Lá estava eu. Jogada em qualquer canto daquele lago tentando, inutilmente, pensar na minha pobre vida. Serio! Estou pensando em me afogar nesse lago.

Será que é fundo o suficiente?

Talvez.

Eu me preparava mental e fisicamente para sair do meu lugar, mas desisti. Sim, virei uma sedentária. E dai? Eu acabei de ter um colapso mental. Deus, o que houve comigo? Eu nem consigo pensar em nada. Sempre que tento pensar em algo as cenas daquela droga de beijo com o Josh vem na minha mente. Aaaah eu me odeio e sabe o que eu odeio também aqueles en...

– Oi. - alguém falou atrás de mim e eu soltei um grito. É a morte, ela descobriu meus planos de me afogar e veio adiantar o trabalho – Ei! Calma, sou eu!

– Imbecil, filho de uma égua! - esbravejei ao ver o ser que me interrompeu.

– Valeu por tantos elogios. - ironizou.

– O que está fazendo aqui? - perguntei ignorando sua frase anterior.

– Vim pensar.

– Em que?

– Ora, em tudo! Nos meus pais, na minha vida, na saudade de dirigir minha moto.

–Você não tem carteira! Ou tem? - perguntei.

– Tenho uma carteira temporária. - deu de ombros e sentou-se ao meu lado.

– Saquei. - respondi desviando o olhar dele para a lua.

– Você vai mesmo continuar mentindo? - perguntou do nada.

– O que? - perguntei confusa, ele ainda não me encarava.

– Qual é Katheriny - poxa isso é serio, ele me chamou pelo nome todo sem ser irônico/raivoso/ou coisa ruim. – Eu sei que quem, pelo menos já deu um misero beijo, não fica nervoso. Não do jeito que você ficou.

Ai que ódio!

– Mas...É verdade...Eu err...Já beijei alguém, você é ridículo se pensa que...- me cortou.

– É serio. Me conta a verdade. - me encarou, caramba, ele parece bem normal e inofensivo, acho que não tá armando nada e... – Se não contar, vamos passar a noite inteira aqui.

Maldito!

– Tá me pegou! Eu...Err...Nunca...Talvez....Só um pouco...Até cheguei perto mas....Eu ahn...- enrolei o máximo que podia.

– Dá pra falar de uma vez!

– Tá eu nunca tinha beijado ninguém antes! Satisfeito? - quase gritei, por sorte só havia nós dois ali.

– Mas você não tinha me dito que namorou com o tal nerd?

– Greg. O nome dele é Greg! E sim, namoramos. Mas os pais dele me detestavam e obrigavam o filho deles a se afastar de mim, e, ele era muito covarde para enfrentar os pais, por isso, quando descobriram que nós estávamos namorando escondido, eles fizeram o coitado terminar comigo e ainda de mudaram para a Austrália, tudo só para me evitar. Sou tão ruim assim?

Falei tudo, mesmo correndo o risco de ser zoada para o resto da minha pobre, pobre vida. Depois de desabafar com o Josh eu abaixei a cabeça esperando receber risadas e humilhação.

As palavras da mãe do Greg ainda ecoavam na minha cabeça. "Você não é boa o suficiente para o meu filho!". Não foi o fato das palavras, elas nunca me machucaram. Nem o fato do Greg terminar comigo. Acho que nem o amava tanto. Mas sim o fato dele não ter dito nada, poxa éramos amigos, ele poderia ao menos calar a boca torta da mãe dele, mas não ele se calou e só assentiu. Me senti muito...

Traída!

Essas lembranças vieram a tona, e eu acabei deixando uma lágrima rolar.

Mas eu não esperava que, o Josh fosse limpa-la e levantar meu rosto.

– Ei, você não é tão ruim, ele não te merecia Kath. - falou com uma voz doce que, fez algo estranho acontecer.

Eu virei a copia do tomate.

– E-eu sei que não. - tentei me recompor e juntar os caquinhos da minha dignidade. – Mas, não foi o fato de ele ter terminado e ido para a Austrália. Foi porque a mãe com boca torta dele, praticamente, não, literalmente pisou em mim e me disse que não sou boa o suficiente para o filhinho dela e o covarde ficou parado, calado, sem ação enquanto ela me humilhava. E depois saiu e PISOU no meu pé! Aquilo me doí até hoje, serio mesmo, quando eu aperto bem forte eu sinto a dor no pé. Aquela vaca de boca torta! - bufei e ele riu.

– Hey! Eu tenho certeza que ela não diria isso se te conhecesse bem, óbvio que ela só viu seu lado ruim, como sua personalidade irritante, sua mania de bater em pessoas inocentes, sua mente de psicopata, e ações de soc...- ele parou ao ver meu olhar de " cala boca ou fica com a boca torta igual a mãe do Greg". – Brincadeira. - me deu um soquinho do braço, e sorriu abertamente.

– Ah claro. - revirei os olhos e acabei rindo. – Ai, quando eu penso no Greg eu me lembro que não sentia nada por ele, acho que só amizade mesmo. - suspirei.

– Que bom. - sussurrou.

– Porque "que bom"? - perguntei e ele corou, hahaha isso está ficando divertido.

– P-porque, você não deve ter ficado muito triste e depressiva quando ele terminou com você. - droga! Ele sabe mentir!

– Oh é isso mesmo, eu não fiquei chateada. É, sem depressão. - ri torto. Eu sou a escoria da sociedade, sou uma anta! Matem-me por não saber mentir!

– Ok. - riu.

Um silencio estranho ficou entre nós, ficamos fitando um ao outro, aquilo fazia meu coração ficar a mil. Alguém me acuda vou ter um AVC no meio da mata e é culpa do moleque. Mesmo sem perceber estávamos nos aproximando demais um do outro, aquilo não parecia certo. Mas eu não podia parar, eu não...Não...Não queria parar. Meus olhos foram fechando automaticamente, igual aos dele, nossos lábios se juntaram e foi tudo que precisou para eu ter um ataque do coração e morrer. No meio da mata.

Mentira!

Eu fiquei viva (infelizmente) e continuei beijando o Josh. É serio alguém tem uma bazuca pra me emprestar? Eu não me dei conta, pelo menos não minha mente consciente, porque eu não parei nem por um momento hesitei. Mas me deem uma trégua, ele beija MUITO bem! Enquanto a mera amadora, não faz ideia do que fazer. Mentira! Eu já tive 2 beijos em um dia. Haha sou demais!

Mentira, também me deixem sonhar!

Ele como um abusadinho que é agarrou minha cintura com uma delicadeza que eu nunca senti antes, seus lábios eram tão quentes e eu estava com frio, serio mesmo me agasalhando como se estivesse no Polo Norte, ainda estava quase virando picolé de Kath. Ele pediu permissão para aprofundar aquele beijo e eu (como sou uma burra, anta, como eu sou uma Meredith, espera sem exageros, me comparar com a Meredith é como me comparar com...Ah sei lá Meredith? Tá vendo, frases sem sentido!) permiti, sua língua explorava cada canto da minha boca e ela ainda tinha gosto de marshmallows como é possivel? Acho que ele roubou os da festa, ficamos naquele beijo até o ar se fazer extremamente, mega, hiper necessário. Saímos dele, pelo menos eu, sem ar, espera ele estava também, estávamos com as testas coladas e ele continuava com os olhos fechados, eu abri um pouquinho os meus só para ver como ele poderia estar. Sei que é cruel desejar que ele morra sem ar, mesmo a gente tendo se beijado aqui, mas espero que ele morra sem ar! Ele abriu aqueles olhos que ficavam totalmente cinzas a noite, era hipnotizante. E só agora eu reparei bem, não que eu fosse cega o suficiente para perceber que ele não era feio. O desgraçado desde pequeno é bonito. Enquanto eu sofria para ficar no mínimo apresentável para sair de casa. Sabe o que eu reparei, ele tem os dois dentes da frente levemente(quando eu digo levemente é quase imperceptível a olho nu) maiores, tipo de coelhinho, mas não grandes só o suficiente para ficar fofinho.

O que houve comigo?

Eu rapidamente acabo o momento "hora de reparar cada detalhe do rosto um do outro" quando sinto, leves pingos de chuva começando a molhar minha roupa.

– E-eu...Err...Acho melhor irmos já que vai chover né? - tropecei nas palavras, eu tava mais vermelha que o tomate perto de mim parece branco.

– É eu também acho. - olhou para o céu exatamente quando um pingo de chuva bateu no seu olho. – Aiiiiiii merda!! Eu me matei de rir e ele só me fuzilava com um olho vermelho.

– Sabe o que você parece com esse olho vermelho?- falei parando de rir.

– O que?

– Um cara meio chapado. - comecei a rir.

– Hilário, agora vamos logo que a chuva tá engrossando e a srta. Engraçadinha não quer chegar em casa encharcada quer? - rolou os olhos.

– Aff, sem senso de humor. - andei até ele, que tirou a mão do olho e tava muito vermelho. – Cara parece que você lavou o olho com shampoo. - ri sem deixar de olhar para o olho dele.

– Quer andar logo?

– Tem certeza que pode enxergar as coisas? - provoquei mais.

– Quer calar a boca e andar de uma vez? Tá ficando frio, e a não ser que queira ficar com uma pneumonia eu su...

– Entendi, entendi to andando! - o cortei e ele sorriu a chuva ficou mesmo forte, foi até difícil passar pelos caminhos até a cabana sem tropeçar ou cair.

O que foi que aconteceu comigo tipo, 5 vezes.

Acho que eu deveria ter me afogado quando tive a chance!