Química escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 3
Parte III


Notas iniciais do capítulo

Apesar de não responder aos comentários, gostaria de dizer que eu leio a todos com o maior carinho e a maior felicidade do mundo! São eles que me inspiram a continuar, e eu amo ler cada um *---*
Notas finais
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457607/chapter/3

“Ok, vou parar de rir!”. Meu pai confirmou após eu pedir pela terceira vez. “Mas antes eu quero saber quem é, porque sua mãe me disse que você não estava sozinho.”.

—Não estava mesmo... - Comecei e ele me interrompeu.

“Vou colocar no viva voz, ela quer saber também.”. Eu concordei e esperei, cumprimentando-a assim que sua voz soou mais nítida.

“E vocês estavam na sua casa?”. Perguntou interessado e eu confirmei. “Mas você não é de ficar levando as pessoas aí!”.

—Não sou pai, mas...

“Mas dessa vez é diferente, não é?”. Me interrompeu novamente, perguntando ironicamente.

—Pai, deixa eu falar! - Pedi rindo e ele me acompanhou, confirmando e prometendo que dessa vez me ouviria sem interrupções. - Sim, nós estávamos aqui em casa. Não é a primeira vez que a trago aqui, e realmente ela é diferente.

“E qual é o nome dela? Onde se conheceram?”.

—O nome dela é Gina Weasley, minha aluna no cursinho.

“Uau!”. Meu pai exclamou empolgado ao mesmo tempo em que minha mãe me repreendia, e eu ria do desencontro de reações.

—Aliás, obrigado por me obrigar a aceitar as aulas, mamãe. - Agradeci brincalhão e os dois riram.

—Não era bem essa a minha intensão, mas de nada. - Respondeu conformada.

“Estão apaixonados, é?”. A Sra. Potter me perguntou entre irônica e curiosa.

—Não sei se estamos apaixonados, a gente se gosta, eu acho. Nós... - Antes de completar a frase eu ri com o trocadilho, que se encaixava perfeitamente. - Temos química. Muita química.

“Ai meu Deus!”. Minha mãe exclamou enquanto meu pai soltava um sonoro “uhnnnn...” antes de perguntar, tão direto como sempre havia sido durante toda minha vida. “Já transaram?”.

“James!”. Minha mãe o repreendeu e eu gargalhei, enquanto meu pai ria também.

“O que é Lily? Estou querendo saber da vida dele, você faz isso o tempo todo com a vida de nós dois!”. Defendeu-se e eu ri mais.

—Ainda não, papai. Mas quase, algumas vezes. - Contei me jogando sentado no sofá onde Gina estava deitada momentos antes.

“Ok, então é mais sério do que eu pensei, já quer até fazer um jantar romântico!”. Sentenciou ele, sério.

“Aah que lindo, quando iremos conhecê-la?”, minha mãe quis saber.

—Calma mãe, uma coisa de cada vez. - Pedi ainda sorridente. - Por enquanto eu só preciso de ajuda com um jantarzinho romântico, porque ela disse que prefere ficar aqui em casa mesmo, e eu não sei o que fazer.

Meu pai riu novamente, minha mãe o mandou ficar quieto, e no fim nós três discutimos, por uns vinte minutos, o que eu deveria fazer no dia seguinte.

No sábado eu acordei mais cedo do que o normal e a caminho do banheiro já comecei a pegar minhas coisas que estavam fora do devido lugar. Demorei mais do que previa para arrumar tudo, mas no fim ficou bom. Troquei os lençóis da minha cama e a deixei arrumada também, com o mesmo edredom que ela havia visto no primeiro dia que esteve aqui. Depois daquela vez, ela nunca mais tinha entrado no meu quarto, nem na minha sala de jogos.

Eu não me arriscaria a fazer a comida e estragar tudo, então após tudo organizado, me sentei em frente ao notebook, na mesa de jantar, e comecei a procurar um bom restaurante italiano aqui por perto. No fim, encontrei um que ficava a dez minutos de casa e encomendei uma lasanha ao molho branco.

Comi qualquer coisa de almoço, e depois fui ao supermercado que havia perto da escola onde eu dava aulas para comprar um bom vinho, que combinasse com o prato principal, e a sobremesa que minha mãe sugeriu: mousse de limão. Cheguei em casa, arrumei todas as coisas, e esperei o tempo passar.

E ele, aparentemente, não passaria nunca!

Duas horas antes do horário marcado tomei um banho relaxante e demorado, e ainda com os cabelos molhados e usando apenas uma boxer preta, parei em frente ao meu guarda roupa para decidir o que usar. Eu havia pedido para que ela usasse algo formal, então não poderia vestir uma bermuda de surf.

No fim, acabei rindo sozinho da situação enquanto vestia calça, camisa e sapatos sociais. Um lado meu ainda não acreditava que eu estava fazendo aquilo para ficar em casa, enquanto o outro me dizia que eu faria muito mais, se preciso fosse.

Depois de arrumar os cabelos e passar perfume, eu desci até a garagem e fui ao restaurante buscar nosso jantar, que deveria ser maravilhoso a julgar pelo preço. No caminho de volta eu liguei para Gina, informando que assim que chegasse era para pedir ao porteiro que me ligasse para eu autorizar sua entrada, assim ela poderia usar a minha segunda vaga de garagem.

Arrumei a mesa como minha mãe me explicou: jogo americano ao invés de toalha, facas no lado direito do prato, taça de vinho acima da faca e a de água ao lado esquerdo desta, suplat abaixo dos pratos para deixar mais elegante, e um aparador ao centro sustentando o prato principal e a garrafa de vinho. Ao final fui até meu aparelho de som e deixei uma música ambiente tocando baixinho, como meu pai havia sugerido.

Terminei faltando vinte minutos para o horário marcado, e fiquei andando de um lado para o outro, parando vez ou outra em frente ao meu espelho e vendo se estava tudo certo com minha camisa preta e calça cinza. Às oito ela ainda não havia chegado, às 08:05 eu já estava andando de um lado para o outro, até que, às 8:11, o interfone finalmente tocou.

Após o pulo que eu dei por causa do barulho, corri até a cozinha e o atendi, autorizando o carro dela a entrar na garagem. Nos poucos minutos que antecederam sua chegada eu corri para desligar o celular, que só me lembrei agora que ainda estava ligado em cima do balcão da cozinha, e desliguei o forno que mantinha nosso jantar aquecido.

Quando a campainha finalmente tocou, eu já estava novamente na sala aguardando, e não demorei a abrir a porta. A visão que eu contemplei, assim que o fiz, era digna de ser admirada durante horas, se não houvesse coisa mais interessante para fazer com ela.

Gina estava usando um vestido preto, completamente justo, que contornava discretamente seus seios e chegava até o meio das coxas. Um zíper cortava toda sua extensão, na parte da frente, e bastaria abaixá-lo para que eu finalmente descobrisse o que suas roupas teimavam em esconder de mim. Nos pés, saltos altíssimos, também pretos, que ainda não a deixavam da minha altura.

Eu não me intimidei em olhar todo seu corpo, enquanto ela fazia o mesmo comigo, e quando cheguei novamente ao seu rosto, levemente maquiado e emoldurado pelos cabelos vermelhos soltos, ela sorriu graciosamente e eu dei passagem para que ela entrasse. Antes de invadir a minha sala, Gina se aproximou de mim e encostou levemente os lábios nos meus, no que me pareceu ser o beijo mais carinhoso que já trocamos.

Eu havia pego em sua mão ao convidá-la para entrar, e continuei segurando-a enquanto trancava a porta e ela admirava o que eu havia feito. Eu não gostava muito de velas, então apaguei as luzes centrais e deixei apenas as intermediarias acesas, tornando o ambiente mais íntimo e confortável. Me senti um idiota ao fazer tudo isso, mas esse sentimento se esvaiu quando aquele sorriso lindo estampou o seu rosto.

—Espero que tenha gostado. - Falei abraçando levemente seu corpo por trás e aspirando o cheiro do seu pescoço.

—Está perfeito! - Ela elogiou se virando de frente e enlaçando meu pescoço, enquanto eu fazia o mesmo com sua cintura. - Obrigada por isso.

—Espero que você goste de todo o resto.

—Eu vou gostar. - Afirmou sorridente, e lá estava novamente o duplo sentido das nossas conversas.

A conduzi até a mesa de jantar, puxei a cadeira para que se sentasse e, antes de me sentar também, abri o vinho e servi a nós dois. Gina foi educada o suficiente para esperar que eu também me acomodasse e segurou com elegância sua taça quando eu levantei levemente a minha, propondo um brinde.

—Ao seu péssimo desempenho em Química, que nos trouxe até aqui. - Declarei sério e ela abriu um sorriso enorme.

Antes que nossas taças se chocassem ela puxou a sua de volta, evitando o toque, e completou:

—E à sua excelente aptidão para reações químicas, físicas e psicológicas, que nos mantém onde estamos. - Finalizou, brindando comigo.

Nós bebemos um pequeno gole das nossas bebidas, e enquanto ela pousava novamente a taça na mesa, eu fiz a pergunta que a deixou sem graça na minha frente, pela primeira vez.

—E as reações nervosas? - Havia certa pretensão nesse questionamento, mas internamente eu esperava ansioso por sua resposta.

Ela não respondeu de imediato, mas sorriu e abaixou os olhos quando suas bochechas ficaram graciosamente vermelhas. Eu sorri também e segurei sua mão que estava apoiada sobre a mesa, sem pressioná-la a me responder.

—Por que você mesmo não sente as reações nervosas? - Respondeu, segundos depois, com outra pergunta.

Seu rosto continuava levemente corado, mas apesar da expressão um tanto envergonhada ela continuou me olhando quando puxou minha mão e a pousou sobre seu seio esquerdo, deixando-me surpreso e com cara de bobo.

Esse gesto me fez perceber, além da maciez e volume que seu corpo carregava ali, que o coração dela estava tão disparado quanto o meu.

Por dentro eu estava radiante com sua atitude, e o modo como eu a deixava. Por outro lado, eu estava também um pouco assustado com a proporção que as coisas haviam tomado. Ainda assim, não era possível - e eu não queria mais - voltar atrás.

Ela sorria graciosamente para mim, e certamente esperava uma resposta, ou ao menos um comentário, por isso eu decidi ser sincero, como ela havia sido comigo. Quando tirei minha mão do seu corpo, trouxe a dela junto, e repeti o gesto, pousando-a sobre o meu próprio coração dessa vez.

—São as mesmas reações nervosas que as minhas, quando estou com você.

Eu não era muito bom para falar de sentimentos, e aparentemente ela também não, porque nenhum dos dois sabia o que fazer depois disso. Ela continuou um tempo me olhando, com a mão que ainda estava em mim acariciou de leve o meu peito e nós sorrimos um para o outro. Eu me senti um adolescente, e ela não deve ter se sentido diferente.

Apesar de o clima ter ficado um pouco estranho com a demonstração de carinho, eu me senti aliviado. Eu já desconfiava, mas foi reconfortante confirmar que eu realmente não era o único a estar gostando bastante da nossa relação.

Quando quebrei o silencio, perguntei se ela já estava com fome e dei um leve beijo em sua mão, pousando-a novamente sobre a mesa, para me levantar e nos servir. Ela riu da minha falta de jeito com a tarefa, e no fim acabou me ajudando. Durante o jantar as coisas voltaram ao ritmo normal, e continuamos a fazer o que sabíamos de melhor: nos provocar e manter uma conversa descontraída, repleta de ambiguidades.

Quando estávamos na terceira taça de vinho eu fiz o convite, informal, mas cheio de intenções:

—Se continuar bebendo, não vou deixar você ir embora!

Ela me olhou sugestivamente enquanto terminava em um gole o pouco de vinho que havia e me estendia novamente sua taça:

—Então pode me servir um pouco mais, por favor?

O sorriso que eu abri deve ter sido o mais cafajeste da minha vida, mas eu não consegui refreá-lo ao vê-la me olhar daquele jeito. Meu cérebro, agora bem mais alegre por conta do vinho, só conseguia processar duas palavras: é hoje!

Terminamos de jantar e conversamos um pouco mais até que eu buscasse nossa sobremesa. Assim que eu comecei a nos servir ela segurou minha mão, me mandou sentar novamente para evitarmos acidentes, e serviu a nós dois enquanto eu ria. Nós dois apreciamos o momento, curtindo cada olhar malicioso e cada frase ambígua, e embora eu estivesse ansioso com a expectativa, não tinha nenhuma pressa, porque a noite era nossa.

Gina colocou sobre a mesa o pequeno prato que antes continha sua mousse, enquanto gargalhava abertamente sobre qualquer coisa que eu havia falado, para logo depois afastar - com um pouco de barulho - sua cadeira e se levantar abruptamente. Com o movimento eu me afastei também, mas antes que eu me levantasse, ela chegou até mim.

—Você é o cara!

Eu ouvi sua voz dizer, já sem tanto humor, mas com muita intensidade, enquanto me surpreendia - novamente - passando a perna esquerda por cima das minhas, e se sentando de frente no meu colo. Seu vestido subiu indecentemente com o movimento, e sua boca devorou a minha quase no mesmo instante em que nossas virilhas se encontraram. E eu não sei dizer o que ficou maior nesse momento, se foi o meu ego ou o volume na minha calça.

A minha retribuição ao beijo foi tão eufórica que eu senti quando suas costas bateram levemente na mesa à minha frente, de modo que seu corpo ficasse preso entre mim e o móvel. Subi uma das mãos por dentro de seu vestido e apertei sua bunda, pela primeira vez sem nenhum tecido entre nossas peles, e a outra por sua nuca, enroscando seus cabelos e mantendo seu rosto grudado ao meu. Não me lembrei de reparar onde estavam suas mãos nesse momento, mas não fazia diferença nenhuma, porque dessa vez ela estaria perto o suficiente.

Minhas mãos saíram dela tempo suficiente para empurrar para longe toda a louça que eu havia usado para jantar. Concluído o trabalho segurei sua cintura com as duas mãos e levantei seu corpo, colocando-a sentada ali em cima e encarando-a com uma vontade crescente. Levantei sua perna direita e beijei a parte interna da sua coxa desde pouco abaixo da virilha até o joelho enquanto tirava seus sapatos e os jogava no chão atrás de mim. Repeti o mesmo processo com a outra perna, enquanto ouvia seu gemido invadir meus ouvidos e me deixar arrepiado.

A luz baixa do ambiente não me deixou ver sua calcinha, embora seu vestido tenha subido bastante quando eu infiltrei minha mão por baixo da sua saia e a puxei para o meu colo novamente, segurando suas coxas. Empurrei minha cadeira para trás e me levantei, levando-a junto e colocando seus pés no chão, ainda mantendo seu corpo grudado ao meu, e sem nunca deixar de beijar sua boca eu a guiei de costas para o meu quarto.

Suas mãos desceram pelo meu peito e eu soube que ela estava no comando agora. Antes de chegarmos ao corredor senti minha camisa ser desabotoada e arrancada de dentro da calça, pra depois ficar jogada em alguma parte do caminho. Meu cinto teve o mesmo destino momentos depois.

Quando estávamos próximos da minha cama eu parei para tirar os sapatos e as meias, e enquanto isso Gina distribuiu algumas chupadas leves pelo meu pescoço. Antes que eu continuasse empurrando seu corpo até lá, ela me virou de costas para o nosso destino e sorriu maliciosa enquanto mordia o próprio lábio inferior e me guiava com as duas mãos espalmadas no meu peito já nu.

Me deixei cair sentado sobre o meu edredom azul assim que a parte de trás dos meus joelhos tocaram o tecido macio. Ao seu comando mudo me afastei até que estivesse sentado um pouco mais para o meio do colchão e segurei a mão que ela me oferecia, dando o suporte necessário pra que ela subisse na cama e ficasse em pé à minha frente, com as pernas levemente abertas e seu quadril próximo ao meu rosto.

Assim que Gina soltou minha mão eu me apoiei nos cotovelos para apreciar melhor seu corpo perfeito e admirar o momento em que ela passou levemente as mãos sobre os próprios seios e as levou até os cabelos, jogando-os graciosamente para trás. O sorriso que ela abriu quando notou minha expressão de desejo me fez ter certeza que todos os movimentos eram propositais.

Eu sorri de volta e ela manteve os olhos pregados aos meus quando suas mãos fizeram o caminho inverso e se detiveram sobre o zíper do vestido, brincando um pouco com o fecho e sorrindo para mim com cara de quem queria brincar mais, e de várias outras maneiras.

Eu gemi com o arrepio que percorreu meu corpo enquanto ela abria sua única peça de roupa, com movimentos insuportavelmente lentos. Observei - e desejei - cada parte do seu corpo que ia aparecendo: primeiro os seios, ainda cobertos por um sutiã vermelho, a pele muito branca da sua barriga bem definida e, por ultimo, a minúscula calcinha vermelha que - ainda - cobria a única parte do seu corpo onde minhas mãos nunca haviam estado.

Assim que a peça foi jogada ao chão ela me estendeu novamente sua mão e, ainda sem falar nada, ofereci o apoio que ela pediu para se ajoelhar e logo depois sentar-se sobre meu quadril, uma perna de cada lado do meu corpo. Senti sua boca grudar no meu pescoço e suas mãos trabalharem na abertura do botão e do zíper da minha calça, me alisando suavemente durante o processo.

Quando o meu zíper já estava completamente aberto eu me sentei também, e com uma das mãos enfiadas nos seus cabelos nos virei na cama, me deitando sobre seu corpo - com o cuidado de me certificar que ela continuaria me sentindo - e percorri com o dedo indicador todo o decote do seu sutiã.

—Já disse que gosto de vermelho? - Perguntei olhando-a nos olhos.

—Já. - Confirmou apoiando suas mãos ao lado do próprio corpo, completamente entregue.

—Eu menti. Na verdade eu amo essa cor. - Esclareci antes de beijá-la novamente e matar todas as nossas vontades.

Eu não sei dizer qual parte daquela noite foi melhor, pois escolher entre os arranhões em minhas costas, seus olhos revirando de prazer e os gemidos contidos e profundos de Gina e meu ouvido me parecia impossível.

Não sei exatamente quanto tempo depois de chegarmos ao meu quarto, eu joguei meu edredom sobre nós dois e adormecemos exaustos, mas satisfeitos. No dia seguinte acordei com ela completamente enroscada em mim, ainda adormecida. A expressão pacifica, como eu nunca a tinha visto antes, o rosto quase angelical fazendo perfeito contraste com tudo que minha memória me mostrava sobre poucas horas atrás.

Eu havia perdido um pouco a noção do tempo e não fazia ideia de que horas era então me mexi bem devagar na cama para me levantar sem acordá-la e buscar meu celular na cozinha. Quando tirei seu braço de cima do meu corpo ela resmungou alto e sem abrir os olhos me puxou novamente, pedindo manhosa:

—Não vai não, fica aqui comigo.

—Só vou ver que horas são. - Respondi parando meu movimento e olhando sua expressão contrariada, segurando o riso.

—Mas isso não importa. - Determinou me puxando mais e eu me virei de frente para ela, decidido a não sair mais dali.

Gina aproximou seu corpo do meu e colocou uma das pernas sobre as minhas, se aninhando em meu peito para voltar a dormir. Eu não estava acostumado com tanta proximidade pós-sexo, mas me senti satisfeito ao passar meu braço por cima de seu corpo e começar a acariciar levemente suas costas enquanto sua respiração se tornava mais lenta e profunda.

Eu acabei dormindo mais um pouco também, e quando finalmente acordamos já se aproximava da hora do almoço. Depois do nosso bom dia, e de trocar com ela um sorriso enorme que dizia mais do que se tivéssemos gritado que adoramos a noite passada, eu disse que iria tomar banho e perguntei, educadamente, é claro, se ela queria vir junto ou preferia ir sozinha depois, enquanto eu preparava nosso café.

—Acho que eu vou com você. - Respondeu fingindo pensar no assunto. - Vamos ver se você consegue ser ainda melhor de chuveiro do que de cama. - Finalizou sorrindo e eu gargalhei com o elogio.

—Pois se você for melhor de chuveiro do que de cama, eu não saio de lá de dentro vivo. - Retribui sendo totalmente sincero, mas ela arqueou a sobrancelha em dúvida enquanto ria comigo.

Antes que eu insistisse que estava falando sério ela afastou nossa coberta e se levantou, sem nenhum constrangimento em estar totalmente nua. Eu a acompanhei primeiro com os olhos, mas me levantei também e entrei no banheiro logo atrás, no momento em que ela estava parada em frente ao meu espelho arrumando os cabelos longos, que lhe caiam até o meio das costas.

Eu me encostei ao batente da porta e fiquei observando seu corpo, mais baixo que o meu e cheio de curvas, parado em frente a pia. Do ângulo em que eu estava conseguia ver seu reflexo e ela também conseguia ver o meu, já que sorriu pra mim quando eu parei ali. Depois de pentear o cabelo com os dedos algumas vezes, ela procurou meus olhos no reflexo à sua frente antes de fazer a pergunta.

—Você tem algo para eu prender o cabelo?

—Não. - Eu respondi rindo, pois para mim era um tanto óbvio que eu não tivesse nada disso.

—Ninguém nunca esqueceu coisas de cabelo aqui? - Ela riu também e perguntou sem nenhum tom de especulação, apenas uma duvida realmente, enquanto segurava os cabelos em um coque frouxo.

—Ninguém nunca dormiu aqui. - Respondi sério, observando o sorriso de antes deixar seu rosto e se transformar em um olhar profundo, avaliador, antes de sorrir novamente, com extrema satisfação, e deixar os fios caírem soltos sobre suas costas outra vez.

—Então vou ter que deixar molhar mesmo. - Concluiu se virando e andando em minha direção, a mesma expressão decidida de ontem, antes de me beijar após a sobremesa.

Nós já estávamos nus, então quando suas mãos se apoiaram nos meus ombros e ela ficou na ponta dos pés para me beijar, eu apertei forte sua cintura e a conduzi primeiro para o meu chuveiro, depois para a parede ao lado dele, e então ela me levou ao paraíso, mais uma vez.

Não havia o conforto de ontem, com uma cama inteira para explorarmos, mas havia as mãos e a boca de Gina pelo meu corpo, e isso era tudo que eu precisava nesse momento. Seus cabelos molhados grudados sobre os seios davam um ar mais sensual à cena que eu presenciei quando desci meus beijos por sua barriga, sem nunca desgrudar meus olhos dos seus, até que ela precisou fechá-los e morder deliciosamente os lábios para conter a sensação de mais um orgasmo.

Ficamos um tempo embaixo do chuveiro trocando carinhos ousados e conversando bobagens, até que ela confessou que estava morrendo de fome. Foi um alivio o pedido ter vindo dela, porque eu também estava, mas não queria estragar o momento. Gina se enxugou com a toalha que eu havia trazido para ela quando cheguei ao banheiro, prendeu-a sobre os seios e tentou arrumar um pouco os cabelos bagunçados.

Eu parei em frente ao meu guarda roupa e tirei de lá uma boxer qualquer e uma bermuda, enquanto ela vestia a mesma roupa de ontem, mas continuava descalça. Peguei as toalhas novamente e pendurei no banheiro, para depois seguirmos juntos até a cozinha.

A minha camisa jogada no corredor, os sapatos dela de qualquer jeito na sala de jantar e a mesa totalmente desfeita nos fizeram sorrir um para o outro, cúmplices.

—Estava tão arrumadinho ontem quando cheguei... - Comentou com falsa lamentação entrando na cozinha à minha frente e se encostando ao balcão.

—Eu nem me importo de arrumar de novo se você vier me ajudar a bagunçar. - Respondi piscando pra ela e lhe roubando um selinho rápido, que ela retribuiu sorrindo. - O que quer comer?

—Tem cereal?

—Sim. - Respondi tirando a caixa de dentro do armário.

—Então eu quero isso, se você não se importar. - Pediu educadamente.

Comemos na cozinha mesmo, na pequena mesa que havia ali e que eu normalmente usava. Assim que passamos pela sala de jantar Gina se dirigiu até a mesa onde jantamos no dia anterior para arrumá-la, mas eu a impedi que continuasse o caminho e neguei com veemência todas as suas justificativas para me ajudar a arrumar o que havíamos tirado do lugar.

—Não Gina, já disse que não precisa. - Insisti pela ultima vez abraçando-a pela cintura e a arrastando para a sala comigo.

—Como você é teimoso! - Reclamou rindo quando eu soltei seu corpo no sofá para pegar o controle da TV.

Liguei o aparelho, entreguei o controle para que ela pudesse escolher o que iriamos assistir, e me deitei trazendo-a junto e acomodando seu corpo à minha frente. Ela parou de passar os canais quando encontrou um filme qualquer que eu não prestei muita atenção qual era, e deixou o controle no chão, em frente ao sofá.

Seu corpo estava moldado ao meu, e a proximidade entre nós era muito gostosa. Passei meu braço livre sobre ela e levei minha mão ao seu zíper, abaixando-o até logo abaixo dos seios para acariciar levemente sua pele exposta. Ela riu quando sentiu o carinho, e eu ri também ao ouvir sua risada, mas continuamos apenas assistindo, sem realmente prestar atenção.

—Gostei de você ter dormido aqui. - Falei baixinho, ainda acariciando a curva dos seus seios, e dando um beijo leve em sua bochecha.

—Gostei de ser a primeira. - Afirmou satisfeita, virando o rosto para trás e me dando um selinho demorado, enquanto acariciava meu rosto.

Continuamos deitados juntos até que o primeiro filme acabou e começou o próximo, bem mais legal que o anterior. Eu me levantei tempo suficiente para trazer algo para bebermos e voltei a me acomodar atrás dela, como estávamos antes.

Assim que o filme acabou, Gina olhou as horas e informou que precisava ir embora, pois ainda queria repassar alguns exercícios de biologia antes de jantar com Ron e Hermione. Eu me senti um pouco deslocado com a noticia, mas disfarcei bem e concordei.

Ela calçou novamente os sapatos, pegou a bolsa e as chaves, e eu a acompanhei até a garagem. Voltei para casa assim que ela saiu, e, antes de me jogar no sofá novamente, arrumei toda a bagunça que tínhamos feito.

Não nos falamos até no dia seguinte à tarde, quando eu entrei na sala para a aula de Química e ela me recepcionou com um sorriso lindo, que meu rosto retribuiu antes mesmo que eu pensasse em fazê-lo. Ao final, como de costume ela continuou me esperando e eu me sentei ao seu lado quando o ultimo aluno saiu.

—Oi, Gi. - Cumprimentei e ela me olhou, tirando sua atenção do caderno onde fazia anotações.

—Gi? - Perguntou rindo após me dar um selinho demorado.

—Apelido carinhoso. - Esclareci e ela riu mais.

—Gostei. Ninguém me chama assim.

—Eu gosto de ser único. - Falei presunçoso e esperei que ela gargalhasse antes de ir direto ao assunto. - Minhas provas começam em duas semanas, e eu preciso começar a estudar para elas. Você se importa de estudar outra coisa enquanto isso?

—Claro que não, você deveria ter falado antes. Eu até esqueço que você também tem uma vida escolar. - Respondeu sinceramente e rindo com a última parte.

—Se você quiser, pode ir comigo pra casa e estudar lá. Não vai me atrapalhar tirar uma ou outra dúvida enquanto leio. - Ofereci, mas ela negou com a cabeça antes de responder.

—Não, lindo. Eu vou acabar te atrapalhando. - Justificou-se e eu ri.

—Lindo? - Perguntei olhando-a de canto.

—Apelido carinhoso. - Esclareceu me imitando e eu ri. - Embora eu ache que mais pessoas te chamem assim, eu gosto de ser sincera.

Nós rimos e nos beijamos por um tempo antes de sairmos juntos em direção a saída e, de la, ir cada um para sua casa. Nenhum dos dois estava de carro, então teríamos que andar por um quarteirão juntos para então nos separarmos e ir cada um para um lado.

Assim que saímos da escola e viramos para a mesma direção na calçada, sem pensar eu segurei sua mão. Ela ficou meio surpresa com o ato e eu fiquei sem graça quando ela me olhou antes de retribuir entrelaçando os dedos nos meus e sorrindo graciosamente para mim.

E lá estava meu coração descompassado novamente.

Durante essa semana ela não quis ir para minha casa nenhum dia, para não me atrapalhar. Quando a sexta feira chegou e ela veio se despedir antes de ir embora, eu pedi carinhosamente para que ela me acompanhasse:

—Eu estou com saudade de você, Gi. - Falei baixinho beijando seu pescoço e baixando minhas mãos até sua bunda, prensando seu corpo no meu. Ela gemeu baixinho antes de aceitar.

Nesse dia, assim que fechei a porta ela enlaçou meu pescoço e nossa viagem durou apenas até o sofá da sala.

Comemos pizza no jantar e eu a levei em casa depois de muita insistência para que ela ficasse, e muita negação por parte dela. Quando parei o carro em frente ao portão do condomínio onde Gina morava, ela desceu e eu esperei que entrasse, como todos os dias.

Antes que o porteiro abrisse o portão, um homem alto e também ruivo parou ao seu lado e apoiou a mão na base das costas dela, muito intimamente, antes de dar um beijo em seu rosto. Observei os dois conversarem brevemente, Gina apontar pra o meu carro e o homem ao seu lado me lançar um aceno educado, que eu retribui antes de sair com o carro.

“Finalmente, o famoso Ron.”. Pensei virando a esquina antes mesmo que eles entrassem. Se ela não estivesse a salvo com ele, não estaria com mais ninguém.

Não nos vimos no final de semana, mas eu liguei no sábado e ela me ligou no domingo. Na semana seguinte a rotina foi a mesma, embora ela tenha vindo estudar comigo na terça feira. Ficamos o tempo todo deitados na minha cama grande, cada um com seus livros e realmente estudando. Paramos apenas para jantar.

Na sexta estávamos tendo revisão na faculdade, pois a próxima aula já seria nossa primeira prova, quando Cedrico e Dino me chamaram e eu me virei para saber o que eles queriam.

—Seu aniversario ta chegando cara, onde vai ser dessa vez? - Dino perguntou.

—Sei lá, nem pensei muito nisso, mas acho que naquela mesma balada do ano passado. Eu curto o lugar. - Dei de ombros e os dois assentiram.

—E quem a gente vai arrastar dessa vez? - Cedrico perguntou se referindo a quem eu iria escolher para pegar esse ano.

—Escolham vocês, eu já tenho companhia. E não que isso seja uma competição, mas eu duvido que haja qualquer pessoa melhor que ela. - Respondi imediatamente, fazendo os dois arregalarem os olhos e me preparando, internamente, para zoeira que viria a seguir.

Cedrico gargalhou imediatamente e Dino perguntou em tom de zombaria, mal segurando o riso.

—E se sua companhia perfeita não quiser ir?

Dei de ombros antes de responder, tão sarcástico quanto ele, mas completamente sincero.

—Eu fico em casa com ela. Será bem mais divertido do que com vocês.

Eu tive que aguentar por dois dias eles me chamando de cachorrinho e outras coisas mais, mas o que eles ou qualquer um falava nunca teve muita influência sobre o que eu queria, então não me importei.

No final de semana Gina e eu não nos vimos durante o dia, mas domingo à noite eu a busquei em casa e fomos até uma pizzaria do bairro para ficarmos juntos um pouco. Estávamos cada vez mais íntimos, não apenas sexualmente falando, e isso era incrivelmente bom.

No dia seguinte fiz minha primeira prova, tão difícil quanto todas as outras que eu já havia tido na faculdade, e durante toda a semana não foi diferente. Por isso eu saía quase correndo para casa quando a aula à tarde acabava, pois se eu não estudasse poderia perder o semestre.

Quarta feira à noite ela me ligou e pediu um milhão de desculpas por me interromper, mas precisava me contar, felicíssima, que havia acertado a formula molecular de um 3-metil pentano. Eu ri quando ouvi o que Gina queria, mas a parabenizei e conversamos por mais uns dez minutos até desligar o telefone.

Só tivemos tempo de nos ver, por mais do que os cinquenta minutos da minha aula, na sexta feira, quando eu já não tinha nada mais para estudar e a convidei para ir comigo para casa. O sorriso malicioso que ela me lançou com o convite me fez ter certeza que a sua saudade era tão grande quanto a minha. E de que faríamos tudo, menos estudar Química.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá meus lindos!
As coisas entre eles estão ficando mais quentes, e mais fofas também. Espero que estejam gostando dessa evolução!
Adoraria saber a opinião de vocês sobre tudo ;)
Esse é o penúltimo capítulo, e o próximo virá em breve!
Comentem, opinem, critiquem, recomendem!
Até o próximo,
Beijinhos!