Manual De Como Irritar Os Deuses escrita por Allie Luna


Capítulo 12
XII — Hermes


Notas iniciais do capítulo

Olá, primeiramente mil desculpas pela demora.
Desde o ultimo capítulo postado pra cá, eu passei p curso q eu queria na faculdade q eu queria, mas eu n tava preparada p todo o desgaste emocional e físico pelos quais passei. 2017 e a primeira metade de 2018 foram mt difíceis p mim. Eu tenho problemas de ansiedade q eram controlados, mas por causa da faculdade, eles "voltaram". Enfim, espero mt q vcs me perdoem.
Saibam q eu NUNCA desistiria dessa história. Espero q durante esse 1 ano e 11 meses vcs tbm n tenham desistido.
Dia 31 a fic faz 5 anos e eu sei q já deveria ter finalizado ela e minha meta é fazer isso até o fim das férias.
Foi dificil escrever esse capítulo, pq eu passei esse tempo todo sem escrever, apenas revisei uma one e alterei o capítulo de Ares, mas espero q tenha ficado bom. Ah, e é uma quase atualização dupla, já que a maior parte do capítulo de Ares foi reescrita, n deixem de passar lá.



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CAPÍTULO XII:

 

10 formas de deixar o deus dos ladrões com vontade de roubar a sua vida.

 

Nota dos autores: Olá pessoinhas que moram nos nossos corações. Dessa vez, o deus que vamos ensinar a irritar é quem colocou na terra essas duas coisinhas que estão falando agora com você. Isso mesmo, o deus dos ladrões, das estradas e mensageiro dos deuses, Hermes, o melhor de todos do Olimpo. Esperamos que esses 10 itens tenham sido dignos dele. Alias, (in)felizmente não podíamos participar, já que sempre acha que estamos aprontando, mesmo quando não estamos. Logo nós, os mais quietos do acampamento. Mas, achamos alguém bom o suficiente (não tanto quanto nós, mas deu pro gasto) para fazer esse trabalhinho. Ainda bem, porque não queríamos virar pate sabor semideus. Ei, não é para escrever isso, para de digitar!

Método 1: Chame-o de pombo-correio.

— Olha, eu realmente não esperava por isso, mas ajuda vai cair bem agora — disse Hermes, sentado na mesa do seu escritório, na Hermex.

Chris sorriu.

Por livre e espontânea pressão dos Stoll, ele iria irritar o pai para o manual. O semideus foi até o lugar onde ele usava como depósito, sede da loja online dele, central de serviço o correio olimpiano e para qualquer outra coisa que precisasse; para oferecer ajuda, já que estava perto do natal e, nessa época, as encomendas sempre aumentavam.

— Ah, que bom então. No que eu posso ajudar?

O deus parou para pensar por alguns segundos.

— Tem tanta coisa, mas você pode começar arrumando a seção de enfeites natalinos, tá uma bagunça por causa da época. Vamos lá que eu vou te mostrar aonde fica o que você tem que fazer.

— Ok, se eu arrumar isso você faz o seu trabalho de pombo-correio melhor, né? Uma encomenda minha tá demorando a chegar.

Hermes com a mão na maçaneta da porta e olhou para o filho.

— Vou fingir que não ouvi.

Os dois desceram as escadas do andar dos escritórios para o principal e andaram por um corredor enorme, cheio de portas.

— É aqui — ele disse, abrindo uma delas no final do corredor.

Assim que entrou, o queixo de Chris só não foi no chão porque era fisicamente impossível.

A sala era enorme, quase do tamanho de um campo de futebol e provavelmente havia magia ali, para que ela parecesse menor por fora.

Fileiras de estantes com cerca de quatro metros de altura enchiam a sala, com escadas em cada uma delas, presas a trilhos tanto nas estantes quanto no chão, o que as possibilitava mover por toda sua extensão. Nas estantes e no chão estavam diversas caixas de papelão, a maioria com coisas saindo delas e totalmente desorganizadas.

Sátiros e ninfas corriam de um lado para o outro com enfeites e coisas do tipo, separando os produtos e enchendo caixas de encomendas. Um deles tropeçou num cabo de pisca-pisca jogado no chão e deixou várias bolas de acrílico caírem e quebrarem.

Hermes fez uma careta.

O sátiro apenas levantou e voltou para pegar outras bolas. Com isso, Chris percebeu que havia enfeites quebrados e danificados por toda a sala, o máximo que faziam era amontar o lixo num canto, que daqui a pouco iria virar o Everest de tão grande que estava.

Aparentemente organização e limpeza não era o ponto forte da Hermex.

— Acho que você deveria ter ficado só como pombo-correio mesmo, hein pombo-correio.

Hermes soltou um gritinho esganiçado, que assustou uma ninfa que passava por eles e a fez deixar cair uma caixa com estrelas.

— JÁ MANDEI PARAR DE ME CHAMAR ASSIM.

Método 2: Cause um grande prejuízo ao estoque da Hermex.

— Minha mãe vive mandando eu arrumar meu quarto, mas nem por isso eu faço. — O semideus deu de ombros.

— Eu mereço, hein. Vem, vou te mostrar o que fazer.

Eles andaram até uma das extremidades da sala. Ali, tinha um tipo de pedestal com uma tela de computador sensível ao toque. Parecia com os que tinham nos shoppings para ajudar os clientes a localizar as lojas, só que naquele caso, controlava o estoque da seção. A alguns centímetros de distância, estava uma escrivaninha de madeira, com pilhas de papéis amontoados e desorganizados. Ao lado, estavam caixas de papelão e pedaços de plásticos usados, provavelmente de encomendas de produtos devolvidas ou vindos das fábricas.

— Meus deuses, até o mundo inferior tá mais arrumado que isso aqui. Já ouviram falar em três coisas muito tecnológicas chamadas vassoura, pá e lixeira?

— Ei, eu sou organizado e conheço muito bem essas três coisas.

— Ah, claro. É verdade esse bilete. — Chris revirou os olhos. — Esse lugar parece que não vê uma faxina desde a época que o Olimpo era na Grécia.

Hermes abriu a boca num “o” e pôs uma das mãos no coração.

— Magoei, retire o que disse. — O deus nem esperou o filho responder e voltou ao normal, parando de fazer drama. — A primeira pilha de papéis são as notas fiscais do que compramos das fábricas e eu preciso que você passe para o computador. A segunda é dos produtos que vendemos, elas precisam estar nas respectivas caixas.

— Mas só tem um bando de papel misturado, não tem pilha.

— Ops. — Hermes deu de ombros e se virou para o computador. — Tem mais uma coisa, só um segundo que te falo que é.

— Ok, mas eu vou precisar de um megafone, chocolate e um remédinho pra me impedir de enlouquecer. — Rodriguez suspirou e apoiou as costas na estante mais próxima.

Ele usou o máximo de força que conseguiu para a empurrar apenas com peso do corpo, mas não adiantou, eram pesadas demais. Olhou para o pai e ele ainda mexia no computador. O semideus aproveitou e apertou o colar que estava embaixo da blusa. Era enfeitiçado pela Lou para dar força extra toda vez que o apertasse.

Chris empurrou a estante com as mãos e ela virou com facilidade, como se fosse de papel. Coisa que ele não esperava, já que se desequilibrou e foi pra frente, parecendo o passo de dança anti-gravity lean do Michael Jackson feito por um pinscher com tremedeira, mas (in)felizmente ele conseguiu não cair de cara no chão.

A estante bateu na da fileira ao lado e assim em diante, fazendo cair todas da sala, assim como as coisas que estavam nelas. Aconteceu tão rápido que alguns dos ajudantes não conseguiram sair da frente.

Um caixa de corda com pequenos sinos caiu em cima de uma ninfa e os enfeites ficaram enrolados nela. Conforme ela tentava se soltar, os sinos faziam barulhos. Um sátiro se afogou em guirlandas, ao cair numa caixa cheia delas, ficando apenas com as pernas para fora da caixa. Ele balançava as pernas e debatia parecendo um peixe fora d'água. Assim que ele saiu, cuspiu uma bengala listrada, tinha uma guirlanda volta do pescoço e laços preso nos chifres. Esse já estava enfeitado para o natal.

Método 3: Chame ele de “O deus mais irrelevante do Olimpo”.

— MAS O QUE É ISSO? — O deus berrou com as mãos na cabeça, desesperado.

— Ops. — Chris fez melhor cara de inocente que conseguiu. — Encostei e caiu, foi sem querer.

— Caramba garoto, eu precisei de uns 5 sátiros só pra arrastar cada estante até aqui e eles. Virou o Hulk?

— Que nada, o Hulk esmaga, eu derrubo.

O deus balançou a cabeça e revirou os olhos. Ele olhou em volta, analisando o estrago e fez cara de que iria começar a chorar.

— Frodo, faz uma lista das coisas que perdemos, das que podemos recuperar e das que se salvaram. AGORA.

O ajudante tremeu e assentiu, antes de correr para algum canto da sala, tropeçando num Papai Noel em miniatura no caminho e quase caindo de cara no chão.

— Frodo? Achei que esse fosse um hobbit e não um sátiro.

— O pai dele era fã de Senhor dos Anéis.

Em alguns minutos o sátiro voltou com alguns papéis em mãos. Ele pegou apenas uma folha.

— Lista de coisas totalmente salvas: duas bolas pratas.

Uma ninfa entregou as duas bolas e o papel ao deus e o sátiro pegou uma pilha de papéis grampeados, o que tinha sobrado nas suas mãos.

— Lista de coisas que podemos arrumar.

A ninfa novamente pegou os papéis e entregou a Hermes, que analisou.

— E a de coisas destruídas?

O sátiro apontou para o carrinho de mão que estava ao lado dele e que ninguém tinha reparado. Nele tinha uma pilha de papéis quase do tamanho de Frodo.

Hermes apertou as bolas natalinas com tanta força que elas quebraram. Ele encostou numa parede, foi escorregando até ficar sentado no chão e olhou para o filho.

— Eu disse pra você organizar, não pra destruir. Ai meus deuses, o que eu faço agora? — choramingou.

— Pense pelo lado positivo — disse Chris, botando a mão no ombro dele —, sem enfeites você não precisa se preocupar em organizar eles.

O deus semicerrou os olhos.

— Boa lógica, mas cada coisa que você quebrar a partir de agora, eu quero um osso seu.

Chris engoliu em seco, mas não conseguiu evitar de concluir mais um dos métodos.

— Isso que dá ser o deus mais irrelevante do Olimpo.

— QUE?

— É isso mesmo. Você é o deus mais irrelevante do Olimpo, por isso acaba ficando com essas coisas chatas. Você é o carteiro, o dono da loja de tudo e deus de tudo mais que sobrou e ninguém queria. Ou seja, é irrelevante.

— Agora eu magoei de verdade. — Fungou como se estivesse prestes a chorar. — Aquela sua encomenda nunca vai chegar.

— Era brincadeira, pai. Você é o melhor deus do Olimpo. Hermes rainha, Zeus nadinha.

Método 4: Fale que Luke se aliou a Cronos por ele ser um péssimo pai.

— Pode entrar — diz Hermes ao ouvir batidas na porta.

— Já arrumei a bagunça. Fiz novos pedidos as fábricas e usei todo o meu charme e encanto pra convencer eles a entregarem tudo amanhã mesmo. — Chris se jogou numa das cadeiras.

O deus suspirou e voltou a olhar para o computador.

— Aparentemente você sabe saber alguma coisa direito, hein.

— Quando é por livre e espontânea ameaça, a gente faz direitinho, né. Não morrer tá no topo das minhas prioridades.

— Bom saber. Mais alguma coisa? — perguntou o imortal, enquanto digitava alguma coisa.

— Eu queria pedir desculpas. — A frase fez Hermes parar e olhar para o filho. — Eu exagerei ontem. Além de quebrar suas coisas, ainda te ofendi, mas parte disso é sua culpa. Assim, sem querer ofender, você foi um péssimo pai e, em partes, eu só tava descontando tudo que você já me fez passar. Eu passei anos até ser reclamado e isso contribuiu muito pra que eu fosse para o lado de Cronos, mesmo que depois eu tenha percebido a burrada que eu tava fazendo. Mas, poxa, você não gastou nem cinco segundos do seu tempo pra estalar os dedinhos e aparecer um troço na minha cabeça dizendo que eu era seu filho. Eu me sentia rejeitado. E o Luke? Cara, a mãe dele enlouqueceu e você nem pra visitar ele de vez em quando pra saber como as coisas estavam. Você é um péssimo pai e a culpa de nós termos nos aliados a Cronos é sua.

O deus apertou os papéis que estavam na mesa com tanta força que, se eles pudessem falar, estariam gritando “socorro!”.

— SAI DA MINHA SALA ANTES QUE EU TE TRANSFORME NUMA DAS GUIRLANDAS QUE VOCÊ DESTRUIU.

Apesar de concordar que havia sido um péssimo pai e querer mudar isso, Hermes não aceitaria ser ofendido na sua própria sala.

Método 5: Pergunte se ele é uma versão olimpiana do Papai Noel.

Chris e Hermes estavam numa das salas da Hermex. Nela, havia uma esteira com pacotes e caixas passando. Na lateral, estavam alguns sátiros. Uma parte deles fechava as caixas, outra embrulhava em papel pardo e o terceiro grupo carimbava o logo da loja e colava o endereço para entrega. No início da esteira, sátiros colocavam as coisas, e no final, retiravam, checavam se estava tudo certo e colocavam nos carrinhos.

— O que eu quero que você faça aqui é simples. Eu preciso que você cheque se todos os produtos das encomendas estão dentro de suas respectivas caixas antes de colocar na esteira. Cada caixa tem um número que, se você procurar no sistema, irá achar os detalhes da compra. Entendeu?

O semideus não respondeu de propósito, apenas observou o lugar com expressão de espanto.

— Ei. — Hermes estalou os dedos na frente do rosto dele. — Tá me ouvindo?

— Você é uma versão olimpiana do Papai Noel? — Ignorou o que o imortal tinha falado.

— Que?

— É, versão olimpiana dele. Aqui tem embrulhos para todo lado e consigo encontrar qualquer coisa que eu pensar. Tem ajudantes correndo de um lado para o outro pra fazer as coisas e você anda grudado numa bengala. Sem falar que os deuses adoram ter suas próprias versões das coisas.

— Primeiro, é um caduceu. Segundo, eu não faço ideia de onde você tirou essa ideia, que até faz um pouquinho de sentido mas é absurda.

— Tanto faz. — Ele colocou a mão no queixo e pareceu pensar por alguns segundos. — Os pégasos são as renas?

— QUE? — A cara de Hermes era parecida com a de um mortal que pode ver através da névoa e acabou de ver um pégaso pousando no seu quintal.

— É, você usa eles no lugar das renas? Eles puxam o que? Uma biga? E você consegue entregar todos os presentes porque é o deus da corrida. É por isso que dá tempo de rodar o mundo todo numa noite. Pai, eu fui um bom garoto esse ano, me dá um Xbox novo, por favor.

Chris falava desenfreadamente até o imortal colocar as mãos nos ombros do garoto e olhar ele nos olhos.

— Garoto, para de comer flor de Lotus. Não sei o que te falaram sobre ela, mas faz mal a saúde.

Ele o ignorou.

— Ah, porque você substituiu os duendes? Eles eram mais legais.

— Eu não sou Dionísio pra saber lidar com filho doido. — falou, antes de virar e sair andando.

Método 6: Aposte corrida com ele e o faça perder.

O semideus equilibrou a bandeja em uma mão só, enquanto pegava um pequeno frasco do bolso. Era uma poção feita por Lou que fazia com que Hermes perdesse toda a habilidade relacionada a corrida e ficaria pior que um humano normal. Ele despejou o líquido no copo, antes de entrar na sala do pai.

— Tá aqui o que você pediu. — Ele colocou a bandeja em cima da mesa de Hermes.

Ele largou os papéis (Meus deuses, alguém pode incinerar esses troços?), bebeu o néctar e comeu a ambrosia.

— Vamos, temos que receber aquele carregamento que eu te falei.

Chris sorriu.

— Que tal apostarmos corrida até lá? — Hermes olhou parar ele numa mistura de “virou criança agora?” com “tá louco, garoto? Eu sou o deus da corrida, quer mesmo apostar comigo?”. — É que eu sempre quis ver como seria você correndo, já que é o deus disso.

— Claro, se prepare para comer poeira.

Os dois pararam lado a lado na porta, contaram até três e começaram a correr em direção ao estacionamento do lugar. Em pouco tempo, Chris já tinha chegado.

Alguns minutos depois, Hermes chegou suando da cabeça aos pés, sentou (leia: se jogou) no chão, apoiado numa van. Ele botou a língua pra fora e respirava tão descompassadamente que parecia estar prestes a ter um troço.

— O… que… raios… você… fez… comigo? — A cada palavra falada, uma longa pausa para ele respirar.

— Eu? Você tá louco, querido. Sabe o que é isso? É a idade chegando.

Hermes franziu o cenho.

— Tá insinuando que eu tô velho?

— Não, tô afirmando.

Método 7: Pergunte se a famosa grife “Hermès” é dele.

— O que aconteceu? — Chris perguntou na maior cara de pau.

— Um problema na seção de vestuário. Alguém invadiu ontem a noite e roubou metade das bolsas. — Eles pararam em frente a porta da sala em que ficava a seção. — Eu, o deus ladrões, fui roubado e logo perto do natal. É muito azar pra pouco eu. Frodo falou que só levaram de marcas caras… Eu vou falir.

O semideus já sabia o que tinha acontecido, já que foi ele que pegou as bolsas.

— Levaram as da sua?

Hermes parou de choramingar e a expressão de quem estava morrendo sumiu.

— Do que você está falando?

— Da Hermès, ué. Vocês, deuses, adoram colocar seus nomes nas coisas que fazem, então essa marca deve ser sua.

O deus parecia que iria entrar em desespero a qualquer momento.

— PELO AMOR DOS DEUSES GAROTO, CALE ESSA BOCA.

— Que?

Hermes segurou Chris pelos ombros, enquanto o semideus não entendia nada.

— Você conhece as pessoas. Bando de preconceituosos, imagina se descobrem que eu gosto de fazer bolsas entre outras coisas? Vão ficar me zoando por trezentos anos, mesmo que isso não seja algo que eu deva ter vergonha. Eu convenci Hecate a fazer as magias loucas dela lá pra ninguém descobrir, por favor, fique calado.

O queixo de Chris foi no chão, assim como os nossos. Não esperávamos que ele fosse realmente dono da marca.

— Só se você me der uma boa mesada.

— Fechado.

Os dois apertaram as mãos e entraram na sala. Após conversar com suas ajudantes, Hermes descobriu que a maior parte das bolsas roubadas eram da sua marca e ainda por cima, edições limitadas. Claro que a reação dele não foi nenhum pouco boa.

Novo método 7: Roube algumas coisas da grife famosa dele.

Método 8: Roube o caduceu dele e coloque um falso no lugar.

— Deixa eu ver aqui o que você pode fazer que não me dê um prejuízo maior que o ego de Zeus. — Hermes olhou alguns papéis procurando. — Já sei.

Antes que o deus falasse, um dos assistentes dele abriu a porta do escritório.

— Chefe, tem um probleminha lá embaixo. Precisamos de você.

Os dois saíram da sala.

Chris esperou alguns segundos, antes de levantar da cadeira. Ele foi para a mesa do deus, procurando pelo caduceu. Já que o deus não estava com ele, só podia estar guardado. E era obvio que estava lá, já que só Hermes tinha a chave o lugar.

Ele procurou pelas gavetas até achar uma que precisava de chave para abrir. Mas como um bom filho do deus dos ladrões, ele só precisou botar a mão em cima da fechadura e se concentrar. Quando abriu, deu de cara com o caduceu e, para a sorte dele, George e Martha dormiam enrolados dele. Ele pegou e colocou a mochila, que tinha magia dos filhos de Hecate para nada que estivesse ali fosse rastreado, e tirou uma réplica feita de plástico. Colocou o falso na gaveta e trancou ela outra vez.

Chris voltou para a cadeira e esperou, como se nada tivesse acontecido.

[…]

— Desculpa ter demorado — disse Hermes, entrando na sala.

O deus se sentou na cadeira dele e abriu aquela gaveta.

— O QUE? — gritou.

— O que aconteceu? — Chris perguntou, se fingindo de Jon Snow, digo, de quem não sabia de nada.

Nas mãos do deus estava o caduceu de plástico. Nele, tinha um papel preso com fita adesiva. Ele pegou e leu:

Pegamos emprestado, espero que não se importe. Depois a gente devolve. — Leu em voz alta, para o filho ouvir.

— Não tem nenhum nome?

A cara de sonso de Chris era digna do Oscar. Quem olhasse ou ouvisse ele, não pensaria que estava fingindo.

Hermes negou e se jogou na cadeira, fungando e fingindo que estava chorando.

— Não sei o que eu faço da minha vida agora. Eu, o deus dos ladrões fui roubado pela segunda vez em uma semana. Queria poder me matar, mas não seria definitivo e preciso da minha arma pra isso e, olha só, foi ela que foi roubada. Aposto que isso tem o dedinho daqueles dois, sempre tem. — O deus olhava para o teto, enquanto falava consigo mesmo. Até se lembrar que o semideus estava ali. — Já sei a próxima coisa que você vai fazer aqui, achar meu caduceu.

Método 9: Troque os destinatários dos pedidos.

Para que ninguém achasse ele, Chris se escondeu na sala das seções de decorações que não eram natalinas, que ficava vazia nessa época. Ele pegou o caduceu.

— Ei, acordem.

George e Martha sibilaram coisas sem nexo e se mexeram, mas não acordaram.

— Tenho alguns ratos aqui…

Falou comigo? — sibilou George.

— Vou dar ratos para os dois se vocês me ajudarem.

Ei, você é um dos filhos do chefe. O que você quer? — Martha se enrolou mais no caduceu, passando por cima da outra cobra.

Hm, ratos. Se me der ratos, eu faço o que você quiser — falava George, ao mesmo tempo.

— Vão ter quantos ratos quiserem se fizerem duas coisinhas pra mim.

[…]

— MAS O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI? — berrou Hermes, chegando na sala principal.

Ela estava cheia de caixas e pacotes jogados pelo chão, já que não cabiam mais em cima dos carrinhos em que deveriam estar. Todos os carrinhos estavam com mais coisas do que deveriam e os sátiros corriam pelo lugar, enchendo e descarregando eles. Dois deles bateram e derrubaram os pacotes, causando um engarrafamento e fazendo vários sátiros discutirem entre si.

Um sátiro tentou desviar, mas acabou indo na direção de uma dríade que escrevia coisas numa planilha. Ao perceber, ela se transformou numa árvore, fazendo a planilha cair no chão. O sátiro colidiu com a árvore, amassando o carrinho e as caixas que estavam nele. O sátiro caiu no chão com a cabeça balançando de um lado para o outro e com a língua para fora. Se estivéssemos em um desenho animado, teria estrelas rodeando a cabeça dele.

Telefones não paravam de tocar e as dríades que estavam no atendimento ao cliente não paravam, digitando e falando ao mesmo tempo. Assim que desligavam, os telefones tocavam novamente.

Um das ninfas correu até o deus com papéis nas mãos.

— As encomendas estão voltando, centenas delas. Todas estão com os conteúdos trocados. Dionísio comprou shampoo para crescer cabelo e recebeu uma peruca rosa! — Chris precisou segurar o riso. — Ele está louco na sala de atendimento, assim como outros com reclamações parecidas.

Hermes cerrou os olhos e se virou para o filho, que estava perto dele, colocando etiquetas em pacotes.

— Isso aqui tem dedo seu! Aposto um par de tênis com asas da edição limitada do LeBron.

— Você tá louco, querido. Tô aqui fazendo o trabalho que você mandou.

Os outros ajudantes só pareceram notar que Hermes estava na sala naquele momento.

— Chefe, precisamos da sua ajuda. Essas encomendas deveriam ir para a Carolina do Sul e foram para a Carolina do Norte — disse um sátiro.

— CHEFE — berrou uma das ninfas do atendimento com voz de choro —, Zeus tá na linha 2, ele tá ameaçando fulminar o lugar porque mandaram um vestido rosa para ele no lugar de um terno.

— Senhor Hermes, a sala de atendimento tá lotada, o que eu faço?

Eles falam ao mesmo tempo, assim como outros ajudantes, enquanto os telefones tocavam, carrinhos corriam de um lado para o outro e a campainha de chegada de encomenda não parava de buzinar.

— AAAAAAAAAAAAAAH! JÁ CHEGA, CALEM A BOCA E DESLIGUEM ESSES TROÇOS.

Método 10: Separe George e Martha do caduceu.

Algumas horas após o pequeno surto, Hermes estava na sua sala com alguns ajudantes e Chris para rearrumar todos os pedidos.

— Agora que já ajeitamos tudo, Chris, tem alguma novidade sobre o meu bebezinho? — Ele imitando a expressão do gato de botas, mas o semideus estava mexendo no celular e não respondeu. — ONDE TÁ MEU CADUCEU?

Rodriguez deu um pulo da cadeira e jogou o telefone para o alto, que caiu na testa do semideus.

— Irineu.

— Que?

— Você não sabe, nem eu.

Hermes fechou os olhos e massageou as têmporas. Pegou um frasco com comprimidos e virou quase todos na boca.

— Fala direito ou eu te transformo em purê de semideus.

— Eu já olhei em tudo. Fiz uma lista de todos os lugares daqui e fui riscando conforme olhava.

— Cadê essa lista? Quero ver se você deixou passar alguma coisa.

— Tava no meu celular, mas você quebrou ele — Chris choramingou.

— Pega um daqui da loja e faz backup.

— Mas aqueles atraem monstros. O meu tinha modificações — disse Cris, girando na cadeira.

Hermes revirou os olhos.

— Já olhou até na sala de brinquedos? E na de decoração de dias festivos? Em tudo mesmo? — perguntou.

— Tudo. — Hermes fez cara de que iria chorar a qualquer momento e colocou a mão no coração. — Menos na sua sala.

O deus fez uma careta, mudando totalmente de expressão. Agora sabemos de quem Cris e os Stoll puxaram na hora de enganar as pessoas.

Ele começou a abrir e olhar gavetas da sua escrivaninha.

— Não tá aqui, eu já olhei e tenho cer… MEU BEBÊ. — disse levantando o caduceu e sorrindo igual criança numa loja de brinquedos. Ele abraçou a arma. — Você tá bem, meu filhinho querido?

— Na verd-

Chris começou a falar, mas foi interrompido por Hermes.

— Eu tô falando com o Cadie, não com você.

Ele passou algum tempo alisando e fazendo carinho no caduceu, até parar subitamente e olhar para ele. Seu sorriso sumiu assim que viu que Martha e George não estavam nele.

[…]

— Vamos botar ordem nessa bagunça. — Hermes entrou na sala principal num estrondo e fez pose de super-herói. — Você desliga todos esses telefones. Você fecha esse lugar e manda todo mundo que tá na sala de atendimento embora. Você pega novas embalagens. Você fecha a loja para novas encomendas.

Enquanto falava, apontava para quem ele queria que fizesse e eles corriam para suas tarefas.

Cadê osssss nosssssosss ratosss? — sibilou George dentro do bolso de Chris.

Ele olhou para ver se alguém estava observando e puxou o bolso para poder ver as cobrinhas.

— Xiu, já vou dar.

— Chris — disse Hermes sem tirar os olhos da prancheta —, pega papel pardo no estoque.

O semideus assentiu e foi até o estoque. Ele procurou pelo papel, mas, ao achar, acabou decidindo fazer outra coisa. Chris pegou todo papel pardo que achou e colocou no triturador.

É aqui que ossss ratosss essstão? — perguntou George, saindo parcialmente do bolso.

— Não, assim que eu terminar aqui, vou dar os ratos. — Chris colocou ele de volta no bolso.

Ele pegou um dos rolos de papel branco e voltou para a sala principal.

— Eu só achei esse — falou entregando a Hermes. — Acho que alguém colocou os outros sem querer no triturador, tava cheio de pedaços lá.

O deus pôs a mão livre no sobre o coração.

— Algum filho de Cronos tá tentando me sabotar, eu tô sentindo isso.

Garoto, eu quero meusssss ratoss agora, vou contar até trêssss — sibilou George dentro do bolso.

Antes o mensageiro citava diversas teorias de conspiração sobre possíveis empresas concorrentes estarem querendo derrubar a Hermex e ocupar o seu lugar, mas ele parou.

Um.

— Eu conheço esse sibilar, mas não tô conseguindo saber de onde está vindo ou o que quer dizer.

Doissss.

O semideus não sabia o que fazer. Se falasse com George, seu pai saberia que ele estava com as cobras e que havia sido ele quem roubou o caduceu. Se não falasse, George poderia fazer alguma coisa e Hermes também saberia.

Trêssssss.

Assim que falou, George saiu do bolso de Chris e rastejou até seu dono, sendo seguido pela outra cobra. Rodriguez tentou impedir, mas tropeçou em Martha e caiu de cara no chão, bem aos pés do deus. As cobras se enrolando no caduceu que ele agarrava como se sua vida dependesse disso, por medo de perder outra vez.

— EU NÃO ACREDITO NISSO. COMO SE JÁ NÃO BASTASSE DESTRUIR MINHA SEÇÃO DE NATAL!

— Eu? Destruindo as coisas? Num to lembrando não. Que dia foi isso? Nunca nem vi.

O deus franziu as sobrancelhas:

— Ah não? Forma original.

O caduceu cresceu, saindo do tamanho de um notebook para cerca de um metro. As cobras enroladas neles voltaram ao tamanho normal.

Hermes sorriu para o filho de uma forma que o fez tremer.

— Agora ferrou.


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Notas finais do capítulo

E qm comentar q quer, vai ganhar uma prévia do proximo capítulo. E é o penultimo da fic, tururu :(

Eu vou reativar o grupo no fb das minhas histórias, quem quiser participar, é esse o link: https://www.facebook.com/groups/alliefics/

Referencias/memes/explicações e etc (algumas são obvias, mas gosto de explicar, caso tenham deixado passar ou n tenham pego):

+ Hermex: Criação minha. É tipo uma loja de Hermes que vende de tudo que tu pode imaginar. Achei que seria uma boa unir isso ao fato dele ser o mensageiro dos deuses. Ai a loja seria de coisas mortais para semideuses, deuses e qualquer um do mundo mitológico.

+ Anti-gravity lean: Passo de dança do Michael Jackson em que ele se inclina para frente.

+ “MAS O QUE É ISSO?”, “ É verdade esse bilete”, “ Irineu. — Que? — Você não sabe, nem eu.”, “Num to lembrando não. Que dia foi isso? Nunca nem vi”, “ Você tá louco, querido” : Memes

+ Hermès: Uma das marcas mais cara e valiosa do mundo

+ “se fingindo de Jon Snow, digo, de quem não sabia de nada”: YOU KNOT NOTHING, JÃO DAS NEVES. É de Game of Thrones

+ LeBron: LeBron James, jogador da NBA que atualmente está no Lakers.



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