Manual De Como Irritar Os Deuses escrita por Allie Luna


Capítulo 8
VIII — Deméter


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal.
Espero que gostem do capítulo. Eu amei escrever ele.





[19-07-16] Capítulo editado. Alguns erros foram corrigidos.



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CAPÍTULO VIII:

10 jeitos de fazer a titia das flores virar uma “Cereal Killer”.

Nota dos autores: Olá meus caros amiguinhos semideuses, prontos para enfrentar a fúria da velha das flores? Cuidado que ela vai acabar virando uma “Cereal Killer”. Hahaha. É, realmente, o Chris tinha razão, uma piada só é legal da primeira vez. Então, agora é só o Connor aqui, tranquei o Travis no banheiro porque quero falar da namoradinha dele, ops, Katie. Ele tá gritando alguma coisa; late mais alto que daqui eu não te escuto, recalque. Voltando ao assunto Gardner, acho que o tempo que ela está passando com o meu maninho tá dando resultados, uma ótima zoadora e linda (aquela carinha). Cala a boca Travis… Não, ele conseguiu destrancar a porta. Papai ama vocês, SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA, ELE QUER ME MAT…

Método 1: Alague a estufa do palácio dela.

Todos os filhos de Deméter estavam no Olimpo, eles iriam encontrar a deusa para passar um mês visitando as plantações dela pelo mundo. Katie estava surtando internamente por isso, mas, claro, não iria sair por ai saltitando e gritando “Plantar eu vou, plantar eu vou. Não posso mais me segurar. Plantar eu vou, plantar eu vou, para crescer e eu colher”, mesmo querendo muito fazer isso. Muito mesmo.

A deusa tinha preparado uma pequena excursão pelo Olimpo, antes de irem numa viagem pra conhecer todos os campos da deusa, e alguns outros que eram de seus filhos mais velhos.

Quando a parte da excursão, novidade né, toda hora os deuses querem “apresentar” o Olimpo, templos e blá blá blá. Ai meu Zeus hein, criatividade mandou lembranças, já vimos tantas vezes os lugares desse lugar que se derem uma folha, desenhamos a planta.

Após esse momento desabafo, vamos voltar a história.

A visitinha estava completamente entediante para Katie.

Deméter terminou de subir as escadas e entrou na estufa; os filhos, que vinham logo atrás, também entraram.

— Esse é o meu lugar preferido aqui — ela falou —, onde eu guardo sementes de todas as espécies de plantas existentes e as extintas. E cultivo as flores que mais gosto.

Katie quase surtou. Aquele lugar era como o paraíso para ela.

Ignorando o que Deméter falava, ela andou pelo lugar, olhando as plantas e as sementes dentro de um enorme armário de vidro. Em partes, ela fingia estar distraída com aquilo tudo, mas também ela realmente estava um pouco.

Quando a deusa começou a descer as escadas, voltando para o segundo andar, Katie ficou para trás. Assim que todos já tinham descido, ela se virou para o armário, começando a dar pulinhos animados. É, ela não resistiu.

Logo que se recompôs, procurou a mangueira de água, que estava num canto. Pegou e abriu a torneira, mirando nas plantas que ficavam presas nas paredes e no teto por vasinhos e correntes.

Em pouco tempo, o lugar estava encharcado. Tinha pedaços de caule, terra e folhas para todos os lados. Os vasinhos estavam cheios de água e, alguns, quebrados por causa da força da corrente que saia da mangueira. O chão, bem, estava uma coisa linda, só que não, tinha cerca de um palmo de água misturada com fertilizante me pó (orgânico, claro), terra, areia, pedaços de plantas e telha (não pergunte como, mas um pedaço dela caiu).

— O que está acontecendo aqui? — uma voz perguntou e logo Katie viu a mãe na escada. Apesar dela ficar na parte mais alta da estufa, água escorria por ela.

Assim que a deusa entrou, arregalou os olhos e soltou um grito estridente que rachou os vidros do lugar. A semideusa tentou até tampar os ouvidos, mas não adiantou muita coisa.

— Eu tava molhando as plantas, mas a mangueira estava forte de mais e saiu da minha mão! — gritou de volta, sem conseguir ouvir direito. O berro da deusa tinha deixado ela surda temporariamente.

Método 2: Taque fogo num dos seus campos de trigo.

Deméter caminha no meio da sua plantação de trigo, explicando sobre a formação dele, melhor hora e época para o cultivo, essas coisas a deixavam parecendo uma professora velha e ranzinza.

Apesar de adorar tudo isso, Gardner não estava prestando a mínima atenção, quer dizer não conseguia prestar atenção, tudo por causa da dorzinha no coração que ela sentia ao olhar para aquele trigo todo e pensar em que iria queimar parte dele.

Ela estava atrás do pequeno grupo. Tirou o isqueiro do bolso, começando a tentar acender. Fez como Travis ensinou, segurou na parte verde e apertou a parte de cima com cuidado e… Ela quase deixou cair com o susto dele ter acendido.

Apesar de ficar se perguntar como Travis sabia usar um isqueiro, ela tentou se concentrar em esquecer isso, pelo menos naquele momento.

Katie olhou para a mão, tentando fingir que prestava atenção, e continuou a acender e apagar o isqueiro. Depois da quarta vez, ela largou ele. Não tão perto que queimasse ela, porquê não seria nenhum pouco legal correr pelo campo com a calça pegando fogo, provavelmente algum de seus irmãos começaria a cantar Girl On Fire e filmaria; mas, também, não tão longe como se parecesse que ela jogou ele lá.

— Socorro! Tá pegando fogo! — ela gritou, correndo para perto dos seus irmãos.

— O QUE? — A deusa também berrou. — O QUE ACONTECEU?

— Eu tava brincando com o isqueiro e ele caiu da minha mão — explicou.

Nesse momento, Deméter viu a fumaça subindo e o fogo se espalhando numa parte de seu campo.

— Tá pegando fogo. Corram — gritou.

Ela começou a correr na direção do fogo, mas tropeçou numa pedra e caiu de cara no meio da plantação, engolindo alguns trigos. Ainda sem se levantar, Deméter estalou os dedos e o fogo parou.

— Bebê da mamãe, você tá bem? — ela perguntou, chorando e acariciando o trigo.

— Hã… to — Katie respondeu.

Deméter olhou furiosa para ela.

— Eu estou falando com o Trigulino, não com você!

Método 3: Diga que queria ser Perséfone e poder fugir dela, afinal, ninguém aguenta uma deusa louca e psicótica como ela.

Gardner estava sentada em frente a mesa, na casa de Deméter. É, ela tinha uma casa, assim como alguns outros deuses. Geralmente, eles usavam quando queriam fugir de Zeus, descansar ou simplesmente fingir que eram humanos normais.

Seus irmãos e irmãs estavam conversando animadamente, enquanto ela remexia nos legumes do prato, sem entusiasmo algum. Nada como destruir uma plantação para deixar ela triste, sem contar com as próximas coisas que iria fazer.

A deusa estava sentada na ponta da mesa. Ela ainda comia seu jantar, mas devagar, assim como os outros, e conversava sobre seus planos para aquela viagenzinha. Todos os outros falavam animadamente sobre o que queriam aprender, fazer e em como estavam felizes.

Katie deixou o garfo cair no prato, fazendo um barulho que chamou a atenção dos outros, exatamente como ela queria.

Deméter revirou os olhos e encarou a semideusa:

— Que foi? Esta irritada porque ainda não destruiu mais nada?

Apesar de querer responder “Não, me desculpa, eu não queria fazer aquilo. É tudo culpa dos Stoll, eles me obrigar”, enquanto se ajoelhava no chão, puxando a barra da saia longa da deusa. Mas, claro, que ela de conteve.

— Claro né. Meus explosivos falharam e essa casa não foi pelos ares — falou irônica, fazendo uma careta e alguns de seus irmãos seguraram a risada.

— Pare com a palhaçada e come.

Pegou o garfo novamente, com muita falta de vontade e demonstrando isso. Antes de começar a comer, falou baixo, mas num tom que a deu pra todos ali ouvirem:

— Só de olhar pra sua cara, eu perco a fome. — E deu um sorriso falso, antes de colocar um pedaço de couve-flor na boca.

Os olhos de Deméter estavam cerrados, ficando na cara o quanto a semideusa estava irritando ela. Por um momento, aquele olhar deixou Katie com medo de ser transformada num “Trigulino 2.0”.

— Cala a boca antes que eu perca a paciência — gritou.

— Não to a fim. Aliás, é por essas e outras que Perséfone fugiu de você, chata, irritante mandona… E olha que o mundo inferior não é lá essas coisas, mas vale de tudo pra se livrar de você e dessa comida verde. Queria poder fazer o mesmo.

E nesse momento, Deméter realmente quis transformar Katie num dos trigos que ela tinha queimado, daria menos trabalho do que aguentar uma adolescente.

Método 4: Dê a ela um cesto de doces modificados por magias. E a faça comer, achando que são frutas.

Na manhã seguinte, Katie acordou cedo. Mesmo sem saber o porquê, estava mais animada do que nunca para cumprir aquela lista dos Stoll. Talvez o fato de Deméter ter chamado ela de “Erva daninha mirim” colaborou pra isso.

Assim que terminou de se trocar, pegou a cesta de dentro da mochila. É, uma cesta para colocar frutas dentro de uma mochila, elas tinham um tipo de mágica para caber o que quisessem dentro. Também pegou os potes com os doces.

Dentro da cesta, Katie colocou todos os doces, isso incluía regaliz, jujubas, tartarugas de chocolate, marshmallows e outras coisas industrializadas que Deméter odiava.

Procurou outra coisa na mochila e, dessa vez, tirou de lá um tipo de toalha de picinic. Pós ela em cima da cesta, contou até três, mentalizou frutas ali e tirou.

A toalha era encantada por Lou, uma filha de Hecate. Quando colocava em cima de alguma coisa, era só você pensar no que queria que estivesse no lugar daquela coisa, que ela adquire aquela aparência e forma.

No caso de Katie, ela desejou que os doces fossem frutas recém-colhidas. E aconteceu. Não havia um resquício sequer de que eram doces.

Ela sorriu, guardando a toalha na mochila novamente e, sem que nenhum dos irmãos dela ouvisse, saiu do quarto, com a cesta em mãos.

[…]

A deusa estava no galpão onde guardava algumas ferramentas, sementes e outras coisas necessárias para plantação e colheita. Ela mexia numa enxada.

“Talvez essa não seja a melhor hora”, pensou Katie.

A semideusa aproveitou que Deméter estava distraída, e deu meia volta, mas esbarrou uma prateleira, fazendo um pote de vidro cair no chão.

— Tá fazendo o que ai? — A deusa perguntou.

Agora não dava mais para tentar se esconder. Katie se virou para ela e sorriu. Andou em sua direção e esticou a cesta para ela.

— Vim trazer isso pra você — falou um pouco nervosa —, é só um pedido de desculpas pelas coisas que eu tenho feito.

Apesar da desconfiança que ficava na cara, literalmente, Deméter pegou a cesta e viu o que tinha dentro. Seus olhos se iluminaram por causa das frutas.

— Eu acabei de colher. Acordei cedo só pra fazer isso. — E para te enganar, otária, completou mentalmente.

— Certo, obrigada. Vou pegar um morango para provar — falou.

Enquanto ela abria o potinho com falsos morangos, Katia dava passos discretos para trás, em direção a porta.

A deusa deu uma mordida no morango e sua expressão mudou de novo. Dessa vez, a raiva aparente. Ela olhou para a fruta na mão, que tinha voltado ao normal, e era um marshmallow colorido. Depois, olhou para a semideusa, que sorriu inocente, como se não tivesse feito nada.

Sem esperar por outra reação da mãe, Katie correu porta afora, voltando ao quarto. Mesmo quando ouviu um grito agudo vindo do galpão, ela não parou de sorrir e correr.

Naquele momento, a deusa pensou que talvez fosse melhor parar de ter bebês e voltar ao seu projeto de tentar dar vida a legumes.

Método 5: Dê um banho de agrotóxicos nos morangos premiados dela.

Katie já tinha colocado aquelas roupas estranhas que pareciam mais de apicultor, só que essa era usada na aplicação de agrotóxicos nas plantações.

Era o horário livre, em que os semideuses não tinham nada pra fazer e ficavam conversando idiotices, ou parados, encarando o teto por não ter nada melhor para fazer. Era difícil para adolescentes se enfiarem no meio do mato, sem sinal de telefone, internet ou qualquer outra coisa parecida.

Como todos estavam empenhados em seus afazerem preguiçosos, Katie conseguiu entrar no celeiro sem que ninguém visse, colocar a roupa de astronauta dos grãos (como ela apelidou carinhosamente) e pegar o pulverizador cheio de agrotóxicos.

Agora, ela andava para a plantação dos morangos premiados da mãe. Como não tinha ninguém, nem se deu ao trabalho de sair se escondendo. Também, quem conseguiria se esconder com aquela roupa?

Enfim, quando a semideusa chegou nos pés de morango, aplicou os agrotóxicos o mais rápido que conseguiu.

Vocês devem estar se perguntando o seguinte: Que diferença faria colocar agrotóxicos nas frutas se isso acontece normalmente, naquelas que as pessoas comem e etc?

Simples, meu caro aprendiz de filho de Hermes. Frutas usadas em competições, como os morangos premiados da titia Dedé, não podem tem um pinguinho sequer dessas substâncias, ou são desclassificadas e o competidor perde o direito de competir outra vez.

Essa explicação serve também para o motivo de Katie ter feito tudo com pressa. Se a mãe dela aparece, puf, ferrou tudo pra semideusa, principalmente a cabeça dela que iria virar espólio da guerra anti-pesticidas.

— Droga — resmungou quando ouviu um barulho de folhas se mexendo.

Logo, ela arrastou aquele trambolho (mais conhecido como pulverizador) para trás de uma árvore, e esperou.

Dali, Katie viu a mãe aparecer.

— O que é isso? — ela perguntou para a ninfa que estava com ela.

— Tem cheiro de pesticida… — a ninfa respondeu.

— Não. Não pode ser… NÃO PODE SER — gritou.

Katie sorriu, mas acabou expirando, por causa do cheiro forte, mas o barulho dele foi um pouco alto.

— KATIE GARDNER, EU VOU MATAR VOCÊ — gritou mais alto ainda.

Método 6: No café da manhã, coma bacon, cereais industrializados e beba suco de caixinha.

— Alguém me explica o que é isso. — Deméter pediu, apontando para o prato cheio de bacons.

— Que foi? É meu café da manhã — respondeu, fazendo cara de inocente.

— Como você pode comer esse pobre animalzinho?

— Com a boca. — Alguns dos irmãos dela reprimiram o riso.

— ARGH! De onde você tirou isso? — gritou, batendo na mesa.

Opa, agora ela ficou com raiva. Querendo por mais lenha na fogueira, Katie tirou a caixinha de suco de uva de baixo da mesa, colocou o canudinho e começou a beber.

A boca da deusa se abriu num perfeito O.

A verdade era que o bacon no prato era falso. Tudo aquilo não passava de tirinhas de bananas com um belo trabalho da toalha que dava a aparência que quisesse a comida. Apenas o suco era verdadeiro.

— E mais essa agora — choramingou.

— Qual o problema?

— Esses sucos não tem nada de fruta neles, são totalmente cheio de produtos químicos e você ainda bebe ele na minha frente. Acho que vou ter um infarto — Pôs a mão sobre o coração.

A essa altura do campeonato, os outros filhos da deusa apenas observavam aquela treta entre as duas.

— Ah, e o que tem de ruim nisso? Continuam gostosos. E você não pode ter um infarto.

Deméter ficou calada, e Katie viu que aquela era uma boa hora para tirar do colo e por na mesa a caixa de cereais industrializados.

— Não, me deem um tiro, mas não faça isso — falou ao ver Gardner abrir a caixa e o pacote de dentro.

A semideusa pegou um cereal e aproximou da boca.

— NÃAAO.

Colocou ele na boca e mastigou.

Deméter jogou o corpo sobre a mesa de jantar, derramando um copo de leite e outras coisas. Mas isso só fez Katie rir mais, enquanto seus irmãos corriam para acudir a doida que chamavam de mãe.

Método 7: Destrua as sementes de plantas extintas que ela mais ama.

Durante o dia todo, Katie ficou arquitetando um plano para entrar no cofre dentro do galpão. Apesar de ser extremamente estranho isso, Deméter guardava as sementes mais preciosas que tinha lá. Elas eram 20 ao todo, das mais variadas espécies e tipos.

Primeiro ela deu um jeito de entrar lá sem que ninguém visse. O foi um pouco fácil, ela fez isso manipulando a névoa.

Segundo, Katie ficou um longo tempo para conseguir descobrir a combinação do cofre. Quando ela conseguiu, entrou nele.

O cofre era grande, parecia até aqueles de banco que as pessoas veem em filmes e séries o tempo todo. Tinha várias prateleiras com potes de vidro com sementes dentro deles.

— Agora só falta mais uma coisa e eu termino esse item.

Ela sorriu e tirou um socador de carne, de madeira. Katie nem sabia que aquilo existia até Connor entregar para ela.

Pegou um dos potes, abriu e tirou as sementes. Colocou elas sobre um espaço livre numas das prateleiras e bateu com o negócio dele, fazendo elas quase virarem farofa. Fez a mesma coisa com as outras sementes, mesmo que aquilo doesse no coração dela.

Quando terminou, pegou o papel do bolso e prendeu na tranca do cobre. Nele está escrito “Como não desapegava, fiz isso por você. Beijinhos, Katie.”.

Algumas horas depois, a semideusa lia um livro, deitada na cama, quando a porta foi aberta com força e uma deusa furiosa entrou no quarto. Ela levantou o papel na mão e sorriu de um jeito psicótico.

— O que você tem a dizer sobre isso? — perguntou para Katie.

“Que hoje eu vou fazer uma visita a Hades” pensou, mas preferiu ficar calada.

Método 8: Peça várias pizzas diferenciadas na noite do festival de legumes grelhados.

— Estão preparados para o festival de legumes grelhados? — perguntou Deméter, encostada no portal da porta.

Todos gritaram concordando, menos Katie. Ela ficou calada, enquanto esperava Travis fazer sua parte do plano.

Ops, vocês devem estar se perguntando que plano é esse. Simples, como não tinha sinal na casa de campo da deusa e ela precisaria ligar para uma pizzaria, ela mandou uma mensagem de Íris para Travis, quando estava no banheiro (de roupa, claro, deixem de ser pervertidos), avisando isso a ele.

O Soll tinha falado a ela para deixar com ele, que resolveria o problema. Caro Travis, isso foi muito Jason pra você.

Agora, só restava a Gardner esperar que ele conseguisse mesmo dar um jeito nisso.

Enquanto Deméter voltava a cozinha para terminar os legumes, ela pedia para Hermes silenciosamente fazer Travis aparecer logo. Como se ele atendesse suas preces, a campainha tocou.

Ela sorriu, se levantando rapidamente.

— Eu atendo — falou e foi até a porta, na sala, sem esperar uma resposta dos irmãos.

Girou a maçaneta, abrindo a porta e deu de cara com quem ela mais esperava, Travis. Se ele não tivesse carregando dez caixas de pizza, Katie teria pulado em cima dele.

— Ainda bem que chegou — falou.

Ele sorriu, entregando as caixas a ela.

— Falei que viria — Piscou.

— Valeu. Alias, bela roupa.

O semideus vestia o uniforme de alguma pizzaria, incluindo um boné estranho. Aquilo estava engraçado, pena que ela não tirou uma foto.

— Virei entregador de pizza agora, novo trabalho pra ganhar um dinheiro extra — riu — agora tenho que ir, até mais.

— Até.

Katie fechou a porta outra vez, olhando para as caixas e se imaginando comendo alguns pedaços delas. Apesar de gostar de tudo que era tipo de vegetais e coisas do tipo, não aguentava mais comer só esse tipo de comida. Sentia falta das opções bem diversificadas do acampamento.

Correu para a sala de janta, com cuidado para não deixar cair as pizzas. Assim que chegou lá, gritou:

— Quem quer pizza?

E foi semideus atropelando o outro para cima das caixas. Não era só Katie que não aguentava mais as comidas de Deméter.

— O que está acontecendo aqui? — Falando nela, a deusa apareceu na porta.

— Katie pediu pizza — Um dos irmãos dela responder.

O rosto da deusa ficou vermelho e ela jogou uma berinjela em Katie, mas a mira dela era tão boa, só que não, que foi parar pendurada no ventilador, sobre a mesa.

Método 9: De quebra, fale que os legumes dela são “algo pior que titica de pégaso”.

— Eu vou cortar você em pedacinhos! — gritou correndo para cima de Katie.

Katie jogou para cima as últimas caixas que restaram com ela e saiu correndo de Deméter, indo direto para o segundo andar. A deusa foi atrás, com a frigideira na mão. Alguém deveria avisar a ela que isso aqui não é aquele filme, Enrolados, para frigideiras serem usadas como armas.

Por causa da saia longa de Deméter, Katie levou uma vantagem sobre ela nas escadas, dando tempo suficiente para ela entrar num dos quartos e fechar a porta. Pena que não deu tempo de trancar a porta.

— Me deixa entrar agora! — gritou a deusa.

— Não, obrigada. Dispenso esse convite para dar um oi a Hades.

Ela empurrava a porta, mas Katie forçava o corpo contra ela para não abrir. A semideusa fez sair galhos do chão, que passaram pela porta e parede, segurando ela no lugar.

Usando novamente galhos que fez crescer, ela criou uma escada na janela do quarto, por onde desceu, com sua mochila nas costas.

— Sua filha de um pesticida, eu vou te transformar numa manga! — Deméter gritou quando conseguiu se livrar do bloqueio na porta.

Só que já era tarde de mais. Quando ela pôs o rosto para fora da janela, Katie já estava lá em baixo e a escada já tinha se desfeito.

— Sua ingrata. Depois de tudo que eu fiz por você, é assim que agradece?

— Só se com tudo você quis dizer nada, né? — respondeu — você nem sabe quando eu nasci.

— Sei sim — resmungou.

A discussão teve que parar um instante, por causa de uma moto, que parou bem ao lado de Katie. Era Travis que diria ela.

— Minha carona chegou — falou e sorriu para o Stoll, subindo na garupa da moto — já ia me esquecendo, seus legumes têm gosto de borracha estragada. São uma bosta, você deveria mudar de ramo.

Katie colocou o capacete e segurou na cintura de Travis, enquanto ele dava partida e deixava a deusa encarado o gramado, de boca aberta e olhos arregalados.

Método 10: Na hora de se despedir, fale que o passeio foi ótimo, mas que ainda quer virar dona de uma fábrica de agrotóxicos ou de comida industrializada.

Definitivamente, não estava nos planos de Katie fugir com Travis, quer dizer, nem mesmo nos dele e de Connor. Mas também, ninguém tinha pensado que Deméter pudesse enlouquecer a ponto de perseguir a filha com uma frigideira.

Faltava um dos itens da lista, e ela não deixaria ele pra trás. Ela se lembrou de que não tinha pego a mala, só a mochila, e deu a ideia de ir até lá pegar. É, louco e arriscado, mas seria ótimo ver a cara da carpinteira.

E foi o que eles fizeram. Voltaram até a casa de campo da deusa no dia seguinte, de manhã. Nem perguntem onde eles passaram a noite, porque ninguém sabe, além deles.

— Tem certeza? — perguntou Travis, pela milésima vez.

— Sim — respondeu Katie.

Travis parecia que tinha saído diretamente de The Walking Dead. Carregava uma espada para qualquer tentativa louca da deusa, fogo grego dentro da mochila e uma adaga na cintura. Já Katie, ela se sentia como se fosse filha do presidente dos Estados Unidos para ter uma escolta dessas.

Eles pararam na porta e tocaram a campainha. Em pouco tempo, a deusa apareceu.

Antes ela sorria, mas quando viu a dupla, só faltou rosnar.

— O que querem aqui? — perguntou.

— Vim pegar minha mala.

A deusa deu passagem para Katie, que entrou. Correu pelas escadas até o quarto, com Travis atrás dela. Quando entrou no quarto para pegar a mala, ele parou ao lado da porta, como um segurança muito ruim e esquisito.

Rapidamente ela terminou de colocar as roupas dentro da mala, e saiu, arrastando ela.

Já na porta outra vez, Gardner parou de andar e olhou para a mãe, que continuava no mesmo lugar e com a mesma cara feia de sempre. Ops, quer dizer, de antes.

— Sei que nossa convivência não foi das melhores, mas queria agradecer por esses dias, eu gostei de tudo. — Fingiu limpar uma lágrima. — Me desculpe por tudo mamãe.

Deméter acabou sorrindo e abraçou a filha.

— Tudo bem, meu amor. Amo você de qualquer jeito.

— Ainda bem mãe, porquê esses dias serviram para me mostrar que eu deveria seguir meu sonho.

— Qual? Virar agricultora? — Os olhos da deusa brilharam.

— Não, trabalhar numa fábrica de agrotóxicos.

E nesse momento, não teve Travis, galhos ou Trigulinos para impedir Deméter de pular no pescoço de Katie.


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Notas finais do capítulo

Perguntinhas:
1 - Vai querer a prévia? *-*
2 - Quais deuses menores vc gostaria de ver na continuação.


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Uma divulgada básica aqui.
Postei uma short fic de 5 caps de sci fi, sobre criogenia humana, aquele método de congelar pessoas para, um dia, tentar faze-las voltar a vida.
https://fanfiction.com.br/historia/642796/Depois_Do_Fim/

E outra baseada numa tirinha, sobre a vida e a morte se apaixonarem ;)
https://fanfiction.com.br/historia/642862/Para_Morte_Com_Amor_Vida/