Manual De Como Irritar Os Deuses escrita por Allie Luna


Capítulo 4
IV — Ares (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

E ai pessoas? Como vcs estão?
Bom, desculpa a demora. Mas já aviso que NUNCA abandonaria, MDCIOD, é meu baby, S2
Obg pelos comentários, mas poucas pessoas comentam, comparado a quantidade de visualizações, leitores e favoritos, tipo, n deixo de escrever por isso mas desanima bastante.
Ah, olha a desgraça q aconteceu: a fic foi plagiada, mas já denunciei e ela foi excluída. Ainda bem.

Qnt ao cap, ele é pra Owl (pelo método 2, sua diva, adorei a ideia) e para a Mary Jane (Método 1 S2)
Espero q gostem, eu perdi um pouco o jeito de escrever essa fic, mas fiz o meu melhor no momento.
P.S: Javali é um tipo de porco montanhês.


[08.11.18] Cerca de 70% do capitulo foi modificado. Sendo algumas partes reescritas e outras são novas. Espero que gostem da nova versão.



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CAPÍTULO IV: 

10 maneiras de irritar o deus que manda tudo pelos “Ares”.

Nota dos autores: Olá semideuses. Nós, Travis e Connor Stoll, os filhos de Hermes mais incríveis, maravilhosos, lindos, inteligentes, perfeitos e mais uma enorme lista de adjetivos maravilhosos; temos o prazer de apresentar o capítulo de Ares. Deuses, nós realmente queríamos muito ver esse deus irritante se ferrando. Pena que para conversar a Clarisse de participar precisamos levar alguns (com isso, queremos dizer vários). Não vá achando que esquecemos, porque isso não vai acontecer tão cedo, mas a vingança tá vindo. Cuidado com os bolsos quando estivermos perto, e durma com um olho aberto, pode ser que alguma de suas armas suma de madrugada…

 

Método 1: Diga que o símbolo dele é um porco porque combina exatamente com ele.

O temido e respeitado, talvez não tão respeitado assim, deus da guerra estava de castigo. Que lindinho. Certo, na verdade ele estava mesmo era sendo punido, por dar em cima descaradamente de uma das caçadoras de Ártemis. Zeus ordenou que ele passasse uma semana inteira no Acampamento Meio-Sangue, treinando os semideuses e os ajudando a se prepararem para futuras batalhas que possam acontecer. Ele até tentou argumentar, mas não teve jeito. Ele ia ou acabaria sofrendo alguma retaliação de Ártemis. Apesar de ser o deus da guerra, não gostaria de entrar em uma briga com a deusa.

Como se já não bastasse ser acertado na... bem, na retaguarda pela caçadora, ainda teria que virar babá de pirralho. Palavras dele mesmo.

O deus da guerra nem teve tempo de respirar e Zeus já tinha estalado os dedos, fazendo com que o filho aparecesse magicamente na entrada do acampamento. Ironicamente, a semideusa que estava ali, alimentando Peleu, o dragão que protegia o velocino de ouro, era justamente a filha do deus, Clarisse La Rue.

— Ares? — perguntou assim que o viu. — O que está fazendo aqui?

— Punição por dar em cima de uma caçadora. Um mês nesse lugar — resmungou.

— Deuses — disse Clarisse —, seu símbolo não foi escolhido à toa!

— O que você quer dizer?

As bolas de fogos que Ares tinha no lugar dos olhos, passaram para um tom mais vivo de laranja, mostrando irritação, mas isso não foi o suficiente para intimidar a semideusa.

— Ué, javali é um porco das montanhas, talvez você não saiba, já que inteligência não é o seu forte. — O tom das chamas se tornou quase vermelho e Clarisse engoliu em seco. — O que eu quero dizer é que você faz jus a ele, só que no caso, seria mais algo como o porco o monte Olimpo. Que horror, não basta Afrodite e todas as mortais que você enrola, como a minha mãe? Agora quer as caçadoras também? Daqui a pouco vai querer até as éguas e vacas. Não, espera, acho que você não iria querer a sua mãe e as irmãs dela, pelo me—

Clarisse foi interrompida por um barulho. Ares havia jogado a mochila de acampamento que carregava no chão em frente a ela, antes de sair andando em direção à casa grande.

Método 2: Dê alguns panfletos de asilo a ele. Use a desculpa de que, se o deus da guerra perdeu uma luta para um garoto de 12 anos que mal sabia segurar uma espada, isso significa que ele deveria se aposentar.

Ares passou na casa grande para falar sobre a punição com Quíron e o Sr. D, que riu e zombou do meio irmão até não aguentar mais, recebendo dezenas de xingamentos do deus da guerra, alguns que nem sabíamos que existia.

O centauro o levou até um dos quartos no segundo andar para ele se instalar. Como ajudar e ensinar os campistas fazia parte do castigo, Quíron também deu ao deus uma pequena lista de atividades, as que ele ensinaria.

A primeira era aula de espadas para os seus filhos. Por falar nela, assim que Clarisse soube, pensou que seria uma ótima oportunidade de colocar em prática o segundo item da lista dos Stoll.

No galpão da loja do acampamento, que por acaso era controlado por Connor e Travis e estava sendo usado para os planos deles, ela pegou os dois sacos enormes, o que a semideusa achou um baita exagero. Eles estavam carregados de panfletos, informes e convites de diferentes asilos de Long Island e de lugares ao redor e levou para arena onde Ares e seus filhos semideuses estavam.

Ele contava a história de alguma guerra que ganhou, fazendo várias pausas para dizer o quando ele era maravilhoso em batalha e em como ele arrasa matando monstros. Ah, mas é claro que ele escondeu as partes em que os monstros iam atrás dele e que saia correndo chamando por Hera, igual as pessoas quando veem que a barata é voadora.

Quando o imortal a viu carregando os sacos, parou, franziu a testa e perguntou:

— O que é isso?

Clarisse os jogou no chão, na frente dele, pegou alguns e o entregou.

— Dois sacos cheios de presentinhos pra você — falou e sorriu irônica, mas ele estava mais preocupado em pegar os papéis e os ler e não prestou atenção nela.

Coitado, o esforço para ler meia dúzia de frases foi tanto que o deixou sem conseguiu ouvir.

— Presentes? Desde quando essas bostas de papéis de asilo são presentes? — questionou, jogando os que segurava no chão.

— Desde quando você deve está próximo de se aposentar. Alguns anos atrás, o idiota do Jackson te derrotou. Cara, o Jackson! 'Tá bom que ele era o herói da profecia, mas na época ele tinha acabado de descobrir que era um semideus e mal sabia segurar uma espada direito sem deixar ela cair. Mesmo assim ele te ganhou, tipo, o deus da guerra perdendo pra um moleque, isso foi o assunto do mês. Soube até que Hefesto mandou fazer um pôster com um desenho de vocês lutando e a frase “SURRA DO SÉCULO: Ares apanha de um pirralho melequento de 12 anos” para um programa especial que ele fez só sobre isso. Aliás, olha aqui.

Clarisse tirou do bolso da calça um papel e desdobrou, mostrando o pôster para o deus e os semideuses, que riam, antes de ganharem um olhar furioso do pai.

— Ei, era para essas bostas terem sumido. Como conseguiu isso?

— Não importa. Mas ele te sacaneou até não aguentar mais nas reuniões do Olimpo, com várias piadinhas. Ah, e não vamos esquecer as outras merdas que andou fazendo por ai. Se agarrar com uma caçadora atrás do seu templo e vir parar aqui? Isso foi o fim.

O imortal franziu o cenho, parecendo pensar por um tempo. Cuidado, forçar muito o cérebro pode dar algum problema, já que não usa muito ele.

— Está insinuando que eu estou velho? — Os olhos de fogo de Ares queimavam um tom tão vivo que a semideusa nunca havia visto.

— Não, que isso. Eu 'tô é afirmando mesmo. Sério, você está sendo o deus da guerra por tempo demais, pai, e já está na hora de colocar alguém no seu lugar. Aceite isso e sua aposentadoria será mais feliz. Que tal por Atena no seu lugar? Ou quem sabe Kratos...

O rosto do deus adquiriu a tonalidade vermelha e ele cerrou os punhos.

Apesar de ter outras coisas em mente para reforçar a tese da aposentadoria e outros substitutos, Clarisse não falou mais nada. Não estava querendo morrer naquele momento.

Método 3: Diga que ele anda tão ruim de luta que perdeu pra Kratos.

A aula de esgrima seguiu tranquilamente, principalmente após Ares ser lembrado por um de seus filhos, Marcos, que não podia ferir ninguém. Claro que o deus não gostava de lembrar disso, e dois dos bonecos de treinamento foram os alvos da fúria dele, sendo destruídos por agressivos golpes de espada.

[…]

— Clarisse, vem aqui — o deus a chamou, depois ensinar alguns novos golpes que seriam um pouco complexos demais para quem não possuísse bastante experiência com a arma, o que não era o caso desses semideuses.

Ela foi em direção ao centro da roda que seus meios-irmãos faziam, ficando de frente com seu pai.

— Pega a espada, vamos ver se aprendeu alguma coisa — disse com tédio.

— Você quer lutar comigo?

— Não está óbvio? — resmungou.

— Não vou lutar com você — disse Clarisse, embainhando a espada.

— O que disse? — Ele perguntou, já com o rosto vermelho de raiva.

— Que não vou lutar com você. Cara, tu perdeu pro Kratos em God Of War. Se nem num jogo você consegue lutar direto, imagina de verdade? Pelos deuses, era cada movimento limitado ou golpes que não dava pra dar. Obrigada, essa eu passo, não quero ser a responsável por te mandar para a enfermaria.

Depois de falar, a semideusa precisou fugir dali para não morrer.

Método 4: Diga que a Joanna Mason ficaria ótima como deusa da guerra, melhor que ele.

Clarisse sabia o quanto Ares havia ficado irritado, porém ele não poderia fazer nada que machucasse algum semideus propositalmente. Infelizmente, ela só soube disso após passar algumas horas escondida no banheiro do chalé 5 (o que, convenhamos, não deve ter sido muito agradável) e seu irmão, Adam, contar que parte da punição incluía não causar ferimento algum a qualquer um.

Os deuses estão fazendo os nossos dias melhores, muito obrigada deuses. Se eles não fossem os alvos deste manual, achariamos até que estão nos ajudando.

Em pouco tempo, ela já estava indo para a casa grande colocar em prática mais um dos itens da lista dos Stoll.

Apesar de Clarisse gostar muito do seu pai, ter ele como um ídolo (Tem louco pra tudo nesse mundo, fazer o que) e não querer fazer parte disso no começo, ela acabou sendo convencia de que seria por uma boa causa. Nenhum semideus aguenta mais ser feito de empregado pelos deuses, sendo mandados para conseguir isso e aquilo toda hora. Sem falar da demora em reclamar alguns meios-sangues e, praticamente, nunca os ver, não responder suas orações nos momentos de dificuldade e deixá-los a mercê de monstros o tempo todo.

Ela bateu na porta do quarto de Ares e ele abriu com uma expressão no rosto que o deixava pior de Cronos tendo uma diarreia. Não, espera, aquele era seu rosto normalmente.

— O que você quer?

Clarisse abriu um enorme sorriso, que a deixou parecendo que tinha saído de A Fuga das Galinhas, já que era tão verdadeiro quanto dizer que o Percy não é lerdo.

— Só queria te pedir desculpas, acho que exagerei um pouco, não deveria ter falado daquele jeito. Mas, você poderia pensar um pouquinho sobre a aposentadoria, se quiser, posso te apresentar minha avó mortal e ela te mostra às coisas incríveis que ela fez desde que se aposentou. Você tem que ver as meinhas que ela fez para o gato, talvez isso possa te incentivar a fazer outras coisas além de sair chutando a bunda das pessoas. — Ela falava tudo depressa. — Se o problema for quem vai te substituir, pode ser alguém como a Joanna Mason de Jogos Vorazes, ela é incrível. Tem um machado super legal. E como eu acho que você não gostou da ideia da Atena ser a nova deusa da gue—

Ares bateu a porta com tanta força que arrancou um pedaço do portal e a casa grande inteira tremeu fortemente, como um terremoto. Chutaria nível três na Escala Richter e nível quatro de irritação.

Método 5: Maquie ele quando estiver dormindo.

Conseguir as maquiagens foi a parte fácil, foi apenas falar com Piper e a garota conseguiu um kit com alguma de suas meias-irmãs. Agora, entrar na casa grande após o jantar, se esgueirar até o quarto de Ares sem levantar suspeitas, nem acordá-lo, isso sim era difícil. Mas ela era Clarisse La Rue, ela conseguia.

Após o deus da guerra sair do refeitório, ela esperou cerca de meia hora, antes de ir até o chalé do deus. Pegou um casaco acolchoado preto, com grandes bolsos e pôs neles alguns dos itens que conseguiu mais cedo. Uma base que possuía pó compacto do outro lado, paleta de sombra em tons de preto e cinza, um lápis de olho preto já pequeno, rímel e um batom vermelho vivo.

Em poucos minutos já estava na frente de Quíron, inventando uma desculpa que fosse convincente. Durante o dia, a entrada na casa grande era livre, mas durante a noite, não.

— Ares me pediu que entregasse essa adaga a ele — explicou, mostrando sua arma, que sempre carregava escondida nas roupas.

— Criança, Ares provavelmente já está dormindo.

Sim, deuses dormem, mas apenas quando estavam em forma humana e o deus da guerra estava confinado na sua durante o tempo que permanecesse no acampamento.

— Eu sei Quíron, mas ele me mandou deixar essa adaga com ele e você sabe como Ares é. Se eu não fizer o que ele pediu, é bem provável que amanhã fique soltando fumaça pelas orelhas.

O centauro, seu pai e sua mãe eram os únicos que Clarisse tratava com respeito, ela chegava até mesmo a mudar o tom de voz e a postura.

— Certo, você sabe onde é. Não demore, por favor.

— Obrigada Quíron.

A semideusa entrou no quarto da forma mais silenciosa que conseguiu. Não queria acordar o deus, mas assim que deu de cara com ele, percebeu que ele não iria acordar nem se ela entrasse ali com uma bateria de escola de samba brasileira.

Ares estava jogado na cama, ainda com as roupas que usava no jantar, roncando alto, de uma forma que lembrava as serras elétricas dos filmes de terror que o pessoal do chalé 5 via todo domingo.

Se não fosse pelo tempo que conviveu com Silena, Clarisse nunca teria completado esse método. Maquiagem não era com ela, mas tinha aprendido algumas coisas, não que usasse. Aqui entre nós, deveria, ninguém merece dar de cara com aquela feia às 6 horas.

Em alguns longos minutos, ela terminou e saiu de lá, após passar no banheiro e deixar um recado no espelho, usando o batom.

Na manhã seguinte, metade do acampamento foi acordada por um berro tão alto que fez algumas paredes tremerem:

— QUEM FOI O INFELIZ?!

Método 6: Deixe todas as suas armas na cor rosa e com glitter permanentemente.

Ares abriu a porta nos fundos do chalé 5, onde eles guardavam as armas e jogou uma mala no chão. Ele abriu, mostrando diversas armas.

— Você vai polir todas elas, já que eu não posso arrancar suas tripas ou fazer churrasco com seus órgãos. — Sorriu falsamente. — As que estão na mala são minhas. Se tiver um arranhão, unzinho sequer, e você vai bater um papo com Hades lá em baixo.

O deus saiu de perto, voltando para a casa grande.

Clarisse olhou ao redor, procurando por qualquer pessoa que pudesse estar por perto e não viu ninguém. Agradeceu mentalmente por, nesse horário, a maioria dos outros campistas estavam tendo alguma atividade, seja treino ou aula.

De dentro do casaco, ela puxou uma lata de tinta em spray na cor rosa-shocking e alguns potinhos com glitter prata. Tudo estava sob a magia de Lou para que não saíssem.

De certo modo, foi fácil para pintar, apenas apertou o aplicador e a tinta parecia ir diretamente para onde ela queria e se espalhava gradativamente para os locais onde o pigmento não havia sido aplicado, deixando com aparência de rosa metálico, como se fosse a cor em que havia sido confeccionada.

Em poucos minutos, quase todas as armas já estava rosa e com muito glitter. Faltava apenas duas.

— O QUE É ISSO? — Ares berrou.

A semideusa se virou, dando de cara com um deus raivoso. As bolas de fogo no olhos dele pareciam prestes a cair no chão e iniciar um incêndio. Atrás dele, estavam alguns de seus filhos.

— Ahn... Resolvi dar um toquezinho especial para as armas. Já que você anda dando uns beijos em Afrodite, pintei as armas com a cor preferida dela pra você fazer uma homenagem. Gostou?

O sorriso de Clarisse era totalmente forçado. Por dentro, ela queria virar um ratinho e se enfiar num buraco. Não que ela se orgulhasse disso, mas era o efeito de ver Ares raivoso.

— Tá maluca, garota? Comeu bosta de pégaso?

— Fala sério, ficou bem melhor assim.

— Nem fud— Ele mesmo se interrompeu, ao olhar para uma das espadas atrás dela. — Aquela ali é a minha espada? A minha? A que eu mais uso e amo?

Método 7: Diga que Hera confundiu ele com Hefesto, na hora de jogá-lo do Olimpo.

O olhar dele passou da espada para a filha e ela não esperou mais nada. Correu na direção contrária, puxando sua lança do meio das armas, que, por pura burrice, ela acabou pintando junto. Aqui nós vemos mais uma vez que usar o cérebro não é muito a área de Ares e nem dos filhos.

Ele, claro, saiu correndo atrás dela, com a espada preferida na mão e uma cara mais de bunda que o normal. Resmungava sobre como sua espadinha lindinha tinha virado um lixinho esculachadinho.

— Volte aqui, seu pedaço de salame estragado — gritou.

Claro, sendo um deus, ele deveria conseguir alcançar ela rapidamente, mas Lou Ellen tinha enfeitiçado a espada para deixar quem a segurasse lento e azarado.

— Não, obrigado, dispenso a morte instantânea.

Os dois corriam pelo acampamento, passando pelos chalés, onde os semideuses observavam, rindo do deus com a espada rosa purpurinada e recebendo olhares mortais que os fizeram ter que trocar as calças.

Clarisse deu a volta no próprio chalé, mas ao olhar para trás não achou o deus. Ela parou, procurando ao redor, antes de Ares aparecer na sua frente como mágica e ela dar um grito alto, fazendo ele parar a espada no meio do caminho. As vezes, gritar igual uma gazela com problemas nas cordas vocais ajuda você a não virar semideus em cubinho.

— Que merda. O que foi dessa vez? — perguntou, mas Clarisse não respondeu. — Anda! Fala logo!

— Me assustei com você.

— Não deve andar tão distraída assim.

— Na verdade foi a sua feiura.

— O que disse? — a raiva já era visível novamente em seus olhos de fogo.

— Me assustei com a sua feiura. Sabe, você é tão feio que Hera devia querer te jogar do Olimpo em vez de Hefesto, só que na hora pegou o bebê errado.

O rosto do deus ficou vermelho e ele pulou em direção a Clarisse, como um jogador de futebol americano, só que com uma espada na mão. Mas ela foi mais rápida, correndo dali, o que já era sua intenção. Ares caiu com tudo no chão, batendo a espada na grama em vez de na própria filha.

Método 8: E complete dizendo que não sabe o que Afrodite viu nele, já que é Hefesto é mil vezes.

— Ei, eu não acredito que você ia tentar me matar. — Clarisse colocou a mão no coração, fingindo estar ofendida, após parar de correr, alguns metros de distância do imortal. — Como você pôde?

O deus soltou um grunhido que parecia mais uma mistura do de um porco com o rosnado de cachorro, mas a esquisitice foi o suficiente para Clarisse arregalar os olhos e querer fugir dali.

Ele se levantou num pulo e alguns filhos de Apolo ficaram tristes, passando alguns dracmas para um grupo de filhos de Ares. Até aquele momento, a semideusa não tinha percebido que alguns campistas que não estavam em atividades, haviam se reunido pela área dos chalés e estavam assistindo a briga dos dois. Quer dizer, ao mico de Ares. A maioria tinha feito apostas e bolões sobre o que aconteceria a seguir e qual o tempo que levaria para o deus fulminar a filha.

— EI! — gritou para seus irmãos. — Quero metade dessa grana, não tô quase morrendo pra vocês ficarem com tudo e nem ten—

A frase da semideusa foi interrompida por uma machadinha rosa purpurinada. A arma passou voando em frente ao rosto dela, a milímetros de arrancar seu nariz, e foi se cravou na parede do chalé de Artémis.

— Droga! — gritou Ares, que agora estava ao lado do próprio chalé, segurando todas as machadinhas e adagas que conseguia.

— Nem acertar o alvo tu consegue, hein. Aposentadoria chamando, uhul. — Na última frase, ela afinou a voz a cantarolou de um jeito totalmente desafinado e ele jogou uma adaga, que a semideusa desviou com facilidade. Obrigada, magia de filhos de Hecate, pensou. — Mas o que é isso? Seu deus fraco.

Oh, mas que referencia linda. Vai lá Hulk, ops, Clarisse, mostra quem manda aqui (ou quase isso).

— Argh, seu vômito de harpia, eu vou te matar! Te fazer virar um pedaço de semideusa defumado e dar para os meus javalis! — Ele berrou com toda vontade, com o rosto parecendo mais um tomate estragado e o pedaço de grama preso no cabelo colaborava para isso.

Ela não poderia perder a oportunidade.

— Credo. O que Afrodite viu em você?

— O que você quer dizer? — perguntou, agora com uma expressão confusa.

— Que Afrodite só pode ser maluca, trair Hefesto com você? Pelo amor dos deuses, não tem nem como comparar. Ele é muito melhor, tu não passa de um deus bruto e estúpido que não sabe resolver nada na conversa e parte pra agressão. Hefesto não, ele é deus do fogo além de ferreiro, ele cria as coisas, é ser muito mais gentil que você e mais bonito também. Alias, volta pra pizza que você fugiu, cara de tomate.

Método 9: Espelhe fotos dele usando maquiagem por todo acampamento e pelo Olimpo.

Ares novamente assumiu sua cara de ketchup e tentou correr na direção de Clarisse (Pessoal da corrida, chamem ele para fazer uns teste, quem sabe não temos um Usain Bolt versão divina aqui?). Foquem em tentou, já que assim q deu o primeiro passo, sua calça caiu, se enrolando nos pés, o que fez o deus cair de cara mais uma vez de cara no chão.

Alguns semideuses não se controlaram e caíram na gargalhada, até o deus conseguir levantar e olhar para eles como se estivesse prestes a iniciar a terceira guerra mundial.

— JÁ CHEGA! — berrou Diniosio, surgindo de algum lugar.

Antes Ares pudesse falar alguma coisa, o deus estalou os dedos e Ares foi transportado de volta para o Olimpo, aparecendo cheio de terra e grama no meio do lugar.

— Obrigada irmãozinho — murmurou ironicamente para si mesmo, antes de perceber que estava cheio de ninfas e deuses menores ali, olhando para ele e segurando uma risada, coisa que ele não entendeu.

Assim que tirou parte da terra de si a grama do cabelo, ele se dirigiu ao próprio templo e percebeu o motivo dos risos. Preso no lugar, ocupando toda a fachada e mais um pouco, tinha um banner em tamanho GG dele maquiado. Ele, Ares, usando maquiagem.

— EU VOU MATAR AQUELES MOLEQUES!

Método 10: Faça uma palestra motivacional com o título “Como perder sua dignidade com dignidade”.

Clarisse ficou de guarda a semana toda na entrada do acampamento, depois que soube por fontes extremamente confiáveis (irmãos Stoll) que Ares iria voltar ao acampamento para falar com Quiron e pegar suas coisas. Elas não iriam simplesmente aparecer para ele com um estalar de dedos, como os deuses podem fazer, já que sua nova punição era justamente ficar sem seus poderes divinos por um tempo indeterminado.

Depois do horário do almoço de algum desses dias, Ares finalmente apareceu. Assim que o viu no início da colina, ela mandou uma mensagem para Travis (não esqueçam que o Leo deu um jeito dos celulares não atraírem mais monstros), avisando e mandando ele preparar tudo.

— Você. — Foi a única coisa que o deus disse para Clarisse que, apesar de negar até sua morte, engoliu em seco e berrou pela sua mãe mentalmente.

— Sim, eu, algum problema com isso? Quer que eu chame outra pessoa pra te dar boas vindas com cupcakes e balões? — Ela disse, com toda a coragem que tinha ou o que havia sobrado dela.

— Eu só vim pegar minhas coisas. Não me faça querer te matar mais do que eu já quero, se é que isso é possível — Ares falou entredentes e olhando nos olhos dela, com as chamas num tom forte e intenso, o que a fez querer correr até Quiron e se esconder atrás dele.

— Pode ir, ue.

Foi o que o imortal fez. Após falar com o diretor de atividades do acampamento, ele foi até a Casa Grande e pegou sua mochila.

— Ei, você não pode ir embora assim.

— Garota, o que você quer agora? Eu já ‘tô sendo obrigado a ir a aulas de “Como se controlar e não dar em cima de toda mulher que chegue perto de você” — Afinou a voz com desdém ao falar o nome e revirou os olhos quando terminou.

 — Eu... EU QUERO PEDIR DESCULPAS. — berrou e se jogou no chão, agarrando uma das pernas de Ares e choramingando. — Me perdoa, eu fiz besteira, eu fui burra.

— Me solta, sua maluca. — O deus sacudia a perna, tentando fazer a garota o soltar.

— Te solto se você for ver o presente que eu fiz pra você.

Ele revirou os olhos e bufou.

— Anda, anda logo. Levanta essa bunda do chão e me mostra logo esse troço.

Com um sorriso no rosto, ela levantou num pulo. Clarisse levou o deus até o anfiteatro, onde uma dúzia de semideuses estavam reunidos e pareciam esperar por algo, ou melhor, por alguém. Assim que viram o deus, alguns reprimiram risadas.

— Garota, que merda é essa?

— Seu presente como pedido de desculpas. Tá ali, ô. — Ela apontou para um palco improvisado, com um banner escrito “Palestra sobre como perder sua dignidade com (sem) dignidade” ao lado de uma foto dele enquanto segurava as calças e tentava levantar. Uma foto respeitável(mente ridícula). Também tinha uma mesa com livros e DVDs empilhados estampando a foto como capa.

— EU NÃO ACREDITO NISSO! — berrou — garota, eu vou t—

Parou de falar ao olhar para o lado e perceber que a filha já tinha sumido. Mas os outros semideuses ainda estavam lá.

— Cadê a palestra? — Algum deles gritou e outros riram.

Bastou isso para Ares andar até o que seria o palco. Ele pegou vários livros caixas de DVD e começou a jogar nas pessoas que estavam ali. Quando eles saíram correndo de lá, o deus foi atrás deles, jogando as coisas sempre que se aproximada de algum deles e gritando.

— Eu não aguento mais essa droga de acampamento! Esses pirralhos melequentos! Eu vou matar todos vocês. — Ih, alguém avisa pra ele que ninguém morre soterrado por livros?

Aquilo parecia uma versão estranha de tiro ao alvo, porém o nome mais adequado seria “DVD ao semideus”.

Talvez Ares devesse ir para um hospício e não para o Olimpo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Comentem oq acharam, por favor, alias tenho umas coisas p falar aqui.
1. N sei sobre quem será o prox cap, mas esta entre Hades, Apolo e Atena. Se tiverem uma preferência entre esses ou alguma ideia, deixe nos comentários, ou no ask: ask.fm/allieluna
2. Estou pensando em fazer mais outras fics nesse estilo (qnd terminar essa), uma das ideias é sobre como irritar os semideuses, seria no msm estilo dessa. Vocês leriam? Como seria melhor, como irritar o filho de cada deus (acho meio ruim essa pq seria qse igual a MDCIOD)? Ou cada semideus em especial, tipo, o Percy, o Jason, etc...
A outra, seria sobre como irritar os deuses menores, seria menor, apenas cinco modos por cap, o que acham? Ou eu deveria pegar essa ideia e fzr como um epilogo p MDCIOD, tipo, um meio de irritar pra cada deus, totalizando 10 deuses diferentes?
Respondam por favor.
Beijos.