Beautiful Love! escrita por Lunna, Alice


Capítulo 45
Há males que vem para bem... Certo?


Notas iniciais do capítulo

Amoras de My life! Eu voltei! Sei que prometemos postar rápido e tudo mais, mas, me deem um desconto, quase 4.000 palavras num capítulo? Eu realmente iria terminar ali, mas lembrei-me do prazo que temos. É... Temos sim. Desculpem a demorinha, vamos tentar não atrasar.
E desculpem se está tudo "prensado" nesse capítulo, mas tipo... Temos muita coisa pra colocar em poucos capítulos, por isso, desculpem de novo



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Nos capítulos anteriores de Beautiful Love...

“Ia soltando a mão dele, quando senti alguém apertar minha; foi leve, mas o suficiente para me fazer parar no automático.

— K-Kath? — A voz dele soou fraca e debilitada. Senti tudo parar, simplesmente congelar na minha frente. A minha cabeça girava, cheia de ideias confusas, e eu só tinha uma certeza no momento: ele tinha acordado”

Pov. Kath

Ele... Ele... Ele acordou.

Fazia tanto tempo que não ouvia a voz dele, a não ser por vídeos que fizemos em um século passado, que parecia ser um sonho louco, totalmente surreal. Eu queria bater em mim mesma só pra ver se aquilo que estava acontecendo era real.

Me virei tão rápido que pensei que fosse quebrar minha coluna em pedaços, eu lá estava ele, com os olhos semi abertos, e o melhor: vivo! Eu perdi o controle de mim mesma, pulando em cima dele, o abraçando. Ele grunhiu de dor e eu apenas afrouxei o abraço.

— Não acredito que acordou, oh meu Deus, obrigada, obrigada! Não acredito — aquilo era a única coisa que eu conseguia falar. Ouviu-o dar uma risada baixa, uma risada sarcástica até, o que fez com que eu me afastasse.

Quem raios é sarcástico quando acorda de um coma depois de um ano?

— K-Kath... Por...Por que está me... Abraçando? — Perguntou com a voz falha, como se lhe faltasse forças. Estranhei a pergunta, mas ainda assim, ri tentando não pensar em besteiras.

— Oras, Josh, sempre nos abraçamos. Por que está me perguntando isso? — Nada estava acontecendo, nada. Ele só deve estar confuso. Muito confuso.

Era o que eu tentava convencer a mim mesma.

— Nos odiamos, ou esqueceu? — Sabe quando você está brincando, extremamente feliz e saltitante como um pequeno e inocente cabrito, e caí de costas no chão perdendo o ar?

Então, foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Eu estava chocada. Não sabia se ele estava com rancor de alguma coisa ou se tinha... Perdido a memória. Ah vamos lá, isso só acontece em filmes...

— Meu Deus... DOUTOR! Doutor, doutor, doutor! — eu corri até a porta gritando como uma louca atrás do médico, ele precisava reverter o que aconteceu.

Tudo bem, tudo bem, eu até gostei por uma parte — juro, gostei mesmo, ele esqueceu da nossa discussão e tudo mais —, mas ele esqueceu que ME ama! E isso é inadimissível! Não sou egoísta — talvez um pouco —, mas vamos lá, tive trabalho para conquistá-lo!

Vi, primeiro a mãe do Josh correr na minha direção, junto com seu marido. Eles pareciam pensar que o filho deles tinha batido as botas.

— E-ele... Não... — a mulher murmurou chorando, abraçada ao esposo.

— Não é isso... E-ele acordou — falei baixo, respirando fundo. Eles pareceram não acreditar em mim já que praticamente me atropelaram para entrar no quarto.

Do lado de fora, pude ver a mãe dele o abraçar com cuidado, seguido do pai. Eu bati minha cabeça na parede, tão frustrada e... Irritada! O Josh era tão idiota! Com tanta coisa pra esquecer, tanta coisa, logo de mim e do nosso relacionamento?

— Senhorita, o que houve? Ouvi você gritando e...

— Ele acordou — cortei o médico, apontando para dentro. O doutor velhinho arregalou os olhos por trás dos óculos dourados, e me ignorando completamente.

Bufei, sentando numa cadeira ali perto e peguei meu celular. Disquei pra minha mãe, e pedi para que ela viesse pro hospital, papai tinha ido trabalhar. O que de certa forma era bom, eu queria falar com outra mulher sobre meus problemas de mulheres.

Se bem que seu namorado (ex, que liga?) esquecer sobre todo o seu relacionamento não é bem um problema de mulheres, enfim. Não demorou para que ela chegasse, e nesse meio tempo, fiquei tentando ver uma maneira de torturar o Josh. Sei que ele não tem culpa, mas... Cara, nosso relacionamento inteiro? Que droga!

— Kath, eu vim o mais rápido que pude, o que houve, querida? — Minha mãe surgiu, correndo na minha direção, sentando-se em seguida ao meu lado.

— O Josh acordou, mãe — comecei já chorando, ela sorriu feliz, e antes que perguntasse, emendei: — E esqueceu que um dia namorou comigo.

Mamãe não disse nada, apenas me abraçou com força. Naquele momento eu me perguntava: O que de mal a sociedade eu fiz?

Tudo bem, eu tive vontade de matar a garota com olhos de esquilo, que é minha nova vizinha, também derrubei uma velhinha semana passada e não me desculpei, nem ajudei-a e... Enfim, eu nunca matei, nunca roubei — confesso roubei a caneta da professora Agnes, mas eu perdi as minhas e ela tinha me emprestado a dela, culpa dela! —, eu não merecia aquilo.

Deus, por que comigo?

Não sei quanto tempo passei abraçada a minha mãe, só sei que a soltei, e limpei meu rosto, o pior tinha passado. E por vias das dúvidas poderia dar outra pancada em sua cabeça, quem sabe não lembra? Isso funciona na TV!

— Vai ficar tudo bem, meu anjo, você vai ver, ele vai se recuperar logo. — Minha mãe tentou ser positiva, mas esse não foi bem o efeito que teve. Eu me senti, novamente, em uma novela mexicana.

— Espero, mãe — murmurei forçando um meio sorriso. Levantei-me e fui até uma janela, que dava pra dentro da sala onde o médico, o Josh e os pais do Josh estavam.

Tudo bem, eu mereço ser ignorada, rejeitada e pisada. Eu mereço. Por conta disso, apoiei-me apenas na parede, enquanto me esforçava pra ouvir algo.

— Então, Sr. Fanny, pode me dizer que data é hoje? — Pude ouvir o médico velhinho perguntar. Como ele tinha orelhas enormes!

— Hã... Dia sete — errado. — De Março. — errado, de novo. — De... 2013! Ah, e hoje é quinta-feira! — Errado, tudo estava errado. O cérebro dele tinha parado nessa época? Que inútil!

Ainda não podia acreditar que todo meu esforço foi em vão! Aquele idiota, por que não esqueceu das nossas brigas, da Meredith...? Que droga, droga! Pude ver o médico sair do quarto, junto com os casal. Eles me olharam quase de maneira penosa e eu suspirei forçando sorriso. Havia passado um ano recebendo a pena e o dó das pessoas da escola, da família, amigos, parentes distantes que souberam a partir de meus familiares de perto, fofoqueiros.

— Bom, de acordo com o que já está óbvio, Josh perdeu parte da memória, uma parte bem recente. Ele está "parado no tempo", seu cérebro funciona como se ele ainda estivesse no ano passado. Preciso fazer alguns exames para verificar a gravidade da situação — o doutor explicou, analisando algo na prancheta. — Tentem não mencionar nada a ele sobre o acidente, evitem enchê-lo de informação, pode ser perigoso. — continuou.

— Por que? — me ouvi perguntando, era óbvio que eu queria jogar tudo o que ele havia esquecido.

— O cérebro dele pode entrar em um tipo de "surto", e ele pode acabar esquecendo de mais coisas. Consegui simplificar? — Nossa, moço, pra quê essa grosseria? Tive vontade de perguntar.

Desculpe se não sou formada em medicina e mais um monte de porcarias! Mas de qualquer forma, não é muito legal ser tratada daquele jeito. Apenas me encolhi um pouco no lugar, encarando as sapatilhas fofinhas da mãe do Josh.

— Sim — resmunguei.

Ele saiu, dizendo que tinha outros pacientes para atender. O silêncio voltou a se fazer presente no corredor. Era tão incomodo... Percebi a mãe do Josh tocar meu ombro, lançando-me um sorriso quase como dizia "eu sinto muito", ah, eu também sentia muito!

— Kath, poderia ficar de olho no Josh, apenas por um tempo? Temos que resolver algumas coisas que acumulamos durante esse ano e... — ela tentava explicar, tropeçando nas palavras e eu sorri a ela.

— Tudo bem, eu posso dar uma olhadinha nele.

— Vai fazer bem, precisam conversar, apesar de tudo. Mas tente tomar cuidado, Ok? — assenti com a cabeça e ela me abraçou, em seguida o Sr. Fanny apertou minha mão sorrindo, murmurando um "obrigado".

Não tive tanto contato com os pais dele, apenas quando encontravamo-nos no hospital. Fiquei os observando sair, meu olhar foi direto pra minha mãe, na esperança de que ela ficasse, me impedindo de cometer algum crime.

— Mãe... — comecei e ela sorriu com aquele típico sorriso de quem vai te deixar na mão.

— Tenho trabalho, Kath — respondeu, aproximando-se de mim, me abraçando. — E você precisa resolver tudo isso, filha. — sussurrou soltando-me em seguida, com um sorriso. Enquanto eu apenas expressava minha raiva pelos meus olhos a ela.

Todos saíram, me deixando lá, arriscando a vida do Josh porque eu sentia que poderia estrangulá-lo com o fio do soro.

Caminhei devagar, sozinha, após pegar minha bolsa, segurei a maçaneta da porta, tentando convencer o meu subconsciente que o Josh não tinha culpa de nada, mas era difícil.

Como aquele ser tão idiota poderia me esquecer? Esquecer-se de tudo o que vivemos?! É demais para minha pobre mente.

Concluí que só ajudaria mais se eu entrasse no quarto. Ou talvez não... Ah quanta confusão, Katheriny! Eu tenho que parar de frescura e enfrentar meu inimigo — vulgo Josh — e sair vitoriosa! É, vitori...

— Anda menina! Saí do caminho! — uma velhinha, que aparentemente veio de Nárnia, apareceu atrás de mim.

—A-ah... Desculpe — murmurei entrando apressada, mas não sem antes derrubar as pobres moedas da coitada.

Sua idiota! Olhe por onde anda, veja o que fez com minhas moedas! — Reclamou erguendo um guarda-chuva, espancando minha pobre perna.

De onde ela tirou tanta força?

— Ai! Sua velha gorda! — Grunhi, batendo a porta, ouvindo-a resmungar algo sobre não ser velha e blá blá,

Virei-me devagar, ainda mancando, ouvindo o babaca do Josh rir enquanto tomava uma sopa.

— O que é? — Perguntei irritada, me sentando na poltrona ali perto.

— Nada não. — deu de ombros com um sorriso no rosto. Eu queria tanto ver aquele sorriso?

É eu queria sim. Mas não daquele jeito.

— Como é apanhar de uma velhinha? — Ele pareceu ter falado a coisa mais engraçado do mundo — apenas do seu mundo —, pois riu, mas parou rápido, recuperando o fôlego e arrumando os vários fios que estavam espalhados por seu corpo.

— Doloroso. — Respondi tentando soar séria, mas era muito difícil. Apesar de estar chateada por ele ter me esquecido, ainda estava feliz por ele ter acordado. — O que está comendo? — Perguntei, ouvindo-o rir, colocando outra colherada na boca.

— Sopa. E é boa. — Respondeu sorrindo. — Vai querer? Você está parecendo um esqueleto; lembro que era mais gordinha. — Disse com ar risonho enquanto eu fazia uma careta em sinal de desgosto.

Ah, que lindo, daquilo ele lembra.

—Não gosto de comida de hospital! E só pra deixar claro, eu não estou um esqueleto, nem era gorda! Era só fofa. — Respondi quase sem respirar direito.

O moreno me olhou quase num desafio e deu de ombros, voltando a comer devagar. Eu já sabia da certa hiperatividade dele, mas ele tinha acabado de sair de um coma, como ele poderia estar tão desperto? Eram os remédios?

— Deixa de ser fresca, não está tão ruim — continuou insistindo. — E você era gorda sim!

— Não sou fresca, nem gorda! Mas tenho trauma de comida de hospital. — Expliquei simplesmente esperando ele me perguntar sobre meu “trauma”, até que eu gostava de falar sobre isso.

— Você supera, mas experimenta! Você vai gostar. — Odeio quando não fazem o que eu quero tipo, é demais perguntar?

— Não, Josh! Larga de ser chato!

— Experimenta!

—Não!

— Vai!

— Não!

— Anda Kath!

— ‘Tá bom! — E daí que eu era facilmente manipulável?

Ele sorriu vitorioso e estendeu a colher em minha direção; rolei os olhos me levantando e indo até perto do garoto, sentei-me na beira da maca; fechei os olhos abrindo a boca em seguida, o sentindo pôr a colher na minha boca. Mastiguei um pouco, tentando sentir o gosto horrível de comida de hospital.

— Não se mastiga sopa, Kath! — reclamou e eu ri, engolindo tudo de uma vez.

— Tá! Seu chato — rolei os olhos, cruzando os braços olhando sua cara de “quero uma resposta, admita que é boa” — E... Não é tão ruim assim.

— Sabia! — Exclamou vitorioso, se exaltando um pouco. Acho que ele se sentia o Tom pegando o Jerry e... espera, essa não foi uma boa comparação.

— Ok, Ok eu quero mais! — pedi, quase mandando, aproximando-me mais, não tinha segundas intenções, sério! Só queria sopa!

— Não! Deite-se numa maca e finja estar doente.

— Certo, então — me levantei e fui até uma maca que tinha ao lado dele. Josh me olhou incrédulo, segurando a risada.

Arrumei-me melhor na maca cobrindo-me com o cobertor dali, o moreno ria e eu me esforçava para me manter séria, mas era engraçado demais. Quando vi a garçonete, enfermeira... Tanto faz (aquela piranha estava tentando dar em cima do meu namorado!), entrar no quarto, estreitei os olhos e ela abriu a boca para questionar quando a interrompi.

— Não diga nada! Apenas deixe a bandeja e vá embora e calada! — Forcei um tom sério e ela deixou a bandejinha na mesinha perto da maca e saiu, batendo a porta.

O garoto soltou uma risada curta enquanto eu me curvava para poder pegar meu pratinho de sopa.

— Você é muito doida sabia? — perguntou retoricamente e eu ri dando de ombros.

— Talvez um pouco, mas quem deu a ideia foi você! — rebati e ele arregalou os olhos fingindo-se de ofendido.

— Eu?! Cara, eu só estava brincando, a culpa foi sua de acreditar! — disse, rindo um pouco.

Eu imaginava a carga de remédios que os médicos deveriam estar injetando nele por aquela seringa, e eu sabia que deveria mantê-lo desperto, ativo, não queria que ele dormisse e acabasse voltando ao coma, ou pior...

O silêncio pairou entre nós e pude ver Josh bocejar de leve e comecei a rir, sem saber direito o que fazer.

— A ideia continua sendo sua! Sou apenas uma vítima dessa sociedade caótica. — Aleguei, pondo uma das mãos na testa num drama exagerado.

— Larga de ser mentirosa, Katheriny! — grunhiu e eu saboreando a sopa. Será o que esse hospital aceita hospedagem? Daria um bom hotel!

— Não sou mentirosa, sou realista! — Defendi-me

— É sim!

— Não sou!

Ficamos nessa guerrinha de acusações até minha mãe aparecer no quarto, me obrigando a ir pra casa. Admito que foi muito diferente do que eu tinha imaginado.

Eu sempre sonhei com aquele momento nos mínimos detalhes, me perguntando como eu reagiria como ele reagiria... E no final, nada do que eu imaginei aconteceu de fato. Então, só me resta esperar e ter fé que isso vai passar, afinal, é uma fase. Tem que ser uma fase.

***

Umas duas semanas depois, eu fui visitar o Josh de novo. As duas semanas foram quase impossíveis pra mim, fim do terceiro bimestre, provas e provas sem fim. E para piorar peguei uma febre que mal me deixava sair da cama. E isso me atrasou mais ainda, tanto é que mal pude visita-lo, já que, obviamente, estava doente e eles não me deixariam entrar no quarto do Josh por medo de “contaminação”.

Povo estranho.

Enfim, eu tinha passado (raspando) na penúltima unidade daquele ano... Longo ano. E estava bem e sem febre, poderia visitar o Josh, e foi aquilo que fiz, arrumei-me, e saí em direção ao hospital. De ônibus claro, não tenho carro.

É meio triste isso. E humilhante também.

Não demorou tanto para que eu chegasse ao meu destino; fui feliz até Sandra, que estava como sempre atrás do balcão branco.

— Como essa loirinha está feliz! — exclamou enquanto eu já tirava os meus documentos e a entregava.

— Muito, Sandy! É um alívio sabe? — Disse me apoiando no mármore que separava a mim e aquela baixinha gordinha, tão fofinha!

— Entendo-te, deve ser mesmo — ela sorriu, com os olhos vidrados na tela do computador digitando rápido. — Como vai a febre?

— Vai bem — brinquei e ela rolou os olhos. — Brincadeira! Recuperei-me bem, ainda não sei o que me deu, raramente fico doente. — comentei ainda apoiada no balcão.

— Relaxa, Kath, todo mundo fica doente do nada uma hora ou outra. — tranquilizou-me e eu sorri. — Aqui está não erre o quarto de novo, loira!

Eu ri e fiz um sinal positivo a ela, saindo apressada por entre os corredores.

Grudei o crachá na camiseta e guardei meus documentos dentro da carteira de novo. Achei mais rápido o quarto do garoto, não precisei passar o constrangimento de entrar no quarto errado, de novo.

Antes de entrar no quarto, dei uma olhada rápida pelo vidro, ele estava sozinho lendo uma revista velha, sorri entrando no local, devagar. Quando me viu o moreno abriu um pequeno sorriso, fechando a revista, colocando-a no colo. Joguei minha bolsa na poltrona e me aproximei mais.

— Katheriny! — disse com uma surpresa falsa.

— Joshua! — Falei e ele fez uma careta de desgosto. Poucas pessoas sabem que Josh na realidade é “Joshua”, já que ele nunca se apresenta assim.

— Calada! Odeio esse nome. — grunhiu e eu ri mais, me sentando na maca ao lado dele.

— Tudo bem, eu paro! — Rendi-me levantando as mãos. — Mas então, como vai indo? Cadê seus pais?

— Bem... Vou bem, com uma dose gigante de remédios pra sei lá o que e muito soro, mas vou bem. Ah meus pais saíram, estão resolvendo umas papeladas sobre se vamos ou não para a Austrália e essa coisa toda — respondeu e eu murchei um pouco.

Agora que ele acordou ele poderia realmente ir, afinal se ele se recuperasse bem? Tudo poderia ir ralo a baixo.

— Ah, entendi — comentei olhando para minhas próprias mãos.

— Então... Por que sumiu? Você faz falta... — disse com um sorriso, senti meu coração dar um pulo e rolar como um cachorrinho obediente dentro do meu peito. Mas ele se corrigiu... — Digo, eu fico aqui sozinho a maior parte do tempo, às vezes a enfermeira, Patty, vem aqui nos horários livres... Ela é muito legal.

Aposto que aquela gorda vestida de branco já o beijou! Mas, vamos lá, estamos falando do Josh! Principalmente agora que ele está sozinho (pelo menos é que o acha... Não, ele está mesmo.), ah se eu encontrar essa tal “Patty”...

— “Patty”? — Perguntei o encarando, mas me arrumei na maca melhor. — Enfim, eu fiquei doente, com febre. — expliquei, ouvindo-o rir.

Josh parecia bem melhor que antes, quando acordou, mesmo que aquele cabelo ainda me incomodasse um pouco, ele parecia mais... Saudável, eu acho.

— Jura? Você raramente fica doente! — Disse surpreso, virando-se para me olhar melhor.

— Eu sei, foi isso que eu disse! Passei uma semana jogada em cima de uma cama, sem coragem de fazer nada. Perdi provas...

E assim passou nossa tarde, ficamos tagarelando sobre besteiras aleatórias, comendo biscoitinhos e tomando sopas. Acho que não me lembrava de quando ficamos assim, apenas conversando e rindo. Ele perguntava sobre Zack, Cynthia, todo mundo do colégio, sobre o time de futebol, de basquete, de natação... Tudo o que ele queria saber eu respondia o que sabia, ou seja, quase nada.

Mas definitivamente o momento mais tenso foi a noite...

— Me diz Josh, se você me “odeia” porque está conversando tão amigavelmente comigo? — perguntei curiosa e ele deu de ombros, tirando uns fios negros do rosto.

— Você sempre provocou as brigas, Kath. — rebateu e eu fiz uma expressão ofendida, mas eu sabia que era verdade.

— Eu não!

Ninguém falou nada por um bom tempo, até que começamos a rir. Mas, do nada, Josh ficou sério, pensativo. Parei de rir, olhando-o, calculando se dizia algo ou não, mas nem precisei me esforçar, ele falou primeiro.

— O que aconteceu?

— C-como assim o que aconteceu? — perguntei, sentindo minha voz falhar.

— Você sabe — parou para respirar um pouco. — O que aconteceu antes do acidente? De onde... Eu esqueci tudo. — completou com um desconforto nítido.

Eu definitivamente não sabia como reagiria se ele perguntasse isso, durante meu tempo como doente, eu pensei em mil formas de dizer isso a ele sem parecer algo tão... Duro.

— Josh, eu não posso. — disse baixo evitando olhar naquelas duas bolas cinza que ele tinha.

— Por que não? Acha que meu cérebro vai explodir se me disser? — era óbvio que ele estava irritado, eu também estaria. Fechei os olhos assentindo com a cabeça.

— Talvez...

— Ah, por favor! — Disse um pouco alto, gemendo baixo por alguma dor, eu acho. — Kath, você é a única que sabe de tudo e pode me contar, já perguntei para os meus pais, seus pais, o médico... Perguntei até para a Patty, ninguém sabe nem quer me contar, e até agora não sei por que, me conta, por favor!

Insistiu mais. Respirei fundo, eu...

— Espera, perguntou pra essa tal “Patty”? — questionei tentando não dar uma de ciumenta, e desviar do assunto. Não sabia se falaria aquilo sem chorar.

— Eu estava desesperado — deu de ombros. — Mas não mude de assunto, vai me contar?

— Josh...

— Caramba, Katheriny! Eu mereço isso, até porque, são momentos meus! Coisas que eu vivi! Querendo ou não vão ter que me dizer! — ah ele sempre foi bom em argumentar coisas. E eu detestava aquilo.

— Eu sei, eu sei, mas... O médico, ele...

— Um médico não manda na minha vida! — rebateu, dessa vez ele parecia mesmo irritado. Mesmo que eu quisesse gritar com ele dizendo que eu não queria fritar o cérebro dele, eu não consegui.

Ele estava certo.

— Josh... — tentei falar algo, mas ele me cortou.

— Não! Sem desculpas...

— Fica quieto! — falei alto, tentando não gritar e para meu bem, ele realmente o fez. — Eu vou te falar, acalme-se! — pedi vendo o painel com os batimentos dele disparar, aquilo não deve ser muito bom.

— Sério? — ele pareceu surpreso... Mas não era aquilo que ele queria afinal?

— É, Josh, eu vou. — suspirei me arrumando entre os lençóis.

— Ótimo, pode começar!

Respirei fundo, esperando que o cérebro dele realmente não fritasse. Então eu comecei a falar tudo, desde o dia que fomos para o acampamento, tentava não entrar muito no meu ponto de vista ou algo do tipo, tentando ser neutra. Contei desde o ônibus, até o acidente, tentando não esquecer nada. Conseguia ver a mudança de expressões dele a cada parte da história, em umas ele ria em outras ficava sério ou surpreso, mas em momento nenhum parou para perguntar algo, coisa que ele sempre fazia, fazia até em filmes!

(***)

Nossa conversa durou, provavelmente, umas boas horas, até porque já era noite quando acabei de falar tudo o que lembrava me sentia mais leve ao contar. Josh parecia não acreditar no que ouviu.

Eu estava preparada pra tudo, risadas, piadas... Tudo, menos por aquilo:

— Eu... Desculpe-me, não consigo lembrar isso. — ele falou realmente culpado. Pelo menos, parecia. Dei de ombros, agradecendo por não chorar e deixar essa cena mais lamentável ainda.

— Tudo bem, você não tem... O que ‘tá fazendo seu doido?! — me interrompi ao vê-lo começar a tirar aquelas coisas todas de agulhas e tudo mais do corpo e começar a levantar.

Ele apenas riu, me ignorando.

— Josh Fanny! Se você se levantar, vai morrer! Literalmente — tentei convencê-lo a voltar para a maca, mas ele deu de ombros e se levantou com um pouco de dificuldade bambeando, e se aproximou de mim.

Não tive tempo de reagir e manda-lo voltar pro lugar, só consegui senti-lo pôr uma das mãos na minha nuca e a outra se apoiando na maca em meio segundo ele... Estava me... Beijando?

Não consegui reagir, apenas fiquei lá, parada, chocada, sem ar, sem nada! O beijo não demorou tanto, foi rápido e sem extravagâncias. Ele me soltou e deu uma tapinha na minha testa, e praticamente jogou-se na cama ao lado, recolocando os fios que tinha tirado.

— P-p-por que fez isso? — minha voz praticamente não saia, o que foi meio... Decepcionante, principalmente porque ele riu.

Riu e deu de ombros.

— Eu sei lá! Só me deu vontade. — Explicou e virou-se para o outro lado, cobrindo-se. — Boa noite, loira.

—Boa... Noite. — Disse sorrindo de canto, tocando em meus próprios lábios.

Levantei-me e fui embora, os pais dele já haviam chegado de qualquer forma. Saí saltitante e feliz.

Há males que vem pra bem, certo?


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Notas finais do capítulo

Então... Nos amam ou nos matam? Auhsuashsushushsuhsa sério, eu gostei desse capítulo, não sei porque, mas gostei. Enfim, algumas coisinhas a serem avisadas:
*Os últimos capítulos serão postados ainda esse mês (vamos tentar muito fazer isso usahsushushsush)
*Desculpem não responder os comentários lindos de vocês, mas esses últimos capítulos estão nos atrasando um pouco, mas eu li tudo e ai, como 'cês são fofos gente. Obrigada



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