Pov. Josh

Confusão.

É essa a palavra que me define. Tá tudo confuso, embaralhado, espalhado, bagunçado e não estou falando da casa, (que está quase do mesmo estado.) estou falando de mim, serio. O que eu tenho na cabeça? Eu nem sei o que faço!

Calma Josh, calma. Você só precisa...Pensar? Não adiantou de nada! Eu não entendo mais nada da minha vida, e isso tudo por culpa dela! E do Zack também, ele que meteu na minha cabeça que eu (possivelmente) gosto da Kath.

Ridículo não?

Muito! Ok, vou falar um pouco sobre o que eu acho sobre ela:

Ela é muito irritante, tipo, muito mesmo, é malvada, inocente, não do tipo fofo, mas do bobo mesmo. Ela também é boba! Ela nunca pensa nas consequências, ela sempre faz besteiras, das grandes, e se arrisca, tipo como ela quase caiu escada abaixo, não espera! Ela caiu sim! Em cima de MIM! Ela tão irresponsável...

Mas ela também é bonita, engraçada, fofa, é uma boa amiga, divertida, alegre, muito...Frágil e...Me lembrei de quando ela teve aqueles pesadelos, lembro que tive vontade de fazer ela parar de chorar, sentia que queria ver aquele sorriso bonito que ela tem, a risada fofa que ela sempre faz todo mundo rir, mesmo se a piada for sem graça e também ela muito....

Aaaah tá vendo? É sobre isso que eu estava falando, a Kath me confunde! Será que é macumba dela? Era tudo tão fácil quando a gente se odiava, brigava, e se evitava. Era tão fácil...Fácil até demais...Mas o que eu estou pensando?

Porque eu tive que vir para esse acampamento? Poderia ter dito que morri de AVC! Será que pode ter um AVC aos 17 anos? Viu? Viu? Tudo o que eu penso tem relação com essa loira que a propósito está dormindo. De novo. O que não é novidade.

Eu me lembrei de mais uma coisa, quando ela ficou presa no quarto, eu corri pra lá, não sei o que meu deu. Eu quero um psiquiatra ou o dono de hospício.

Balancei minha cabeça pra tentar tirar esses pensamentos e peguei ela no colo e subi para o quarto dela, cheguei lá e vi a porta arrebentada. Ri. Levei ela até cama dela e coloquei ela com cuidado e depois a cobri, sai e fui para meu quarto.

Estava na cama pensando. Eu tenho que parar com isso, parece que quanto mais eu penso, mais a vida fica confusa. E se eu estiver mesmo apaixonado pela Kath? O que eu faço? Se não sabem, nunca me apaixonei, tipo, não como o Zack e a Cynthia, eu sei lá...Eles são tão...Perfeitos que nem parecem de verdade! Mas voltado para mim, então, eu nunca estive apaixonado de verdade, só "ficar", mesmo que eu não ache isso a melhor coisa do mundo, não me apaixono de jeito nenhum e realmente era difícil ficar terminando com as garotas a toda hora. Umas até me ameaçaram de morte, serio, foi uma tal de Carol, ela disse que iria atirar em mim se eu não voltasse pra ela, para minha sorte eu me mudei dois dias depois.

Mas o fato é que, e se eu estiver "apaixonado" pela Kath, o que eu faria? Tipo, se ela não estiver? Se ela gostar também, ótimo, mas e se não? Lutar? Esquecer? Deixar pra lá? Insistir?

Esquece eu vou dormir!

*****

O sol.

Sempre o sol para atrapalhar meu sono! Me levantei, não queria levar um balde de agua de novo. A madeira fria sempre me dava um arrepio quando eu pisava de manhã. Peguei umas roupas e fui tomar um banho. Não sei se é só eu, mas quando acordo estou mais cansando do que quando vou dormir. Mas enfim, terminei o banho e me vesti. Desci e encontrei a Kath comendo e o Toby também, poxa, obrigado por me deixarem de fora.

Eu vinha descendo as escadas e ela olha direto pra mim e dá um meio sorriso.

– Bom dia. - falou assim que cheguei perto da mesa.

O Toby latiu, acho que dizia a mesma coisa.

– Bom...- bocejei, ainda tô com sono tá? – ...Dia, Kath. E bom dia, Toby.

O cão latiu de novo e voltou a comer. Olhei para o que ela estava comendo e suspirei.

– Cereal infantil de novo? Quantos anos eles acham que acham que a gente tem? - reclamei e ela riu.

– Sei lá. Sete? - foi a minha vez de rir. Enchi minha tigela e sentei.

– Desse jeito, vou sair daqui com diabetes. - ela riu e colocou outra colher na boca. Comemos sem falar nada, detesto silencio. – Então...

– O que?

– Sua...Mão, tá melhor? - perguntei e ela me olhou.

– Ah...Sim, sim. Foi burrice tentar socar a porta. - riu meio envergonhada.

– É...- ri também.

– E o seu pé? - perguntou.

– Que é que tem? - perguntei e coloquei outra colher na boca com cereal, eca! Eu sentia o excesso de açúcar invadir meu sangue ou seja lá o que for.

– Seu pé. - insistia.

– O que tem meu pé? - perguntei de novo, mas dessa vez rolando os olhos.

– Não tá machucado nem nada? - perguntou me olhando surpresa.

– Não. Porque estaria? Pera?...Não tá jogando praga pra cima de mim não né? - falei meio desconfiado.

– O que? Não! Mas eu poderia....Não interessa. Mas cara, você arrombou uma porta! Não machucou nem nada? - falou como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

Eu sei que sou demais. Tá, parei.

– Não. - respondi simplesmente.

– Avá, mentira!

– É serio! Não machucou, mas já você né... - apontei para a mão enfaixada dela.

– Aquela porta é do mal! - acusou.

– Tudo pra você é do mal, Kath. - - ri e ela fez bico.

– Claro! Tudo é do mal mesmo!

Continuamos nessa conversa o café da manhã inteiro. Mas deu a hora de ir pra aula ou seja lá como chamam aquilo. Isso me lembra que só temos mais uma semana e meia. Aconteceu tanta coisa que pareceram meses.

–...Bom alunos, espero que tenham entendido tudo. Bom dia. - falou a diretora assim que chegamos.

– O-o que houve? Chegamos atrasados? Mas nem está tão tarde! Fresca! - sussurrou a ultima parte.

– Vamos falar com a Cynthia e o Zack, eles devem ter ouvido tudo. - sugeri e andamos até os dois que estavam rindo de algo.

– Oi miga, oi Josh! Como vocês estão? - falou com um sorriso malicioso, que não entendi nada, mas provavelmente a Kath sim, já que ela ficou vermelha.

– É Josh, como vai? Pensou na vida? - porque eu tive que ter um amigo tão idiota hein?

– Olha não sei o que deu em vocês, mas só viemos perguntar o que a diretora falou. Perdemos. - falei explicando, e o sorriso deles murcharam.

– Só isso? - a morena falou entediada.

– É. - confirmou Kath.

– Ah, ela disse que as pessoas que estão na lista dali... - apontou para um papel fincado na arvore. – Vão passar cinco dias sem atividades e só curtindo a vida. - afirmou Zack com um sorriso pequeno.

– Vocês estão na lista? - perguntei.

– Não. É melhor vocês conferirem se vão ficar em casa ou trabalhando feito escravos. - reclamou Cynthia fazendo bico e o Zack riu e a abraçou por trás.

Eu disse são muito perfeitos, nunca os vi tendo uma briga sequer. É sinistro.

Caminhamos até a arvore onde o papel estava colado.

– Espero que a gente fique em casa. - pediu a loira com a maior cara de preguiça.

– Eu também...- falei e me virei para ver o papel. – Na na na na na...Ei!

– O que? O que? Eu não consigo ver!

– Kath....Não estamos na lista.

– O que?! - fez uma cara impagável.

– Brincadeira estamos sim. Só queria ver a sua cara. - comecei a rir

– Idiota! Não me faz ter um ataque cardíaco! - reclamou me batendo.

– Ai para! - falei parando de rir.

– Não você merece! - não parou de me estapear.

– Tá tá, desculpa tá legal? Agora vamos temos que aproveitar nossos dias em casa. - falei e ela parou.

– Uhuuuuu mais tempo pra dormir!! - comemorou e eu ri.

– É vamos preguiçosa. - brinquei.

– Vai me dizer que não vai dormir até amanhã? - arqueou uma sobrancelha.

– Eu? Puff...Claro que vou. - sorri e ela me deu um soco de leve no braço.

– Se a gente estivesse em casa, eu faria um brigadeiro. - falou com sorriso como se lembrasse de algo.

– Você cozinha? - perguntei surpreso.

– Não. Só brigadeiro e miojo. Casa comigo? - brincou e nós rimos, porque não entrar na brincadeira.

– Mas é claro. Nada me faria mais feliz do que casar com uma garota que só saiba fazer brigadeiro e miojo.

– Hora meu senhor...Eu também sei fazer pipoca de micro-ondas! - ela se segurava para não rir, não sei como aquilo era muito engraçado.

– Ah isso muda tudo! - já estávamos começando a falar como ingleses desajeitados.

– Muda?

– Claro! Deveríamos nos casar agora mesmo! - ela abafou o riso com as mãos.

– Isso é uma ideia maravilhosa! - exclamou como se realmente fosse se casar.

– Certamente que...

– Hora de beijar a noiva! - gritou me interrompendo e depois,acho que num ato inconsciente, me agarrou e me beijou.

Serio, eu ainda estou surpreso, ela pareceu não notou e eu bem...Err...Tá eu posso ter meio que...Correspondido? Já disse que estou confuso.

Ela ainda estava com os braços nos meu pescoço e eu segurei sua cintura a trazendo mais para perto. Oh céus eu estou ficando louco, virando um inglês desajustado. Tá essa não rimou, mas minha mente tipo, pirou.

Acho que ela finalmente se deu conta do que fez e se separou.

– Ops, casamos? - riu meio envergonhada, mas tentando manter a personagem inventada.

– Será? Acho que sim! - falei voltando a andar.

– Hum...Ok. Mas se casamos, você é o marido né? - é impressão ou tem outra coisa por trás dessa voz doce demais?

– É...Eu acho.

– Mas o marido carrega a esposa né? Tipo, depois do matrimônio.

– Deve ser.

– Então como marido...Me carrega? - a olhei incrédulo.

– Como é que é?

– Anda, marido. É muito mariquinha é? Mariquinha, mariquinha!! - repetiu cantarolando. Essa garota sabe mesmo me provocar.

– Ah ok! - me rendi.

– Sabia. - sorriu vitoriosa.

– Anda logo antes que eu desista e peça o divorcio. - ela riu e pulou no meus braços.

– Para casa, empregado! Quer dizer, marido. - riu com carinha de anjo.

Bufei e com ela deitada e preguiçosa nos meus braços caminhei até a cabana e ela passou o caminho inteiro falando besteiras. Serio, pra que eu fui me casar? Devia ter escutado meu pai.

***

– Finalmente! Sai! - falei assim que chegamos na cabana.

– Seu ignorante, vou pedir divorcio! - ameaçou e pulou dos meus braços que estavam doídos.

– Serio, já pensou em fazer dieta? - falei rindo.

– Não é minha culpa se o cereal aqui não é light!

– Mesmo se tivesse cereal "light" você não iria comer.

– É, tem razão. - deu de ombros e entrou. Eu a segui.

– Nossa, vai ser legal passar cinco dias aqui né? Tipo, sem fazer nada.

– É...DEMAIS!! - ela gritou.

Estávamos jogados no sofá a quanto tempo? Cinco? Seis? Minutos?

– Que tédio! - falamos juntos.

Bem, depois desse meio dia, eu descobri que...

Não se case com a Kath!