O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 18
Por Trás da Máscara




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457363/chapter/18

— O quê? Mas... como você...? — Liadan não encontrava palavras. Aquilo a pegou desprevenida.

— Bem — disse Ralph teatralmente, caminhando a passos lentos em direção à garota. — Pelo visto a srta. Liadan não é tão inteligente quanto pensava.

Ele parou na frente dela, balançando a varinha nos dedos. Estava pálido, e seus olhos mostravam uma vermelhidão incomum, como se tivessem derramado lágrimas há pouco tempo.

— Sabe — prosseguiu ele. — Eu não tolero revoltas neste grupo, Liadan. Nós, Comensais da Morte, devemos ser leais a nós mesmos. Traição é algo que deve ser reprimido.

— Ora — disse Liadan, em uma última e desesperada tentativa de retomar o controle. — Por que acha que estou te traindo? Eu só vim até aqui para...

—... para me matar, eu sei que foi por isso. Não adianta mentir.

— Ralph, você está sendo precipitado...

— Cale. A. Boca. — disse ele, num tom sombrio e demasiado sinistro. Liadan nunca o tinha visto falar daquele jeito. — Já falei que mentir não adianta. Eu sei o que você está pensando.

A garota arqueou as sobrancelhas, e Ralph sorriu, desdenhando sua confusão.

— Eu tenho feito aulas, Liadan. Aulas de um conteúdo que mostrou ser muito útil, no meu caso.

Ele aproximou-se dela. A garota estava gelada; toda a fúria dera lugar ao desespero, e suas mãos tremiam. Agora que o Lestrange sabia da verdade, o que será que ele iria fazer com Liadan?

— Aulas de Legilimência — afirmou Ralph. — A arte de entrar na cabeça dos outros bruxos. Por isso, todas as manhãs eu fazia uma visitinha ao meu velho pai. Porque ele me ensinou a lersua mente.

Liadan estava perplexa; já lera sobre Legilimência antes, mas era algo tão complicado que ela achava que Ralph nunca saberia fazer.

— Comecei com essa história depois que Scabior me disse que talvez você estivesse tentando me roubar a liderança. Não achava que estivesse, mas não custava nada confirmar... e infelizmente, vejo que meus temores se realizaram. Como pôde, Liadan? Eu sou seu líder... sou seu mestre...

Controle-se, dizia ela a si mesma. Pode ser a hora errada.

E, de forma bizarra, Ralph piscou e foi para trás, como se tivesse levado um soco no estômago. Arfando, ele olhou novamente para Liadan, que não estava entendendo mais nada.

— Liadan — ele disse, agitadamente. Parecia ter acordado de um pesadelo, e começara a se contorcer, como se estivesse tentando se libertar de uma prisão. — Liadan... não... eu nãoquero...

— Que diabos você está fazendo? — quis saber ela. Ralph enlouquecera de vez. Parecia estar resistindo.

Resistindo.

Uma temerosa hipótese veio à cabeça de Liadan. Ralph só poderia estar resistindo a um feitiço. Um feitiço que controlasse a mente daquela forma... não, nem um Legilimens teria aquele poder. Só se o Lestrange estivesse sob o efeito da...

Maldição Imperius, concluiu Liadan. Por isso ele está tão diferente. Quando o conheci, ele era menos repugnante. Mas quem estaria controlando ele? O que a garota deveria fazer: aproveitar que Ralph estava distraído, e matá-lo, ou usá-lo como chave para encontrar quem quer que estivesse usando a maldição?

— Liadan! — Ralph sufocava um grito. Parecia estar desesperado.

A garota repassou mentalmente todos os membros da casa. Paige, Elora, Marshal, Orson... nenhum deles parecia tão ofensivo. Nem eram tão bons a ponto de saber executar um feitiço daqueles. Só um bruxo bastante experiente poderia fazer algo assim. Mas não havia ninguém na casa dos Lestrange que...

É Rabastan!, concluiu Liadan. Obviamente. O pai não gostava dele, ela vira isso no dia em que espionara os dois durante uma das seções deles. Só pode ser Rabastan!

— Exatamente — murmurou uma voz fria, rouca, velha, vinda da escuridão.

A garota virou-se, relutantemente. O pai de Ralph estava parado na frente da porta, as sobrancelhas grossas lançando longas sombras nos olhos sinistros. Ela não se lembrava de Rabastan ter aquela altura. Antes, parecia um velho doente; agora, se mostrava um homem obscuro e ameaçador.

— Li sua mente, garota — afirmou ele. — Precisa aprender a ocultar seus pensamentos.

Liadan estava sem palavras. Ela olhou para trás. Ralph caíra no chão em posição fetal, e agora sua face estava pálida e suada.

— Quando Ralph me procurou — começou Rabastan. —, ele acreditava que você estivesse sabotando-o, como eu o fiz dizer há poucos segundos. Minha falecida esposa era assim também, garota: quis roubar minha glória. Acabou morta. Ralph a matou.

— Por que está me contando isso?

O homem sorriu perversamente.

— Logo saberá — e chegou mais perto dela. Liadan estava receosa de lançar algum feitiço nele. Não sabia da capacidade de Rabastan. — Mas, enfim. Antes disso, obriguei-o a fazer um Voto Perpétuo, no qual ele teve que jurar que nunca iria me prejudicar. Desde então, ele tem virado escravo das minhas vontades, pois caso o contrário, ele morre.

Rabastan desviou os olhos de Liadan e encarou Ralph, por um breve instante. O garoto enfraquecera. Estava resistindo demais, e aquilo o sobrecarregava muito. Logo desmaiaria.

— Contudo — prosseguiu o homem. —, achei que podia tirar melhor proveito das aulas de Legilimência. Ralph estava tão frouxo no seu posto de líder... eu não queria que ele fosse assim.

— Espere — murmurou Liadan. — Você?! Está me dizendo que...

— Que fui eu quem mandou Ralph reunir os Comensais da Morte — completou Rabastan. — Tudo foi ideia minha. Ele não queria fazer isso, mas eu achava que era a pessoa perfeita para fazê-lo. Um velho como eu nunca poderia sair por aí recrutando adolescentes. Teriam medo de mim.

Isso explica muita coisa, pensou Liadan. Ralph era um péssimo líder porque não queria ser um.

— Só que nem tudo saiu como o planejado — continuou o Lestrange. — Seu irmão, por exemplo. Ele não foi feito para o grupo. Muito menos Paige Malfoy. Alertei Ralph disso, mas ele me dizia que estava tudo bem. Assim, decidi que havia chegado a hora de eu assumir o comando, já que meu filho não tinha mais tanta utilidade. Lancei a Maldição Imperius nele.

Rabastan sorriu de forma estranha, como se aquilo fosse comum. Por um brevíssimo instante, Liadan sentiu pena de Ralph.

— Fiz Ralph brigar com Kenrick, e quando ele foi embora, esperava que a Srta. Malfoy também fosse. Ela não foi, mas um dia ainda vai ir.

O Lestrange chegou ainda mais perto de Liadan. Tocou sem ombro com a mão e sussurrou-lhe no ouvido:

— Agora, me responda, querida filha de Voldemort: o que nós fazemos com coisas que não têm utilidade?

Liadan engoliu em seco.

Descartamos — respondeu ela.

Ele assentiu com a cabeça, aprovando.

— Entende por que eu mandei Ralph aqui esta noite?

A garota não respondeu.

— Porque ele não tem mais utilidade — disse Rabastan. — E precisa ser descartado. Ninguém melhor para fazer isso do que você.

— Mas era o que ia fazer! Planejava matá-lo durante o sono.

— Ora, vamos Liadan, você pode fazer melhor que isso — afirmou Rabastan com veemência. — Acha que seu pai matava os outros assim? Enquanto estavam dormindo? Isso é coisa que só os covardes fazem, menina. — o homem encarou-a — Mate-o agora, vamos. Sabe por que te contei tudo isso? Por que quero que você seja a líder, junto comigo. Você tem sangue e alma de Voldemort. — ele olhou para o filho. — Mate-o agora! Tem de ser uma disputa igual.

E, de repente, Ralph parou de se contorcer e resistir. Provavelmente, Rabastan deixara de controlá-lo com a Maldição Imperius.

Ele se aproximou do garoto.

— Levante-se! Lute como um bruxo digno lutaria, seu imprestável. — e, inacreditavelmente, com Ralph totalmente impotente, Rabastan meteu-lhe um chute na barriga, fazendo-o gemer de dor.

O garoto, por fim, acabou levantando. Suas mãos tremiam, seu rosto estava pálido, os olhos lacrimejavam. A cara estava tão sofrida.

— É agora, Liadan. Mate o garoto, e seja a líder junto comigo. — Rabastan afastou-se do filho, dando espaço suficiente para um duelo.

A garota achava aquilo excessivamente teatral. Será que matar Ralph era mesmo necessário?

— Ele é seu filho — disse ela a Rabastan, sem poder se controlar. O que estava dizendo?

O Lestrange não pareceu se afetar com aquilo.

— É meu filho, mas não é um líder.

E, antes que Liadan pudesse pensar em mais alguma coisa, Ralph levantou a varinha. Ela tinha que reagir. Parecia que o garoto queria mesmo lutar.

Contudo, o Lestrange virou a varinha para Rabastan.

Avada Kedavra — um raio verde voou em direção ao pai.

E os dois caíram no chão, imóveis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.