Promise escrita por NocturnalVacancy


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Yeah! Diretamente da caixa de sonhos-bizarros-da-Yoru... Mais uma fanfic estranha onde os inícios não tem por quê, os finais não tem nexo e absolutamente nada acontece!!! Mas que, apesar de não ter sido betado, foi feito com muito carinho e dedicação (bem, pelo menos com carinho, porque essa fiction eu fiz no trabalho). Merry Christmas for you, Alessandra Galvão!



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— “Ela sabe” — pensava consigo o rapaz dos olhos de obsidiana enquanto desferia mais um soco preciso sobre o alvo a sua frente. E tal constatação derramou tamanho desespero sobre o peito do jovem Uchiha que ele mal pode se concentrar no treinamento que aplicava — ainda que os golpes fluíssem perfeitamente por seu corpo sem a real necessidade de concentrar-se neles, resultado dos muitos anos de prática e repetição desde a infância —, tampouco lhe permitiu saborear o áspero atrito entre as peles quando seu ataque atingiu a débil defesa de sua adversária.

Um toque rude e efêmero, mas que ele muito apreciava.

Embora não soubesse como ela tivera acesso a tais informações, ele poderia perfeitamente imaginá-la esgueirando-se pelos corredores da enorme mansão em que morava, atentando-se a uma conversa que não deveria chegar aos seus ouvidos. Contudo, era algo muito além de meras suposições que a denunciava. Havia um crescente misto de pena e melancolia, como uma saudade ainda sem tempo de se manifestar, mas que já se pronunciava através dos orbes perolados.

E havia também o medo, certo temor que parecia exalar da criança a quem ele praticamente criara — uma aproximação concedida pelo privilégio de seu sobrenome. Por um momento, Itachi cogitou se não seria ele o motivo do temor que transbordava dos olhos infantis, mas qual direito teria de repreendê-la? Em poucos dias mancharia as mãos com o sangue de seus iguais, tornar-se-ia um assassino, um monstro perante Konoha e um criminoso perante o mundo.

Porém, a razão não foi suficiente para suprimir a raiva.

Os sentimentos de ira e traição o obrigaram a lançar a pequena Hyuuga com uma força descomunal em direção ao chão e, através da dor que causara a sua jovem aprendiz, ele soube quão infundado eram suas desconfianças. Naquele dia ela se levantara mais rápido e seus toques se estenderam mais do que o normal — seu modo discreto de tentar aproveitar sua companhia antes do derradeiro final.

— “Tamanha honestidade irá matá-la um dia.” — uma avaliação sincera, porém ele jamais a externaria. Em um mundo de guerras e sangue, tentar suprimir a clareza daquele olhar gentil seria quase um pecado.

Cansado, em carne e espírito, Itachi se permitira uma pausa de poucos minutos. Ele se recostou a uma árvore, exalando sempre o mesmo ar viril e indiferente — ainda que tivesse apenas treze anos — e pouco depois Hinata aproximou-se a passos graciosos, sentando-se entre as raízes, embora seus membros ainda tremessem por conta do combate anterior.

Permaneceram em silêncio, embalados apenas pelo som do vento contra as folhas que deram origem ao nome da aldeia — um silêncio agradável, na opinião do Uchiha, mas pela visão periférica ele conseguia ver a inquietação da herdeira Hyuuga, abrindo e fechando a boca diversas vezes, ora como se tentasse absorver mais oxigênio para seu corpo, ora como se tentasse expor reflexões que insistiam em morrer na garganta.

Os olhos cada vez mais irrequietos atiçavam a curiosidade do mais velho, porém ele não insistiu para que falasse, sabia que ela diria na hora certa. Ele esperou mais alguns instantes, ela fingiu não perceber que já deveriam ter voltado a treinar. Por fim, Itachi a ouvir tomar um fôlego desnecessário e o ar sair de seus lábios trazendo consigo uma pergunta complexa demais para o seu ar delicado e infantil.

— Né, Itachi-san, o que uma pessoa deve fazer quando o errado está correto, mas o seu certo está completamente errado? — o perolado encarou a obsidiana, implorando por uma reposta que fizesse sentido para sua pergunta sem nexo.

— Apenas destrua a tudo — soaram amargas as palavras do Uchiha, mas como faltar com a verdade naquele momento?

Hinata sentiu o estômago contrair-se com o choque causado por aquelas palavras, sentindo-se afundar na mesma desesperança que se escondia por trás da apatia, e precisou manter-se firme para que sua preocupação não transbordasse sob a forma de lágrimas. Indignada, Hinata levantou-se, posicionando-se em frente ao moreno. Ela queria confortá-lo, abraça-lo, dizer o quanto ele lhe era caro e, ao mesmo tempo, desejou espancá-lo até vê-lo desistir de toda aquela loucura.

Mas, apesar da pouca idade, o título de herdeira lhe ensinara que há certos domínios onde uma criança não pode interferir, por mais que pareça absurda a situação.

Com este pensamento, a Hyuuga resignou-se a sua inutilidade perante um mundo que não compreendia e, não podendo mais sustentar o olhar do moreno, mas sem a coragem necessária para abraçá-lo, ela aproximou-se timidamente, brincando com a barra da camisa negra que o Uchiha trajava durante os treinos.

— Neste caso, Itachi-san — enquanto falava, discretamente ela retirou um fio negro preso na trama do tecido, segurando firmemente entre seus dedos — ato que não passou despercebido ao olhar sagaz do Uchiha —desejando que também pudesse arrancar seu precioso amigo do tenebroso mundo dos adultos e guardá-lo confortavelmente na palma de sua mão. — Prometa não destruir a si mesmo.

A pequena levantou o rosto e bastou um único vislumbre daqueles olhos suplicantes para que toda a letargia de Itachi se esvaísse. Como explicar a uma criança algo sobre o qual ele sequer tinha permissão para falar? Abandonando a armadura que ele próprio construíra, o moreno inclinou-se até a altura de Hinata, tomando as mãos dela entre as suas. Não poderia partir deixando-a apenas com um mero fio de cabelo como lembrança. Em breve, seu clã morreria amaldiçoando-o, seu querido irmão o odiaria até os fins dos tempos e sua aldeia o caçaria como mais um nukenin. Mas para aquela criança, ao menos para ela, ele deixaria uma memória que valesse a pena guardar.

“Eu prometo”


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Notas finais do capítulo

Originalmente pensei em fazer algo meio dark que terminasse com "Irá mesmo me deixar partir tendo apenas um fio de cabelo consigo?", mas como diminui a idade de ambos (e também porque esqueci boa parte do que havia pensado), creio que não pegaria muito bem.

Por fim, aproveitei apenas aquele micro diálogo e terminei a fic com o que julguei deixaria um clima melhor.