O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 17
Traição




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457363/chapter/17

A notícia estampada na capa d’O Profeta Diário arregalou os olhos de todos que estavam tomando café da manhã na casa de Ralph Lestrange. A manchete dizia:

– FILHO DE VOLDEMORT É CAPTURADO PELO AUROR WEASLEY -

Kenrick Riddle foi pego durante a madrugada desta sexta-feira, enquanto retornava ao orfanato trouxa onde vivia

Por Rita Skeeter

A comunidade bruxa pode finalmente dizer que está em paz agora. Após um breve período de tensão motivado pela fuga dos gêmeos Riddle do Orfanato St. Charles, os aurores obtiveram a captura de Kenrick, o filho de Voldemort, enquanto este fazia uma visita à instituição. O garoto foi surpreendido pelo auror Ronald Weasley, que vigiava o local durante o ocorrido.

“Eu simplesmente cumpri o meu papel como auror”, disse Weasley. “Kingsley insistiu que vigiássemos o orfanato dia e noite, pois eles [os gêmeos Riddle] poderiam voltar a qualquer momento. Mais uma vez, o Ministro Shacklebolt provou ser astuto para com a comunidade bruxa”. O auror foi aplaudido e parabenizado pelo colega de trabalho Harry Potter e pelo próprio Kingsley.

Ronald Weasley também alegou que Kenrick contava com um cúmplice, o qual conseguiu escapar ileso. Ronald explica que foi enfeitiçado pelo tal ajudante, ficando desacordado. Porém, quando retomou a consciência, percebeu que os dois estavam distraídos, e aproveitou a oportunidade para render o garoto Riddle. Não se tem pistas ou indícios de quem seja o cúmplice.

A irmã de Kenrick, Liadan Riddle, continua foragida. Após a captura do irmão, o Ministro reforçou as buscas e agora pretende prender a garota o mais rápido possível. “Os aurores farão revistas nas casas de alguns dos bruxos mais suspeitos: os Carrow, os Lestrange, os Dolohov e outros mais”, alega Kingsley.

A matéria não acabava aí: páginas e mais páginas se estendiam com fotos de Kenrick. O garoto parecia abatido e insone, e as fotos mostravam-no preso a correntes.

— Vão levá-lo a Azkaban? — indagou Paige, a voz fraca. O café da manhã da garota permanecia intocado.

— Não podem levá-lo — disse Elora. — Ele não cometeu nenhum delito... provavelmente vai ficar em alguma prisão local. Só o mandarão para Azkaban se descobrirem que ele fez alguma coisa suspeita. Bem, pelo menos eu espero que seja assim. Não podem prendê-lo por nada...

Liadan estava chocada com aquilo. Ela esperava que Kenrick arranjasse alguma confusão quando saísse por aí, mas não sabia que iriam capturá-lo. Ela nem fazia ideia de que os outros bruxos procuravam o irmão e ela.

— Por que ninguém me contou que eu sou procurada pelo Ministério?! — quis saber ela, a voz descontrolada.

Todos caíram no mais absoluto silêncio.

— Achei que você se sentiria pressionada se algum de nós lhe contasse — explicou Ralph Lestrange.

A garota estava queimando de raiva, mas resolveu deixar o assunto de lado.

— E agora, o que faremos? O Ministro disse que mandará aurores revistarem a casa dos Lestrange... — observou Liadan.

— Daremos um jeito, ora — disse Ralph. — Esconderemos você em algum lugar.

Ela não gostava dessa ideia, a de ficar isolada dos outros. Não, não podia ser assim.

Será esse o momento certo para executar o plano final?, indagou-se ela. No começo, ela tentara jogar os bruxos uns contra os outros, mas após a morte de Greyback, desistiu de continuar. Mas a diferença é que, naquela época, Liadan não tinha poderes suficientes para desafiar Ralph Lestrange. Agora, porém...

O plano final seria muito simples. Liadan despacharia o garoto num piscar de olhos, na hora em que ele menos esperasse. Afinal, fora tão fácil conquistar sua confiança, seria fácil quebrá-la também. Mas, antes de ele se dar conta de que não se pode confiar na filha de Voldemort, estaria morto e imóvel.

— Riddle... por que me chamam de Liadan Riddle no jornal? — questionou a garota, segurando uma cópia d’O Profeta.

— Porque o nome do seu pai era Tom Riddle — explicou Elora, aproximando-se dela para também dar uma espiada nas fotos de Kenrick. — Nossa, ele parece estar... mal.

Liadan suspirou. Não queria que Kenrick estivesse passando por aquela situação... Mas será que as coisas não ficarão mais fáceis sem ele?, perguntou-se a garota. Nunca precisara do irmão, mas é que vê-lo nas condições em que estava era perturbador.

— Se quer saber a minha opinião, acho que Kenrick mereceu isso — revelou Ralph Lestrange, a voz cheia de desdém.

Liadan levantou o rosto para o garoto. E você merece coisa muito pior.

— Gostaria que não falasse sobre isso, se não se incomoda, Ralph — disse Liadan, controlando-se.

— Tudo bem — respondeu ele, com um ar de riso brincando nos lábios. — Como quiser.

— Desculpem, eu preciso sair daqui — Paige levantou-se de sua cadeira subitamente. Continuara sem comer. A voz da garota estrava trêmula.

— E agora, o que deu nela? — indagou Ralph em voz alta.

Acho que vou ter de adiantar meu plano, pensou Liadan. Não aguento mais essa casa.

***

Paige estava sentada em sua cama, silenciosa e cabisbaixa. Ela podia ter espionado Kenrick, mas quem disse que ela não gostava dele? O garoto tinha sido educado desde que o conheceu, e a retribuição dela era simplesmente uma traição pelas costas.

Fiz isso por Ralph, pensou ela. Unicamente por causa de Ralph. Ela lutava para esconder, mas a verdade é que Paige amava-o tanto, mas tanto, que não ousaria desobedecê-lo ou decepcioná-lo.

Ela começou a chorar. Estava no meio daqueles comensais da morte, sendo que ela mesma não queria ser uma; apenas desejava uma vida tranquila. Porém, se a sua vida fosse tranquila, Ralph não estaria nela, o que a fazia estremecer. Ralph foi feito pra mim, ele é meu.Prefiro passar por todas essas provações a abandoná-lo.

Mas o problema é que Ralph Lestrange não a enxergava. Isso a magoava profundamente. Escondia seus sentimentos, abandonava sua vida, tudo por Ralph. A obsessão levara Paige a trair Kenrick. Será que estou indo longe demais?, indagou-se ela.

Uma batida na porta interrompeu seus devaneios.

É Ralph!, disse a garota a si mesma. Ele veio me consolar.

Ao abrir a porta, porém, deparou-se com Liadan.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, desapontada.

— Preciso falar com você — disse ela, as sobrancelhas negras arqueando-se. — Posso entrar?

Estranho. Por que ela estava tão pomposa assim?

— Entre — e Paige abriu ainda mais a porta, voltando a fechá-la quando a garota passou por ela.

— Vejo que você parece triste — disse Liadan, acomodando-se na beirada da cama. — É por causa de Kenrick?

— Eu não quero falar sobre isso, se é o motivo pelo qual veio até aqui.

Liadan sorriu, e algo de indecifrável brilhou em seus olhos verdes.

— Meu irmão foi capturado. Sabe que isso foi culpa sua, não sabe?

O que ela pensava que estava fazendo?

— Não foi culpa minha — defendeu-se Paige.

— Claro que foi. Se você não tivesse escondido de nós que somos procurados no mundo bruxo, talvez ele tivesse tido mais precaução na fuga. Ou talvez, ele nem tivesse ido embora.

— Só fiz isso porque Ralph ordenou.

— Mesmo assim, você obedeceu. A culpa foi sua. Mais sua do que dos outros, pois além de omitir, você ainda teve a coragem de espioná-lo. Não sente vergonha?

Sim, ela sentia.

— Não — respondeu.

Liadan começou a enrolar um dedo nos cabelos negros.

— Mas, não se preocupe, querida. Está tudo bem.

— O que quer dizer com isso?

A outra sorriu malignamente.

— Você me deve um favor. Afinal, arruinou a vida do meu irmão.

— O quê?

— Isso mesmo. E agora, você vai fazer o que eu digo.

— Mas isso é um absurdo! Acha que pode me controlar?

— Eu não acho, se é que me entende.

Paige não toleraria aquilo. Remexeu em suas coisas, tentando encontrar a varinha. Daria uma lição naquela megera.

— Procurando isso? — indagou Liadan, sacudindo a varinha de Paige no ar.

— O que faz com minha varinha?! Devolva já!

Liadan pôs uma mão em cada ponta da varinha, e depois curvou-as para baixo. A varinha, rígida e retilínea, acompanhou o movimento da garota, até que não resistiu e se partiu ao meio.

Paige estacou de choque.

— Você... como... por quê?! Por que quebrou minha varinha?!

— Vou quebrar outras coisas, se você não colaborar comigo. E agora, o que me diz? Irá me obedecer?

Agora, não havia outra opção. Paige não tinha mais com o que se defender.

— Diga o que você quer.

***

Era noite, e todos estavam ferrados no sono. Liadan tomou o cuidado de verificar, mas sabia que ninguém estaria acordado. O treinamento cansava, e ao fim do dia, todos imploravam por suas camas macias e confortáveis.

Todos, inclusive Ralph.

Não havia uma hora melhor para se matar alguém do que durante o sono. Ela vira isso noConto dos Três Irmãos, de um exemplar desgastado d’Os Contos de Beedle, o Bardo. O primeiro irmão fora morto enquanto dormia, isso porque ele tinha a varinha mais poderosa do mundo. Sendo assim, seria facílimo assassinar Ralph.

Liadan parou em frente à porta do quarto dele, o coração acelerado. É agora. Acalme-se.Ela não tinha por que ficar nervosa. Já matara antes.

Encaixou a mão no trinco da porta e abriu-a. Estava destrancada; Ralph era mesmo estúpido. Um líder tem de proteger-se, pensava Liadan. Contudo, ele não era um líder, portanto não era surpresa que não se comportasse como um.

A garota chegou perto da cama dele. Um grande volume se erguia por debaixo dos cobertores, e ela foi até a cabeceira, a fim de mirar a cara de Ralph, ver sua última expressão enquanto morria.

Mas não havia nada lá. Apenas um vulto preto. Liadan empurrou os cobertores, irritada, e descobriu que só havia almofadas no lugar onde ela esperava que Ralph estivesse.

— Maldição! Onde ele está?! — indagou-se.

Um movimento chamou a atenção dela. Liadan virou-se para o lado da porta, e seu queixo caiu de surpresa.

Ralph Lestrange estava em pé, vestido com a mesma capa preta do dia em que a conhecera. Sua varinha estava apontada para Liadan.

— Estou aqui — respondeu ele, dando risada pela surpresa da garota. Em seguida, sua expressão fechou-se de ódio e desprezo. — Traidora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.