Broken Angel escrita por Phoenix


Capítulo 7
Free Angel




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Capítulo VII– Free Angel

– Castiel.. - o seu corpo desperta no exato momento em que o tom sarcástico faz-se presente.

– O próprio. - sussurra esboçando um sorriso cansado.

– Cass! - diz lançando-se sobre o seu pescoço, ouvindo este gemer como resposta. - Desculpe.

– Tudo bem.. - sussurra, sentindo o peso sobre si diminuir.

– Eu.. - suspira. - Não acredito que acordou.

– E eu que está aqui, pensei que..

– Eu sei.

– Heh.. Você não me deixou..

– Acredito que estamos quites agora. - murmura acariciando de leve as madeixas ruivas. - Eu fiquei com tanto medo. Tudo acabou agora.. certo?

– Me diga você. Lembra-se? O ser inconsciente sobre a maca era eu.

– Idiota.. Não torne disto um costume.

– O que? Levar um tiro?! Colocarei na minha lista de prioridades.

– Não passa de um imbecil..

– Eu sei, e é por isso que me ama.

– Sei disso.. - sussurra com a voz embargada, desviando os olhos da face do ruivo.

– Hey.. - chama, tocando suavemente a mão do loiro - Vai dar tudo certo, não sei você, mas depois de tudo o que passamos, poderíamos pular e ir direto para o “e viveram felizes para sempre”.

– Isso não é um conto de fadas. - pontua, sentindo os olhos começarem a lacrimejar.

– Não precisa ser, se eu estiver com você, será o suficiente. - conclui sorrindo de canto.

– Você realmente não passa de um idiota..

A voz então se torna falha e as lágrimas vêm, discretas; silenciosas. Ainda sorrindo, o ruivo passa a acariciar a mão abaixo da sua cansadamente; ainda restavam dúvidas e inúmeros “por ques” e “comos”, entretanto, as perguntas podiam esperar; tudo estava bem daquela forma, ao menos, por enquanto.

– Sou o seu idiota..

O pranto do loiro se intensifica, ao mesmo tempo em que as têmporas do ruivo tornavam-se mais pesadas, com um último olhar para a face do loiro, deixa de lutar, entregando-se aos braços de Morpheu.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Duas Semanas Depois..

– Tchau, melhoras! Espero vê-lo em breve! - exclama a enfermeira acenando para si.

– Que coisa para se dizer em um hospital.. - murmura o ruivo sorrindo de canto.

– Não seja tão cruel, ela cuidou de você durante todo esse tempo.

– É a obrigação dela.. Ok, parei! - diz erguendo os braços em rendição, perante o olhar do loiro.

– Hn..

– E então, quando partimos?

– Hn?

– Sua mãe? “Clínica do mal secreta”, isso te diz alguma coisa? - questiona de forma debochada.

Vendo que o loiro permanece em silêncio, continua.

– Eu sei que não para de pensar sobre isso desde que descobriu a localização dela e que só não está lá ainda por minha causa. - diz vendo o loiro desviar os olhos.

– Não teve nada a ver com você, tem a ver comigo. Tem a ver com não saber o que ela passou naquela maldita clínica psiquiátrica e eu.. - suspira - ser a cópia quase exata do meu pai naquela época..

Perante as palavras do loiro, o ruivo se cala. Desde que descobrira que sua mãe estivera trancafiada num manicômio, o loiro muitas vezes se calava, se distraia e estressava-se com muita facilidade; e mesmo sabendo que ele estava ao seu lado, preferia guardar toda a dor para si, exatamente como fizera durante todos aqueles anos.

– Te-tem haver com.. - suspira - Me desculpe..

– Tudo bem. Você pode até tentar, mas não vai conseguir fugir disso; ela é a sua mãe, e não importa como ou quanto pareça com o seu pai, eu sei que o que ela mais desejou durante todos esses anos foi poder te ver mais uma vez, então eu sugiro que pare de agir como um maricas, pegue um táxi, faça as suas malas e vá atrás da sua mãe!

– Cass.. - sussurra arregalando os olhos, para em seguida balançar a cabeça para os lados e sorrir. - Obrigado..

– Por que continua parado?! Vamos!! - exclama empurrando o loiro de leve.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

– Senhores passageiros..

– Ainda não acredito que conseguimos um voo para essa noite! - sussurra para o ruivo.

– É o destino conspirando a favor dos que tem grana.. ai! - reclama olhando feio para o loiro.

– O que? - encara-o confuso.

O ruivo então volta os olhos para as suas costas, encontrando no banco atrás do seu, um garotinho de aproximadamente doze anos a encará-lo de forma debochada.

– Perdeu alguma coisa, cabeça de tomate?

– Nenhuma, seu projeto de..

– Desculpe o incomodo! - diz o loiro tampando a boca do ruivo com ambas as mãos.

– Sem problemas. - murmura o homem ao lado garoto sem desviar os olhos de seu tablet.

Ambos voltam a se sentar em suas poltronas.

– O que? - questiona o ruivo ao ver que o loiro o olhava feio.

– Sério mesmo?!

– Você viu, foi ele quem começou!

Perante a resposta, o loiro apenas gira os olhos, voltando a aconchegar-se contra a poltrona; minutos após, sentindo uma sequência de chutes contra as suas costas; olhando de canto de olho para o lado, vê o ruivo sorrir maldosamente para si.

– Nenhuma palavra. - pontua lentamente, cerrando os dentes com força ao ouvir o ruivo rir.

Horas depois, ainda sentia os chutes em sua poltrona, agora mais fracos e espaçados, entretanto, ainda tão irritantes quanto os iniciais; ao seu lado, o ruivo ressonava tranquilamente fazendo uma mistura de contemplação e ódio surgir em seu interior. Ao ver a comissária passar pelo que seria a décima vez ao seu lado, pede uma lata de refrigerante, ao que é atendido com um largo sorriso; agradecendo com um aceno de cabeça, vê esta arrastar o carrinho para longe, olhando discretamente ao seu redor e constatando que os demais passageiros ou dormiam ou se entretinham em seus próprios interesses.

Respira uma. Duas. Três vezes.

E então sente mais um chute. Okay, ser paciente realmente não estava ajudando.

Com um sorriso travesso, abre a própria lata de refrigerante, conferindo ambos os lados, antes de começar a derramar a bebida no chão, em seguida, apoiando os joelhos na própria poltrona e despejando a bebida sobre as calças do menino e novamente no chão, depositando a lata agora vazia sobre o colo do ruivo, antes de gritar:

– Ó meu Deus, isso é xixi?!

E a confusão estava feita, dentro de poucos segundos todos os passageiros encaravam o menino, que sem reação, fitava o de orbes douradas boquiaberto.

– Gabriel, eu não acredito que você fez isso! - exclama o loiro irritado, erguendo-se da poltrona.

– Ma-ma-mas Luci, e-eu não fiz nada, foi.. - grita indignado, sendo cortado pelo mais velho.

– Quieto! Eu não quero ouvir mais uma palavra; Miguel ficará sabendo disso! - sibila puxando-o pelo braço, erguendo-o da poltrona. - Venha, vamos tentar dar um jeito nessa bagunça, seu bebê mijão! Eu quero ver como ficará a sua cara quando eu contar para a sua babá essa última gracinha!

– Não! - implora – Por favor, não conta nada pro Sammy, tudo menos isso!

– Deveria ter pensado nisso antes pirralho, anda logo! - grunhi, puxando-o consigo.

Gabriel fuzila o de orbes douradas com os olhos, sibilando um “Vai ter volta” antes de se deixar ser arrastado pelo irmão. Voltando a se acomodar sob a poltrona, ri consigo mesmo, só então notando o olhar sobre si.

– Ah, olá Castiel. - murmura sem desmanchar o sorriso.

O ruivo apenas encara-o de forma debochada e sorri sacana ao balançar a lata de refrigerante entre os dedos, ao que o loiro enrubesce.

– O que?! Você também gostaria de ter feito isso! - retruca desviando os olhos e coçando a nuca constrangido, ouvindo o ruivo rir sonoramente.

– Sinto lhe informar, meu caro não tão santo representante.. – murmura entre o riso. - mas definitivamente, você não vai pro céu!

O loiro sente seu rosto queimar ainda mais com o comentário, recusando-se a encarar o ruivo durante o restante da viagem, que por incrível que pareça, foi tranquila e sem mais aborrecimentos. Após pousarem, rapidamente localizam sua bagagem, já discutindo sobre que hotel ficariam, até que uma série de latidos furiosos e uma mão sobre o ombro do loiro faz este repensar sobre a sua sorte.

– Poderiam me acompanhar, por favor? - questiona o guarda bem mais alto que si encarando-o com seriedade, enquanto com a mão direita segurava firmemente o cachorro negro.

– Sim senhor.. - murmura já imaginando o responsável por aquilo.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

– Os senhores por acaso odeiam os Estados Unidos?! - questiona o loiro batendo enfurecidamente as mãos contra a mesa de metal a sua frente.

Após o ocorrido, ambos tiveram suas malas revistadas; e qual não foi a sua surpresa ao receberem a notícia de que cinco quilos de cocaína haviam sido encontrados em sua bagagem, sendo levados as pressas para a sala de interrogatório.

– I-isso é um erro, se você puder nos deixar explicar.. - começa o loiro, sendo interrompido pelo mais velho.

– Por acaso esta zombando da minha autoridade?! É senhor, seu moleque!

– Pe-perdão, senhor! - corrige-se rapidamente.

– Senhor agente oficial Winchester. Dean Winchester. - concluí sorrindo de canto, para em seguida encará-lo com ferocidade – Os dois idiotas sabem no que acabaram de se meter?

– Aquilo não é nosso, pelo amor de Buda, armaram pra nós! - exclama o ruivo com irritação.

– Foi um engano! - completa o loiro.

– Oh! Foi um engano?! Eu sinto muito! - exclama com deboche - Por favor, me perdoem, eu tenho certeza que o faro do cão oficial da polícia treinado especificamente para isso se enganou; assim como o policial que revistou as bagagens em questão, que coincidentemente fui eu, devo estar ficando velho, não é mesmo?

O policial então ri consigo mesmo, para em seguida erguer-se e bater mais uma vez na mesa com selvageria.

– Vocês acham que sou idiota?! Que são os primeiros bons samaritanos que me aparecem?! - questiona irritado.

– De forma alguma! - afirma o loiro, sentindo suas mãos ficarem úmidas de repente.

– “De forma alguma” o que?! - grita, vendo ambos se encolherem.

– Senhor oficial policial..

– Senhor agente oficial! - corrige.

– Senhor agente oficial Winchester!

– Vocês sabem o que eu vou fazer com os dois? - questiona de forma sombria.

Ambos engolem em seco, não conseguindo proferir nada.

– Sabem o que acontece com os caras que vão para a prisão? - questiona com seriedade. - Por acaso, já viram algum filme sobre a cadeia, garotos?

– Sim senhor agente oficial Winchester! - exclamam em unissom.

– É pior. - murmura sorrindo maldosamente.

– Nós não fizemos nada, foi aquele maldito moleque! - diz o loiro, começando a chorar – Ele armou pra nós dois..

– Na prisão os chorões são os “iniciados” primeiro; os detentos acham os emotivos uma graça, sendo bonito então, sinceramente, eu não gostaria de estar no seu lugar. - conclui sorrindo de canto, enquanto o loiro passava a chorar copiosamente.

– Isso é abuso de poder! - intervêm o ruivo enfurecendo-se.

– Você acha que é alguém ruivinho?! Que tem direitos? Na prisão, você é apenas carne, eles acabam com a sua marra rapidinho!

O ruivo nada responde, apenas abaixando os olhos para suas mãos trêmulas. Suspirando entediadamente, o oficial relaxa sob a cadeira, esboçando um breve sorriso, antes de começar com seriedade.

– Eu não deveria fazer isso, mas fazer o que? Tenho coração mole, mal de família.. - sorri - Posso liberar vocês..

Os olhos dos dois voltam-se rapidamente para o oficial em expectativa.

– Mas não será de graça. - conclui piscando de forma marota para ambos.

– E-eu tenho dinheiro! - afirma o loiro.

– Quem falou em dinheiro? - questiona o loiro sorrindo largamente.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Senhoras e senhores..” ouve-se dos alto-falantes “O aeroporto Hunters tem o orgulho de apresentar, nossas belas e talentosas odaliscas; uma salva de palmas, por favor!”

E então, eis que surge em meio a estes, dois jovens extremamente constrangidos, diga-se de passagem, com nada mais, nada menos do que um soutien e uma saia longa; o loiro mantinha as madeixas jogadas para trás por um lenço azulado, tendo as vestes da mesma cor, ao contrário do ruivo cujas mesmas eram negras. Ao soar das primeiras batidas da música árabe ambos se posicionam, o ruivo encarando o loiro com desespero, vendo este lhe devolver o olhar; sem saber ao certo o que fazer, passam a remexer a cintura e os braços desordenadamente arrancando risadas e flashes de todos ao seu redor.

Ao fim da música, uma salva de palmas em especial lhes chama a atenção, os fazendo sobressaltarem-se irados para este, congelando ao ver o “Senhor Agente Oficial Winchester” surgir ao lado do menino, afagando suas madeixas enquanto ambos caminhavam na direção dos dois.

– Belo show rapazes, - começa, parando em frente a ambos - e perfeita atuação Dean, digna de um Winchester.

Com um gesto de cabeça por parte do menino, o policial lança as bagagens que são agarradas com dificuldade pelos dois jovens.

– Vocês realmente conseguiram me irritar, - sorri - espero que os dois idiotas se recordem deste lindo momento na próxima vez que sequer pensarem em mexer com um profissional; não me chamam de trickster atoa.

Por um momento, o menino aparenta que lhes daria as costas, mas então volta-se mais uma vez para ambos, ofertando-lhes um de seus melhores sorrisos.

– Aproposito, isso vai direto para o Youtube, vocês dois são bem fotogênicos. Adios, bitches.

Agora sim os loiros vão embora, deixando os dois jovens boquiabertos encarando o espaço vazio que antes ocuparam durante vários minutos; quando conseguem se recuperar do choque, encaram-se; o loiro então entreabre os lábios, recebendo um gesto negativo por parte do ruivo, que em seguida profere:

– Isso nunca aconteceu.

Concordando internamente, passa a revirar seu celular, rapidamente encontrando o aplicativo uber e solicitando carona. Ao chegarem no hotel, o loiro pede um quarto e ambos são direcionados para o mesmo; após dar alguns dólares para o rapaz que trouxera suas malas vendo este ir embora, volta-se para a porta, surpreendendo-se ao abrir esta.

– Sério, Nathaniel? Sem um jantar ou vinho antes? Pensei que significasse mais pra você. - murmura o ruivo com deboche.

– E-eu acho que a recepcionista entendeu errado. - pontua constrangido, sentindo seu rosto queimar ao mesmo tempo que desviava os olhos para o chão.

– Ou talvez tenha entendido bem até demais.. - diz encarando-o intensamente por alguns segundos, completando em seguida. - Não sei você, mas eu estou exausto; vou tomar um banho, se quiser me acompanhar..

Deixando a frase pairar no ar, caminha até o que supôs ser o banheiro, entrando e encostando a porta do mesmo; ao ouvir o som da porta se fechando, o loiro volta os olhos para a mesma, deixando um suspiro sair por seus lábios, entra no quarto, fechando a porta atrás de si e deslizando pela mesma. Em tão pouco tempo haviam acontecido tantas coisas; em pensar que há algumas semanas atrás o ruivo não o suportava..

Mais um suspiro deixa seus lábios; durante todo aquele tempo evitara pensar em tudo o que havia ocorrido, na mudança em sua relação com o ruivo, na morte de Ambre, o desaparecimento de seu pai; na sua mãe..

Céus.. não queria pensar em sua mãe, caso o contrário, enlouqueceria!

Eram tantas questões que a sua cabeça doía na vã tentativa de chegar a uma conclusão; tantos e se.. E se sua mãe se recusasse a vê-lo? E se o culpasse? E se.. o ruivo percebesse que na verdade nunca deixou de odiá-lo..

Sentindo o ar faltar em seus pulmões momentaneamente, balança a cabeça como que para afastar a ideia, mas o gesto se mostra inútil.

Alguns dias era pouco tempo demais para se mudar de opinião sobre alguém, quem dirá eliminar anos e anos de ódio; será que aquela trégua entre os dois se findaria?

– Nath?

Ao ouvir o chamado, volta os olhos para a figura do ruivo desnudo com apenas uma toalha enrolada na cintura, erguendo um pouco mais a face, depara-se com as orbes acinzentadas a encará-lo preocupadamente.

– Está tudo bem? - questiona hesitante.

O loiro continua a fitá-lo por alguns segundos, mas então volta seus olhos para baixo, acenando negativamente com a cabeça; com a resposta, o ruivo abaixa-se até estar na mesma altura que o loiro, não se demorando ao puxá-lo contra o peito, sentindo este ofegar contra o seu pescoço, absorvendo o aroma do sabonete impregnado em si. Ambos permanecem nessa posição durante vários minutos, até que o ruivo ouve um suspiro por parte do loiro; voltando os olhos para o menor, constata o óbvio, este adormecera.

Suavemente afasta-o de si, para em seguida segurá-lo em seus braços, depositando-o sob a cama. Por alguns minutos observa-o, até que um suspiro pesaroso deixa os seus lábios, ao mesmo tempo que a pergunta que lhe rondava a mente a tempos vocalizava-se.

– E agora?..

Porque apesar de desconhecer os questionamentos do loiro, carregava-os dentro de si.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

– Eu.. não sei se quero entrar. - sussurra o loiro abaixando os olhos.

– Hey, eu estou aqui com você! - afirma o ruivo, apertando de leve seu braço esquerdo.

No dia seguinte, logo que acordaram os rapazes se direcionaram ao endereço deixado pelo pai de Nathaniel, que ficava a não mais de vinte minutos do local onde se instalaram propositalmente; ao descer do carro, o loiro lembra-se de agradecer mentalmente pelo lugar parecer até agradável, com um jardim bem cuidado ao seu redor.

Após dizer quem era e o que desejava, o loiro se vê sendo arrastado as pressas por uma enfermeira, que deixa claro o quanto ouvira falar dele nos últimos anos, até confundindo-o um pouco, apesar de ser fluente em inglês; sem aviso, ambos param em frente a uma porta branca. “A” porta branca.

– Você não imagina o quanto ela sentiu sua falta durante esses anos.. - diz a enfermeira pousando a mão sobre o ombro do loiro. - Posso não conhecer tão bem a história dos dois, mas uma coisa posso te garantir, essa mulher não parou de pensar um segundo sequer em você.

Sentindo os olhos lacrimejarem com a nova informação, o loiro acena afirmativamente, ao que a enfermeira corresponde sorrindo e destrancando a porta. Pareceram horas o tempo que levara até a madeira da porta dar lugar a uma passagem, mas nada comparado aos vários anos sem fazer ideia onde sua progenitora se encontrava. Trancando a respiração sem perceber e sentindo o coração quase saltar por sua garganta, avista sobre a cama, um amontoado de lençóis brancos a encobrirem pernas que repousavam sobre o colchão, mantendo o tronco encostado relaxadamente sob a cabeceira de madeira clara, enquanto folheava um livro. Vendo que possuía companhia, afasta as compridas madeixas escuras de seu campo de visão, desviando suas orbes douradas para a porta com o cenho franzido, surpreendendo-se ao além da enfermeira, deparar-se com dois jovens.

Vendo que o loiro não estava em condições para mais nada, o ruivo toma a frente, segurando sua mão e passando a caminhar lentamente em direção ao leito da morena; este o segue mecanicamente, sentindo suas pernas tremerem durante todo o trajeto, nervoso demais para encará-la. O ruivo então freia seus passos, o fazendo engolir em seco, ao mesmo tempo que uma lágrima solitária deslizava por seu queixo, ao ouvi-lo se pronunciar:

– Senhora.. eu sei que não me conhece, mas eu gostaria de lhe apresentar uma pessoa que esperou tempo demais para vê-la.

Empurrando de leve o loiro para frente antes de se afastar, o ruivo assiste emocionado este erguer os olhos lentamente, não conseguindo sufocar um soluço ao se deparar com os olhos da mais velha sobre si. Por alguns segundos a mulher encara-o com o cenho franzido, mas então a compreensão vai pouco a pouco se propagando por seu rosto e seu corpo vai se tornando trêmulo.

– Nathaniel?.. - sussurra em um fio de voz.

– Mamãe.. - a voz do loiro deixa sua garganta de forma estrangulada, antes deste encerrar o espaço entre si e a cama.

– Nathaniel! - exclama com firmeza, aceitando em seus braços aquele que tão arduamente aguardara poder chamar de filho novamente.

Nenhuma palavra é proferida enquanto ambos, mãe e filho, sufocavam-se naquela junção de corpos tão esperada por ambos; cheia de mãos que tateavam com desespero e dois corações que tão pacientemente aguardaram para poderem pulsarem lado a lado; suspiros e ofego preenchiam o quarto, enquanto as lágrimas se despejavam e molhavam tanto face quanto ombros, roupas e pescoços, mas nada disso realmente importava, nada além daquele calor que agora incendiava-os tanto externa quanto internamente.

– Mãe..

Os outros dois momentaneamente esquecidos no quarto também choravam, cada qual perdido em seu mundo, não desviando nem por um segundo os olhos daquela cena tão absolutamente perfeita que se formava a apenas alguns metros de distancia.

– Eu te amo!

– Eu também te amo meu filho.. eu também te amo..



Após horas entre lágrimas, beijos e risos, ambos conseguem conter o choro, entrando em uma conversa leve, cada qual completando lentamente o quebra-cabeça no qual a realidade do outro se transformara; nisso o loiro tomara a precaução de omitir alguns detalhes, como os maus-tratos aos quais fora submetido pela irmã, mas naquele momento tudo era apenas um detalhe, assim como a dor e as cicatrizes; nada importava, apenas aquele belo sorriso com covinhas que era direcionado a si.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Durante a tarde, quase ao anoitecer, os três se despedem com um breve até logo; os jovens então são encaminhados à direção da clínica, descobrindo que semanas atrás o pai do loiro ligara para a mesma; ainda levariam alguns dias até que a morena pudesse deixar o local, mas só de saberem que seria possível levá-la consigo já valera a viagem dos dois até ali.

Felizes demais para sequer pensarem em se conter, os dois decidem passear por uma das cidades mais conhecidas do mundo, Nova York, acabando por divertirem-se bastante, retornando poucas horas depois para o hotel, extremamente satisfeitos consigo mesmo.

– Você viu como ela era bonita? E enorme! - exclama o loiro eufórico jogando-se na cama.

– Demais. - recorda-se da estátua da liberdade.

– Eu sei! - afirma o loiro, não conseguindo conter uma gargalhada em seguida.

– Bem, eu vou pro banho, por que não pede alguma coisa para comermos enquanto isso? - sugere o ruivo já se encaminhando para o banheiro.

– Tudo bem! - murmura já pegando o telefone.

Sem pensar muito já vocalizava o pedido; vinho branco, espaguete, morangos e chocolate amargo, muito, muito chocolate!

Rindo consigo mesmo, suspira, passando a fitar o teto serenamente, na tentativa de acalmar o turbilhão em seu interior; entre um sorriso e outro, seus pensamentos se voltam para o ruivo, só então notando o barulho do chuveiro ligado, fazendo-o morder o lábio inferior de leve. Jamais esqueceria tudo o que o ruivo fizera por si.

Esse pensamento faz seu coração acelerar, ao mesmo tempo que ouvia o chuveiro ser desligado; talvez devesse deixar de se questionar tanto e simplesmente se permitir guiar para o que verdadeiramente queria, talvez..

Batidas na porta interrompem sua linha de raciocínio, fazendo-o se erguer antes do que gostaria e caminhar preguiçosamente até a porta, agradecendo ao receber sua refeição, para em seguida, depositar uma a uma as bandejas sobre a mesa a poucos metros da cama, por fim despedindo-se do rapaz com um aceno de cabeça e fechando a porta.

Sentindo o estômago reclamar, toma um dos pratos para si, não esperando o ruivo ao atacá-lo com fervor, bebendo um pouco mais de vinho do que supunha suportar, sentindo as faces queimarem de leve. Ao termino, constata que o ruivo já deixara o banheiro, adentrando o mesmo e tomando uma demorada ducha; ao deixar este, com as madeixas ligeiramente mais úmidas e apenas uma toalha a cobrir-lhe as intimidades, depara-se com o ruivo jogado sobre a cama também de toalha, a devorar os morangos e beber o vinho direto do gargalo.

Por algum motivo a cena lhe chama a atenção, tomando um ar erótico ao observar uma trilha de vinho escapar pelos lábios do ruivo e deslizar por seu queixo; instintivamente lambe os próprios lábios, e sem saber ao certo se pelo vinho ou pela euforia, adiantasse para ele, não contendo seus passos até estar a apenas alguns centímetros da cama.

Depositando a garrafa já vazia no chão, o ruivo puxa o loiro para si, tomando seus lábios com volúpia, sorrindo ao senti-lo segurá-lo pelos cabelos, aprofundando o beijo e girando o corpo até estar sobre o menor; sentindo o ar tornar-se escasso, afasta-se do loiro, puxando o ar para si algumas vezes, antes de por fim perguntar:

– Você tem certeza?

Como resposta, o loiro volta a puxá-lo contra o seu corpo, tateando suas costas com os dedos e trazendo-o para si com as pernas; a hesitação então abandona o ruivo, que não pensa duas vezes, ao desviar os lábios dos do loiro, e passar a descê-los por seu pescoço, sendo retribuído por ofegos e suspiros de precipitação.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

– Bom dia, dorminhoco. - sussurra contra o ouvido do loiro sob os seus braços, mordiscando levemente a orelha do mesmo.

– Dia.. - murmura sonolento.

Levemente desnorteado, o loiro leva uma de suas mãos aos olhos, esfregando-os, antes de os voltar para cima, deparando-se com os do ruivo; por alguns segundos mantêm o olhar deste, mas então suas orbes se arregalam, ao mesmo tempo que flashes da noite anterior inundam sua mente.

– Oh meu Deus! - ofega sentindo sua face queimar, a abaixando na vã tentativa de esconder-se do ruivo.

– Nem me fale. - murmura sorrindo de orelha a orelha, acariciando de leve as madeixas do menor. - Oh. Meu. Deus.. Representante, quem diria não?

Rindo ainda mais ao sentir o outro estremecer, beija seus cabelos, passando a tatear com ambas as mãos pelo corpo que horas atrás fora seu, pausando-se sob suas nádegas.

– Não se atreva.. - sussurra o loiro, sentindo sua face queimar ainda mais quando o outro as aperta de leve.

– Pode ficar tranquilo meu anjo, não tem mais nada nesse corpinho lindo que me surpreenda. - sussurra contra a orelha do loiro, sentindo-o estremecer ao completar. - Gostoso..

Se antes já se encontrava corado, agora o loiro não fazia questão alguma de descobrir em que tom de escarlate se encontrava.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

– Querido, posso te perguntar uma coisa? - questiona a morena afagando de leve a mão do menor.

– Claro, quantas quiser! - conclui sorrindo docemente para esta.

– Aquele rapaz que o acompanhou naquele dia, ele era.. bem.. “ele”? - pergunta o mais delicadamente possível.

Diante da pergunta o loiro suspira, desviando momentaneamente os olhos para as mãos entrelaçadas sobre o seu colo; até aquela manhã em nenhum momento a mais velha havia perguntado sobre o ruivo que o acompanhara em sua primeira visita. Pensar no maior após dormirem juntos há alguns dias lhe trazia um certo desconforto no baixo-ventre, mas não era exatamente isso que o incomodava; sabia o que a mais velha queria dizer com "ele".

– Sim, aquele era o Castiel.. - murmura em um fio de voz.

– Você não quer conversar sobre isso, estou certa?

– Não é bem isso, é só que.. a pouco tempo atrás não podíamos nos considerar nem colegas e agora.. parece que finalmente estamos nos entendendo.

– Fico feliz por isso meu filho, se há uma coisa que não vale a pena é nutrir sentimentos negativos por outra pessoa; e eu sei que - sua voz falha - em algum lugar lá em cima, Ambré esta grata por ter alguém cuidando dele.

Perante o comentário, o loiro cala-se; sua mãe não fazia ideia do que passara nas mãos da irmã durante os últimos anos, mas não importava por que ângulo visse, simplesmente não achava certo desmanchar as ilusões da mais velha sobre a menina. Ambré jamais seria grata por tomar Castiel para si, mas com certeza o era por não tirar isso da mais velha.

Sorrindo, a toma com cuidado nos braços, deixando que esta derramasse o seu pranto sofrido sob os seus ombros.

– Eu sei disso mamãe.. sei disso.. - sussurra afagando suavemente suas madeixas.

A mulher apenas pode apertá-lo em seus braços com força.





– É Adélaide.. certo? - questiona o ruivo lhe dando o seu melhor sorriso.

– Oh céus! Não, não, de forma alguma! - sorri - Adélaide é a desvairada da minha irmã, me chamo Isabelle, mas pode me chamar de Belle.

– Desculpe, Belle.. realmente combina; mas não diga nada ao Nathaniel, ele pode ficar com ciúmes. - confidencia, olhando descaradamente para o loiro.

– Pode deixar, ele nunca saberá. - retruca sorrindo largamente.

Em sua última visita, enquanto o loiro aproveitava a companhia da mãe, o ruivo tomara o cuidado de providenciar todos os papeis necessários para que ela pudesse voltar tranquilamente para a França; apenas três dias após esta pode ser liberada e agora todos se dirigiam satisfeitos as suas poltronas.

– Ai! - reclama o loiro, voltando os olhos irritadamente para o ruivo ao seu lado.

– O que? - questiona confuso.

Implorando mentalmente que sua intuição estivesse equivocada, ergue-se ligeiramente da poltrona, engolindo em seco ao deparar-se com um par de olhos cor de mel.

– Namastê, bitch! - murmura erguendo brevemente ambas as sobrancelhas, vendo o loiro voltar a se esconder atrás da poltrona.

Aquela seria uma longa.. longa viagem.

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Notas finais do capítulo

Lil: Eae pessoinhaaaas? Tinham desistido que eu sei, mas aqui estou eu, postando o penúltimo capitulo de Broken Angel! *apanha*
Quem me contactou por MP sabe que sumi por causa do trabalho, entre tantas outras coisas, e me desculpem de verdade, como disse para essas pessoas, nunca foi minha intenção largar a fic, e para garantir isso, já escrevi o ultimo capitulo, então assim que puder estarei liberando pra vocês =D
Não esqueçam de comentar, aah, e pra quem tiver interesse, criei um canal no youtube, pra acessar, basta acessar o link -->> https://www.youtube.com/channel/UCGoXWkK7zVFgr7TC7cpb5kw

Kisses ;)



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