Dentro de um filme escrita por G N Ferreira


Capítulo 12
A verdade nunca fica enterrada por muito tempo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários que vocês têm deixado!! Me motivam cada vez mais! Eu já havia pensando em preparar o final, mas devido aos pedidos, resolvi esticar a história mais um pouco. O que vocês acham? Querem que seja mais longa?

Bom, agora o destino de Aredhel e Loki começam a trilhar um caminho desconhecido, onde não há mais filmes para dizer o que irá acontecer. O que será dos dois?

*O título é uma frase dita pela personagem Jackie, a aminguinha de Bob (do desenho "O fantástico mundo de Bob"), em um capítulo sobre mentiras.



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Enquanto caminhávamos em direção a onde tínhamos deixado à aeronave, ficamos conversando sobre o que faríamos ao chegar lá. Ficou combinado que Loki iria disfarçado de soldado e eu sem disfarce. Isso me preocupava, pois, afinal, eu havia cometido o crime de traição.

– Com muita sorte Odin vai me mandar de volta para a prisão. - suspirei.

– Não se preocupe. Você já está acostumada a sempre voltar para lá, não é? - Loki revidou ironicamente.

– Aha.. Muito engraçado! Você tem que me ajudar! Eu preciso voltar para casa! - respondi.

– Eu? E porque deveria? - retrucou.

– Porque ou você me ajuda ou revelo que você está vivo. - menti. Eu não o entregaria, tinha certeza disso.

– Isso é simples de resolver. Eu mato você, digo que você reagiu ou tentou escapar. - respondeu cinicamente me encarando.

Isso me pegou de surpresa, ele realmente poderia se livrar de mim e o segredo dele estaria a salvo. Lembrei-me de que ele terminava o filme no lugar de Odin. Eu não sabia se ele o tinha matado ou não, mas, se tivesse, matar-me seria o menor dos problemas para ele.

– Então vá em frente. Mate-me e acabe com isso de uma vez. - desafiei encarando de volta. Eu não teria como fugir dele, então enfrentaria meu destino. Não era a primeira vez que era ameaçada de morte.

Loki me olhou incrédulo. Ficou me fitando por um tempo, parecendo analisar a situação.

– Não. Sua habilidade pode ser muito útil ainda. - respondeu finalmente.

Aquilo me deixou furiosa. Eu seria usada até o fim? Nunca voltaria para casa porque acreditavam que eu poderia ver o futuro? Estava cansada disso. Não queria mais mentir, precisava dar um basta àquela situação.

– Se esse é o motivo para me manter viva, pode desistir. Eu menti o tempo todo. Eu não posso ver o futuro! Venho de um mundo no qual tudo o que “revelei” a vocês são histórias, filmes. O exílio do Thor, você descobrindo que era adotado, sua aparição em Nova York, a luta com os elfos negros, tudo faz parte de filmes. Assisti a esses filmes inúmeras vezes. Apesar de ser o vilão das histórias, você era meu personagem preferido. Porque como lhe contei, temos muito em comum, o mesmo drama familiar. Simpatizei com você desde o início. A roupa que eu vestia quando cheguei naquele laboratório era uma fantasia em sua homenagem. Eu estava a caminho de uma festa a fantasia quando vi a luz roxa que me trouxe até aqui. - comecei a contar.

Loki ouvia tudo boquiaberto. Eu continuei falando, eu tinha que contar tudo. Estava farta de guardar isso comigo.

– No inicio pensei que estava sonhando. Eu tentei fazer você mudar de ideia quando percebi que tudo isso era real! Eu não queria que destruísse a Terra, mas eu também não queria que você terminasse preso! Mas você estava tão cego que não me deu ouvidos! Por mais que me importasse com você eu não poderia contar o que sabia! Tentei inutilmente mudar algumas partes dos filmes. Tentei fechar o portal antes que causassem mais danos à Terra, tentei salvar Frigga, mas não consegui! Parece que tudo pertence a um destino imutável! Por mais que eu tente, eu não consigo mudar algumas coisas. A única coisa que eu não sabia era sobre mim. Eu não faço parte da história em meu mundo. - desabafei.

Loki ficou calado me fitando, parecia estar ponderando tudo o que eu havia dito.

– Os filmes acabaram. Daqui para frente eu não sei o que acontecerá. A única coisa que sei é que Thor conseguirá salvar a Terra novamente e você tomará o lugar de Odin. - Falei de uma vez. - Então se espera que eu possa lhe falar sobre o futuro, esqueça, eu não tenho mais nada a contar. - terminei.

Depois de ouvir todo o meu relato calado, e analisar o que eu tinha dito, finalmente falou:

– Você disse que irei tomar o lugar de Odin? Como? - perguntou surpreso.

Suspirei. Eu sabia que a parte mais interessante para Loki do que eu havia dito era isso.

– Sim, mas não sei como. Thor retornará da Terra e já encontrará você fingindo ser Odin. - respondi – Você pretende matar Odin? - perguntei com medo.

Loki não respondeu. Ficou pensando por um tempo depois voltou a olhar para mim, mas com uma cara meio preocupada.

– Por que você se arriscou por pessoas que você mal conhece? - perguntou franzindo o cenho.

– Os humanos eram inocentes.. Frigga era sua mãe.. Eu sabia o que iria acontecer. Eu tinha que tentar evitar. - respondi tristemente.

– E por mim? Eu era o vilão, porque se arriscou por mim? Eu lhe mantive presa, você tentou me convencer a mudar, foi condenada à prisão por me ajudar, quase foi desintegrada junto comigo e mente por mim. Por quê? Por que se importa tanto comigo? - perguntou franzindo a testa.

– Eu.. Eu não sei...- murmurei confusa.

Eu realmente não entendia. Eu mal me reconhecia ao analisar o que ele havia dito. Eu estava ficando louca? Era uma suicida? Tudo o que eu tinha feito desde que havia chegado foi para ajudá-lo. Fiquei pensando nisso e finalmente entendi o que estava acontecendo. Eu não estava doida e nem psicótica. Agora tudo o que vinha fazendo de estranho de repente fazia sentido. Estava claro porque eu estava mudando. Eu estava apaixonada pelo Loki.

Loki se aproximou de mim me encarando por um tempo. Senti meu rosto corar.

– Não se preocupe. Não vou matar você. Vamos para Asgard. Se Odin lhe condenar eu ajudo você a fugir. E mesmo que não consiga, eu liberto você, afinal, como você disse, eu tomarei o lugar dele. - falou sorrindo de leve.

Respirei aliviada, mas não entendia a decisão de Loki. Por que ele me poupara? Será que se sentia grato pelo que fiz por ele? “Não”, respondi para mim mesma. Isso não era de seu feitio.



Chegamos à aeronave, Loki trocou sua aparência e partimos. No caminho fiquei calada por um longo tempo. A culpa me consumia. Como eu poderia me apaixonar pelo Loki? Eu amava Phillip e estava noiva, sentia que estava traindo-o. Convenhamos, mesmo que não fosse comprometida, quais seriam minhas chances com Loki? Ele vivia jogando na cara de Thor que amar a Jane, uma “mortal”, era um erro. Meu único alento era de que talvez Loki pudesse me ajudar a voltar para casa e tudo isso passaria.

Passado algum tempo resolvi falar sobre a ida ao meu mundo.

– Loki, você alguma vez leu ou ouviu algo sobre meu mundo? Você acha que existe alguma forma de me mandar de volta? Você poderia me ajudar? - perguntei.

– Não me lembro de ter lido ou ouvido, mas existem muitos livros que ainda não pude ler. Talvez em um deles tenha algo que fale de sua Terra. Eu vou tentar lhe ajudar. Vamos ver como as coisas ocorrerão quando chegarmos a Asgard. - respondeu.



Ao chegarmos a Asgard seguimos para a sala do trono, para informar a Odin sobre a “morte” de Loki.

O “guarda” Loki entrou no salão e segui ao lado dele. Fui cabisbaixa, tinha que fingir que sentia muito pela morte de Loki. Eu não sou atriz, então estava me esforçando ao máximo para parecer convincente.

O “guarda” informou a Odin que não encontrou Thor, Loki e nem Jane, mas que havia me encontrado ao lado de um corpo.

– Thor? - perguntou Odin.

– Não.. - respondi ainda de cabeça baixa.

– Loki... - falou Odin.

Balancei a cabeça afirmativamente. Odin ainda de pé pediu para que eu contasse o que havia ocorrido. Contei meio sem jeito o plano de Thor, mas mesmo com receio, não escondi que sabia do plano e que o apoiava. Narrei cada detalhe, principalmente sobre o Aether ser indestrutível. Contei tudo como ocorreu até o momento da morte de Loki. Obviamente que não deixei de destacar toda a ajuda dada por Loki a Thor. Fiz questão de contar inclusive sobre o diálogo final entre Thor e Loki, no qual Loki pedia perdão e afirmava que não tinha feito isso por Odin.

Odin pareceu se abater muito com meu relato. Tinha o olhar distante e triste. Loki assistiu tudo com um leve sorriso no rosto. De repente Odin se sentou meio desajeitado no trono. Loki correu para socorrê-lo e, em seguida, eu também.

– Estou muito cansado... - disse meio ofegante.

Deitamo-lo no chão. Ele continuou piorando.

– Embora ele nunca acreditasse, eu sempre o amei como um filho. Confesso que errei, que tinha outras intenções quando o adotei, que deveria ter dito a verdade, mas eu o amava. Pensei que ele havia se perdido. Que seria para sempre amargurado e ambicioso. Acreditei que ele continuaria odiando Thor e a mim. Talvez eu estivesse errado afinal. - falou Odin com dificuldade.

Pensei em meu pai. Talvez eu estivesse certa no que falei. Que meu pai podia não me amar do mesmo jeito que amava meu irmão, mas ele me amava e era isso o que realmente importava. Olhei para Loki, disfarçado de guarda, e ele estava triste. Odin pegou uma das mãos do “guarda” e apertou com força.

– Agora que sabe disso, espero que entenda tudo que fiz, filho. - disse olhando para o “guarda” Loki.

Odin sabia que o guarda era Loki. Loki desfez a ilusão.

– Pai... Eu sinto muito. Perdoe-me.. - falou Loki, tristemente.

– Está tudo bem, meu filho. Somente espero que tenha entendido que tudo que fiz foi para seu bem. Talvez você estivesse certo. Talvez seu destino... - começou Odin, mas não terminou, ele adormeceu.

– Pai? Pai? - chamou Loki, de forma aflita. - Pai! - gritou.

Permaneci calada. Loki me olhou desesperado.

– Ele entrou no sono de Odin novamente. O que farei? - perguntou para mim.

Fiquei olhando para ele pensando nas consequências daquilo. Thor não acreditaria que Loki não era responsável por isso, se soubesse que mentira sobre a própria morte. Loki teria que continuar fingindo que estava morto. Thor teria que voltar para governar Asgard. Eu sabia que ele não queria isso, mesmo que pudesse trazer Jane com ele.

– Você ficará no lugar dele... - murmurei.

Loki me olhou e balançou a cabeça concordando.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?? O caminho da história está ficando legal?

Explicações sobre o novo sono de Odin:
Escolhi que Loki não mataria Odin porque a própria Aredhel não o deixaria fazer isso. E como Ared, eu também acredito que ódio dele por Odin, não passa de um mágoa por ter sempre se sentido rejeitado, mas que no fundo ele ama o pai. Fiz isso baseado no que vi em "Thor", inclusive em cenas extras que foram cortadas do filme. No filme Loki fica extremamente preocupado quando Odin entra em seu sono. E em uma cena extra que foi cortada do filme, Loki fica surpreso ao receber a lança de Odin, então Frigga fala que como Thor havia sido exilado, ele era o sucessor. Ela chega a dizer a ele que "faça seu pai orgulhoso". E no fim do filme ele diz ao pai que fez isso tudo por ele. Loki sempre quis provar que era um bom filho, um filho merecedor da confiança e do trono do pai.
Outro detalhe é que fica visível tanto em "Thor", como em "Thor: the dark world", é que Odin estava fraco e extremamente debilitado, ele chega a fraquejar enquanto discute com Thor sobre Jane.
Odin se desgastara muito desde a discussão com Loki e seu ultimo sono de Odin. Em seguida vieram os conflitos gerados por Loki com os gigantes de gelo. Depois veio o uso de "energia negra" para enviar Thor para a Terra( como é citado em Avengers). E por ultimo a morte de Frigga.

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