Dentro de um filme escrita por G N Ferreira


Capítulo 7
A decisão de Odin


Notas iniciais do capítulo

E agora o que será de Ardehel? O que acontecerá com ela ao chegar em Asgard?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/456459/chapter/7

Tão logo chegamos a Asgard nos separamos Thor, Loki e eu. Thor me deixou aos cuidados de dois guardas de Asgard, os quais me conduziram a um quarto onde me mantiveram trancada por algum tempo. Tudo era muito luxuoso, muito dourado onde quer que fosse. O quarto também era lindo, mas naquele momento eu não tinha cabeça para apreciar nada do que via. Eu estava demais preocupada com meu próprio destino e de certa forma com o de Loki.

Refletindo, comecei a temer que tivesse piorado a situação para Loki, afinal, na história original, ninguém além de Thor tentou convencê-lo a mudar de ideia. Várias vezes tentei me convencer de que não mudara nada, de que minha presença no enredo era coadjuvante. Lembrei que Frigga intercederia por ele, mas eu, ao contrário de Loki, não tinha quem intercedesse por mim. Será que eu seria condenada à morte? Ou será que seria perdoada por meu arrependimento e ajuda? Perguntei-me se Thor conseguiria convencer Odin a mandar-me de volta para casa. E será que realmente existiria essa possibilidade? Os portais deles para outros mundos poderiam me mandar para o meu mundo? Lembrava que existiam nove reinos e que um deles era Midgard, a Terra, mas será que algum deles era a Terra de onde vim? Essas questões rodavam em círculos na minha mente pela noite que se seguiu, na qual permaneci acordada.

Na manhã seguinte estava um farrapo humano, quando um dos guardas veio trazer meu café da manhã. Não tinha estômago para comer, a refeição permaneceu intocada. No fim da tarde foi com alívio e medo que recebi a notícia de que finalmente Odin iria me receber. Ao sair do quarto recebi a primeira surpresa. Para me encaminharem até o salão real, fui algemada. Eu tinha me metido em uma encrenca, agora isto estava claro.

Fomos caminhando por aquele labirinto suntuoso e durante o percurso fui pensando no que tinha feito. Não me arrependia de ter escolhido Loki, mesmo que soubesse desde o início que não era um sonho. Eu gostava dele e o compreendia, teria tentando igualmente convencê-lo a mudar de ideia, a evitar tudo aquilo. Provavelmente teria mentido a ele que o apoiaria, para no fim tentar fazê-lo mudar de ideia. Jamais arriscaria deixar tudo o que eu sabia nas mãos da S.H.I.E.L.D. Isso poderia custar a vida de Loki. Em suma, não teria sido diferente de nada do que fiz.

Finalmente chegamos às portas de entrada do salão. Senti um calafrio percorrer toda a minha coluna. Respirei fundo, ergui a cabeça e segui os guardas quando abriram as portas. Odin estava sentado no trono e Frigga estava ao seu lado. Ao parar diante dele fiz uma reverência e esperei.

– Então você é Aredhel, a vidente de “outra Midgard”? - Perguntou Odin me fitando.

– Er.. - Hesitei por um instante. Percebi que Thor já havia falado sobre mim, e talvez também o próprio Loki. Eu tinha que continuar mentindo. - Sim. Sou. - Respondi.

– E você não sabe como veio parar aqui? - continuou.

– Não. - Respondi, mas senti que a pergunta tinha um certo tom de ironia, o que logo em seguida confirmei.

– Uma mulher que pode ver o futuro, mas que não conseguiu ver como e porque foi parar em Midgard? - perguntou me encarando.

Eu não havia conseguido nem enganar Natasha, fui salva do interrogatório por Thor, e como eu havia imaginado, Odin também não seria enganado facilmente. Loki podia não ser filho dele, mas era astuto como o pai. Entretanto eu também sabia me esquivar.

– Não consigo ver meu próprio futuro. - respondi.

De certa forma era verdade. Eu sabia o destino de todos no enredo, menos o meu. Desde o início estava me arriscando sem saber se isso poderia custar a minha vida.

Odin pareceu ponderar por um instante o que eu havia dito e em seguida voltou a questionar.

– Se sabia tudo o que Loki iria fazer, por que se ofereceu para ajudá-lo? - novamente perguntou.

– Por que era a única forma de tentar evitar tudo aquilo. Não tenho super força ou outros poderes especiais. Tudo que eu podia fazer era tentar persuadi-lo. - respondi lembrando-me de tudo que tinha pensando na noite anterior, que no fim faria tudo igual.

– Se queria evitar a dominação de Midgard, porque não se juntou aos outros humanos? - perguntou novamente com ironia na voz.

Olhei para Frigga, voltei a olhar para Odin, dei um longo suspiro e respondi a pergunta.

– Eu não queria que isso custasse a vida de Loki. Eu quero o bem dele.. - respondi e baixei a voz e a cabeça ao dizer as últimas palavras. Senti meu rosto corar, mas não entendi o porquê.

Levantei novamente a cabeça e vi que Frigga me olhava de um jeito estranho, franzindo o cenho, quase com compaixão. Voltei minha visão novamente para Odin e seu olhar era o contrário, via fúria em seus olhos.

– Então acredita que a vida de Loki vale mais que a vida de mais de uma centena de humanos? Acha que sua decisão foi justa? - vociferou para mim.

Eu abri a boca chocada, mas não emiti nenhuma palavra. Eu nunca havia pensando dessa forma. Lembrei-me das pessoas que vi correndo, das pessoas que vi morrendo. Senti o remorso tomando conta de mim. Eu tinha tanto sangue nas mãos quanto o Loki.

– Nunca confiei em videntes. Videntes sempre manipulam a situação a favor de seus próprios interesses. - começou a falar Odin – E você fez a mesma coisa! Escolheu Loki em detrimento da vida de inocentes! Você não passa de uma manipuladora tão egoísta quanto Loki! - gritou.

Permaneci calada. Sentia vergonha de mim mesma. Pensei que era o fim, que seria condenada a morte.

– Devo reconhecer que buscou remediar a situação ao ajudar Thor e os humanos a fechar o portal. Entretanto não tenho certeza que se fez isso para salvar a si própria, ao invés de realmente estar preocupada com a dominação de Midgard. O que tem a dizer em sua defesa? - perguntou Odin.

– Realmente tentei evitar mais mortes ao revelar a Thor que sabia como fechar o portal, mas não tenho como provar minhas reais intenções..- respondi tristemente.

Vi Frigga tentar dizer algo, mas Odin levantou a mão para ela, fazendo-a desistir.

– O seu lugar não é aqui, nem em Midgard e nem em outro mundo que eu conheça. Ainda não sei de onde exatamente você é e nem como mandá-la de volta. O que sei é que já tomei minha decisão. - completou Odin.

Respirei fundo, mantive a cabeça erguida. Estava com medo, mas sabia que tinha que enfrentar minha pena, seja qual fosse.

– Declaro você, Aredhel, culpada por ter auxiliado Loki em seu plano maléfico de tentar subjugar Midgard. E condeno você à prisão perpétua ou a permanecer presa até que se encontre uma forma de enviá-la ao seu mundo. E saiba que você só não foi condenada à morte por ter o benefício da dúvida sobre seu arrependimento. - sentenciou Odin.

Fiquei congelada onde estava. As palavras de Odin ecoavam em minha mente. Ouvi um gemido de pesar vindo de onde Frigga estava. Não olhei, imaginei que ela se apiedara de mim, mas meu destino agora estava selado. Eu podia ter escapado da morte, mas provavelmente jamais voltaria para casa. Jamais veria Phillip novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Será que Aredhel irá ficar presa para sempre em Asgard? Será que voltará para casa? Que surpresas ainda aguardam Aredhel? Estão gostando da história? Deixem seus comentários!