Eram aproximadamente 16:00 quando eu me 'perdi' pela floresta.

Na verdade, eu só não sabia exatamente onde estava, já que Alec e o resto da guarda tiveram que sair pra matar um clã de recém criados em Nova Orleans, Aro mandou dois guardas um pouco lerdos para me acompanharem em uma correria pela floresta. Não sei se eles eram lerdos ou eu que era rápida de mais, bom... Acho que Edward me deixou mal acostumada nessa questão de velocidade.

Comecei a me preocupar de verdade quando tirei os fones e não escutei nenhum dos guardas a pelo o menos 4km de distancia. Acho que eu estava ouvindo musica alto de mais e não percebi quando me afastei.

Mas... Já que estou aqui... – pensei sorrindo, era a primeira vez em anos que eu ficava realmente sem nenhum Volturi por perto.

Corri na direção oposta a que vim, o que significava que eu estava indo mais para longe do castelo. Só parei um pouco quando ouvi um barulho de água, um barulho de uma cachoeira, na verdade. Segui o som até encontrar uma, com água cristalina e um riozinho não muito fundo, que ia bem mais para dentro da floresta. Sentei em uma pedra na beira do rio, tirei os tênis e coloquei meus pés dentro da água calma e fresca. Lavei as mãos e joguei um pouco de água nas minhas pernas, sem molhar meu short e minha blusa. Finalmente eu começara a relaxar.

Estragas prazeres! – pensei, revirando os olhos quando ouvi os dois lerdos chegando perto.

Calcei os tênis e permaneci sentada na pedra até eles chegarem

– Cullen... - um deles falou, se fossem humanos, com certeza estariam ofegantes - Estamos a quase 21km do castelo, acho que o mestre não gostaria que você fosse tão longe assim - eu levantei, não que eu quisesse ir, mas eu respeitava Aro como respeitava o Carlisle... Talvez um pouco menos.

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– Sabem se a guarda voltou? - perguntei, enquanto esperava o elevador abrir.

– Provavelmente chegam as 21:00, Srta. Cullen.

– Obrigada. - disse, enquanto saia do elevador.

Eles chegariam em quatro horas, dava tempo de me divertir um pouco antes começar a me arrumar. Peguei um dos livros de uma das estantes de Alec e comecei a lê-lo. Eu estava quase no meio do livro quando recebi uma chamada no Skype. Corri até meu computador e a aceitei logo, era tia Rosalie.

– Oi tia! - a cumprimentei sorridente - Onde está o resto da família?

– Oi Ness! - ela retribuiu o sorriso - Estão caçando, tem aparecido alguns animais grandes por perto... Mas... Onde você está? Por que não está no seu quarto? - ela perguntou, reparando na decoração atrás de mim.

– Bom... Esse ano Aro não quis me deixar sozinha, então tenho que ficar no quarto do meu mentor... Alec.

Observei-a a ficar com expressão severa, a mesma que meu pai faz quando está com ciumes.

– Alec... Seu pai vai gostar de saber disso. Mas enfim, por que os Volturi acham que é melhor assim?

– Eu também não sei... Mas o quarto é bem grande, passar dois meses aqui não parece ser má ideia.

– Claro.. Espero que esteja agindo como uma perfeita dama. - tia Rose era muito preocupada em me deixar como uma 'dama', ela sempre me ensinou a agir como uma.

Conversamos bem uns 20 minutos, até ela notar a cor dos meus olhos: dourados alaranjados. Ela sabia que isso significava que havia fugido da dieta.

– Renesmee Carlie Cullen - ela começou - Você não...?

– Bebi de bolsas de sangue, não da fonte.

Ela me olhou com aquela cara de ''Como você ousa, mocinha? A sua família inteira se controlando para ficar longe do sangue humano e você ai, com os olhos de quem bebeu!''. Pude ver o quanto ela estava revoltada, então mudei de assunto:

– Demétria tem ido ai?

– Não, ela não vem desde que... - ela pausou, pareceu escutar algo, então escreveu em uma folha branca: Eles estão chegando, é melhor desligarmos antes que reparem nos seus olhos.

Assenti e desliguei.

Como já eram 20:32, fui tomar banho, só pra garantir que estaria pelo o menos vestida quando a guarda voltasse.

*---*

Depois de 30 minutos debaixo da água morna maravilhosa, criei coragem e sai do chuveiro, já que eu tinha terminado todo o banho há pelo o menos 10 minutos.

Sequei meus cabelos com o secador, só para deixa-los completamente lisos, já que eu ia com ele solto na boate.

Assim que desliguei o secador, ouvi o piano tocando, Alec já devia ter chegado. Com calma, vesti meu roupão de seda e sai do banheiro. O vampiro parou de tocar assim que me viu.

– Continue. - sorri, me lembrando da vez em que eu que parei de tocar.

Ele sorriu e continuou.

– Já está se arrumando? É um pouco cedo.

– Seria cedo, se eu soubesse o que vestir. - eu disse, de dentro do closet.

– Falando nisso, Jane disse pra você ir com um vestido que ela escolheu. Ela acha que vai ser mais fácil pra caçar.

E que vestido! – ela escolheu um preto, um pouco curto, chegava até a metade das minhas coxas. Vesti aquele mesmo, não era o que eu estava pensando, mas Jane era quase como a tia Alice: ''Ou você vai com a roupa que eu quero ou não vai'', só que um pouco mais violenta, do tipo: ''Ou eu frito seus miolos''.

Sai do closet, sem chamar a atenção de Alec, sentei no sofá na frente da Tv, peguei o livro e continuei lendo, escutando-o tocar uma musica bonita, mas um pouco triste.

– Como foi o massacre? - perguntei, assim que ele parou de tocar.

– Já fui a melhores. - respondeu, dando de ombros, e há quem diga que ele é o gêmeo bom. Acho que ele era só um pouco mais calculista que ela, do tipo que ataca sem avisar, mas estava melhor, comparado ao que era no ano da quase-guerra.

– Ness... - ele me chamou, assim que estava na porta do banheiro, olhei-o e ele pareceu ter se esquecido do que ia dizer - Jane está vindo falar com você. - ele continuou antes de fechar a porta do banheiro.

Dois minutos e meio depois alguém bateu na porta. Eu sabia quem era.

– Ness! - ela disse me abraçando. Eu era uma das únicas pessoas que ela podia abraçar sem se erguer muito, eramos quase do mesmo tamanho, eu era mais alta por centímetros.

– Jane! - retribui o abraço, reparando em sua roupa, um tanto sexy demais pra quem tinha 13 anos quando se transformou.

– Vamos para o jardim. Quero conversar. - ela me arrastou para a janela do corredor e nós pulamos, caímos direto e em pé no jardim.

– Mais rápido que elevadores. - ela disse, se gabando.

**-------**

– Enfim vocês dois aparecerem! - disse Jane para Demetri e Alec - Estava achando que tinham ficado com o pé atrás...

– Só estávamos discutindo sobre o meio de transporte, irmã.

– Ah é. Eu vou correndo, alguém mais vai? - perguntou Demetri, ele gostava de correr e fazer tudo o que um vampiro tinha direito, era idêntico ao jeito da irmã.

– E sujar meu vestido novo? Não, obrigada. - disse Jane.

– Concordo. - disse eu.

– Mulheres... - Alec revirou os olhos e olhou para o amigo.

– Nem em mil anos elas tomam jeito. - continuou Demetri. Os dois engraçadinhos riram, até Jane demonstrar que não gostou da piada, daquele jeito dela.

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Chegamos a tal boate, ela parecia ser bem grande e cheia, já que havia uma fila de adolescentes esperando para entrar que cruzava a esquina. Nós a ignoramos e o segurança nos deixou passar direto, ele parecia conhecer os Volturi, aliás, era da mesma especie.

A boate era ainda maior por dentro, bem luxuosa, com uma pista de dança enorme, além de um bar com todas as bebidas que se possa imaginar e uma área externa. O lugar era perfeito pra caçar, com muitos adolescentes mimados e fúteis, que com certeza fariam do mundo um lugar melhor sem a presença deles.

Eu e Alec fomos pedir as bebidas, enquanto Jane fazia mimica para Demetri matar logo a garota que ele estava beijando, ou ele mesmo morreria.

– Eu não acredito nisso...

– No que?

– Que o Demetri seja realmente meu cunhado... Jane parece ser feliz com ele mas... Ele é meio exagerado na hora de caçar.

– Você está bem? - ele odiava ver a irmã ''sofrer'' por causa de homens, especialmente por causa do Demetri.

– Sim... Só acho que ela não esta. - ele disse, já pegando a bebida.

– Tem... Sangue nisso aqui? - perguntei, pegando meu copo, o que fez Alec rir.

– Tem, por isso a boate está sempre cheia, além de humanos atrai vampiros. - ele sorriu, depois se virou para a pista de dança, procurando uma presa. – Acho que tem um lanche me esperando lá fora.. - Não aguentei e ri, ele me acompanhou. - Vou sair um pouco, fique aqui, Ness.

Eu pisquei e ele já não estava lá. Minha presa apareceu em seguida.

Lucas, um rapaz loiro, de 16 ou 17 anos, com olhos azuis, parecia ser diferente do resto dos outros adolescentes. Depois de uns 2 minutos conversando, ele me chamou pra ir para a área externa.

Chegando lá, minha primeira visão foi Alec e outra garota loira se beijando, provavelmente sua ''presa''. Não que eu tenha ficado com ciumes ou algo do tipo, mas eu me senti na obrigação de dar o troco.

O garoto me levou um pouco mais para o fundo do jardim, perto de um muro alto. Oh Céus! O muro!– pensei, pegando suas mãos e colocando-as em minhas costas, fazendo-o me abraçar, só pra garantir que ele não ia acabar morto, seja lá como fosse.

Lucas me beijou de repente, me assustei, achei que era nessa parte que ele morria...

– Tudo bem? - perguntou-me, percebendo minha reação.

– Claro... - menti, o beijando.

Agora o beijo estava mais intenso, mais demorado. Até que separei meus lábios dos dele, pra ver se estava bem. E quando ele estava perto o suficiente para que eu sentisse sua respiração, ele praticamente voou para longe de mim.

Alec o havia empurrado violentamente até o muro, fazendo com que suas costas sangrassem. Ele aproveitou para suga-lo, corri para fazer o vampiro parar.

– O que você tem na cabeça, Alec? - peguntei com raiva, olhando em seus olhos e dando uma rápida olhada em sua expressão: ele estava revoltado, e com mais raiva do que eu.

– O que você tem na cabeça, Renesmee?! - ele me segurou pelo braço, me impedindo de me abaixar para ver se Lucas estava bem. - Acha que pode brincar com comida desse jeito?!

Nesse instante, Lucas começou a se contorcer, o veneno estava fazendo efeito.

Me soltei de Alec e me abaixei para matar o humano, era minha unica escolha agora. Drenei-lhe o sangue em segundos, e antes de me levantar, coloquei a mão em sua bochecha e vi algumas de suas memórias recentes:

Ele vinha de uma família de médicos muito rica. Sonhava em seguir a seguir a mesma profissão que seus pais, só para que pudesse salvar vidas. Tinha sido traído pela namorada há dois dias, só estava lá por isso, para esquece-la. E teria conseguido, teria seguido todos os seus sonhos se não fosse por mim e Alec. Eu acabara de matar um inocente, e não sabia se conseguiria lidar com isso.

– Vamos embora. - ele disse, ainda com a voz e expressão revoltadas.

– Claro. - Disse com voz impaciente. Me levantando do chão.

Corri até a saída em velocidade sobrenatural, Alec veio atrás, me levando até o carro.

– E Jane e Demetri? - perguntei, indiferente.

– Vão correndo depois... Ainda não caçaram o bastante.

Assim que estávamos saindo de Florença, me olhei no espelho e observei meus olhos: vermelhos-sangue, como rubis.

Me senti tão linda, tão imortal e tão... Assassina. O sentimento de culpa já me dominava desde aquele momento. E Alec... Ele pareceu perceber...