Attack on Zombie escrita por Nobody


Capítulo 20
Capítulo 20 - Projeto Nemesis


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei... demorei demais.
Eu sei que vocês querem que uma multidão de zumbis apareça e devore minhas entranhas por eu ter demorado tanto tempo assim...
Mas é que, sabe... quando gosto de um capítulo eu demoro para escrever ele, pois acho que nunca vai estar bom o suficiente.
Mas, mesmo não estando tão bom quanto eu queria, eu já demorei demais e então, ele está aí!
Boa leitura! :)



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Quando o grande helicóptero pousou na área pertencente a Tropa de Exploração, uma forte tempestade nos aguardava. A noite escura não tinha nenhuma estrela no céu, apenas as pesadas nuvens que derrubavam os pingos gelados da chuva.

Quando o desembarque de todos os sobreviventes foi feito, depois que eles passaram pela banca de exame e transferidos para um dormitório, o Cabo Rivaille nos deu um último aviso antes de enfrentarmos a violenta chuva: nossa próxima saída seria na outra semana e por isso teríamos 3 dias livres sem a necessidade de nos apresentarmos na tropa. Saber disso me deixou preocupada: se Eren ainda estivesse lá fora, eu ainda teria que esperar mais um pouco para encontra-lo.

Drake e Natasha saíram correndo pela chuva enquanto eu deixava o meu EMT para a revisão. Drake ficava em um dos dormitórios da própria base da Tropa e Natasha em um dormitório não muito longe dali. Então, eu era a única que teria que andar mais de dez quarteirões na chuva para chegar ao meu aposento.

Quando eu peguei o meu EMT em mãos notei algo que tinha passado despercebido: o quão vazio ele estava. Talvez se eu tivesse o usado mais durante a missão, ele não seria o suficiente para voltar ao shopping e eu poderia ter despencado do ar. Um suspiro de alívio brotou de meu peito. E pensar que eu ainda queria ter ficado lá...

Olhei uma última vez para a tempestade antes de me aventurar correndo por ela.

As gotas frias daquela chuva alertavam que o inverno estava chegando. Corri poucos passos até perceber um vulto preto parado no meio da chuva, quase se misturando com a noite, protegido por um guarda-chuva. O vulto acenou para mim e na hora eu soube quem era.

Corri até figura de Max no meio daquela escuridão e me aninhei embaixo do guarda-chuvas do rapaz me protegendo da chuva. Os seus cabelos negros formavam caracóis úmidos que dançavam com o forte vento, e em seu sobretudo preto ele me examinava por inteira, preocupado. Por fim, ele abriu um grande sorriso que fez surgir suas simpáticas covinhas e com uma das mãos levou minha cabeça ao seu peito, apertando-me docemente:

– Você demorou. — Ele soltou um suspiro cansado enquanto eu distanciava minha cabeça. — Eu fiquei preocupado.

Olhei para o rapaz que parecia tão molhado quanto eu e pensei em quanto tempo ele estava me esperando.

– Por que você não me esperou na sala de recepção? Ainda estaria seco...

– Se... se eu esperasse lá eu teria notícias rápidas de que todos tinham voltado a salvo... do mesmo modo que eu saberia se alguém tivesse ficado por lá. – Seu sorriso tornou-se taciturno. – E eu não queria notícias da segunda opção.

A mão de Max deslizou por uma mecha de meu cabelo molhado e sujo. Acompanhei com os olhos a mão do rapaz até os últimos fios escaparem-lhe dos dedos. Quando voltei o rosto, meus olhos se encontraram com os seus. Eles eram calorosos e não estavam mais tristes, apenas calmos e amáveis.

Meu coração começou aos poucos sobrepor o som da chuva. A cada batida ele parecia ficar mais forte e mais rápido, principalmente depois que percebi a proximidade do rosto de Max do meu. Nós normalmente ficávamos tão próximos assim? Esses segundos em que eu sustentava o olhar de Max não pareciam iguais aos anteriores... O que estava acontecendo ali?

Quando eu pensava em desviar meu rosto antes que o mesmo denunciasse o meu nervosismo, um baque de relâmpago fez a terra tremer e soar um forte estrondo perto de nós. Como reflexo, Max e eu demos um leve pulo e essa nossa reação nos fez desatar em risada.

Enquanto ainda ríamos, começamos a tomar o caminho para o dormitório. Por dentro, estar rindo ao lado de Max novamente me fazia feliz e me tranquilizava: estava tudo normal novamente.

Durante o caminho Max me perguntou várias coisas sobre a minha missão e no fim eu acabei contando quase tudo o que tinha acontecido. Eu não queria contar sobre Michele, mas quando falei sobre os portos ele logo me questionou se eu tinha visto a garotinha. Com o meu silêncio ele parou e ficou fitando a chuva.

– Você a livrou da maldição de ser um morto-vivo, não é? – O rapaz estava sério. Seu rosto não me deu escolha a não ser desviar o meu.

Eu tentei falar alguma coisa, mas no entanto eu só consegui afirmar com a cabeça. Ele deu um suspiro, abaixou a cabeça e continuou andando.

Por um quarteirão ele ficou quieto e eu não quis interrompê-lo, mas logo ele voltou a falar comigo questionando algumas coisas sobre minha missão ou sobre as pessoas que eu conhecera lá.

Depois que todo o assunto a cerca da missão havia esvaído, nós já estávamos em frente do dormitório. Max nem ao menos entrou no pequeno hall, apenas olhou para os lados e disse que era hora de ir. Novamente suas covinhas surgiram junto de seu sorriso, iluminado pela luz que passava da porta de vidro do dormitório.

– Agradeço por ter voltado viva. – Ele disse com o seu sorriso no rosto, abaixando-se levemente até toucar o topo de minha cabeça com os lábios. – Amanhã eu venho almoçar com você.

O moço saiu pela escuridão que trazia os urros molhados dos ventos. Eu fiquei estática por um tempo apenas o observando ir e pensando no beijo singelo do rapaz em minha cabeça... O que tinha acontecido ali?

*

– Mikasa!

O som histérico da voz de Emma me despertou no início daquela manhã. Na noite anterior, quando eu cheguei, a garota já estava dormindo e assim a deixei. Agora, ela estava eufórica em minha frente, quase se jogando em cima de mim em minha beliche.

– Você voltou! – eu desci da cama e ela me abraçou apertado. – Você voltou!

– Da última vez eu também voltei, não é? – a garota me abraçou novamente e deu um sorriso amigável e extremamente feliz.

– Você vai ir comigo para a confeitaria do Armim, não vai?

– Eu vou ir, mas tenho que esperar um amigo antes. Está bem?

A decepção de Emma por eu não ir com ela agora ficou estampada por um instante em seu rosto, mas logo se desfez e ela voltou a sorrir:

– Está bem! Mas não vá demorar, hein?!

A garota perguntou sobre a missão e eu a contei uma versão rápida da história enquanto ela colocava o seu “vestido-uniforme”.

– Nossa, eu sempre quis ir aos Estados Unidos... – a garota tinha parado de arrumar o avental e olhava para o nada com um ar de sonhadora.

– Acho que você não gostaria de ver como ele está agora...

– Com certeza não! Não pretendo sair daqui até tudo isso acabar! Quero ficar segura e continuar a ser... – ela amarrou o avental com força e fez uma pose colocando as mãos na cintura. — -... a empregada fofa daqui!

A conhecida gargalhada maléfica soou da garota e eu me juntei a ela. Eu adorava isso em Emma: seu bom humor que contaminava mesmo em relação a todo aquele caos.

– Então, até daqui a pouco Mikasa!

Quando Emma saiu, fiquei pensando no que fazer enquanto esperava Max até que olhei para o meu uniforme sujo que eu tinha tirado depois do banho. Certo, eu vou lavar ele.

Fui até a lavanderia e com dificuldade entrei no meio de tanta gente: as pessoas se exprimiam e quase lutavam por uma máquina. A lavanderia de manhã era um verdadeiro desastre.

Depois que saí de lá com a roupa limpa e seca, percebi que quase toda a manhã já tinha ido e comecei a correr até o dormitório com receio de que Max já tivesse chegado.

Ao entrar, vi o rapaz sentado no pequeno sofá, sustentando a cabeça com os braços que estavam apoiados em seu joelho. Ao me ver, soltou um leve “oi” e eu acenei com a mão e pedi com a mesma que esperasse. Corri ainda mais até guardar a roupa no beliche e chegar até ele novamente.

– Parece que já está cansada. – Se soubesse o tanto que corri, ele não iria falar essa frase com aquele sorriso irônico.

– Max, você quer almoçar na Confeitaria Arlet?

Ele afirmou meio desconfiado com a cabeça e nós saímos pelas ruas apertadas e confusas do abrigo até a confeitaria. Max conversou comigo sobre o trabalho de cientista e sobre os poucos “colegas legais” que ele tinha.

– Aqueles cientistas... alguns parecem que já enlouqueceram! – ele ia chutando algumas pedrinhas no caminho, e sorrindo continuou: – Espero que eu demore para enlouquecer.

– O seu trabalho lá pode te enlouquecer? – perguntei chutando uma das pedras que tinha vindo em meu pé.

– De certa forma... O projeto Nemesis não é algo para pessoas totalmente concientes...

– Esse projeto é mais um busca a cura?

– Bem, - o rapaz passou uma das mãos o cabelo procurando uma resposta – se o projeto der certo sim, mas caso falhe – ele deu uma pausa na caminhada e olhou para frente – a Umbrella ganha uma força a mais.

Quando fui perguntar a ele o que aquilo significava, ele abaixou um pouco a cabeça e sussurrou:

– Depois eu te explico melhor. – ele mexeu levemente com a cabeça, apontando para frente. – Acho que aquela garota está acenando para você.

Alguns metros a nossa frente estava Emma com uma cesta, na porta da confeitaria. Ela prontamente se apresentou e entrou saltitando na confeitaria. Max pareceu confuso quanto a garota e eu sorri para ele. Acho que qualquer um ficaria confuso com a animação sem fim de Emma.

Quando entramos na confeitaria, Emma cantarolou o nome de Armin que apareceu em seu avental e chapéu de cozinheiro. Nós quatro ficamos conversando por um tempo até que Max e Armin, que mesmo nesse pouco tempo pareciam ter se dado bem, entraram na cozinha. Max falava com Armin do mesmo modo que falava com Steven, o que me deixou contente de ver que ele tinha achado em Armin um amigo como Steven.

Por quase duas horas eu e Emma ficamos sozinhas conversando, enquanto de vez em quando algumas risadas altas viam da cozinha.

– O que um cientista e um cozinheiro podem ter tanto em comum? – Emma passava o polegar e o indicador no queixo enquanto questionava olhando para a porta da cozinha.

E os dois só apareceram com o almoço quando Emma gritou que já estava com fome. O resto do tempo nós não nos separamos e ficamos conversando, rindo. Aquelas pessoas que me cercavam eram as primeiras que eu podia chamar de “amigas”. Agora eu já não era mais uma sombra de Eren: eu tinha mais pessoas que eu amava.

Logo no começo da tarde, o celular da Max tocou e como da última vez ele disse que devia ir. Ele se despediu de nós e disse que voltaria nos dias seguintes.

Mas não voltou.

*

Meus dias livre já haviam terminado e eu já estava de volta a base. Nossos treinamentos voltaram por dois dias, e no dia seguinte nós já estávamos escalados para voltar à América, e dessa vez iríamos mais ao norte, novamente na busca de algum sobrevivente.

Nesses dois dias de treino eu não tive tempo para voltar a confeitaria e ter notícias de Max, já que novamente eu estava dormindo nos aposentos da Base. Os treinamentos dos novatos era monitorada por Shadis, mas no nosso esquadrão era Drake quem nos preparava. Sem o seu olhar arteiro e sossegado, Drake carregava agora um jeito forte de quem lidera e as vezes parecia ser mais rígido que Shadis.

No fim do segundo dia de treino eu resolvi me despedir de Emma, antes de voltar para a América. Quando eu deixei a base da tropa, Max me esperava encostado em uma parede com a cabeça abaixada. Na hora em que ele levantou o rosto, vi um Max abatido: seus olhos estavam cansados e envoltos por uma escura olheira; sua barba, que há tempos eu já não via, trazia os pequenos fios que começava a crescer; ele parecia mais magro e sua pele estava pálida. Max, o que aconteceu com você?

Corri em sua direção e ele desencostou da parede e soltou um “Oi” cansado e tentou dar um sorriso, o qual saiu muito fatigado.

– Você está bem? – o som preocupado de minha voz fez com que ele arrumasse melhor sua postura, como se tentasse esconder que estava tão abatido.

– Só um pouco cansado. – Ele passou as mãos em seus cabelos que até pareciam ter perdido parte da cor. – Desculpa não ter avisado que não dava para eu vir ver vocês... Não dava para eu sair, bem... na verdade eu nem deveria ter saído... – Ele colocou uma das mãos nos olhos e começou a mexer a cabeça em um movimento insano. – Talvez eles façam algo errado lá ou então talvez ele acorde. Eu não deveria ter saído, eu não deveria ter saído, eu não deve-...

– MAX! – Coloquei minhas mãos em seus ombros e o sacudi de leve. Vê-lo naquela situação enlouquecida e desgastada era algo terrível. – Você está bem?

O rapaz olhou para mim por entre dos dedos que tampavam os olhos e deu um suspiro forte. Suas mãos deslizaram pelo seu rosto e em um movimento rápido passaram por mim, abraçando-me.

– Desculpe, Mikasa. E eu disse que não queria enlouquecer tão cedo...

Ele me soltou e se afastou dando o seu sorriso cansado novamente.

– Do que você estava falando Max?

– Lembra do Projeto Nemesis que eu te falei? Pois bem, agora eu sou principal encarregado dele. – O moço olhou para a rua e, adivinhando que eu estava voltando para o dormitório, ele começou a andar em seu caminho. – E por isso eu não tenho mais tempo para nada.

– Mas então, meus... parabéns? – O rapaz negou com a cabeça. Pelo visto não era algo louvável o seu trabalho.

– Eu apenas o assumi porque talvez eu consiga os deixar ainda humanos.

O rapaz notou o questionamento em meu olhar e continuou:

– O projeto Nemesis se utiliza daquelas pessoas que tem um tipo de “antivírus” próprio no corpo, o que os deixa sobreviver ao vírus por mais tempo. – Quando ele disse isso, a imagem daquela moça no shopping me veio em mente. Segundo aqueles jovens, ela havia suportado por cinco dias a mordida. – Nós tentamos tratar essas pessoas, mas no fim elas acabam virando monstros... Os cientistas estavam colocando dosagens do vírus nelas e ao mesmo tempo o antivírus que temos. O nosso antivírus é forte demais, então acaba não matando apenas o T-vírus... Então eles colocavam superdoses do T-vírus junto com o antivírus, mas como resultado as pessoas sofriam uma super-mutação e no fim, já não eram mais pessoas.

Max suspirou, parecendo que se culpava por isso.

– Nós estamos no Projeto Nemesis 3, o qual eu lidero. Parece que o primeiro foi um fracasso e o monstro acabou escapando; o segundo está em nosso controle e esse terceiro ainda está em estado inicial. Os dois jovens no qual estamos trabalhando, graças a ideias que eu dei, ainda não sofreram super-mutação, mas não sabemos se eles ainda terão a consciência humana.

– Dois jovens... eles serão os próximos monstros... para achar uma cura que sirva... – as palavras que repeti pareciam não fazer sentido.

– A garota ainda está desacordada, mas o estado do rapaz está melhorando a cada hora, talvez ele desperte ainda hoje...

– Mas já não temos monstros o suficiente?! – Eu não queria brigar com Max, mas o que eles faziam parecia tão errado.

– Estamos dando uma segunda chance para eles! Eles podem lutar contra os zumbis sem risco algum! E talvez dessa vez eles ainda fiquem humanos...

– Max!

Eu parei no meio da rua, inconformada, mas o rapaz continuou a andar. Max... o que estava acontecendo com você?

Antes que eu chegasse perto dele de novo, seu celular tocou e ele saiu correndo sem se despedir. Olhou para trás apenas uma vez e acenou rapidamente.

Eu continuei andando até o dormitório pensando em tudo o que ele tinha falado, e mesmo depois que eu já havia me despedido de Emma, eu ainda pensava no que poderia estar acontecendo naquele Centro de Pesquisas.

*

No outro dia, quando o sol quase estava no topo do céu, Rivaille discutia com o nosso grupo alguns pontos de como seria a nossa missão, até que algo parecido como uma sirene tocou do topo das muralhas. Era o som que indicava perigo.

Instintivamente todos nós subimos no muro. Permaneci do lado de Rivaille e Drake, que pareciam preocupados. Irwin surgiu ao lado deles e passou um binóculo para Levi, exclamando seriamente:

– Parece que uma das criaturas dos cientistas está querendo voltar.

Rivaille apontou o binóculo para um ponto ao longe que, para mim, ainda era muito pequeno. Ele tirou o objeto dos olhos e sua expressão pareceu ainda mais fechada:

– E parece que ele está trazendo um brinquedinho para se vingar.


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Notas finais do capítulo

"Max, o que está acontecendo com você?"
Agora apareceu um pouco mais sobre o T-vírus e o antívirus que é forte demais para ser usado normalmente :)
E o que acharam do final? O que pensam que vai acontecer? :D
Não esqueçam de comentar o que estão achando (ou até mesmo me xingar pela demora AUSHAUS'), a opinião de vocês é sempre importante para mim :)
Agradeço por estarem lendo e continuem acompanhando!



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