Em Moscou, capital da Rússia, o Kremlin, palácio imperial do país, passou a ser conhecido como o “Palácio Azul”. O novo imperador ou czar (que não gostava de ser chamado assim) afastava a imagem de comunismo retrógrado da sede do governo, da cidade e do país.

País este que havia se tornado um vasto e glorioso império, desde que Matt, filho do imperador Charles, assumiu o trono russo. A cor favorita do Imperador era justamente o azul. Quando foi coroado, o jovem, alto, de cabelo castanho revolto e olhos negros profundos, era assumidamente socialista. Mas, com as instruções dos ministros imperiais, ele deixou o discurso de esquerda de lado e iniciou uma nova fase imperialista na Rússia.

Primeiro, mudou o design do Kremlin. De construção rubra e medieval, passou a ser visto como obra arquitetônica moderna e azulada. O Imperador ainda promoveu o progresso no restante do país, adotando uma postura de centro-esquerda. Matt chegou a usar dinheiro da própria fortuna imperial para reorganizar o país.

Mas o lado imperialista foi o que mais deu lucros ao extenso país. Nações que dependiam financeira e economicamente da Rússia foram anexadas ao Império. Logo, Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Estônia, Letônia, Lituânia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão haviam se tornado territórios russos, conhecendo o progresso “azul” de todas as formas.

Ainda no continente europeu, a Rússia incorporou Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Eslovênia, Croácia, Sérvia, Bósnia, Macedônia, Montenegro, Kosovo e Grécia. Na Ásia, foi a vez de Turquia, Chipre, Síria e Líbano. O Império foi apadrinhando o norte do Oriente Médio: conquistou Iraque, Irã e Afeganistão, e fez do Mar Cáspio um lago russo. Depois o progresso azul encobriu a Jordânia, a Palestina e Israel. O rei do Egito tremeu diante do avanço russo e tentou combater o “Exército Azul”, mas sucumbiu no deserto do Sinai. Assim, o Império Russo ocupou, só em terras contínuas, três continentes. O Mar Negro e o Mar Egeu tornaram-se ancoradouros de bandeira russa. Em cada um desses países, o imperador Matt era coroado rei local.

Mas o legado de Matt foi atrás de novos territórios pelo mundo. Era uma época em que vários grandes impérios estavam se formando. Partindo da Sibéria, os russos ocuparam o Alasca, nos extremos setentrionais da América. Escoando seus grupos de ocupação pelo rio São Lourenço e pelos Grandes Lagos, a Rússia tomou posse de grande parte da extensa região da Nova Inglaterra, possuindo cidades como Detroit, Albany, Chicago e Indianapolis. Matt ocupou grande parte do antigo território dos Estados Unidos, perpetuando sua “vingança” pessoal.

— E assim, derrubamos o nosso velho inimigo, que tanto nos humilhou no passado.

A Rússia, em seguida, ocupou as ilhas de Cuba e Porto Rico e chegou à América do Sul, tomando posse da Venezuela. Na África, aportaram em Angola, no litoral atlântico, e em Moçambique e Tanzânia, no litoral índico. No oceano Pacífico, a bandeira russa foi fincada em Palau, nos estados da Micronésia, nas Ilhas Marshall, em Guam, nas Marianas do Norte, em Kiribati, em Johnston e no arquipélago do Havaí.

Matt conquistou para o nome da família real um vasto império global. As cidades prosperaram, e os governadores-gerais e primeiros-ministros dos territórios do Império Russo prestavam contas regularmente ao imperador.

Mas Matt não era o único motivo de orgulho daquela família real. Isso porque o mundo observava os passos de seus primos, Daniel e Gustavo.

...

...

...

...

Daniel era mais conhecido pela alcunha de Dan. Tinha sido um príncipe popular entre as mulheres alemãs, devido à sua estatura elevada, busto e tronco avantajados, pelo belo olhar negro cativante e pelo cabelo castanho sempre bem penteado. Contudo, realizou um casamento discreto, antes de se tornar Imperador, com a ex-colega de faculdade Marjorie, filha do Conde Neves de Hannover, da família Sanders.

Após a coroação, Dan se esforçou em fazer da Alemanha uma potência. Antes de seu primo Matt iniciar a fase imperialista na Rússia, ele já havia incorporado a Áustria, a Boêmia checa e o Liechtenstein. Os alemães já influenciavam a Polônia, até que entraram num pequeno atrito com os russos pela posse do território. Dan e Matt, que nunca discutiam, encontraram-se em Varsóvia e assinaram um tratado. O oeste da Polônia, de capital Gdansk, passaria a ser chamada de Prússia, e seria incorporada ao Império Alemão. O leste, de capital Varsóvia, preservava o nome Polônia e tornava-se um território russo.

Apesar de ser um grande aliado da Rússia, Dan buscou minimamente se diferenciar do primo. Não era um burguês, mas prezava pelos ideais de direita. Também seguia os conselhos da rainha Marjorie para se vestir, e o cabelo sempre estava arrumado, ao contrário de Matt. Alguns membros da nobreza alemã chamavam o imperador russo de “revolucionário antiquado”, às costas de Dan, é claro.

Dan não era um homem ambicioso. Quando os impérios europeus se lançaram na busca por territórios na África, na América e no Pacífico, a Alemanha praticamente se absteve da disputa. Ocupou, no centro do continente africano, Uganda, Ruanda e Burundi, e deu-se por satisfeita.

Porém, ele teve a idéia de formar uma aliança com alguns dos impérios europeus. Um era a Rússia de Matt. Os outros eram Portugal, Espanha e Suécia, governada por Gustavo, que formavam juntos, os “Impérios da Espada”.

...

...

...

...