Pov. Kath

Eu e o Josh nos casamos e nos separamos.

Brincadeira

Eu pirei, vocês já devem saber que eu agarrei o garoto, meus pais surtariam se soubessem que a amada e diva filha deles está agarrando garotos numa floresta...Falando assim dá a impressão de coisa pior. Beeeem pior.

Mas ok, só porque eu agi por impulso e beijei ele não quer dizer que eu o ame ou goste dele de outra forma...Não mesmo. Nunca...Nem em...

CHEGA!!

Eu não aguento mais, não aguento! É impossível continuar enganando, ME enganando.

EU GOSTO DO JOSH!!

Só um pouquinho! Mas gosto, pronto!

Foi difícil, Kath?

Sim foi muito difícil! To tendo um inicio de AVC (só falo essa doença, porque é a mais curta.)

Ok, chega de drama.

Eu estava me arrumando pra descer e tomar café, acordei bem mais tarde hoje, e vi no meu celular, eram quase 10:00 horas da manhã. Ah que saudade de acordar a esse horário. Me vesti com qualquer coisa e desci, Josh estava acordado. Mas já?

– Josh? Já acordou? Pensei que só fosse acordar no ano que vem. - brinquei descendo as escadas e ele riu. A risada dele era tão bonita.

Tá, Kath! Pare! Não é só porque você "gosta" dele, precisa agir como as garotas daqueles filmes clichê para adolescentes.

– Pois é! O Toby teve a brilhante ideia de me acordar mais cedo pra brincar. - riu um pouco.

– Oh, mas já tomou café? - perguntei.

– E ele deixou? - zombou fazendo carinho no pelo do labrador.

– Você vai ser um bom pai. - afirmei o olhando, na realidade saiu sem querer mas não importa.

– O que? Você acha? Serio? - vi um sorriso se formar nos seus lábios. Ele me disse que um dia queria ter uma família, com um esposa legal, dois filhos e um cachorro.

– É...Tipo, se você trata um cachorro tão bem, imagina seu filho. - sorri meio vermelha, boca por você não fecha hein?

– Obrigada, Kath. De verdade. - agradeceu e eu sentei no sofá um pouco. – Sabe, você também daria uma boa mãe. - corei.

– Eu sei que sim! - me gabei.

– Uma mãe preguiçosa e exibida. - completou rindo e eu lhe dei língua.

– Anda pai, vamos comer algo, to com fome.

– Só tem esse cereal? - perguntou com cara de nojo.

– Aham. - assenti.

– Chega! Não como mais isso! Eu tô sentindo o açúcar invadindo meu sangue. Sinto a diabetes se formar. - dramatizou.

– Ai para de drama. Mas eu também não aguento mais isso, é tão doce, doce demais!! - empurrei a caixa.

– Sobrou alguma coisa do jantar, eu to morto de fome! - reclamou.

– Não...Ah sobrou sim! Eu deixei uns sanduíches que....CADÊ OS SANDUÍCHES?! ESTAMOS CONDENADOS!!! - gritei vendo que não tinha mas sanduíche nenhum.

– Mas...Você comeu Kath? - me culpou.

– Não! Eu deveria te perguntar isso! - o culpei de volta, sou ótima nisso.

– Claro que não fui eu....- ele automaticamente olhou para o Toby.

O cachorro fez a maior cara de anjo cachorro que já vi. Seus olhos castanhos brilharam. Serio, foi assustador e fofo.

– Não acredito que o Toby comeu tudo! - reclamei emburrada. Já notou que parece que você é burra quando fala "emburrada"?

– Ah, podemos comer sei lá, frutas, ou até vento, mas essa coisa cheia de açúcar não como nem morto!

– É pode ser. - falei mordendo uma maçã. Foi a coisa mais perto que achei, pelo menos comestível.

Toby chegou latindo com um brinquedo que achamos quando pensamos em arrumar a casa. Bem, foi uma péssima ideia, na verdade ela foi boa nós que não fizemos nada.

– Não! Não vamos brincar Toby! Você está de castigo! Por dois meses! - Josh falou autoritário, tadinho do Toby.

– Josh, não faz isso! Olha essa carinha. É de doer o coração. - falei me agachando e ficando da altura do cão e o abraçando de lado. Que pelo macio.

– Mas, Kath. Ele comeu nosso jantar!

– Mas ele estava com fome. Não podemos privar um animal de se alimentar. Josh pense se no que está fazendo está certo. Olhe para o seu coração e me responda.

– Kath...Sabe o que eu to achando? - neguei com a cabeça. – Que a gente tá fazendo muito drama. Esquece isso e vem comer. - riu.

– Ooooook! - peguei minha maçã e voltei a comer.

– Ei! Já que a gente não vai sair mesmo, vamos pro lago? Nunca vi ele de dia e a gente podia levar o Toby, ele nunca o levamos mesmo. - sugeriu e eu sorri.

– Uhuu!! Vou me trocar!! - pulei da cadeira e fui para o meu quarto.

Pov. Josh

Ah já disse que estou confuso? Bem, não muito agora. Eu pensei e pensei, no começo não funcionou, na realidade só piorou. Mas agora, eu percebi que talvez...Por um acaso...Um tantinho de nada...Eu...Possa...

Quer parar de enrolar cara?

TÁ EU GOSTO DA KATH!

Mas só um pouquinho. Eu também não sei como isso aconteceu. Eu sempre tive controle dos meus sentimentos, mas a Kath tinha que estragar tudo. Bem isso não é problema. Eu sei como não deixar óbvio que gosto dela (um pouquinho), bem é só...Ignorar? O problema não é eu gostar dela (isso também, mas deixa pra lá), é ela não gostar.

Eu, Josh Fanny, não serei rejeitado! Por ninguém!

– To pronta! Vamos? Estou tão empolgada para ir no lago de dia, deve ser mais lindo ainda. - falou sonhadora.

– Pois é, vamos! - afirmei sorrindo e tiramos os braceletes e caminhamos para fora da casa.

Foi meio difícil passa com o Toby pelo riu, mas conseguimos, na verdade ele passou com mais facilidade do que a gente, mas é besteira. Andamos e andamos até achar a entrada do lago. Tiramos as folhas e realmente ficava mais lindo ainda de manhã. O sol reluzia na agua e tudo parecia ter mais vida.

– Oh! Isso é um MÁXIMO!!! - gritou e eu ri. – O que vamos fazer primeiro?

– Eu sei lá. - Toby apareceu do nada com uma vareta.

– Acho que temos que brincar com o Toby, se não ele vira bicho. - começamos a rir, eu disse, ela conta piadas tão sem graça que todo mundo acaba rindo.

Pov. Kath

Brincamos por horas, o Toby era muito rápido, a gente não dava dois minutos jogando bem longe e ele já voltava, uma vez caiu no lago e ele foi atrás. Eu definitivamente preciso levar ele comigo. Já estava anoitecendo o por do sol deixava um aspecto romântico. Não que eu esteja pensando em algo romântico com o Josh, tipo nada a ver.

Que mentira, você pensou em um monte de coisas sua safada!

CALA A BOCA CONSCIÊNCIA!!

– O pôr-do-sol aqui é bem mais bonito do que na cidade, né? - perguntou me tirando do meu conflito interno, ainda bem, estava prestes a esfaquear meu subconsciente.

– É, muito bonito mesmo. - assenti.

– Sabe, Kath isso é... - falou virando-se no exato momento que o Toby esse cachorro sem alma o derruba.

Ele se desequilibra e cambaleia para a frente me forçando a ir para trás quando outra arvore do mal e sem alma que pode crer que eu vou socar (mentira, já soquei demais) encerra meu caminho. Resultado: eu fiquei presa entre uma arvore do mal e o Josh. Ele se apoiou no tronco, acho que para não me esmagar.

Awnnn ele se preocupa comigo.

Não serio, isso é muito assustador.

Eu fui sentindo todo meu sangue subir para minhas bochechas, elas estavam ficando pesadas. Ele também estava surpreso e vermelho, não tanto quanto eu, mas vermelho. Ele fica fofo vermelho, eu devo estar parecendo um palhaço, mas ao invés do nariz eu estava TODA vermelha. Só acho.

– Ah...- eu não conseguia falar. Não tinha o que falar. Só nos fitávamos, sem ação.

Quando o cachorro que eu vou socar (mentira, não vou fazer nada disso, que coisa feia você pensou Kath, maltratar animais é crime, por isso não vou bater na Meredith, nem no Toby) empurrou o Josh assim que ele abriu a boca pra falar. Resultado: nossos lábios "acidentalmente" se juntaram, mas não rolou mais que um misero selinho. :(

Espera! Ah esquece.

Ele se separou rápido e saiu da frente me deixando passar. Podia jurar que o Toby nos fuzilava como se dissesse BURROS! DEVIAM TER SE BEIJADO.

– Eu sei Toby, eu tam... - sussurrei para o cão.

– Kath? Tá falando com o Toby? - Josh falou com uma voz de "vou te levar para o hospício".

– Eu? Puff...Não. - andei ficando ao seu lado.

– Aham sei. - ironizou.

– Josh. - chamei e ele me olhou.

– Que foi? Se estiver pensando que eu vou te carregar...

– Não! Mas se quiser...Não, não é isso.

– Então?

– Se tipo, quero dizer. Se você fosse uma pessoa que não nos conhecesse, o que...O que pensaria se nos visse na rua? Tipo o que acharia que somos? - perguntei tentando parecer indiferente. Ele começou a pensar.

– Hum...Amigos, eu acho. Somos amigos né? - falou, se aquilo doeu?

Sim, aquilo doeu. Não era pra ter esse efeito, até porque era verdade.

– É, pois é, somos amigos. - forcei um sorriso e ele retribuiu. Ingrato.

Fomos em silencio, cada um em seus pensamentos.

Droga Kath! É óbvio que seremos apenas amigos, somos de mundos, planetas, DIMENSÕES diferentes. Isso nunca daria certo. Nunca. Talvez amigos seja o máximo que podemos ir.

Nunca daria certo gostar do Josh.

Nunca!

****

Chegamos na cabana e o Josh se jogou no sofá e o Toby foi atras, eu comecei a subir quando ele me chama. O Josh tá!

– Hey, Kath! Já vai dormir?

– Eu não sei, talvez ficar na cama até ano que vem. - ri.

– Ok.

– Você pode dar agua e comida por Toby, ele deve estar cansado. - perguntei subindo.

– Tudo bem.

Cheguei ao meu quarto e me joguei na cama, fiquei pensando até meu celular tocar.

– Alô?

–Filha? Ainda bem que atendeu.

–Ah oi mãe. Porque tá com essa voz chorosa? Não tá assistindo aquelas novelas bestas né?

–Não filha, é o seu pai.

–O que tem o papai?

–Ele...Ele sofreu um acidente e está em coma, Kath.

Não é possivel!

Meu pai? Em coma? Não pode ser!