O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 25
A Mensagem


Notas iniciais do capítulo

O fim está próximo, hehe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457363/chapter/25

Liadan levantou-se da poltrona vermelha. Andou preguiçosamente até a janela opaca e encarou a luz indecifrável que atravessava o vidro. O barulho lá fora lhe informava que estava chovendo, mas fazia tanto tempo que ela não saía daquele lugar que mal dava para ter certeza de alguma coisa.

Ela olhou por cima do ombro. Kenrick estava lá também, mas sentado em outra poltrona.

— Eu odeio isso — disse ela.

— Tenho que concordar com você — falou o irmão, meio desinteressado. Estava meio alucinado desde que saíra do seu calabouço no Ministério, mas ficou ainda pior quando se deu conta de toda a verdade.

Liadan virou-se para ele.

— Eles nos excluíram a vida inteira e agora acham que podem compensar alguma coisa — disse ela, os punhos fechados. — Malditos.

Um silêncio incômodo pairou pelo ambiente.

— Acho que está tudo acabado — falou Kenrick. — Esse negócio de Comensais da Morte. Quer dizer, não poderemos mais fazer isso.

Liadan não disse nada. Ela queria convencer a si mesma que poderia voltar com o grupo, mas é que agora as coisas estavam tão confusas. Parecia que um terremoto havia derrubado tudo, e agora, nada restasse para aproveitar.

— Não acredito nisso, não acredito nisso, não, não, não — ela falou, arfando de raiva. — Isso não pode acabar assim.

— Se é que teve um começo — acrescentou Kenrick. Os olhos dele estavam um pouco vidrados. — Destruíram nossos planos antes mesmo de podermos executá-los.

A garota continuou andando, mas enfim se cansou e acomodou-se na poltrona vermelha de novo. Parada e com a cabeça doendo um pouco, ela lembrou-se de como chegara até ali.

Assim que os aurores levaram Narcisa Malfoy para longe deles, Liadan pensou que os dois seriam presos ou algo do tipo — e fora o que acontecera, de certa forma. Só que, ao invés de serem mandados a Azkaban, eles vieram parar em um pequeno chalé de Godric’s Hollow, o vilarejo bruxo. Bem perto da casa do Potter, pensou ela, borbulhando de ódio.

Após o choque de ver Narcisa se revelar, Kingsley acordou de seu transe agitado, e por um momento, o que os irmãos viram nos olhos dele foi apenas raiva, uma raiva que parecia estar direcionada a eles, só aos dois, como se Liadan e Kenrick fossem os causadores de todos os problemas do mundo. Pensaram que também iriam ser mandados para a prisão.

Contudo, uma pequeníssima parte da multidão de bruxos que assistira a tudo aquilo de camarote ficou para acompanhar o que aconteceria em seguida. E, no silêncio absoluto que reinou na ala de prisioneiros não julgados, uma voz quebrou a tensão muda que se estabelecia entre o Ministro e os irmãos Riddle:

— Eles não podem ser presos — disse o homem velho, aquele que tinha protestado mais cedo durante a explicação de Shacklebolt. Mais tarde, eles descobriam que o homem era ninguém menos que Arthur Weasley, o pai de Ronald, o auror de cabelos vermelhos que capturara Kenrick. — Kingsley, eles não podem ser presos!

O Ministro encarou-o como se fosse louco.

— Quer que fiquem livres? É isto Arthur? Quer que eu permita que estes dois delinquentes vaguem livremente por aí?

— Eles não são delinquentes, Kingsley — corrigiu o velho. — São crianças ainda. E, por Merlim, que vergonha. Que vergonha eu ouvir uma coisa dessas saindo da sua boca. O que aconteceu com você? Por que está agindo assim? Quando assumiu o cargo de Ministro, eu me lembro que você era bem diferente, mas agora, parece ter engolido a poção da antipatia. — em seguida, ele se aproximou ainda mais do Ministro. — Kingsley, lembre-se, por favor: eles não fizeram nada, nada. A culpa é da Narcisa Malfoy, foi ela quem liderou tudo isso!

Liadan quis interferir, dizer que isso era mentira, que nunca ninguém os liderara senão ela própria, mas é que, se ela fizesse isso, seria presa imediatamente — mesmo que, pelo jeito como Shacklebolt estava, o resultado pudesse ser exatamente o mesmo se ela não interferisse. Mas não, ela iria pelo menos ver no que isso iria dar. Talvez a sorte virasse para o seu lado.

Após um longuíssimo momento em que o Ministro pareceu entrar em uma luta interior sobre o que era correto fazer, ele finalmente chamou alguns aurores para perto de si e cochichou algumas ordens para eles. Arthur largou a expressão anterior, que era de indignação e urgência, para substituí-la por outra, de seriedade e justiça.

Os pais dos meus inimigos estão me ajudando, pensou Liadan. Isso sim é algo vergonhoso. Mas continuou muda.

— Os dois — anunciou Shacklebolt em voz alta, encarando todos que estavam presentes no recinto. — serão mandados a Godric’s Hollow enquanto eu decido o que fazer. — em seguida, olhou especificamente para Liadan e Kenrick. — Dentro de sete dias, terão o seu veredito,senhores.

Depois disso, ele virou-se de costas e andou para longe, e os aurores convergiram para os dois adolescentes. Liadan entrou em pânico, sem saber direito o que era Godric’s Hollow. Kenrick parecia quase inconsciente. Conturbados, ambos foram levados até uma chaminé de onde se transportaram para o tal lugar que Kingsley mencionara, e logo depois, os aurores selaram todas as portas e janelas e partiram, deixando os irmãos sem varinha ou qualquer outro objeto mágico.

E agora estavam ali, naquela sala horrivelmente confortável e tediosa, sem nada para fazer, apenas esperando.

— Eu fico me lembrando — falou Liadan baixinho, abandonando seus devaneios e retornando ao presente. Era o quinto dia, mas parecia ser exatamente igual aos outros: tedioso.

— Lembrando de quê? — quis saber Kenrick, pondo os pés em cima da mesinha de centro.

— Essa Narcisa Malfoy — disse ela, indiferente. — Você não se lembra... de quando carregaram ela pra fora da ala onde nós estávamos?

Kenrick semicerrou os olhos, balançando a cabeça negativamente.

— Não muito. Eu não estava prestando atenção em nada, na verdade. Por quê? O que é que tinha a Narcisa Malfoy? Fora o fato de ela ter dito que é nossa mãe e tudo mais, é claro.

Liadan ponderou sobre o que iria dizer.

— Acho que ela estava dizendo a verdade — ela supôs, de voz baixa. — Bem, pelo menos a parte de que ela era mesmo a nossa mãe. Acho que... que essa parte deve ser verdade.

O irmão franziu o cenho.

— Pensei que você não iria gostar disso — disse ele, encarando a garota com olhos interrogativos.

— Eu, hein — respondeu Liadan, botando a língua para fora. — Preferia um milhão de vezes ser filha do Rabastan Lestrange que da mãe da Paige. Argh.

Ela tivera muito tempo para pensar sobre aquilo. No começo, quase não suportou a ideia de ela e Paige serem irmãs. Mas agora... bem, agora, ela ainda não gostava dessa ideia, mas era mais fácil tolerá-la, já que todo o choque do momento passara.

— Então por que está lembrando da Narcisa?

Liadan respirou fundo.

— Enquanto olhava pra mim... e, logo depois, quando ela já estava desacordada... eu vi alguma coisa diferente na expressão dela. Como se estivesse tentando dizer alguma coisa pra mim, como se esperasse que eu fosse entender.

— E o que você acha que ela queria falar? — quis saber Kenrick, estranhando a irmã.

— Não.. sei... — respondeu ela, e calou-se por um bom tempo.

Porém, bem no fundo de sua alma, Liadan sabia o que Narcisa quis dizer... e ela não gostava nada daquilo. Pois, enquanto as duas se encararam por um breve momento no Ministério, os pensamentos de Narcisa quase entraram na cabeça da garota, como uma mensagem exclusiva à ela e ao irmão. Uma mensagem que veio de palavra em palavra até a perturbada mente de Liadan:

Por

Favor

Não

Sejam

Como

Seu

Pai


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.