CAPÍTULO X:

10 modos de fazer Ártemis te transformar em uma constelação.

Nota dos autores: Olá para as semideusas, tudo bem? Vocês são mais lindas que Afrodite. Só para avisar, o chalé 12 tá vazio (pisca). Tá, paramos, era brincadeira (ou não, fica a dica). Oi para os semideuses também, esses são mais feios que Ares. Hoje, os incríveis Mestres Da Zoeira, Travis e Connor, vão ensinar vocês a irritar aquela deusa chata que já tirou cada semideusa daqui do acampamento para fazer um juramento anti-homens e carregar elas por ai em missões piores do que as que o Percy se mete, aquela que tem uma queda pelo próprio irmão e que estamos torcendo para que nosso modo camuflado funcione porque não queremos que ela leia isso e não nos mate. Ártemis, a versão feminina dos Winchester. Não, pera, tipo errado de caçadores.

(Hey, porquê estávamos falando na terceira pessoa?)

Método 1: Cante “A lua me traiu” para ela.

— Todas prontas? — A deusa perguntou para o grupo de caçadoras.

Elas iriam para o acampamento, passar um mês inteiro para ajudar Quíron com as aulas de arco e flecha. E, bem, tirar uma folguinha e dormir em camas de verdade. Mas para Thalia essa seria uma ótima oportunidade pra colocar em prática a tão famosa lista dos irmãos Stoll.

Elas confirmaram com a cabeça, colocando as mochilas no ombro. Estavam prontas para partir.

— Como vamos chegar ao acampamento? Andando? — Thalia perguntou.

— Não, temos carona hoje.

Assim que ouviram, as caçadoras entenderam o significado da frase. Apolo iria levar elas no carro do sol. Algumas delas reclamaram.

— Por favor, sem reclamações. Eu vou com vocês também — falou a deusa, fazendo elas pararem.

Enquanto esperavam, a maioria das garotas conversavam baixo, as outras estavam sentadas, apenas esperando o tempo passar. Já Thalia, que estava sentada ao lado de Ártemis, pegou o iPod e colocou uma música que os Stolls mandaram para o item número 1. Era a versão em inglês de uma música brasileira com ritmo estranho.

— Naquela noite encantada, pedi pra lua dos amantes que iluminasse essa hora, pra esse amor eternizar — cantou.

A deusa olhou para Thalia com uma expressão estranha.

— Que raios é isso? — perguntou.

— Uma música que eu amo. Ah, tá chegando na melhor parte. — falou animada e continuou a cantar — A lua me traiu. Acreditei que era pra valer, a lua me traiu.

Ela repetiu a frase mais algumas vezes e parou de cantar, tirando os fones.

— Sabe, essa música me lembra de você. Esse seu rolo ai com Apolo. Aposto que vocês se pegavam as escondidas, mas ai você deve ter feito alguma coisa que afastou ele. Que feio.

Antes que a deusa pudesse começar a gritar, falando que nunca teve nada com o irmão e para ela parar com aquilo, ouviu um barulho alto. Ela olhou para ver o que era. Apolo tinha acabado de estacionar o carro do sol. De um jeito péssimo, como sempre.

Quando Ártemis voltar a olhar para o lugar onde Thalia estava, ela já tinha sumido.

Método 2: Fale mal da caçada, de ser uma caçadora e/ou dela.

— Irmãzinha! — Apolo gritou antes que ela pudesse procurar pela semideusa.

Ele sorriu, indo na direção dela com os braços abertos.

— Sai pra lá — falou, empurrando ele.

Apolo fez biquinho e cara triste, mas se afastou dela. Ele olhou para as caçadoras que o olhavam com expressões similares à de quem acabou de ver Hades de camisola, bobes no cabelo e pantufas de coelho fofinho. Ou seja, cara de quem não estava gostando nenhum pouco.

Antes que ele falasse alguma coisa, um vulto de cabelos pretos e roupas cinzas, correu em sua direção e agarrou sua cintura com vontade. Ártemis olhou para Thalia com uma expressão de poucos amigos misturada com confusão. De onde ela tinha saído?

Já Thalia queria sumir dali. A mente dela gritava mais “ecas” por ter abraçado o solzinho do que quando foi obrigada a limpar os estábulos do acampamento, depois que o Percy encheu o Blackjack de torrões de açúcar.

O deus mostrou a língua pra irmã e abraçou a semideusa.

— Viu? Minha outra irmãzinha aqui é mais legal que você.

A imortal revirou os olhos.

— Como tá sendo a vida como caçadora? — ele perguntou para a garota.

— Ah, tá meio tipo pombo sabe, não gosto muito. Ficar longe dos garotos não é legal. — cruzou os braços, reclamando. Totalmente fingimento. — Sem falar que a Artizinha é um saco né. Minha vida como semideusa tava meio chata, mas agora tá tipo Hera, sabe, uma bosta.

A deusa olhou para a Tenente de boca aberta. Não sabia como ela tinha coragem de falar tudo aquilo ao seu lado e ainda comparar ela a Hera? Opa, isso ai já era demais, Ártemis achava que nem seu pior inimigo deveria ser comparado a senhora suprema do leite. Ela queria chutar a parte traseira de Thalia tão forte que faria a garota virar um cometa.

Método 3: Fale que Orion preferiu continuar morto a ficar ela1.

Ártemis explicou pro irmão o motivo de pedir para ele encontrar com ela. E ele aceitou prontamente ajudar sua querida, amada e adorada irmãzinha bem inha; como ele mesmo disse.

As caçadoras entraram na van de Apolo, após ele transformar seu carro nela. A van só era realmente uma van por fora, por que por dentro, parecia mais um miniônibus. Apesar disso, elas se amontoaram nos últimos bancos, deixando os primeiros livres. E olhe que havia uma separação da cabine do motorista para os bancos de passageiros.

As duas últimas a entrarem, Thalia e a deusa, foram obrigadas a sentarem na frente, já que não havia sequer espaço para mais uma pena no fundo de tão apertado que estava.

Durante a viagem, quase ninguém falou. Apolo estava cansado e com preguiça, afinal, ainda eram sete da manhã de um dia de inverno, época que ele adorava acordar tarde. Já as caçadoras, bem, elas não falavam muito normalmente, ainda mais estando num lugar onde elas não queriam estar. A única que falava mesmo era a deusa. Que reclamava das curvas fechadas de Apolo e da mania dele seguir como se estivesse numa avenida movimentada, com direito a buzinas e abrir a janela pra soltar uns xingamentos. Pelos deuses, eles estavam a uns cem metros de altura, não havia ninguém nada além de nuvens e do carro do sol. E muito menos ruas.

— Por Zeus, Apolo, deixa de ser tão criança. — pediu pela milésima vez em menos de dois minutos.

— Ai, cala essa boca! — gritou para a deusa, que estava no banco na frente dela.

Ártemis se virou, como se estivesse em um filme de terror e fosse o assassino que acabou de encontrar a mocinha andando distraidamente.

— O que você disse?

— Que você tem que calar essa boca. Já está me irritando e irritando todos os outros aqui dentro. Deixa de ser ranzinza. Alias, deve ter sido por isso que Orion preferiu ficar do que com você. Chata desse jeito, nem aquele coiso te aguenta.

A risada alta e esquisita de Apolo encheu a van.

— Viu, Artie, eu te digo a mesma coisa há mais de três mil anos. Aprende garota.

Método 4: Fale que ela só virou uma das donzelas porque brigou com Afrodite e só se ferrava no amor.

O grupo de caçadoras tinha chegado, finalmente, ao acampamento. Após Ártemis abrir a porta da van e tentar empurrar Thalia pra fora, a vários metros de altura, enquanto as caçadoras observavam comendo pipoca e Apolo não sabia se ria, dirigia ou tentava salvar a semideusa da deusa.

De noite, as caçadoras e Ártemis estavam reunidas na mesa do chalé 8 para o jantar. Elas já tinham acabado de comer e agora conversavam sobre coisas aleatórias.

— O que fez vocês se juntarem a caçada? — perguntou uma menina que Thalia sabia que era uma semideusa também.

— Ah, eu me apaixonei por um garoto e ele partiu meu coração. Ele foi tão babaca que jurei nunca mais gostar de nenhum dele. — explicou uma. Péssimo motivo, pensou a filha de Zeus.

— Bom, já eu não tava a fim de ter nas minhas mãos uma profecia que definia o destino do Olimpo e do mundo. Sabe, nada demais.

Outras garotas contaram seus motivos e história sobre como chegaram até lá. Até que uma delas fez uma pergunta que fez Thalia sorrir por dentro.

— Ártemis, porque a senhora fez o juramento de ser virgem e não depender dos homens?

Thalia riu, o que fez todas as outras garotas olharem para ela.

— É sério que vocês não sabem ainda? — perguntou.

— Se quiser contar a elas, pode. — A deusa falou sorrindo. Coitada.

— Tá bom então. Quando a nossa querida deusa aqui ainda não tinha nem 100 anos de idade, ela já gostava de caçar. E preferia isso a ficar com Afrodite e algumas deusas menores atrás de mortais e imortais. O que, claro, não deixava a titia Afro nenhum pouco feliz e fazia ela ficar enchendo o saco da Ártemis. Bom, ela fazia mesma coisa com Hestia e Atena.

“Mas com Ártemis era pior, não sei o motivo. E por isso, Afrodite ficava muito tempo atrás dela, tentando convencê-la de sair por ai pra namorar e vocês sabem mais o que. Um dia, Ártemis se irritou com Afrodite feio e a deusa do amor jogou uma maldição dela. Dizia que ela iria se apaixonar somente por aqueles que nunca poderia ter.”

“A lua aqui se ferrou no amor algumas vezes, depois disso, antes de fazer o juramento. Já que não podia ter aqueles que queria, era melhor não ter nenhum logo.”

— Foi exatamente isso. — disse a deusa distraída. — Não, espera, o que?

— Viu meninas? Eu disse e ela confirmou. Parem de desconfiar.

Método 5: Troque o arco e as fechas preferidas delas pelo arco amaldiçoado (que você pode encontrar na Stoll Store com um preço digno dos deuses).

— Então crianças, primeiro vocês miram, depois puxam a corda desse jeito e solta. É simples. — disse a deusa, demonstrando com o próprio arco, exceto na parte de soltar a flecha.

Thalia, Phoebe e Naomi tentavam ajudar o grupo de dez filhos de Deméter que se enrolavam com a arma. Alguns estavam tão nervosos que transformaram as pontas das fechas em morangos azuis. Que o Percy não veja isso.

Eles tentaram seguir como ela falou, mas a única coisa que conseguiram foi acertar um filho de Hermes que corria por perto.

— Que tal a senhora atirar algumas vezes para mostrar como se faz? — perguntou Phoebe.

— Claro.

Ártemis posicionou a fecha e puxou, mirando numa árvore. A fecha fez um zigue-zague por entre as árvores, fazendo curvas sem tocar em nenhuma delas, antes de voltar e cair no chão, em frente ao pés da deusa.

— O que é isso? — perguntou, mas ninguém sabia responder. Quer dizer, uma pessoa sabia, mas não queria.

Ela pegou outra flecha e atirou. Dessa vez, a fecha foi para o alto e disparou fogos de artifício que formaram a frase “Apolo é o melhor”.

— O QUE HADES TÁ ACONTECENDO AQUI? — gritou.

Numa última tentativa, a deusa atirou mais uma flecha. Dessa vez, ela acertou uma árvore. Uma faixa se desenrolou da fecha, mostrando a frase “Thalia Grace manda beijos”.

— Ora, sua… — Ela procurou pela semideusa, mas não conseguiu achar. A garota já tinha sumido.

Método 6: Pergunte se Apolo é quente.

Numa das noites ali, algumas das caçadoras resolveram ter uma conversa bem estranha.

— Como será que é beijar um garoto? — Uma delas perguntou.

— Sei lá, mas deve ser estranho — respondeu a segunda.

— É, mas as vezes fico pensando como seria — A primeira voltou a falar.

— Gente — Thalia falou —, só pra avisar, Ártemis tá acordada.

As caçadoras calaram a boca e a deusa riu.

— É normal esse tipo de questionamento — ela falou — todas vocês já tiveram ou vão ter, até eu mesma tive… Mas, quando isso acontece, temos que lembrar tudo o que nos levou a fazer o juramento. Há um sempre um motivo por trás disso e garotos ou garotas, dependendo do que vocês gostavam, só atrapalham o nosso foco.

Thalia revirou os olhos. Ela tinha se juntado ao grupo porque não queria ser a semideusa da profecia por puro medo de morrer e, em partes, porque achava que Percy se sairia melhor que ela. Mas não contem a ele, ou ela vai cortar sua língua de noite.

Grande motivo, só que não.

A semideusa ouviu uma menina, que estava ali há apenas um mês, perguntar sobre o garoto que ela já gostou. Tava tudo ótimo para Thalia, tirando o fato de que o garoto era um gigante irritante e machista com manias psicopatas, o de que já tinha ouvido aquela história zilhões de vezes e de estava com sono.

Assim que a deusa terminou, algumas meninas fazerem perguntas idiotas. Nesse momento, uma luzinha acendeu na mente dela. Thalia debruçou no beliche e colocou o rosto pra fora da cama, olhando a deusa na cama de baixo.

— Mas então, já que estamos falando de garotos, me responde uma coisa. Apolo é quente? E nem fale que ele é o deus do sol, não sou o Percy.

As caçadoras saíram correndo de suas camas e aglomeraram em frente a cama de Ártemis, olhando pra ela como o Blackjack olhava para o Percy quando ele trazia torrões de açúcar. E a deusa ficou mais vermelha que as vacas sagradas do irmão.

— Mais do que você um dia já imaginou — falou, sorrindo ironicamente para a semideusa.

Método 7: Pergunte como foi passar a noite no templo de Apolo, se ela se fizer de desentendida, mostre a foto que tirou dos dois.

Ártemis precisou falar trezentas vezes, sem exagero, que ela e Apolo nunca haviam tido nada, para deixarem ela em paz. Mas é claro que só sob ameaças de terem seus traseiros chutados do acampamento até o mundo inferior.

O assunto entre elas mudou. Variando de qual o melhor meio de torturar semideuses, passando por qual a melhor forma de tirar uma espinha (O que? Adolescentes imortais também sofrem com isso), até chegar na última ida até o Olimpo.

Thalia ignorou os dois primeiros, já que sabia muito bem como torturar qualquer pessoa e não tinha espinhas. Mas quando chegou ao terceiro, sua atenção foi totalmente para conversa.

— Foi tudo bem estranho. — comentou uma delas.

— Sim, até agora to tentando entender o porquê Apolo chamou Ártemis e a gente pra procurar o shampoo preferido dele. E ele chamou de emergência, como isso pode ser uma emergência? — perguntou Naomi.

— Bom, porque meus cabelos precisam brilhar como um raio de sol e só esse shampoo deixa eles assim — Thalia imitou Apolo e as meninas riram.

— Esse dia foi bem louco.

— Sim. — respondeu a filha de Zeus e ela se apoiou na ponta do beliche para olhar para as outras — Vocês lembram que Apolo tinha sumido, quando achamos?

Elas concordaram.

— Descobri onde ele foi parar. Alias, Ártemis, aquela noite foi boa no templo de Apolo?

— O que? — A deusa perguntou.

Thalia sentou na cama e procurou na mochila a foto modificada pelos irmãos Stoll. Ela não conseguiu evitar fazer uma careta quando olhou para a imagem em que Apolo e Ártemis apareciam se beijando. A semideusa pensou que deveria dar os parabéns pela edição.

— Olha aqui. — Esticou o braço para fora da cama.

— O QUE HADES É ISSO? — Ártemis gritou e tentou puxar a foto, mas a semideusa foi mais rápida, puxando a imagem para perto de si.

— Ei, tira o titio dessa história — falou a filha Zeus — E isso aqui é a prova de que quando você passou aquela noite com o seu irmão. Nem vou falar que também te vi saindo de lá na noite anterior.

Ártemis levantou da cama num pulo e fuzilou Thalia com o olhar. O rosto da deusa estava completamente vermelho, mas a semideusa não sabia dizer se era de vergonha ou raiva. Se fosse apostar, seria na segunda opção.

— Me da isso aqui.

— Não.

Método 8: Faça Apolo invadir o chalé 8, com a desculpa de que ela quer vê-lo.

A deusa serrou os olhos e começou a subir a escadinha do beliche. Nesse momento, Thalia sentiu o coração bater tão rápido que parecia até que tinha uma bateria de escola de samba dentro dele. Ela tinha poucos segundo pra decidir o que fazer, mas só conseguia pensar no quanto não queria morrer.

Ela olhou ao redor, tentando procurar alguma saída e só encontrou as outras camas que, contando com a sua, eram três, colocadas paralelamente uma a outra. Uma ideia mais louca que se meter com uma deusa passou pela sua mente.

Ela pediu a Zeus para não morrer (nem de medo, nem se caísse e nem pela deusa) e pulou para a cama ao lado. Caiu sentada no beliche de Naomi, que tinha saído da cama, assim como as outras caçadoras, e agora observava a deusa e sua tenente. A semideusa agradeceu aos deuses por ter conseguido, mas isso durou pouco tempo. Ao olhar para trás, ela viu a deusa se preparando para pular também.

Mais uma vez, Thalia pulou para a cama ao lado, quase batendo de cara na parede. Prometeu a si mesma que, se conseguisse se livrar dessa, nunca mais subiria nem mesmo num banquinho.

— Para de fugir de mim — gritou Ártemis.

— Não tô afim.

Ao contrário da semideusa, Ártemis não tinha medo de altura e muito menos de pular entre uma cama e outra. Logo, ela já estava se preparando para pular outra vez. Thalia respirou fundo e procurou alguma saída.

A 30 centímetros do pé da cama, havia outro beliche, e, paralela a ela, outras duas, como a primeira fileira. A filha de Zeus deu alguns passos para trás, ao mesmo tempo em que Ártemis se jogava na cama em que ela estava. Thalia tentou pegar impulso e pulou, mas a deusa foi mais rápida, segurando uma das pernas da garota.

A semideusa caiu, ficando com o corpo apoiada nas duas camas, para desespero dela. Tentou se debater, mas não conseguiu fazer Ártemis soltar ela.

— O que Hades tá acontecendo aqui? — Uma voz masculina perguntou e Thalia nunca se sentiu tão feliz ao ouvir um cara falando.

Apolo estava de pé, ao lado das duas camas, com os braços cruzados e uma expressão parecida com a de um pai ao pegar os filhos fazendo besteira. Infelizmente, nele, parecia mais algo como se estivesse tentando não espirrar.

— To tentando mat… quer dizer, pegar ela. — Ártemis falou, fazendo Thalia ter calafrios e se debater, tentando se soltar.

O deus do sol abriu a boca pra falar alguma coisa, mas foi interrompido por um rangido da cama em que Ártemis, e as pernas da semideusa, estavam. O estrado da cama não aguentou tantos pulos e peso (Que tal fazer um regime, titia da lua?) e caiu sobre a cama de baixo, levando o colchão e a deusa junto.

Apolo estalou os dedos e ela sumiu antes terminar a queda, reaparecendo em seguida nos braços dele, gritando como criança medrosa andando de montanha-russa pela primeira vez. Ela agarrou o pescoço do irmão.

— EU NÃO QUERO MORRER, SOCORRO. HADES, NÃO ME LEVA HOJE, SOU MUITO NOVA! — gritou desesperada, antes de perceber onde estava.

— Você sabe que não pode morrer, né?

Ela gritou outra vez e empurrou Apolo para longe, ficando de pé. Por pouco ela não acabou de cara no chão.

— O que você está fazendo aqui?

— Uê, recebi o seu recado, pedindo para vir.

— Que recado?

Antes que eles começassem uma discussão, Thalia interrompeu.

— Ei, dois deuses lindos e legais, será que rola me tirar daqui?

Ela estava se segurando para não cair, enquanto ficava com as coxas apoiadas na barra dos pés da cama.

Apolo riu.

— Tá confortável ai em cima?

— Tão confortável quanto um dragão se afogando numa piscina — ironizou.

— Naomi — A deusa chamou a caçadora que estava junto com as outras num canto, assistindo a cena —, tira aquela criatura dali. E você — apontou para o irmão —, sai daqui antes que eu encha a sua bunda de fechas.

Método 9: Claro, não se esqueça do já conhecido método em que você manda fotos dos dois pra tudo quanto é mídia olimpiana.

Na madrugada daquele dia para o próximo, enquanto todas as caçadoras dormiam, a filha de Zeus, recolheu todas as câmeras que tinham sido instaladas pelos irmãos Stoll antes da chegada delas. Depois de terminar, saiu do chalé, tomando cuidado com as harpias da limpeza. Foi até os fundos da loja do acampamento e deu três batidas rápidas na porta. Connor abriu a porta, com olheiras mais fundas que copo que segurava.

— Entra ai, para-raios — ele disse, a fazendo revirar os olhos.

Ali, era o quartel-general do projeto deixar os deuses mais irritados do que na guerra contra Cronos. Certo, não era exatamente esse o nome, mas era assim que Thalia preferia chamar. O QG nada mais era do que o depósito da loja, com o acréscimo de um computador e alguns pacotes de salgadinhos abertos, jogados pelo chão.

Thalia jogou as câmeras no colo de Travis, que estava sentado em frente ao computador, com Lou Ellen ao seu lado.

— Ei, era pra você postar os vídeos.

— Olha aqui queridinho, eu brinquei de pique pega com uma deusa furiosa, maluca e psicótica em cima de beliches, fiquei com metade de corpo em uma e metade do outro, sendo que uma delas quebrou e eu quase cai de cara no chão, meu joelho tá doendo e Ártemis me obrigou a lavar o chão do banheiro com uma escova de dentes. — Ao final da frase, ela já estava praticamente gritando. — Então, acho bom você não me irritar.

Travis balançou a cabeça, concordando, com os olhos arregalados.

— Tá…

[…]

Na manhã seguinte, a deusa da lua daria algumas dicas de como acertar a mira com o arco e flecha para alguns campistas, a pedido de Quíron.

Enquanto andava até o lugar em que encontraria os campistas, ela passava por alguns semideuses que riam e fofocavam com os amigos. O mais estranho era que eles olhavam para ela enquanto faziam isso.

Ela passou por três garotos, filhos de Apolo, que riam enquanto olhavam alguma coisa num celular. A deusa estreitou os olhos e foi até eles, puxando o aparelho das mãos dos semideuses. Os três saíram correndo o mais rápido que conseguiram. Ela olhou para a tela, que mostrava o aplicativo Olimpogram aberto. Nele, havia um vídeo com o efeito bumerangue dela agarrando o pescoço de Apolo e gritando. Abaixo dele, tinha um dela empurrando o irmão e quase caindo no chão, com o mesmo efeito.

A deusa apertou o celular, quase deixando em pedacinhos, mas se lembrou de uma coisa. Voltou a ver o aplicativo, procurando nome de quem postou os vídeos e achou. O rosto dela ficou tão vermelho que quase saiu fumaça ao ver ThaliaaaGraceee como usuário.

— EU VOU ESTRANGULAR ESSA GAROTA! — gritou, o que fez alguns semideuses, que estavam por perto, pararem o que faziam e olhar pra ela.

— PERDERAM ALGUMA COISA AQUI? — perguntou. Eles voltaram ao que faziam, com medo da ira dela se voltar para eles.

Método 10: Use a bomba do amor da Lou e faça com que todos os campistas (principalmente os filhos de Apolo) se apaixonem por ela.

— Então, como eu faço isso funcionar? — Thalia perguntou, segurando a bola rosa, do tamanho de uma bola de tênis.

Ela, Lou e os Stoll, que dormiam jogados no chão com pacotes vazios de salgadinhos em volta, estavam no QG de planejamentos do projeto de nome enorme que todos já sabem qual é. Lou tentava explicar para a filha de Zeus como usar a bomba do amor, mas não estava tendo muito sucesso.

— Já disse. — Revirou os olhos e pegou a bolinha da mão de Thalia — Você abre assim. — Abriu, mostrando que um lado tinha um tipo de pasta em tons brilhantes de rosa e lilás, e o outro lado, vazio. — Coloca o fio de cabelo de quem você quer que as pessoas se apaixonem loucamente, fecha, e aperta o botãozinho. Só são afetados os semideuses, mortais e caçadoras que estiverem num raio de 5 km de onde foi ativada e dura dois dias. Mas fiz poções que imunizam contra a bomba e já dei a todos que estão participando. Essa é a sua.

Lou entregou a Thalia a bomba e um pequeno frasco com um líquido branco.

Ela saiu do depósito e voltou ao chalé. Lá, ela puxou um fio do cabelo de Ártemis e saiu novamente. Com cuidado para não ser pega pelas harpias da limpeza, a semideusas se posicionou no meio do acampamento. Ela bebeu o líquido e pegou a bolinha, onde colocou o fio de cabelo e fechou.

Thalia apertou o botão, fazendo a bomba disparar uma fumaça rosa, que se espalhou por todo o acampamento.

[…]

A deusa da lua dormia. Mesmo que não precisasse, ela preferia como um jeito de a deixar mais próxima de suas caçadoras. Como diria o Percy quando fica perdido no assunto (quase sempre), tá né. Estava tudo tranquilo, até ela perceber algumas vozes irritante e acordar por isso.

Ao lado da cama dela, algumas caçadoras se amontoavam e a olhavam, como se ela fosse um objeto raro em exibição num museu. Melhorando essa comparação, ela parecia uma garrafa do vinha mais antigo e as garotas, o sr. D.

Quando viram que tinha aberto os olhos, se afastaram um pouco, mas ainda não era o suficiente para deixar Ártemis confortável.

— Ela acordou. — Uma delas gritou e as outras começaram a cochichar.

— Aqui. — Naomi passou empurrando as outras caçadoras, com uma mesa para café da manhã na cama, cheia de coisas. — Fizemos para você não precisar levantar.

— Ahn… Obrigado.

— Ah — disse Phoebe —, aqui está suas roupas, toalha e produtos de higiene.

A garota pôs a pilha de roupa e uma nécessaire grande ao lado de Ártemis. Phoebe continuou parada, olhando para a deusa com um sorriso idiota, assim como as outras garotas ao redor dela. A deusa arregalou os olhos. Alguma coisa estava estranha.

— Deixa eu passar. — Ela falou, colocando a bandeja nas mãos de Phoebe e abrindo espaço entre as garotas.

Ártemis saiu do chalé quase correndo. Mas do lado de fora, a situação não estava melhor. Os três filhos de Apolo, que ela tinha pego o celular na semana anterior, estavam carregando uma faixa cada um, formando a frase “Artie, casa comigo?”. E isso nem era o pior, cerca de metade do acampamento estava em volta do chalé 8 com flores, caixas de morango e um bando de coisas estranhas. Eles gritavam palavras como linda, maravilhosa, amo você.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, nervosa.

— Nós estamos aqui por você — alguém gritou.

— Amamos você — outra pessoa falou.

— Pra sempre!

Ártemis não sabia o que fazer, se se jogava no chão e começava a chorar ou se saia correndo chamando a mãe dela. Antes de escolher, ela percebeu alguém no canto da multidão, rindo da situação.

— O que tá acontecendo aqui? — perguntou para Thalia, ao chegar perto dela. — Isso aqui tem dedo seu.

A semideusa ficou séria.

— Eu não sei do que você está falando. — Mas ao falar, não conseguiu segurar e riu.

Ártemis ficou vermelha como um tomate, pela sei-lá-qual-vez desde que chegou no acampamento.

— Eu vou MATAR você. — resmungou entre dentes.

Um semideus do fã-clube da tia das luas se aproximou delas.

— Minha diva maravilhosa, essa coisinha está te incomodando? Quer que a gente tire ela daqui?

A deusa sorriu maldosa e Thalia pensou “agora deu ruim de vez, guarda meu quartinho titio emo gótico trevoso”.

— Seria ótimo.

Depois disso, bem, digamos que ela precisou aguentar os roncos a beleza indescritível, de Connor e Travis no QG até o efeito da bomba passar. Vivendo a base de salgadinhos e ouvindo a maravilhosa sinfonia de semideuses furiosos querendo invadir o depósito da loja.