecia uma atitude de paz.

— Sou obrigado a concordar – disse Paulo com uma formalidade carregada. – Espero, também, que os senhores estejam dispostos a ouvir nossas propostas de paz.

— Em parte porque este período de tensão que estamos vivenciando entre nós é completamente desnecessário – continuou Marilia. – E em parte porque juramos, há alguns anos, quando começamos a partilha do mundo, que nossos impérios existiriam em pé de igualdade e em paz, sem que nenhum país possuísse mais privilégios do que o outro.

— Ou que algumas nações levassem vantagem em relação às demais – finalizou Filipe.

Os Impérios da Espada estavam muito quietos, ouvindo atentamente. Porém, tão logo os outros imperadores terminaram de falar, Daniel, firme, tomou a palavra.

— Em nome da Alemanha e de nossos países aliados, proponho que a assembléia ouça as propostas dos senhores imperadores. Os Impérios da Espada prezam pela paz e pela igualdade, e receberão vossas palavras de bom grado. Estaremos dispostos a cooperar.

Alguns soberanos estreitaram os olhos para Daniel após essas palavras, mas rapidamente disfarçaram quando a rainha Rina limpou a garganta e pôs-se a falar.

— Nos últimos anos, a Organização das Nações Unidas, por meio de suas diversas instituições, tem verificado que alguns países vêm lucrando quantias astronômicas com seus territórios e possessões. Não se verifica, entretanto, que nesses territórios, as metrópoles venham utilizando formas de exploração abusiva para com seus súditos. Essa é a boa notícia. A má notícia é que também se verifica que os países que controlam mais áreas territoriais convivem entre si, sem que um cobre dos outros, tarifas alfandegárias significativas a embarcações, aeronaves ou veículos automotores de áreas comerciais. O mesmo não se verifica em relação às nações que não possuem territórios tão proximamente extensos, que se vêm cercados por altas taxas de navegação e circulação comercial sobre seus produtos. As nações que controlam a maior parcela de territórios, como sabemos, são Alemanha, Portugal, Rússia, Espanha e Suécia.

Daniel, Thiago, Gustavo, Matt e Heriberto olhavam fixamente para a mesa. O imperador alemão ergueu a cabeça para responder, mas Filipe foi mais rápido.

— A nossa intenção, bem como dos outros senhores aqui presentes, é que os imperadores envolvidos reduzam as taxas alfandegárias de seus países, para que todos tenham tarifas aproximadamente equivalentes aos nossos produtos.

— Assim, nenhum império irá gastar mais do que o outro para comercializar seus produtos – declarou Paulo. – E os princípios da igualdade que as Nações Unidas definiram anteriormente serão respeitados.

— Isso porque, com tal proposta, não buscamos apenas regularizar a situação comercial – falou Marilia. – Também buscamos o equilíbrio no campo político internacional. Nos últimos anos, a maioria das decisões das Nações Unidas que eram relativas ao monopólio comercial, à possessão de territórios e aos privilégios econômicos foram tomadas pelos Impérios da Espada, e esses têm sido os mais beneficiados por tais decisões. Não me recordo da última vez em que uma decisão favorável ao Japão tenha sido votada nesta organização.

As palavras de Marilia caíram como chumbo sobre a assembléia. Mas, antes que Daniel ou qualquer outro pudesse responder, a rainha Rina tomou novamente a palavra.

— A assembleia acaba, portanto, de apresentar as reivindicações pacíficas aos senhores imperadores – ela dirigiu seu olhar aos Impérios da Espada. – Como vêem, todos os pedidos da assembleia são extremamente razoáveis. Não vamos exigir altas indenizações tampouco faremos correr uma única gota de sangue para promover nossos ideais.

Com essas palavras, os cinco imperadores da aliança da Espada ergueram os olhos para a rainha da França, pois ela dissera exatamente o contrário do que eles esperavam ouvir.

Daniel pareceu tomado por uma onda de confiança e autoridade. Respirou fundo e declarou para a assembleia:

— Tenho grande respeito pelos desejos expressados pelos imperadores nessa assembléia. Reconheço que vossas palavras foram extremamente pacifistas, devo confessar que até mesmo mais do que eu poderia esperar. Contudo, há uma pequena questão que ainda não foi tratada. Se os Impérios da Espada lucraram de maneira mais significativa do que os demais impérios, o que, sinceramente, não creio que seja totalmente verdade, é porque os Impérios da Espada administraram suas possessões com respeito pelos povos conquistados, mas também com eficácia. Nenhum dos meus colegas imperadores foi ingênuo na administração dos territórios imperiais. Encontramos condições favoráveis ao desenvolvimento e à prosperidade nos territórios ocupados e, consequentemente, para nossos impérios. Se nossas possessões prosperaram, fazendo com que a riqueza de nossos impérios aumentasse, foi porque nós fomos Chefes de Estado preocupados com a estabilidade da economia e, ao mesmo tempo, com a integridade de nossos súditos. Por isso, sou obrigado a dizer, em nome da aliança dos Impérios da Espada, que não vejo por que temos que reduzir nossas taxas alfandegárias aos países que não compõem nossa aliança, uma vez que tais nações possuem capital suficiente para pagar tais taxas. Se vós, imperadores, não conseguem equilibrar suas finanças corretamente em seus países, só podem culpar a si mesmos.

Daniel recostou-se novamente em sua cadeira e juntou as mãos sobre a mesa. Todos os outros imperadores o olhavam, ansiosos, confusos ou incrédulos diante do discurso do soberano alemão.

Até que Rina dirigiu um sorriso cético a Daniel, e, para surpresa de todos, levantou-se pomposamente.

— Vossa Majestade teve aqui a chance de promover a paz entre nossos povos – disse ela, falando para todos os presentes. – Todos aqui são testemunhas disso. Sendo essa a sua resposta, em nome da coroa francesa, apresentar-vos-ei a réplica.

Rina bateu palmas na direção dos fundos do salão. Dois soldados entraram segurando um homem cabisbaixo, com roupas surradas e rasgadas, e postaram-se em frente ao grupo de imperadores.

— Este homem que a Polícia Judiciária Francesa prendeu ontem foi flagrado tentando penetrar sorrateiramente no gabinete do Primeiro-Ministro francês – anunciou a rainha. – E ele apresentava as seguintes credenciais. – Ela fez sinal a um dos soldados que se aproximasse, e ele lhe entregou um documento lacrado. Rina abriu o envelope e leu: - “Agente Vlad Morgansder, serviço secreto do Império Sueco, a serviço de Vossa Majestade, o rei Gustavo”.

A assembleia das nações ficou em silêncio sepulcral. O agente detido ergueu a cabeça, hesitante, e olhou para o grupo de monarcas, dirigindo por fim um olhar suplicante ao seu imperador.

— Perdoe-me, Majestade! – agonizou o agente Morgansder. Os soldados franceses apertaram com mais força os braços do espião, que gemeu de dor. Rina fez sinal para que os soldados o retirassem do salão.

— O espião será tratado como um prisioneiro de guerra – anunciou a rainha. – A coroa francesa e o governo francês esperarão do governo da Suécia um pedido de desculpas formal, junto com o acatamento das medidas sugeridas por esta assembleia. Se não recebermos tal resposta dentro de uma semana, o governo francês vai assumir uma postura de guerra contra o Império Sueco. Declaro formalmente o encerramento dessa assembleia.

Por um instante, todos os imperadores ficaram em silêncio. Então, os cinco reis dos Impérios da Espada levantaram-se ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado, e dirigiram olhares frios à rainha da França e aos demais monarcas presentes. Cada um dos imperadores buscou sua esposa na mesa secundária do salão e se dirigiu para a saída. O imperador Gustavo, após buscar a rainha Maílla, lançou um último olhar a Rina, dizendo:

— Isso foi uma ofensa ao povo sueco. Nós responderemos à altura.


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