Química escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, um agradecimento especial a Cella Black e LEvans, que tiveram paciência suficiente para me ouvir e opinar em cada pedacinho de toda a história. Obrigada :)
Enjoy!



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Química:

“Ciência que estuda a natureza e as propriedades dos corpos simples, a ação desses corpos uns sobre os outros e as combinações resultantes dessa ação.”

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Primeiro dia de aula e eu nervoso.Completamente normal se eu tivesse sete anos, e não vinte e um.

A ideia inicial não havia sido minha, é claro, mas quando liguei para minha mãe e mencionei a possibilidade, ela quase me obrigou a aceitar e repetiu por meia hora como isso seria bom pra mim. No fundo eu concordava com ela, mas nunca havia pensado em fazê-lo, então não fazia ideia se eu levaria jeito.

Demorei mais tempo do que o normal me decidindo sobre o que vestir e no fim coloquei a mesma roupa normal com a qual ia para a faculdade todas as manhãs. Dois quarteirões de caminhada depois que saí do meu pequeno, mas bem localizado, apartamento, e já estava entrando na escola de nível médio alto onde passaria a maioria das tardes pelo próximo ano inteiro.

Assim que cheguei à sala, me sentei e comecei a observar as pessoas que já estavam ali, todas conversando e totalmente alheias à minha chegada, como se não fizesse diferença. E não fazia mesmo, eu era como todos eles.

Os jovens - da mesma faixa etária que a minha ou pouco menos - conversavam animados, pois a maioria já se conhecia de anos anteriores, e eu me vi novamente no meio daquela descontração, como há três anos. Cumprimentei algumas pessoas que me falaram ‘oi’ ao entrar e esperei que o relógio indicasse o fim do intervalo para que a aula começasse. Cinco minutos antes disso, eu a vi entrar.

E ela era muito gostosa!

Foi o que consegui pensar enquanto ela caminhava para dentro da sala, sem me notar, acompanhada de uma amiga e conversando enquanto gesticulava e sorria. Da minha cadeira, localizada de frente para a sala, eu pude acompanhá-la com o olhar até que se sentasse na penúltima fileira. Os quadris balançando graciosa e excitantemente, e tudo o que eu concluí foi: até que essa ideia de dar aula pode ser bem interessante.

Eu havia acabado de iniciar o terceiro ano de engenharia química na universidade federal da cidade onde morava atualmente, e eu sempre havia sido apaixonado por reações e compostos químicos. Então, capacidade não foi o que me assustou quando um amigo da turma propôs que eu o substituísse como professor de química do cursinho pré-vestibular para o qual ele dava aula até conseguir estágio em uma indústria. Meu medo era não conseguir ensiná-los.

Mas eu resolvi tentar, mesmo assim. E no fim, deu muito certo.

O primeiro dia de aula foi o pior, pois eu estava extremamente nervoso. E o melhor também, porque quando me apresentei para eles e falei um pouco sobre mim, eu a vi arquear sugestivamente a sobrancelha em cada palavra.

A partir do segundo dia as coisas foram mudando um pouco. Eu passei a ter a segurança necessária para explicar sobre o que eu mais entendia, e fui percebendo também que eles estavam mais confortáveis com a matéria. Aos poucos foram surgindo duvidas, conversas animadas e até piadinhas durante as aulas, que sempre as deixavam mais animadas. E dia após dia ela foi se sentando mais à frente.

Até ocupar a primeira cadeira. Exatamente diante de mim.

Suas roupas não eram a mais provocante da turma (embora sempre estivesse usando decote), mas ela possuía uma energia ao redor de si que me atraía. Eu poderia dizer que ela era um "cátion" e eu um "ânion", pois a atração mutua era tão palpável que quase gerava corrente elétrica. Nós trocávamos olhares durante quase toda a aula, mas nunca havíamos falado um com o outro.

A amiga que havia chegado com ela no primeiro dia estava sempre junto, e embora eu achasse que o resto da sala era alheio ao nosso clima, aquela garota certamente não era. Primeiro porque eu já sabia que mulheres contam tudo umas para as outras, depois porque vez ou outra ela nos flagrava no meio desses olhares e ria enquanto balançava negativamente a cabeça.

Eu não sabia nada a seu respeito, nem o seu nome. Primeiro porque não havia uma lista de alunos, depois porque ela e a amiga eram excessivamente mais discretas que as pessoas ao redor, sem nunca falar alto ou atrapalhar. Ao que pude ver, elas não conheciam o resto das pessoas, então nunca ouvi ninguém chamando-as pelo nome, mesmo já tendo me atentado muito a isso.

E era esse o mistério que me instigava. O problema é que nunca havia tido nenhuma oportunidade sequer de aproximação, porque ela sempre saía cedo da sala quando a aula acabava e eu precisava ficar tirando inúmeras duvidas. Até que um dia, depois dos nossos momentos de provocação silenciosa, ela não saiu.

Quando percebi que ela havia ficado, tive vontade de mandar todos os outros alunos embora imediatamente, mas eu não podia fazer isso então atendi a todos eles e tirei todas as (mesmas) dúvidas enquanto ela permaneceu sentada em sua cadeira fazendo anotações. Assim que a ultima pessoa saiu e ficamos a sós na sala, ela fechou o caderno, apoiou a caneta sobre ele, levantou-se do seu lugar e se sentou na cadeira do outro lado da minha mesa.

Ela apoiou os dois cotovelos sobre o pequeno móvel que nos separava - eu não pude deixar de olhar rapidamente para o seu decote evidenciado nessa posição - para depois se inclinar um pouco em minha direção e sorrir estonteantemente antes de dizer qualquer coisa.

—Olá. - Ela falou e eu ri.

—Olá, senhorita...

—Weasley. - Respondeu, ainda sorrindo.

—Olá, senhorita Weasley. Em que posso ajudá-la? - Perguntei apoiando meus braços como ela, e me inclinando para frente como ela havia feito.

Nós estávamos bem de frente para o outro, mantendo uma proximidade física menor do que normalmente professor e aluna usam, e nenhum dos dois demonstrava qualquer constrangimento por isso. Ao contrário.

—Eu não entendo nada da sua matéria, Sr. Potter. - Ela falou naturalmente, ainda me olhando nos olhos.

Eu gargalhei com isso. De todas as coisas que eu imaginava que conversaríamos quando surgisse a oportunidade, essa era a única que não havia passado pela minha cabeça.

—Me chame de Harry, senhorita Weasley. - Pedi ainda rindo.

—Me chame de Gina, Harry. - Fez o mesmo.

—Muito bem, Gina. E o que podemos fazer? - Perguntei mais inclinado em sua direção.

O tom das palavras, o corpo inclinado na direção um do outro e o duplo sentido das frases usadas me faziam querer que aquela conversa só acabasse se fosse para eu beijá-la inteira.

—Eu preciso passar em medicina, disso eu tenho certeza. E para isso eu preciso aprender a sua matéria horrível. - Deu de ombros como se fosse simples.

—É verdade, você precisa mesmo aprender Química. - Confirmei desviando rapidamente o olhar para seu decote. - E o que você sugere?

—Me ensina? - Pediu com um sorriso de canto e uma mordida no lábio inferior que eu não sei se foi proposital, mas que me causou quase uma avalanche hormonal por dentro.

Por hábito eu baguncei um pouco os cabelos com a mão direita e reparei que ela arqueou um pouco a sobrancelha quando eu fiz o gesto. Eu fiz uma nota mental de bagunça-los mais vezes.

—Claro que ensino. - Respondi no mesmo tom que ela havia pedido e me inclinei novamente em sua direção. - Será um prazer.

—Mas eu terei muitas dúvidas. - Provocou arqueando novamente aquela sobrancelha bem feita.

—A gente vê o que pode fazer. - Dei de ombros e ela sorriu novamente.

—Tenho certeza de que podemos fazer muita coisa. - Afirmou sorrindo de canto novamente. - Era só isso que eu precisava, muito obrigada.

Me agradeceu já se levantando e eu encostei novamente na cadeira para aumentar meu campo de visão enquanto ela se movimentasse por ali. Gina jogou os cabelos para trás e virou-se de costas para pegar suas coisas em cima da cadeira onde estava sentada antes.

—Gina. - Chamei enquanto ainda estava de costas e ela virou apenas o rosto em minha direção, incentivando-me a continuar. - É só Química que você precisa aprender?

Ela riu graciosamente e virou-se novamente para frente, pegando seus cadernos e segurando-os junto ao peito. Só quando estava a caminho da porta me respondeu:

—Por enquanto sim. Até amanhã, Harry.

Depois daquela resposta, levá-la para qualquer lugar mais reservado passou a ser prioridade numero um na minha vida. E nós passamos a nos encontrar diariamente na área de estudos após minhas aulas, quando eu a ensinava por uma ou duas horas.

Em nossa primeira aula particular ela me disse que era ruim em Química. Mas na verdade ela era péssima!

Nas duas ou três semanas que se seguiram nos encontramos todos os dias, de segunda a sexta, e inevitavelmente conversamos sobre algumas coisas nos intervalos entre um assunto e outro. Foi graças a esses momentos que eu contei a ela onde meus pais moravam e ela me disse que assim que terminou a escola morou um ano fora, por isso só agora - aos vinte anos - estava tentando ingressar na universidade. E seu sonho era medicina.

Depois de algumas risadas compartilhadas e muitos exercícios fáceis errados, eu não queria mais só levá-la para a cama, eu queria ajudá-la também. Não sei dizer se foi a experiência adquirida ao viver um ano longe de tudo e de todos, mas ela era diferente das outras, e isso não se devia apenas aos cabelos naturalmente vermelhos e raros de se encontrar.

Minha aluna não se constrangia diante das minhas indiretas, e nem quando me lançava as dela. Se nós ainda não havíamos nem nos beijado, de forma alguma se parecia com aquela famosa - e patética - enrolação natural que as mulheres imaturas têm quase como lei quando conhecem alguém. Só não havia rolado ainda.

E eu tinha certeza que uma hora iria acontecer. Porque era mais que nítido que ambos queríamos.

A minha aula acontecia todos os dias após o pequeno intervalo de vinte minutos que eles tinham, depois de mim havia apenas mais uma aula de gramática, ministrada em outra sala, e então todos estavam dispensados. Desde que começamos a ter aulas a sós ela nunca mais assistiu à ultima aula, e quando eu questionei se isso não a prejudicaria ela respondeu que não, e justificou-se:

—Eu sou muito boa em gramática. - Não levantou os olhos do que estava escrevendo, e acrescentou. - E você é muito mais desejável do que o Sr. Conway.

Eu ri do seu comentário despretensioso e pensei, mais uma vez, em como eu queria que a oportunidade que esperávamos surgisse logo.

E ela chegou, junto com a próxima sexta-feira.

Eu iniciei minha aula dando continuidade à matéria relacionada a cadeias de carbono e ela estava, como sempre, sentada exatamente à minha frente, a mesma garota - que eu descobri se chamar Luna - ao seu lado. Ao fim, ao invés de sair e me esperar onde nos encontrávamos, como todos os dias, ela se despediu da amiga e continuou sentada onde estava.

Atendi a todos os alunos que queriam tirar suas dúvidas, e quando o ultimo deles saiu, nos deixando sozinhos, ela fez exatamente como da última vez, mas ao invés de se sentar à minha frente, deu a volta na mesa e se encostou a ela, ao lado da minha cadeira.

—A que devo a honra, senhorita? - Perguntei cruzando os braços e me encostando na cadeira, para que meu campo de apreciação se tornasse maior.

—Só vim avisar que hoje não poderei ficar para o nosso encontro. - Respondeu apoiando as mãos de ambos os lados do corpo.

Eu arqueei a sobrancelha em uma pergunta muda e divertida, e ela sorriu antes de responder.

—Vou sair com o Ron. - Respondeu e eu fiz a mesma pergunta muda, mas já sem muita diversão. Ela riu graciosamente e emendou a resposta. - Meu irmão.

Eu ri também do tom de explicação da sua resposta. Olhei para o outro lado e vi que a porta que nos separava do mundo real estava fechada, então me levantei e parei em sua frente, me aproximando e apoiando minhas mãos sobre as dela, ao lado do seu corpo.

Ao invés de recuar, ela sorriu, descruzou as pernas para me dar mais espaço, e entrelaçou meus dedos. E lá estava meu corpo dando sinais de vida só pela expectativa.

—Espero encarecidamente que você não use esse passeio para esquecer o que aprendemos depois de muito sacrifício. - Pedi suplicante e ela gargalhou jogando levemente a cabeça para trás, nossos rostos mais próximos do que jamais estiveram.

—Não esquecerei, vou estudar um pouquinho em casa. Preciso entender a mágica que faz aquelas moléculas se unirem - Prometeu me encarando, e eu ri.

—Como seu professor, eu acho isso muito bom. - Afirmei sério e ela riu novamente.

—Preciso ir. - Informou ainda me olhando.

—Ta bom. - Assenti antes de colar nossas bocas pela primeira vez.

E, definitivamente, a expectativa melhorava - muito - as coisas.

Bastou que nossas línguas se tocassem para que minhas mãos voassem, quase com vida própria, para sua cintura e a puxasse para mim, colando nossos corpos. Suas mãos se enfiaram nos meus cabelos e as minhas apertaram e acariciaram sua pele logo acima do cós da calça, por baixo da camiseta de malha que ela estava usando.

Eu não fiz nenhuma questão de esconder o quanto estava duro por ela, e a sua virilha deveria estar sentindo muito bem o estado em que eu me encontrava. Depois de um tempo incontável do que me pareceu ser quase uma briga entre as nossas bocas, nos separamos enquanto eu puxava com os dentes seu lábio inferior.

A expressão de calor que eu vi em seu rosto certamente refletia o meu, e antes de dizer qualquer coias ela me puxou novamente, para outro beijo tão sem calma quanto o primeiro. Quando enfim nos separamos, com alguns selinhos, ela sorriu e se inclinou para trás, antes de falar.

—Então tchau. - Se despediu rindo e eu ri também.

—Tchau, divirta-se. - Desejei e desencostei meu corpo do dela, dando espaço para que conseguisse sair.

Ela foi até onde estava sentada e pegou suas coisas. Eu me sentei novamente para observá-la caminhar calmamente até a porta.

—Até segunda. - Despediu-se e piscou para mim antes de sair.

“Um dia ainda me mata...”. Pensei sorrindo enquanto ela fechava a porta.

Sem muito o que fazer, esperei que a situação se acalmasse e fui para casa, iniciar o mesmo final de semana que vinha levando desde que me mudei para cá: Pedir pizza na sexta a noite e assistir ininterruptos capítulos de qualquer série viciante. Nesta sexta feira específica, Prison Break povoou a TV do meu quarto até quase cinco horas da manhã, quando o sono me venceu.

Fiz um pouco de academia no sábado e enquanto jantava meu celular tocou. Quando atendi, a voz de Dino Tomaz, um colega de sala, soou do outro lado me convidando para ir até a boate mais animada da cidade, pois hoje seria a noite dos calouros do curso de psicologia e, segundo ele, teria muita mulher nova para conhecer.

Eu havia ido às duas versões anteriores dessa festa, que correspondia aos dois anos que já estava morando aqui, e realmente seria como ele disse. No entanto, antes de responder eu olhei para a tela do meu computador e li mentalmente o nome do vídeo que eu estava assistindo no YouTube: “Didáticas alternativas para ligações iônicas, covalentes e metálicas”.

Quando meu cérebro fez a escolha, eu tive que rir antes de responder ao seu convite.

—Valeu Dino, mas esse ano não vai dar. - Neguei ainda rindo e fiquei mais de dois minutos reafirmando minha negativa, enquanto ele me chamava de idiota.

Desliguei o telefone, fui até a cozinha pegar mais um pouco de café e me sentei novamente em frente ao computador. “Vamos lá, Gina Weasley precisa passar em medicina!”, pensei antes de reiniciar o vídeo.

Na semana que se seguiu, o nosso ritual mudou um pouco. Agora, ao invés de sair antes de todos os colegas e me esperar na sala de estudos, ela ficava até todos saírem e nos agarrávamos um pouco antes de iniciar as aulas particulares. No primeiro dia houve um acordo mudo de olhares que nos fez andar de encontro ao outro, no segundo ela praticamente pulou em cima de mim assim que a porta se fechou atrás do ultimo aluno, no terceiro eu arranquei a caneta e o caderno de suas mãos e a puxei para mais perto, a partir disso as versões passaram a se repetir um pouco.

Em uma dessas ocasiões, mais precisamente numa segunda-feira, um garoto de óculos e particularmente nerd terminou de tirar suas duvidas comigo e saiu, nos deixando a sós. Eu mal havia soltado minha caneta quando um mundo de cabelos ruivos tomou meu campo de visão enquanto o corpo - delicioso - que os carregava se sentou no meu colo, uma perna de cada lado do meu corpo, e sem pedir permissão chupou lentamente a parte mais sensível do meu pescoço, que ela já conhecia bem.

Eu não gemi, mas mordi o lábio para me conter e apertei com ambas as mãos as suas coxas, bem próximo ao quadril. Nós já havíamos estado próximos, mas nunca daquele jeito, e o fato de excepcionalmente hoje Gina estar vestindo um short curto, e não calça jeans como na maioria das vezes, também não ajudava. Sentir sua coxa macia totalmente prensada entre meus dedos só me fazia imaginar ainda mais o quão gostoso deveria ser todo o resto.

O melhor do que quer que seja que havia entre nós, é que ambos entendíamos o clima, então ela nunca me parou ou ao contrário, nós sabíamos o que deveria ser feito no momento em que estávamos. E o clima, dessa vez, pedia mais do que qualquer outro dia.

Eu não fiz nada além de apertar suas pernas, a principio, e deixei que ela guiasse a situação como quisesse. Até porque eu já havia percebido que ela guiava bem demais as coisas. Eu apreciei, ainda apertando e acariciando a extensão entre seus joelhos e seus quadris, todos os beijos e chupadas no meu pescoço e o leve arranhar nas minhas costas por baixo da camiseta, mas quando ela se esfregou em mim eu não consegui mais me manter parado. Nem quieto.

Minhas mãos subiram para a sua bunda e eu a puxei mais para mim, fazendo com que ela sentisse como me deixava, e depois foi a minha vez de arrancar gemidos enquanto explorava seu pescoço. Ainda segurando-a dessa maneira, a levantei o suficiente para que ela subisse e descesse pelo meu corpo, e isso poderia ter sido um ato sexual se não estivéssemos tão vestidos.

Desci as mãos até a parte de trás das suas pernas e me levantei levando-a junto, para em seguida colocá-la sentada sobre a minha mesa. Senti quando ela se mexeu o suficiente para tirar as coisas que atrapalhavam nossa manobra, e tão logo eu apoiei seu corpo ali, ela cruzou as pernas em minhas costas e me puxou mais para perto. O nosso beijo, a essa altura, já tinha tantas mordidas que quase chegava ao limite da dor.

Minha camiseta estava quase completamente levantada e eu a empurrava cada vez mais para que se deitasse. Quando suas costas tocaram o tampo do móvel que a apoiava, eu deixei sua boca e desci meus beijos por toda a extensão do seu pescoço até chegar, pela primeira vez, ao seu decote.

Assim que cheguei ali não me contive e passei a língua por toda a extensão dos seus seios que a camiseta discreta não cobria. A senti se arquear sob mim e aumentar a pressão das suas pernas nas minhas costas e eu ia repetir o movimento, quando a senti segurar minha mão, que estava em sua coxa, e rir enquanto chamava meu nome em tom de advertência.

Na hora eu entendi o que havia de errado e afrouxei o meu aperto, transformando-o em um leve carinho enquanto ria também, ainda com o rosto apoiado entre seus seios, aspirando o cheiro gostoso que havia ali. Gina tinha a pele muito branca, e nenhum de nós dois queria parecer um adolescente deixando marcas no corpo um do outro. Eu conseguia sentir seu coração batendo forte, exatamente como o meu, e respirei fundo antes de me levantar.

A visão dela ainda com as pernas ao redor da minha cintura quase me fez deitar outra vez sobre seu corpo, mas eu me contive e a puxei pela mão para que se levantasse também. O estado em que eu me encontrava era visível pela calça jeans, mas eu não fiz questão de abaixar a camiseta ou tentar esconder, ao invés disso fiz carinho em sua perna um pouco vermelha pelo meu aperto e com a outra mão limpei o rastro úmido que eu havia deixado próximo à sua clavícula.

—Vamos tomar um pouco de sol, hein! - Brinquei e ela riu.

Esperamos mais alguns minutos ali e saímos da sala, em direção à mesa em que sempre nos sentávamos para estudar. E no fim, meu final de semana valeu a pena, pois ela entendeu o que eu explicava quando tentei abordar um dos métodos explicativos que havia encontrado.

As coisas estavam ficando cada vez mais quentes entre nós, e nos dias que se seguiram minha mesa sentiu mais algumas vezes o nosso peso, do mesmo modo que a parede que sustentava a lousa foi usada para eu prensasse seu corpo com o meu.

E eu pensava em Gina cada vez mais.

Algumas semanas depois eu usei a aula de sexta feira para aplicar um pequeno teste baseado em questões de vestibulares anteriores que poderiam ser resolvidas apenas com a matéria que já havíamos repassado. Eu anunciei o que faríamos no dia e esperei, sentado, enquanto todos se sentavam e pegavam suas coisas.

Gina estava na minha frente, como sempre, ao lado da amiga e eu a observava discretamente quando um garoto muito magro sentado atrás lhe cutucou o ombro e entregou um papel assim que ela se virou. Ela perguntou algo e ele apontou um rapaz loiro do outro lado da sala, que sorriu e acenou quando ela olhou para ele. Ela sorriu sem graça e negou com a cabeça virando-se para frente novamente e amassando o papel, não lido, na mão esquerda.

Eu observei toda a cena. E não gostei nada do que vi.

Luna, sentada ao seu lado, foi quem chamou minha atenção novamente para o mundo real quando riu de mim. Eu fiquei sem graça quando a vi me olhando, mas sorri de volta e me levantei, anunciando o inicio da nossa atividade.

Quando todos estavam quietos em seus lugares e prestando atenção no papel às suas frentes, eu caminhei lentamente entre eles, observando o progresso - ou falta de - de cada um. Assim que cheguei ao lado da moça que me tirava o sono, observei, não muito satisfeito, que ela ainda segurava o papel amassado entre os dedos, a mão apoiada sobre a mesa a sua frente, ao lado da folha de questões para a qual ela olhava com uma expressão de duvida crescente.

Parei ao seu lado observando o que ela já havia feito da atividade e, com o movimento, tampando a visão que o resto da sala teria. Levei minha mão esquerda levemente até seu corpo e acariciei o espaço entre seus seios, para logo depois deslizar a ponta dos dedos por toda a extensão rente ao decote da camiseta de alças que ela estava usando.

Eu contive o riso quando a vi se arrepiar e prender levemente a respiração, mas continuei meu caminho subindo a caricia pela alça da regata e descendo discretamente pelo braço esquerdo, até chegar a sua mão e tirar o papel que ela segurava, guardando-o em meu bolso, para só então continuar minha inspeção pelas outras mesas. Eu ainda conseguia ouvir sua risada contida quando cheguei ao final da fileira onde ela se sentava.

Naquele dia, assim que todos saíram da sala, depois da informação de que eu corrigiria no final de semana o que eles haviam feito, ela veio até a frente da sala, se sentou sobre minha mesa e falou rindo:

—Então você é ciumento?!

Eu estava sentado na minha cadeira, de frente para ela, mas antes de responder me levantei para ficarmos da mesma altura e apoiei minhas duas mãos sobre suas pernas.

—Sou sim, por quê? - Desafiei rindo também, e ela sorriu mais.

—Por nada! - Respondeu divertida, mas assumindo um tom mais provocador. - Eu gosto.

—Você gosta de ciúmes? - Perguntei incrédulo.

—Gosto mais do que o ciúmes provoca nos homens. - Retificou-se.

—E o que seria? - Perguntei aproximando mais meu corpo, agora quase encostado ao dela.

—Necessidade de marcar território. - Explicou pegando minhas duas mãos e, ao final da frase, colocando-as sobre os próprios seios.

No fim, ela conduzia a situação novamente, me lembrando como eu adorava que houvesse tanta atitude dentro dela. Mas assim que os senti daquela maneira sob minhas mãos deixei que a minha vontade comandasse o momento e os apertei como havia tido vontade desde a primeira vez que a vi. Eu observei, encantado e absurdamente excitado, a mordida nos lábios e o gemido baixo que ela soltou, sem nunca desviar o olhar do meu.

—Ponto fraco? - Perguntei enquanto a puxava mais para perto e prensava seus seios em meu peito.

—Pode-se dizer que sim. - Ela respondeu antes de me beijar e incendiar o meu corpo.

Demoramos mais do que o normal na sala, esse dia, mas mesmo assim fomos até o nosso ponto de encontro diário, depois disso, para suas aulas extras. O resultado da nossa falta de noção de tempo foi que, ainda na metade da explicação sobre moléculas apolares, a inspetora que cuidava daquele ambiente veio até nossa mesa e informou que a escola fecharia em dez minutos.

—Mas já? - Gina exclamou olhando no relógio assim que ficamos sozinhos - Eu até que estava entendendo.

Eu ri da sua reclamação e não pensei antes de falar, por isso fiquei em dúvida e levemente constrangido quando meus lábios verbalizaram a pergunta:

—Quer continuar na minha casa?

Eu certamente não conhecia o real significado da palavra satisfação, até vê-la sorrir e responder, tão rápido quanto eu havia perguntado:

—Quero!


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas
Essa foi uma ideia que me veio à cabeça do nada, e eu precisava colocá-la no papel. Espero que vocês tenham gostado do que leram, tanto quanto eu gostei de escrever!
Química terá 4 capítulos, no total, e eu adoraria contar com as opiniões de vocês em todos eles.
Comentem, opinem, critiquem e recomendem, se merecer. Mas apareçam, eu amo ler o que cada um de vocês tem a dizer.
Até o próximo capítulo.
Beijinhos!