Pov. Meredith

– Por que ela? Por que logo aquela loira aguada? - eu estava louca, desesperada, irada! Eu quero matar a Katheriny!

– N-não sabemos, Mere...

– Inúteis! - gritei enquanto andava de um lado para o outro do meu quarto Gêmeas idiotas!

Ouvi-as resmungar algo mas aquilo não importava. Eu precisava separar o Josh da Katheriny, agora o problema é como. Eles são mais grudados que chiclete! Eu tinha que bolar um plano, um plano bom o suficiente para que ambos voltem se odiar, para assim me dar chance o suficiente para finalmente conquistar meu Joshinho!

– M-Mere... Tivemos uma ideia. - ouvi-as e sorri enquanto me jogava na minha cama as olhando.

– Contem.

(...)

A ideia das gêmeas não era tão ruim, com certeza poderia funcionar perfeitamente, e eu finalmente teria o amor da minha vida. Afinal ele me amava, apenas estava sendo iludido por aquela loira sem sal da Kath.

Elas haviam ido embora a um tempo, me dando a chance de elaborar todos os detalhes do meu... Digo, do plano delas, mas que eu as ajudei a ter. Resolvi anotar detalhe por detalhe; precaução não é demais certo? Eu não tinha tempo a perder, quanto mais eles ficassem juntos, mais aquele... Aquele... "sentimento" iria crescer, e eu não podia deixá-lo dominar a mente do pobre Josh.

— Meredith! O jantar está pronto! — Minha mãe gritou da cozinha. Respirei fundo bufando enquanto guardava o caderno num lugar seguro o bastante para que ninguém o encontrasse além de mim.

Desci olhando meu irmão na mesa, aquele cara vinha aqui em casa uma vez por semana desde que casou, mesmo ele sendo meu irmão mais velho, eu odeio ele.

— Mere, olha só pra você. Continua com esse cabelo vermelho. Pensei que tivesse saído dessa fase.
Rolei os olhos controlada o bastante para não estapeá-lo como um porco!

– Em primeiro lugar, não é vermelho é ruivo escuro! E segundo, Jim, não percebe que você está sobrando aqui? Poderia ir, ninguém sente sua falta mesmo. - disse enquanto me sentava calmamente na mesa. Ele era irritante e metido.

Diferente de mim, óbvio.

– Quem liga pra o nome, é tudo vermelho. E acho que quem está sobrando aqui é você patricinha ridícula!

Aquilo me fez perder o controle, saí da cadeira furiosa, dando um tapa em seu rosto. Sorri vitoriosa ao ver a marca dos meus dedos no seu rosto. Mas, claro, ele veio ser criança e puxar meu cabelo.

Gritei o estapeando, tentando afastá-lo. Só ouvia ele me xingar dos mais possíveis nomes, eu obviamente revidei, não iria ficar calada escutando aquilo.

– Meredith e Jim! O que está acontecendo aqui? Parem com isso já! - ouvi a voz dos meus pais e logo em seguida meu cabelo ser solto por aquele babaca.

Bufei me afastando dele.

– Mãe, olha o que ele fez comigo! Quase arrancou meu cabelo! - reclamei enquanto mostrava o estrago. Meu cabelo perfeito!

– Você quase arrancou meu rosto sua maluca!

– Chega! Parem de reclamar, vocês vão jantar calados, e nada de reclamar ou vai ser pior. - dessa vez meu pai falou, quase gritando. Fuzilei Jim com o olhar enquanto voltava a me sentar na mesa. Prendi meu cabelo de qualquer jeito e cruzei os braços vendo minha mãe pôr a mesa.

O jantar inteiro foi calado, silencioso e chato, o único barulho que vinha era o do som alto do vizinho. Felizmente aquilo acabou rápido, fui a primeira a sair sem nem mesmo dizer um "tchau", eles cansavam minha beleza.

Me joguei na cama, depois de um bom banho, enquanto pensava naquele plano tão perfeito. Com ele eu certamente terminaria de vez com aquele namoro fajuto da Katheriny e do Josh.

(...)

Outro dia! Pulei da cama e fui direto para o banheiro radiante, tomei um longo banho, coloquei uma das minha melhores roupas, e a maquiagem estava divina. Saí cedo sem nem ao menos tomar café, o jantar de ontem já havia sido pesado demais, preciso ter o corpo perfeito ou nunca seria a Meredith que eu tanto desejei por anos.

Comi uma barrinha de cereal antes de chegar no carro, afinal, nem só de força de vontade vive uma mulher. Subi nele e o liguei. Eu nunca estive tão ansiosa para um dia de aula em toda a minha vida.

Avistei Josh e aquela coisa loira molenga e feiosa, conhecida como Katheriny, chegarem ao colégio. Respirei fundo voltando a conversar com as líderes de torcida afinal, as finais estavam chegando, tinhámos muito a preparar.
Esperava o momento em que eles se separasse para que eu pudesse "atacar".

Como eles eram melosos, céus! Não se desgrudavam nunca, eu mereço isso só pode! No entanto, agradeci mentalmente Josh se levantar sorrindo dizendo algo. Aproveitei a deixa e o segui, evitando fazer qualquer tipo de barulho que me denunciasse. Assim que nos afastamos do pátio, o puxei pelo pulso o fazendo parar de andar.

– Mas o que... Ah, é você. - não entendi o motivo da falta de entusiasmo dele ao me ver, mas ignorei sorrindo me aproximando mais.

– Oi, Joshinho. Quanto tempo não?

– Hm, sim sim. Posso ir agora? - perguntou tentando se soltar, mas eu estava apenas no começo do meu plano!

– Não. Não pode, Joshinho. - andei para frente o forçando a ir para trás, até que o mesmo batesse com as costas na parede da escola.

– O que você quer, afinal? - perguntou rolando os olhos e não pude negar que aquilo me irritou.

– Uma coisa simples, você, Josh.

Aproveitei o momento que ele pensava no que eu quis dizer e o agarrei pelo pescoço o puxando até que eu conseguisse o beijar. Ignorei ele tentar se soltar de mim e continuei, pelo menos até ouvi aquela risada chata da Kath.

– Nossa, olha só o que temos aqui... - ela começou com ar de graça nos olhando.

Bingo!

– Kath, não é o que você... - Josh começou já se desculpando, ela iria terminar com ele!

Ah iria!

– Eu vi tudo, Josh.

– Eu, sei, mas me escuta eu...

– Não, eu vi tudo mesmo, desde o começo. E nossa, Meredith você é uma cobra! - senti meu sangue ferver! Katheriny, ah como eu odeio aquela... Idiota!

Eu não conseguia falar, meu plano havia ido ralo a baixo, culpa dela! Ela sempre estraga meus planos! Antes que eu pensasse em reagir, sentia uma tapa forte no rosto. Bufei olhando-a irada com uma das mãos no lugar do tapa.

– Olha aqui, Meredith, se tentar encostar no MEU namorado mais uma vez, eu perco minha pouca paciência com você! Vamos Josh! - disse e saiu o puxando.

O moreno só fez acenar de leve pra mim e sair junto a ela.

Bufei batendo os pés no chão. Droga! Aquilo não era justo! Fiquei os olhando ir embora, mas eu ainda iria conseguir o que queria. Se eu não ficasse com o Josh, a Katheriny também não ficaria!

(...)

Já havia se passado algumas semanas desde que o plano daquelas gêmeas burras falhara, e eu estava desesperada. Não conseguia pensar em nada que desse certo, e aquilo só fazia minha raiva aumentar. Eu não estava mais focada em ter o Josh, eu queria acabar com a vida da Katheriny!

Nada que me leve para a cadeia, claro, tenho um ótimo futuro pela frente.

Naquele momento eu estava na minha casa, concentrada em pensar em algo. Havia papeis espalhados por todo lado, planos que estavam fora da lógica, ou que eram difíceis demais para que eu pudesse os realizar. Que maravilha, minha criatividade não me ajudava em nada!

– Oi Mere! - Loren, uma prima minha apareceu na porta do quarto, respirei fundo rolando os olhos. Criatura irritante. - Posso entrar?

– Anda, Loren. Vem de uma vez. - disse sem ânimo de discutir ou qualquer outra coisa.

Loren tinha 10 anos, uma chata nanica!

– Está estressada, o que houve ruiva? - pulou na minha cama pegando um dos meus "planos".

– Nada que te interesse; me devolve! - reclamei tentando pegar o papel de volta, mas ela não me entregou, lendo-o.

– "Plano para estragar a vida da Katheriny"? Esse é o plano? Você precisa de ajuda, Mere. MUITA ajuda.

– Calada! O que você entende disso, afinal? - perguntei arrancando o papel das mãos dela.

– Mais do que você! Me dá o caderno, que eu posso te ajudar, não de graça, claro. - ela falou e eu realmente considerei. A garota era chata, porém, inteligente.

Por que não?

A entreguei o caderno e a caneta que eu estava usando.

– Aqui está, o que vai querer? - perguntei a encarando impaciente,.

– Sua mesada, por três meses. - respondeu, dando de ombros e sorrindo maleficamente, eu odeio ela!

– O que? - gritei incrédula. - O que vai fazer com todo esse dinheiro?

– Tenho meus planos, se vai querer minha ajuda, tem que que pagar.

– Tudo bem! Eu te pago assim que receber. - cedi rolando os olhos. A garota riu vitoriosa e começou a escrever e explicar o plano.

Admito, era genial!

(...)

Bem, era o dia de realizar meu grande plano, escolhi um dia que Kath não estivesse socada na casa do Josh, e vice-versa. E esse foi o dia perfeito, aquela loira irritante estaria fazendo as atividades com a Cynthia, aquela falsa duas caras, e Josh estaria indefeso em sua casa.
Perfeito.

O dia de aula foi extremamente entediante como sempre, escapei do treino para conseguir finalizar meu plano com minha prima. Ela me passou os últimos detalhes e esperei até o momento certo.
Às duas da tarde me arrumei da melhor maneira possível, não que fosse difícil ficar bonita, e saí de casa ignorando perguntas do tipo "onde você vai?" da minha mãe e "que horas você volta?" do meu pai, irritante!
Caminhei devagar até a casa dele, antes de bater na porta, lembrei-me novamente do plano e passei uma espécie de creme que a Loren tinha me vendido, era o que geralmente atores usam para "chorar" no palco. Passei abaixo dos olhos e pisquei um pouco, como aquela porcaria arde! Senti meus olhos se encherem d'água e sorri vitoriosa, tinha dado certo! Bati na porta quase desesperadamente, esperando-o abrir.

Sabia que ele nunca me ignoraria, havia sido um verdadeiro anjo nas últimas semanas, sendo "a melhor amiga de todas", e aquela tortura finalmente valeria a pena. Depois de tocar a campainha diversas vezes, ele atendeu, não o deixei falar e me joguei em seus braços (braços fortes para ser exata).

– Mas o quê... - o ouvi e sorri disfarçadamente, tentando voltar à minha bela atuação de mestra.

– Ah Josh, sei que não devia invadir a sua casa assim, mas ah eu fiquei tão desesperada que não sabia a quem recorrer, estou com meu coração partido, precisa me ajudar. - Disse ainda abraçada a ele.

– Ah o que aconteceu, Meredith? - ouvi ele perguntar, ah como eu amava aquela voz. Tão... Josh.

– O Dean, ele... Ele disse que não me ama! - falei o olhando, meus olhos ardiam, tipo, muito. Suspeitava que eles estivessem vermelhos, e eu estava com uma vontade enorme de lavá-los, mas tudo faz parte do plano, Mere.

Senti ele me levar até o sofá e me fazer sentar enquanto o mesmo ficava em pé, o silêncio era chato, ele ficava apenas me olhando, parecendo pensar. Eu soluçava, estava quase chorando de verdade, eu mataria a Loren por me dar essa coisa, não podia ser mais suave ou algo assim?

– Fala alguma coisa Josh! - quase gritei, tentava bancar a desesperada a todo custo, mas ele podia ajudar um pouco, não é?

– Ah... Alguma coisa? Tudo bem, tudo bem... É... Ah Meredith, você supera. - fiquei incrédula ao ouvi-lo, se ele não fosse tão lindo, eu realmente não veria nada de bom nele.

– Ai Josh isso não me ajuda! Poderia fazer um... Chá pra mim? Preciso me acalmar. - pedi com a voz mais chorosa que pude, vi ele suspirar e concordar enquanto se virava para a cozinha.

– Tudo bem, só não saia daí.

Balancei a cabeça positivamente e esperei ele desaparecer da minha visão. Assim que a porta foi fechada me levantei enxugando os olhos, tirando com um lenço aquela coisa ardida do meu rosto. Subi as escadas devagar evitando fazer qualquer barulho que me denunciasse. Assim que subi aquelas escadas todas, olhei o corredor, não foi difícil achar o quarto do Josh, tinha o nome dele escrito na porta. Entrei e deixei a porta semi-aberta, vi vários porta-retratos com a foto do Josh e da Kath juntos, tive vontade de vomitar ali. Mas me mantive firme e continuei, peguei um retrato dos dois juntos (como sempre), parecia ser o dele preferido já que ele tinha escrito uma dedicatória e tudo mais. Sorri jogando-o no chão o mais forte que pude. Me esquivei dos cacos de vidro rindo, me abaixei vendo a foto no chão, e pisei nela. Pisei, pisaria de novo, mas meu plano não podia falhar. Vi o celular do moreno na cômoda e o peguei, digitei rapidamente uma mesagem pra Kath, a implorando para que viesse rápido, afinal era uma "emergência". Coloquei o celular no meu bolso, apagando antes a mensagem dos registros, ele desconfiaria logo de mim.

Voltei a me abaixar e fiquei vendo aqueles cacos de vidro, como eu odeio e amo a Loren. Peguei um dos caquinhos e respirei fundo, valia tanto esforço?

Óbvio que valia!

Passei o caco de vidro pela palma da minha mão, a pele ia sendo cortada e eu podia ver o sangue escorrer e eu sorri. Pode ter soado um pouco psicotico, mas era a mais pura verdade. Assim que o corte ficou bom o suficiente, joguei o vidro para longe e pigarrei um pouco, precisava fazer bem, certo? É, certo. Depois disso, eu gritei. Gritei alto, depois de pouco tempo o Josh estava na porta murmurando um "Droga". Voltei a "chorar" e segurei minha mão cortada para que ele pudesse notá-la.

– O que aconteceu aqui? Você... Está bem? - ele perguntou enquanto se aproximava com cuidado, segurei a vontade de rir e continuei como meu "show".

– D-desculpe, eu quis ir ao banheiro e... E... E entrei aqui sem querer, e acabei derrubando o porta retrato me desculpe... Ai! - disse tentando soar o mais verdadeira possível. Acredite logo!

– Tudo bem... Eu vou pegar algo pra dar um jeito no corte, pode ficar sentada aí por um minuto? - perguntou e eu me sentei na cama dele e assenti com a cabeça.

Assim que ele saiu, ri me jogando na cama dele. Respirei fundo sentindo algo vibrar no meu bolso, era a resposta da Kath, ela já estava vindo. Quando ela dizia isso, provavelmente só chegaria aqui daqui a séculos. Me sentei ao ouvir os passos dele voltarem, fiquei o vendo sentar ao meu lado e pegar uma caixinha de remédios.

– Pronto, me dá a sua mão. Acho que posso dar um jeito nisso. - disse calmo, e eu me concentrei em lembrar do plano.

– T-tudo bem. Vai arder? - perguntei tentando soar "inocente", o vi sorrir e lhe estendi a minha mão.

Senti ele aplicar o tal remédio e fingi fazer uma careta de dor. Ah que chatice, não foi assim que Loren descreveu que seria o momento, mas tudo bem, tudo bem. A melhor parte estava prestes a chegar. Depois que ele terminou e enfaixou, eu, humildemente, me ofereci para limpar a bagunça que havia feito. E ele, surpreso, aceitou e nós limpamos o quarto.

E isso foi chato! Não limpava nem o meu, uma empregada fazia aquilo. Mas para que meu plano corresse bem eu me sacrificava, e ele iria se arrepender de me dispensar!

– Acho que nunca vi meu quarto tão limpo. - ouvi ele confessar rindo e procurar o celular, pelo menos eu acho.

– Sim... Que tal uma... Recompensa? - Sugeri sorrindo de canto.

— O quê? - ele perguntou parecendo surpreso.

– Não se faça de sonso, Joshinho! Sabe bem o que eu quero. - disse devagar, finalmente aquela máscara de "inocente e bonitinha". Fechei a porta devagar, mas não a tranquei, o toque final do meu plano estava quase chegando.

– E... O que você quer? Exatamente? - ele perguntou e percebi que o mesmo já estava encurralado pela cama, sorri vitoriosa.

– Você!

O empurrei com força o suficiente para que ele caísse na cama, antes que ele reagisse consegui ficar por cima dele, o prendendo. Não o deixei falar, pensar, agir nem nada e cumpri, finalmente, meu plano: o beijei. Não o deixei escapar, precisava ficar ali até...

— Atrapalho?– a voz da Kath ecoou pelo quarto inteiro. Sorri escondido enquanto me soltava num pulo do Josh.

A olhei com a expressão mais arrependida que podia, e eu podia muito.

— Ka-Kath? Eu não quis, foi o... - Antes que eu terminasse minha fala, senti um tapa forte. Não me enfureci, apenas ri com cinismo.

— Piranha! Lembra quando eu disse que não era para encostar um dedo no MEU Josh? Não, eu não estava brincando, agora saía daqui antes que eu perca ainda mais minha paciência! — Ela falava totalmente irada, sorri mais enquanto passava por ela, calmamente saindo do quarto.

Fiquei atrás da porta escutando a gritaria, aquilo estava melhor do que pensava, saí antes que me vissem, assim que pisei na rua eu gargalhei. Gargalhei muito, enquanto pegava meu celular do bolso e ligava para Loren.

– Diz aí prima, como foi?

– Ah primota, "Kash" não existe mais!

– Ui, olha o lado ruivo da força.

Gargalhei quando ouvi aquilo, é, talvez fosse isso mesmo. O lado ruivo da força arrasa! Agora só me resta saber uma coisa: o que eu faço para comemorar minha vitória?