Attack on Zombie escrita por Nobody


Capítulo 7
Capítulo 7 - Recomeçando a sorrir




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/455809/chapter/7

Quando estávamos entrando na estrada o dia começava a desaparecer. Max não tirava os olhos da estrada e eu dele, estava preocupada. Talvez se eu não tivesse sido tão imprudente, Steven ainda estaria vivo, mas agora tinha uma garotinha ao meu lado olhando para mim com seus grandes olhos azuis. Eu havia estado tão preocupada com Max que me esquecera de interagir com a pequena.

– Você está bem?

A garota estava sentada de lado no banco, virada para mim, e então apontou com suas mãos delicadas e pequenas para a minha roupa ensanguentada.

– Por que você matou aquelas pessoas...?

Sua voz saiu fraca e frágil, ainda com medo.

– Elas eram pessoas más...

A menina então apertou a sua batinha rosa que tinha traços de sangue também. Max parou o carro e virou para conversar comigo.

– Mikasa, sabe dirigir?

Eu neguei com a cabeça. Max trocou a marcha e antes de começar a acelerar novamente, ele suspirou fundo.

– Então quando eu começar a ficar com sono eu paro o carro no meio da estrada. Vai ser mais seguro do que algum acidente de direção.

A voz de Max estava extremamente fria naquele momento. Voltei meu rosto para a garotinha que havia encolhido as pernas e escondia a sua cabeça nelas.

– Heey... tudo bem? – perguntava novamente para a menina que então ergueu os olhos e ficou olhando com medo para Max que dirigia.

– O tio Zaphod... me salvou da mamãe... ele não era uma pessoa má...

Zaphod, esse era o nome daquele homem de antes. Então ela estava com medo de Max por ele ter matado aquele homem?

– Bem, ele ia virar uma pessoa má... – A menininha encarou-me de forma que não esperava essa resposta. Houve então um instante de silêncio, onde apenas a roda do carro correndo sobre a pista era o que se escutava. – Então... Eu sou Mikasa e ele é Max... Qual é o seu nome?

– Mi-Michele... - disse a garotinha sem jeito enquanto voltava a se sentar de lado.

– Olha que nome bonito! Quantos aninhos você tem Michele?

Ela então esticou uma mão mostrando todos os dedos. Cinco anos. Cinco anos e já tinha que enfrentar o mundo do jeito que estava. Era nessas horas em que você realmente pensava no caos do planeta. Coloquei a mão sobre seus cabelos dourados e dei-lhe um sorriso.

– Você sabe algum conto-de-fadas? – Ela então sorriu confirmando com a cabeça, o seu primeiro sorriso ao meu lado. O sorriso daquela garotinha trouxe a alegria perdida para mim. – Então você poderia contar alguma para mim?

A menina então começou a olhar para as suas mãozinhas e a fazer uma escolha entre os seus dedos, como se cada um representasse uma história.

– Cinderela! – disse a garotinha que se aproximava um pouco mais de mim. – Era uma vez...

*

Já fazia cerca de quatro horas que estávamos andando naquela pista. Michele já tinha me contado a história da Cinderela, da Rapunzel e da Branca de Neve, e a cada história ela acabava misturando outros contos e às vezes começava tudo de novo. Max já parecia bem mais calmo e era possível ver um sorriso nos lábios do moço quando a garotinha falava alguma coisa estranha ou engraçada no meio da história.

Eu e Michele estávamos brincando de ‘adoleta’ quando Max parou o carro. Já fazia mais de meia-hora que ele abria a boca sem parar. Nestes últimos três dias Max era sempre o primeiro a dormir, e isso não mudava agora. O lugar em que ele parou estava vazio, era praticamente no meio da estrada que ligava as duas cidades. Não havia nenhum andarilho por perto.

Max esticou o banco do motorista e deitou-se. Eu pulei para o banco da frente e fiz o mesmo, e depois chamei a garotinha para deitar-se ao meu lado. Ela então começou a andar, tropeçando no câmbio, até que chegou perto de mim e eu a coloquei ao meu lado, deitando-a sobre os meus braços.

Ela olhava-me sorrindo. Tinha pegado uma confiança forte em mim e talvez até... afeto. Quando olhei para o outro banco, outro sorriso estava me esperando: o de Max. Suas covinhas estavam encobertas pela barba que começava a crescer, mas era uma cena muito agradável vê-lo sorrir depois de tudo. Então, a menininha envolta nos meus braços olhou para a mesma direção na qual eu olhava e virou-se novamente apertando o meu cachecol. Ela ainda tinha medo de Max.

– Mikasa... – disse a menina para mim com uma voz chorosa. – Eu também vou virar uma pessoa má...?

Naquele instante eu engoli em seco. Imaginei o seu corpo sem vida vagando por aí.

– Não... – eu coloquei parte de suas mechas loiras que estava caída em seu rosto angelical atrás de sua pequena orelha. – Não vou deixar você virar uma pessoa má...

– Promete de dedinho? – E com um sorriso ela esticava o dedinho minguinho para que eu selasse a promessa.

– Prometo. – Eu fechei a promessa. – Agora vamos dormir...

– Obrigada Mikasa... Boa... – ela bocejou. – noite.

*

Batidas no vidro me fizeram acordar. Max já estava acordado e ao me ver despertando fez um sinal de silêncio e apontou para o vidro. Havia duas daquelas coisas lá. Então ele falou bem baixo:

– As armas estão no porta-malas...

– É só acelerar que os deixamos para trás...

– Não dá... eu não parei ontem só porque estava cansado... a gasolina acabou... e o galão com mais combustível também está no porta-malas.

Este era um momento para se desesperar. Se saíssemos desarmados do carro seríamos iscas fáceis daquelas coisas. Olhei então para Michele que ainda dormia. Talvez se esperássemos poderia até juntar mais monstros ao redor, já que eles podiam nos ver através dos vidros. Olhei para o banco de trás em busca de algo que servisse como arma e no chão estava um cabo de fazer chupeta. Aquilo que parecia com uma tesoura sem ponta poderia servir para alguma coisa. Mostrei para Max o cabo e ele o pegou. Suspirou fundo e abriu um pouco da janela.

Os respingos do sangue negro batiam na janela e no rosto de Max. A sua camisa que já estava inundada de sangue, o sangue de Steven, se coloria cada vez mais com o sangue podre que saía da cabeça daquelas coisas que avançavam rumo à fresta da janela aberta. Quando o primeiro caiu, o segundo tomou o seu lugar e Max fez a mesma coisa: abriu um pouco uma das tesouras e começou a fincá-la na cabeça daquele ser.

Quando Max abriu a porta ele passou por cima daquelas coisas e foi até o porta-malas pegar a gasolina e o pedi para trazer comida. Ele encheu o tanque e voltou sem o alimento. O rapaz ficou com os olhos tristes.

– Não tive tempo de colocar a comida... Steven era quem estava pegando ela...

A pequena garota começou a acordar e olhou para os olhos negros de Max que a encaravam, mas dessa vez não desviou o olhar. Apenas ficou parada. Coloquei-a no meu colo e Max seguiu em frente. Mas sabíamos que alguma hora teríamos que parar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Calmo, não é? :)

E aí, a pequena Michele já tem fãs? kkk'



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Attack on Zombie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.