CAPÍTULO VII:

10 maneiras de deixar o solzinho esquentadinho, sacou? Sol, esquentado… Ah, deixa.

Nota dos autores: Olá raios de sol. Tudo quentinho ai com vocês? Haha, espero que não, prefiro vocês congelados por Quione, eu hein. Ninguém mandou vocês ganharem de nós, filhos de Hermes, no basquete. Will, do fundo do nosso coração, esperamos que você morra na enfermaria, mas como somos pessoas boas, não vamos falar isso na sua cara, ops… Aliás, sabemos que, infelizmente, você vai ficar bem para ganhar no basquete de novo. Veja pelo lado bom, vai ganhar vários beijinhos do Nicolino enquanto está na enfermaria. Então para de resmungar e observe seu bom trabalho. Aos demais filhos do solzinho, perturbem ele no nosso lugar.

Método 1: Diga que a lua é mais bonita que o sol e que Ártemis é mais velha e melhor que ele.

Apolo era um deus um tanto diferente, enquanto os outros obedeciam as ordens de Zeus e só viam os filhos quando era extremamente necessário (ou seja, quando queriam algum favor), ele não. Sempre que podia, estava dando uma escapada dos olhares do deus dos céus e visitando seus filhos. Este era um desses momentos.

O deus estacionou o carro do sol na praia do acampamento e se sentou na areia, esperando os filhos aparecerem, já que sempre que ia parecer, avisava antes por mensagem de Íris. Poucos minutos depois, Will apareceu.

— Oi pai — falou fazendo um hi-five com ele.

— E aí — disse —, cadê os seus irmãos?

— Eles estão no treinamento de arco e flecha, daqui a pouco estarão aqui — respondeu, sentando ao lado de Apolo.

— Entendi, aposto que estão dando uma surra nos outros. — Eles riram e Will confirmou. — Mas por que você também não tá lá?

— Tão mesmo, tinha que ver os filhos de Hefesto enrolados pra segurar o arco. — Sorriu. — É que eu tava numa reunião dos conselheiros chefes.

— Ah. Mas então, como anda as coisas? — perguntou o deus.

— Bem. Semana passada nós ganhamos dos filhos de Hermes no basquete — respondeu, fingindo limpar um suor inexistente do rosto.

Apolo sorriu orgulhoso.

— Esses são meus garotos. — Os dois riram.

— Nossa, que calor que tá aqui — Will resmungou.

— É porque eu estou aqui.

O deus fez sua melhor pose de eu sou maravilhoso.

— É por essas e outras que eu prefiro a lua e Ártemis — sussurrou, mas num tom que o deus ouviu.

— O que quer dizer com isso?

— Ah, pai. O sol é irritante, me deixa suado e incomoda os olhos, já a lua não, é fria, não incomoda e está ali deixando o céu mais bonito. E Ártemis é legal e mais velha que você.

Apolo pôs a mão sobre o coração.

— Traído pelo próprio filho.

Método 2: Diga que ele é tão feio que Dafne preferiu virar uma árvore a ficar com ele.

— Ah, pai, desculpa, mas só estava falando a verdade — Will disse.

Apolo fez uma careta de quem não estava gostando nenhum pouco, mas preferiu não falar nada. Ele havia feito uma promessa de não se estressar por conta da opinião ou das ações de seus filhos, quer dizer, não demonstrar, porque era impossível não se incomodar com essas coisas.

— Tá — resmungou, com cara de quem comeu cereais da Deméter estragados.

Os dois ficaram calados até os outros filhos de Apolo chegarem, o que não demorou muito. Eles conversaram por algum tempo, até o deus pedir silêncio porque queria dar uma notícia a eles.

— Lembram que eu falei que levaria vocês pra dirigir o carro do sol e conhecer algumas paradinhas do Olimpo? — falou, sorrindo animado e os semideuses concordaram. — Então, consegui o que eu precisava pra fazer isso e, a partir de amanhã, já posso levar vocês, mas só um por dia.

Os garotos comemoraram, já as meninas, nem tanto. Poucas delas queriam dirigir.

— Quem é o deus mais divo, lindo e maravilhoso? Hein? — Apolo perguntou, ainda sorrindo.

— Com certeza não é você. Afinal, tem que ser muito feio pra fazer alguém virar uma árvore por escolha própria pra não ficar com você, como a Dafne fez — Will disse alto o suficiente para todos ali ouvirem.

Dafne era uma história antiga e que machucava Apolo. Alguns séculos atrás ele tinha provocado o cupido, falando que arco e flecha não era para ele. Para provar que a Apolo que eram sim e que ainda era melhor que ele, Eros lançou uma flecha de amor no deus do sol e em uma de rejeição em Dafne, uma ninfa. Apolo correu atrás dela direto, mas ela fugia dele. Uma hora, quando não aguentava mais, pediu aos deuses para que a transformassem em alguma outra coisa e assim ela se tornou uma árvore.

O sorriso de Apolo desmanchou e ele fechou a cara.

— Will, você vai ser o último.

Lembre-se do que a mamãe falava: sem temperamento de Zeus, sem carrancas de Zeus, sem se irritar como Zeus. Não seja como Zeus. Não estrangule esse garoto como ele faria, não passe com o carro do sol por cima dele repetidas vezes, se controle; o deus pensava.

Método 3: Espalhe por aí que ele era gordinho e que tinha muitos gazes quando era criança, por isso o chamavam de grande bola de gás flamejante.

Will já tinha feito de tudo para explanar esse pequeno fato do passado de Apolo. Mandou para a T. V. Hefesto, a revista Olimnews, colocou no mural do acampamento e espalhou cartazes pelo Olimpo. Tudo isso deu certo, muito certo. Todos os semideuses comentavam e riam sobre o apelido. Sem contar nos deuses, que já sabiam disso, mas com o tempo tinham esquecido e agora relembravam.

Apolo, claro, estava totalmente com raiva. Tinha demorado 50 anos para fazer os deuses esquecerem esse apelido que Ártemis tinha colocado nele e, agora, do nada, voltam a pegar no pé dele por isso.

Ele sabia quem era que tinha feito isso e estava prestes a tirar essa história a limpo.

Estacionou o carro do sol na praia do acampamento, no mesmo horário que fazia a 5 dias, para poder pegar os filhos e levar eles para ensinar a pilotar o carro.

Esperou por um período de tempo curto e logo quem ele queria apareceu.

Valeu Tique, pensou.

— Oi pai — falou Will, sorrindo como se tivesse ganhado na loteria.

Apolo fechou a cara e quis estrangular ele.

Sem matar os filhos, sem matar os filhos, repetia mentalmente.

— Então quer dizer que você anda espalhando coisas do meu passado por ai? — perguntou indo logo direto ao ponto.

— Então admite que é verdade, grande bola de gás flamejante? — perguntou o semideus, erguendo as sobrancelhas.

— Claro… — falou sem pensar, mas depois percebeu. — Quer dizer, não.

— Grande bola de gás flamejante, grande bola de gás flamejante… — cantarolava rindo e dando pulinhos ao redor do deus que estava emburrado.

Eu vou Zeusar e vou matar meu filho, mudou seus pensamentos.

Método 4: Diga que o oráculo recita profecias estranhas porque não entende o que ele fala direito, se não, falaria logo o que vai acontecer.

— Por que, Hades, você tem que ser sempre o primeiro a aparecer? — Apolo perguntou, irritado.

— Por quê eu sou divo, arraso e sou o conselheiro chefe. E, a culpa não é minha se você só faz filho lerdo como você — o semideus respondeu.

Essa já era a oitava vez que ia ao acampamento buscar algum de seus filhos e fazer a reunião com eles, como sempre. Em todas essas vezes, o primeiro a aparecer era justo Will, o semideus que estava atazanando sua vida.

— Não falei com o traidor! Cala a boca! — O deus gritou e depois começou a resmungar. — Chato, mal, sem graça, magoou, abacaxi, filho.

Óbvio que ele estava falando algumas frases, mas estava tão baixo que Will só conseguia ouvir algumas palavras desconexas. Hora perfeita para riscar mais um item da lista.

— Agora entendi o porquê das profecias loucas e esquisitas da Rachel. — O semideus falou e Apolo olhou para ele. — Ela não entende o que você fala, pelos deuses, quem entende? Só acho que se ela conseguisse entender, falaria logo o futuro e não aquelas coisas indecifráveis.

O deus cerrou os olhos e fez uma careta.

Will ouviu o barulho de um trovão e podia jurar que tinha sido o pai. Sem contar no calor insuportável que começou a fazer, parecia até que ele ia derreter como um picolé no deserto.

Método 5: Use um quilo de protetor solar antes de ir para o sol. Diga que está quente demais e não quer se queimar.

Apolo estacionou o carro sol na praia do Acampamento Meio-Sangue e esperou o filho aparecer, o que aconteceu poucos minutos depois e o deus fez uma careta.

O garoto usava uma bermuda e a camiseta do acampamento. Tinha uma mochila pendurada no ombro, óculos escuros no rosto, touca sobre os cabelos. Mas o que chamou a atenção de Apolo foi a pele dele. O semideus, que antes era bronzeado, assim como todos os filhos do deus do sol, estava branco feito papel.

— O que é isso? — perguntou, fazendo careta como sempre.

— Isso sou eu. — O outro respondeu.

— Tá fazendo cosplay de Nico? — Apolo falou.

— Não — riu — isso é protetor solar.

— O que?! — gritou.

— Protetor solar, tá surdo? Está muito quente hoje, não quero ficar ardendo ou me incomodando com isso — Will disse, se abanando para dar ênfase no que tinha falado.

Apolo abriu a boca de uma forma que parecia que seu queixo iria bater no chão. Ele pulou em cima do garoto e tentou tirar uma parte da grande quantidade de protetor que ele tinha no rosto.

— Ai! Sai de cima de mim — Will gritou, empurrando Apolo, numa tentativa de fazer ele se afastar.

— Não! Tira isso, se não, eu vou te deserdar.

O deus do sol tentava limpar o rosto e os braços do semideus, mas ele esquivava e os dois ficavam rodando feito crianças brincando de roda.

— Qual o seu problema?

— Um filho doido com problemas mentais! E, ah, olha só, é você!

No meio de tudo isso, a mochila de Will caiu no chão. Como os dois estavam correndo em círculos, não demorou para tropeçarem e caírem de cara na areia. Apolo tentou se levantar, mas o semideus puxou sua perna, fazendo ele engolir mais areia.

Os dois ficaram nessa por poucos segundos, pois logo começaram a rolar, indo em direção a água. Bom, pelo menos engolir água era melhor que areia.

— Socorro, eu não sei nadar, socorro, vou morrer — Apolo berrava, se debatendo, sem nem mesmo perceber que na parte em que estava, a água não passava da altura da cintura dele, era só levantar.

Se Travis e Connor estivessem ali, falariam que Solace estava saindo melhor que a encomenda.

Método 6: Bata com o carro do sol. Quando ele reclamar, diga que o Masserati Spider 360 já está fora de moda e que você fez um favor a ele ao destruir.

Um longo tempo depois dos dois conseguirem sair da praia, foram até o chalé 7, escondidos de Quíron, claro. Ambos tomaram banho, trocaram de roupas e continuaram o que tinham que fazer.

Quando o garoto sentou no banco do motorista, a expressão do deus ficou mais feia que antes. Se havia uma coisa que Apolo não gostava, era que falasse mal dele e quando alguém fazia isso, ele nunca mais esquecia. Então não, ele não tinha esquecido as gracinhas que Will vinha falando desde que tinha contado sobre as aulas de direção, nem a daquele dia. E era óbvio que não esqueceria tão cedo.

Até que a pequena viagem estava sendo tranquila. Will já sabia dirigir, então foi fácil ensinar as diferenças entre o carro do sol e os outros, que eram, basicamente, os botões esquisitos no painel. Claro, Apolo não disse o que todos faziam, não queria nenhuma casa pegando fogo ou rua sendo explodida por aí.

Faltando apenas poucos metros para chegar no Empire State Building, Will acelerou e começou a descer o carro, que estava por voando acima dos prédios. Por sorte, estava acontecendo algumas obras na rua que eles desceram e os pedreiros estavam no horário de almoço, então nenhum mortal desavisado estava ali para filmar aquilo e postar no YouTube, deixando as pessoas doidas, por acharem que aquilo era coisa de alienígenas. A névoa não funcionava naquele carro. Isso já tinha acontecido e não foi nenhum pouco legal para Apolo, já que teve que servir de empregado para Hermes por um mês, só para o deus tirar aquilo das redes sociais.

— Mais devagar! — gritou Apolo, se segurando no banco do passageiro. — Pra que você desceu? Tá ficando louco?

— Relaxa, pai. — O semideus falou sorrindo. — Eu sei o que estou fazendo.

O carro deu um tranco por ter encostado no asfalto com a velocidade alta e Apolo deu um grito esganiçado:

— Ai minha santa Zeusa do glitter brilhante, sou muito lindo e jovem pra morrer. Ainda nem fiz cinco mil anos.

Will segurou o riso.

O deus, de bronzeado, estava pálido. Demorou alguns segundos, mas ele pareceu se recompôs e olhou feio para o garoto.

Que se dane essa coisa de não me irritar com meus filhos. Ele tá merecendo! pensou.

— Para essa droga de carro! — gritou.

Solace negou com a cabeça e Apolo se jogou em cima dele. Certo, isso não tava nos planos do semideus. O imortal começou a brigar com ele pelo volante, mas Will estava resistindo bem, conseguiu manter o carro em linha reta, indo direto para onde queria.

— Que droga é essa? — perguntou — É meu dia, me deixa dirigir.

— Era pra dirigir, não ficar fazendo besteira por aí.

Só mais alguns segundos, pensou Will.

Ele tentou morder o braço de Apolo, que desviou na primeira, mas na segunda tentativa não conseguiu.

— Ai! Seu doido! Meu braço! Isso dói! — gritava, soltando o volante e tentando tirar os dentes do filho do seu braço. — Sai! Sai!

O deus do sol empurrou o rosto do semideus com as duas mãos e ele finalmente soltou. Só que Apolo não teve tempo de tentar pegar o volante, o carro já tinha acertado em cheio o poste.

Apesar das mudanças mágicas, o carro do sol ainda era um carro. A batida fez com que começasse a sair fumaça do motor, que estava parcialmente destruído pelo poste.

O imortal olhou com raiva para o filho, que fazia cara de inocente.

— Sai do carro! Agora!

Não querendo morrer, ele saiu. Logo depois, o outro fez o mesmo, bem a tempo de ver o poste virar para frente e seu precioso bebê ser esmagado.

Método 7: Aproveite que está no Olimpo, e pinte o templo dele de prata e desenhe luas e estrelas.

Os dois caminharam em silêncio até o Empire State Building. Apolo se controlava para não transformar o filho num raio de sol, literalmente.

Entraram no elevador e foram para o 500° andar, onde ficava o Olimpo. Chegando lá, o deus foi até o templo dele, o sétimo.

— Fica aqui e tente não destruir nada dessa vez — Apolo disse.

Quando o deus já estava a alguns metros de distância, Will tirou uma lata de tinta em spray prata da mochila e começou a pichar a sala principal do templo. Demorou e se empenhou mais na parede atrás do trono, no trono e na porta. Após alguns poucos minutos, a lata já tinha acabado e as paredes estavam quase todas cobertas de prata.

Will sorriu para o seu trabalho e tirou uma caneta preta da mochila. Se aproximou das paredes e fez alguns desenhos de luas e estrelas tamanho GG nelas. Ele repetiu os mesmos desenhos no trono, mas num tamanho menor. Depois, escreveu algumas frases como Ártemis rainha, Apolo nadinha e Que a lua esteja sempre a seu favor.

Assim que terminou, jogou a caneta em algum canto e pegou o celular. Ele abriu no Hadeschat, um aplicativo olimpiano para tirar fotos e mandar para os amigos. A primeira que ele tirou era apenas uma selfie normal, com a câmera frontal pegando ele, que fazia uma careta com a língua pra fora, e o trono de Apolo no fundo.

Enviou para todo o pessoal do acampamento e salvou já pensando na próxima pose.

Teve uma ideia, se lembrando da série favorita do namorado, Nico. Arrastou uma mesinha até ficar de frente para o trono, pôs o celular em cima dela, com o time ativado e correu para o trono. De jogou em cima dele, com a maior cara de eu sou a diva que você quer copiar, ou seja, imitando o Ned Stark, personagem da série, no pôster de divulgação da série.

Após ouvir o barulho da foto, começou a rir e se levantou, indo pegar o aparelho.

Wow, essa ficou legal, vai pro perfil do Facegods, pensou e enviou a foto as mesmas pessoas de antes, com a legenda O Solace está chegando.

Guardou o celular, indo fazer a mesma coisa com a lata de tinta e a caneta. Mas enquanto pegava elas do chão, a porta do templo abriu.

— Espero não ter demorado, tava pedindo ao Hefesto para consertar o carro — falou o deus, entrando no lugar.

Ele viu a caneta preta e lata de tinta spray na mão de Will. Franziu o cenho. Aí tem coisa, pensou e olhou ao redor, após tirar os óculos escuros.

— Dei uma decorada, espero que tenha gostado — disse o semideus, inocentemente.

Apolo abriu a boca só que não conseguiu falar nada. As paredes do templo eram douradas, mas estavam pintadas em algumas partes de prata, junto a alguns desenhos estranhos de luas e estrelas.

— Eu não criei um filho, eu criei um inimigo! — gritou, fazendo o garoto rir. — O que Hades eu fiz pra te merecer, hein?

Apolo surtava, choramingando e tentando tirar a tinta com a blusa polo branca que usava. Will apenas ria e tirava algumas fotos, isso até o deus ver o trono dele, aí o semideus passou a filmar.

— Não. — choramingava, se arrastando de joelhos no chão até o trono no centro da sala do templo, fazendo drama. — Meu troninho. — Acariciou ele. — Tão bonitinho, virou um cocozinho de tão podrizinho. — Parou por um segundo, parecendo pensar em algo. — Isso daria um belo haicai.

Método 8: Taque fogo na sala de música dele, na de troféus e na de treinamento de arco e flecha.

Apolo estava ajoelhado em frente ao seu trono, com uma esponja na não e um balde com água e detergente ao lado dele. Ele esfregava a esponja na tinta, com força. Já estava fazendo aquilo a umas duas horas e nada. Será que nunca, em seus vários séculos de vida, alguém tinha falado pra ele que tinta spray só sai com removedor?

Will já tinha rodado o templo todo. Tocou alguns instrumentos na sala de música e fez algumas cestas na quadra de basquete. Aliás, pra que uma quadra de basquete dentro de um templo? O semideus não sabia, mas depois iria perguntar ao deus, claro, apenas quando isso tudo acabar.

— Sai, sai, sai, por favor, minha deusinha da limpeza, sei que você não existe, mas me ajuda. — Apolo resmungava e Will fez uma careta ao ouvir.

Agora tinha certeza, o pai tinha alguns parafusos soltos. Talvez todos eles.

— Hã, pai? — chamou e o deus parou o que fazia para olhar. — Cadê as coisas que você disse que ia mostrar?

Apolo fez um biquinho, como se fosse criança.

— Você não tá merecendo, então não vou te mostrar nada — respondeu, alisando o “troninho”.

O semideus quis revirar os olhos, mas apenas assentiu.

— Ok, então posso ir embora? — perguntou.

— Não. Fica aqui e não me dê mais nenhum prejuízo ou eu arranco sua cabeça! — Apolo gritou para o garoto, antes de sair do tempo, ainda carregando a esponja.

O semideus esperou alguns segundos e correu para a sala de música. Chegando lá, tirou um vidrinho com fogo grego da mochila e jogou no piano que logo pegou fogo. Apesar de dar uma dorzinha no coração de Will, ele precisava fazer aquilo.

Pegou a lista dos irmãos Stoll e leu quais eram as outras salas. Troféus e treinamento de arco e flecha.

Primeiro, foi para a de troféus e descobriu o porquê da quadra de basquete, Apolo tinha inúmeros troféus de campeonatos, o que achou meio injusto, já que ele era um deus e tinha vantagem sobre os outros.

Tacou fogo grego na sala e fez a mesma coisa com a outra.

Assim que terminou, correu para fora do templo e ficou observando escondido atrás do templo de Atena, que ficava ao lado do de Apolo.

Poucos segundos depois, o deus voltou e quase infartou vendo antes de entrar no templo. Will estranhou isso e saiu de onde estava. Não apenas as salas, mas sim o templo todo pegava fogo e Apolo surtava, jogado de joelhos no chão.

— NÃO! MEU TRONINHO BONITINHO, TEMPLINHO MAIS DIVINHO! NÃO, SOCORRO, VOU MORRER — gritava.

É, Will, foi melhor do que o esperado.

Método 9: Diga que ele é tão lento que Galileu achou que a Terra girava em torno dele.

— Ainda acho que a culpa é sua — Apolo resmungou, enquanto dirigia até o acampamento novamente.

Hefesto havia dado um jeito no carro do sol, só que os botões loucos não funcionavam mais, nem podia mudar de forma. Simplificando, o carro só voava e o deus tinha que dirigir como um carro normal.

— Por quê? — Will perguntou, fazendo cara de inocente.

— Tudo de ruim que tem acontecido ultimamente é sua culpa — respondeu.

— Para de mentir! Sou um santo.

Apolo se virou para o filho.

— Destrava a porta — pediu.

Will estranhou, mas fez o que ele pediu. Apolo empurrou o semideus para fora do carro do sol e deu uma gargalhada maligna.

— Olha só, Willzinho virou pudinzinho esparramadinho no asfaltinho, lalalá lalá — comemorava, saltitado no banco.

Apolo parou de imaginar uma das possíveis formas de matar o garoto. Era melhor assim, não queria Zeus perturbando ele, nem ter que manipular a névoa para explicar um garoto caindo do céu e se espatifando no asfalto.

Em poucos minutos eles chegaram na praia do acampamento.

Will saiu do carro e ajoelhou no chão.

— O que é isso? — Apolo perguntou, fazendo uma careta.

— Estou matando a saudade da terra firme — falou beijando Gaia, digo, a terra.

— Hã? — continuou sem entender.

Will revirou os olhos.

— Você passou um tempão pra chegar aqui. Todo lerdo, pelos deuses, agora entendo porque Galileu achava que os planetas giravam ao seu redor. Lento assim, é fácil confundir.

A careta de Apolo aumentou e o semideus podia jurar que ouviu ele rosnando.

Método 10: Mande o vídeo para o Olimnews e T. V. Hefesto, com a legenda Troninho do Solzinho.

Will nem esperou Apolo falar alguma coisa, se é que ele iria fazer isso, e correu para o seu chalé. Jogou a mochila na sua cama e foi direto para o notebook do chalé. Sim, todos os chalés tinham um e todos eram modificados pelo Leo para não deixar os monstros rastrearem e ainda tinha a rede de internet contrabandeada dos Stoll. E, claro, que o Sr. D e o Quíron não sabiam disso, pelo menos fingiam não saber.

Conectou o celular ao notebook e passou os arquivos das fotos e do vídeo para ele. Abriu o Hermail, enviando os arquivos, com a legenda Troninho do Solzinho para a redação da T. V. Hefesto e da revista Olimnews.

Desligou o notebook e escondeu de novo, no lugar de sempre. Se jogou na cama, pensando Trabalho cumprido, hora de dormir, haha. Mandei bem.

[…]

Apolo caminhava pelo Olimpo, assobiando de felicidade por finalmente ter conseguido terminar pintar de novo as partes que Will pichou do seu templo. Apesar de saber que Annabeth surtaria da próxima vez que aparecesse ali pela tinta não ter exatamente o mesmo tom que a anterior, ele estava feliz. Seu troninho bonitinho estavam bem e inteiro, assim como seu carro do sol, que tinha sido totalmente reparado. Tudo isso por causa de Hefesto, que salvou seu templo do fogo. Ser deus desse elemento tinha suas vantagens, além de ser o ferreiro. Claro, ele não deixou barato, Apolo teria que fazer tudo que o outro deus pedisse durante um mês.

Falando em Hefesto, preciso ir na Irlanda pegar os parafusos e na Austrália, pegar porcas. Aliás, o que é isso? pensava.

— …Apolo… — Ouviu seu nome e procurou de onde vinha, achando uma das televisões que ficavam espalhadas pelo Olimpo. — E seu troninho.

Nix saiu do foco e apareceu um vídeo dele ajoelhado no chão, chorando e acariciando seu trono. Apolo arregalou os olhos, mas que droga era aquela? Ele ouviu uma risada de pato engasgado ao fundo e se lembrou do filho, só podia ter sido ele.

Suas suspeitas se confirmaram quando Nix voltou a falar sobre o vídeo, enquanto passavam as fotos de Will com o trono zoado.

— É hoje que o Solace vira alface — falou sozinho —, mas antes vou anotar essa rima que ficou no clima. Meus deuses, eu arraso.