Attack on Zombie escrita por Nobody


Capítulo 15
Capítulo 15 - Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Yo õ/
Desculpe pela demora para postar :/
Mas acho que o tamanho do capítulo compensa a demora '-'

Boa leitura, espero que gostem! xD



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Assim que o treinador Shadis saiu, uma mulher gorda apareceu listando-nos. Ela checou-me dos pés a cabeça e me entregou uma camisa de manga longa, uma calça branca e uma grande cinta de couro que serviria para prender desde as pernas até o tórax.

– Isto deve servir em você. – Ela pegou o meu papel e carimbou-o com o símbolo de duas espadas cruzadas. – Amanhã começaremos os treinos, então venha para cá ao nascer do sol e traga tudo o que você tem. — O rosto redondo e amistoso despachou-me com um sorriso — Bem-vinda, recruta.

Caminhei até a base militar para entregar a minha inscrição já preenchida e com isso o dia já começava a se pôr. O refeitório estava cheio demais, então resolvi ficar sem comida naquela noite.

Quando comecei a me dirigir até minha cama, a menina magrela de cabelos ruivos estava sentada na cama inferior e mirava o olhar para o nada. Ela já não estava com algum vestido bonito, apenas com o conjunto cinza sem graça que todos tinham.

– Emma...

Minha voz atraiu o olhar triste da garota. Ela se levantou e ficou na minha frente, observando a roupa branca em minhas mãos.

– Então você passou... – seus olhos claros pareciam decepcionados, mas então ela segurou meus ombros e fixou seus olhos nos meus. – Mikasa... eu não quero mais perder as pessoas que conheço...

Sua cabeça abaixou-se para esconder o choro que a própria voz já anunciava. Pensei na parte da sua vida que ela não me contou: como foi o apocalipse para ela. Como todos, ela já deveria ter perdido muitas pessoas e mesmo assim, a primeira impressão que ela me passou foi de uma felicidade e animação inacreditável para aqueles dias. A imagem dos olhos negros e esperançosos de Max surgiu em minha mente.

– Eu também não quero...

Emma abraçou-me apertadamente e me pediu desculpas por o que ela tinha falado na noite anterior. Minhas mãos deixaram cair a roupa no chão para que pudessem retribuir o abraço. Acho que com isso eu tinha mais um amigo ao meu lado. Amigos que ainda estavam ali.

A moça entregou-me um pedaço de bolo e minha barriga ficou extremamente grata a ela. Ela já não estava com o rosto triste, parecia ter voltado a ser a menina alegre que saltitava pelo quarto.

*

Quando começava a clarear, eu estava pronta para voltar àquela base e estava indo até o fim do dormitório quando a voz de Emma me fez parar:

– Não se esqueça de vir me ver, tá? – Um sorriso triste surgiu no rosto pálido cheio de sardas da garota — E... Boa sorte!

Retribui com um sorriso rápido para ela e sai do dormitório. Por um tempo fiquei parada em frente a porta de vidro encarando o outro lado do corredor: o dormitório masculino. Eu queria avisar Max e conversar com ele, já que eu não o vira no dia anterior, mas a escuridão da madrugada já estava cedendo à luz do dia. Desculpe-me, Max. Eu venho te ver quando o treinamento acabar.

*

Ao chegar à base das tropas, havia uma fila de umas cinquenta pessoas esperando na porta. Ao que passávamos por ela, um número de quarto nos era resignado e um aviso sobre a primeira aula da manhã nos era dito por um homem grande que fazia a recepção.

Caminhei até a cabana B7, na qual ficava o meu quarto, e a primeira impressão que tive dela não foi muito boa. Diferente das várias construções novas do centro, a cabana de madeira era coberta pela poeira e suas tábuas velhas faziam com que cada passo dado soltasse um rangido que ecoava por toda a madeira. A cabana tinha dois quartos com duas camas em cada e um banheiro pequeno. O quarto no qual entrei já tinha uma muda de roupas em uma das camas, então sentei no colchão fino e velho da cama vazia e comi a rosquinha que estavam oferecendo para os recrutas.

A janela sem vidro na frente da minha cama dava visão para as outras cabanas, tão acabadas como a qual eu estava. No meio das cabanas, uma construção de cimento de destacava: era lá que teríamos nossa aula. Passos pesados me fizeram virar para encarar uma moça robusta que estava parada na porta. Seu ombros largos vestiam a camisa branca de manga comprida e ela usava a calça moletom cinza.

– E aí. Vejo que seremos colegas de quarto. – Sua voz era mais calma e suave do que eu esperava. – Sou Bethany Grigori, — Ela esticou-me sua grande mão, extremamente diferente da de Emma e deu um sorriso de lado — mas pode me chamar de Beth.

– Sou Mikasa Ackerman.

Um sinal agudo ecoou pelo campus. Era a chamada para a aula.

Bethany caminhava ao meu lado sem dizer nenhuma palavra, seu cabelo escuro preso a um rabo de cavalo alto batiam de um lado para o outro. Quando entramos na construção de cimento, setas indicavam a sala em que ocorreria a primeira aula teórica.

Por uma semana nossa rotina foi essa: aulas teóricas sobre o EMT e os zumbis pela manhã e treinos de resistência pela tarde. As aulas da manhã não tinham muitas informações relevantes sobre zumbis, sendo as melhores sobre o EMT. Eles explicaram que antes de começar a prática com o EMT era necessário certa resistência, já que precisava de muita força e agilidade da pessoa para uma boa locomoção.

Os treinos de resistência se compunham pelo número máximo de voltas que cada um conseguia dar em uma quadra de futebol e exercícios aeróbicos. Boa parte dos integrantes não conseguia completar 20 voltas pela quadra e depois fazer a intensa dose de exercícios que eles passavam. Eu sabia o limite de meu corpo, então sempre fazia 23 voltas pelo campo para que eu conseguisse suportar os exercícios. Mas as pessoas mais incríveis eram Bethany e George, que durante esses três dias eram sempre os últimos a terminarem de fazer as voltas, alcançando quase trinta giros pela quadra.

Outros dois dias foram usados para a aprendizagem de técnicas de luta, defesa e manuseamento de espada, mas nada disso foi algo que Annie não tinha me ensinado. A manhã começava com o aquecimento e depois com o aprendizado, onde todos usavam uma espada de madeira e a tarde era um treino em dupla onde deveria derrubar o oponente sem encostar as mãos nele. Isso era algo muito fácil.

No segundo dia desse treinamento, Oliver era a minha dupla. Ele era um moço alto e musculoso, possuía olhos claros e cabelos escuros que ficavam presos a um pequeno rabo frouxo na nuca. Sua postura para a luta era bem melhor do que a da minha dupla anterior, o que mostrava que ele seria mais difícil de derrubar. Quando o moço avançou sobre mim eu consegui desviar prontamente. Lerdo. Seu tamanho parecia dificultar sua velocidade. Quando ele avançou pela segunda vez, voltei meu corpo para baixo ao desviar dele e com um forte giro levantei minha perna esquerda e acertei-o na cabeça. O moço cambaleou e então peguei o cabo da espada de madeira e bati com ela um pouco acima do rabinho-de-cavalo e ele caiu no chão. Os outros ao lado olhavam-me com espanto. Não fiquei muito impressionada com aquilo, já que o anterior tinha caído mais rápido. Shadis, desconfiando de que eu trapaceava, mandou mais dois – só que eram seus soldados – para lutarem comigo e no fim ele abriu um sorriso observando os dois caírem no chão com a mesma velocidade que os outros.

Os últimos dias de treinamento foram dias de prática com o EMT: A primeira coisa a se fazer era subir o muro. Vinte metros escalados em menos de um minuto pelos recrutas era a meta de Shadis. Ele dizia que se os ‘vermes’ não conseguissem realizar isso, não eram dignos de continuar o treinamento. Quando a largada foi dada, a fileira de novatos começou a subir pela muralha. Os cabos do EMT soltavam rumo ao fim do muro e puxavam meu corpo para cima enquanto o gás dava a velocidade necessária. Depois das explicações sobre o EMT, eu sabia controlar aquele gás embutido de forma que não fosse gasto demasiadamente.

Quando coloquei meus pés sobre a superfície do muro, vi que eu fora a primeira a chegar. Após alguns segundos outros chegaram atrás de mim. Outros, mais desajustados e atrapalhados com o equipamento, pareciam que iriam cair a qualquer instante naquela subida vertical.

Daquele grupo, seis não conseguiram chegar no tempo ao topo do muro. Então, os que passaram começaram a fazer certos exercícios com o EMT, como aumentar a velocidade em meio a obstáculos, para que todos soubessem manuseá-lo corretamente.

Com o fim das semanas de treinamento, era hora da nomeação dos soldados. Na manhã do 15º dia, um novo homem tomou o lugar de Shadis. Ele tinha um olhar forte, mas não amedrontador como Shadis. Em sua jaqueta de couro, havia o símbolo de duas asas.

– Sou Irwin Smith, capitão das Tropas de Exploração. Parabéns a todos os recrutas que chegaram até aqui. – Sua voz era séria e passava confiança aos presentes. – O treinamento para os que entrarão na Tropa Estacionária termina aqui. Obrigado pelo seu trabalho duro. Por favor, dirijam-se a entrada para pegar o uniforme.

Alguns começaram a se entreolhar e cerca da metade saiu. O homem loiro na nossa frente permanecia sério.

– Todos os que ficaram aqui desejam entrar para a Tropa de Exploração?

Um “sim” uníssono ecoou pelos campos de terra e um sorriso sarcástico brotou no rosto do loiro.

– Certo, então sigam-me

Aquele grupo reduzido de pessoas seguiu o capitão até uma das partes isoladas do território da base, a qual tinha a construção mais nova daquele lugar: Um prédio de dois andares e com uma grande extensão ocupava toda aquela parte, suas paredes eram brancas e sem janelas, apenas com alguns respiradouros que surgiam no topo dela.

Quando entramos naquele prédio, apenas uma fraca luz nas paredes era o que dava uma luminosidade alaranjada ao local. O capitão Irwin mandou que subíssemos as escadas laterais que contornavam todo o centro daquela construção. Entre alguns passos errados naquela escada, todos já estavam encostados no corrimão de ferro que cercava toda a passarela alta na qual tínhamos subido.

Com um estalo as luzes se acenderam e o centro daquele lugar era visível: Um buraco com a extensão de uma quadra escolar continha grandes paredes de metal que formavam um labirinto gigantesco. Todos nós cercamos o local pelo alto da passarela enquanto o capitão cortava o ar se dirigindo a um contêiner no centro do labirinto. Quando ele pisou no contêiner, os gemidos e grunhidos chegaram ao ouvidos de todos.

– Este é o teste final para aqueles que querem entrar na Tropa de Exploração. A chance de sobrevivência no mundo dos mortos-vivos é muito pequena, mas há pessoas lá fora que conseguiram sobreviver e continuam a sobreviver esperando pela salvação. Se vocês estão prontos, devem pensar que poderão perder a própria vida. – Ele pegou a espada e cortou o cadeado que fechava o contêiner, e de lá surgiram várias dezenas mordedores que começaram a se dispersar pelo labirinto. - Vocês realmente podem oferecer seus corações a humanidade?

Irwin já estava em uma parte da passarela quando sua voz deu o último aviso: Matem todos os mortos-vivos que encontrarem. Expressões de medo e horror surgiram no olhar de todos aqueles ao meu lado, alguns começaram a sair enquanto os zumbis se perdiam pelas altas paredes do labirinto e outros começaram a chorar, mas se mantiveram fortes. Ninguém queria morrer, mas todos queriam salvar pessoas.

Quando Irwin liberou-nos para entrar naquele labirinto da morte, havia apenas dezesseis pessoas dispostas a realizar o teste.

Em um instante, todos já estavam no labirinto e eu podia escutar o som dos ganchos se prendendo nas paredes metálicas e os passos de pessoas correndo pelo labirinto. Na minha frente já tinha um mordedor que partia correndo em direção a mim. Assim que ele se aproximou o suficiente, o sangue negro caiu no chão enquanto escorria pela minha espada. Um.

Isto iria ser fácil para aqueles que já enfrentaram esses mortos-vivos fora das muralhas e todos ali pareciam estar indo bem. Então, o som dos ganchos foi substituído pelo estalo de um interruptor e as corridas cessaram. A escuridão intensa que tomou conta do lugar tinha apenas as fracas luzes alaranjadas ao longe como ponto de referência, mas elas não eram o suficiente.

Encostei na parede gelada de metal com os olhos fechados e respirei fundo. Todos tinham uma pequena lanterna no cinto, mas se eu não podia enxergar aquelas coisas também não conseguiriam, certo? Então até minha visão se acostumar, eu precisaria usar o máximo possível de minha audição: entre gritos de desespero e choros distantes, um arrastar de pés se aproximava ao meu lado esquerdo. O gemido rouco ficava cada vez mais forte e logo que abri os olhos, o vulto escuro estava a alguns metros ao meu lado erguendo a cabeça, como se farejasse alguma coisa. Se ele estivesse me farejando, ele não conseguiria. Corri em direção ao vulto e acertei-lhe na cabeça rapidamente e ele caiu aos meus pés. Dois.

Meus olhos começaram a enxergar as paredes e os vultos dos zumbis que apareciam em meu caminho. Três... quatro... cinco. Estava muito lento. Havia vários por ali e eu precisava achá-los. Com um movimento rápido eu voei para cima de uma parede e pude ver os vários clarões por aquele labirinto e os vultos negros que andavam em qualquer direção. Fui para eles.

Deslizei pelo ar até me aproximar do vulto mais próximo e ainda enquanto eu estava flutuando no ar pude ficar a espada em seu crânio. Seis.

Perto de lá havia mais sons de passos errantes e de pés sendo arrastados pelo chão. Avançando para eles eu ia cortando a cabeça de cada um, ora sobrevoando sobre eles e ora em terra. Sete...oito...nove...dez...onze.

Enquanto o décimo segundo caía no chão, um grito ecoou do outro lado da parede. Subi nela e vi uma garota se arrastando pelo chão enquanto vários mordedores andavam até ela. A lanterna caída à frente chamava a atenção dos zumbis. Diferente de mim que encontrava apenas mordedores solitários, ela tinha encontrado um grupo de cinco zumbis. A menina caída estava encurralada em um encontro de paredes e por algum motivo não usava o seu EMT. Apertei o gatilho e os ganchos foram voando até o topo da parede. Os zumbis me acompanhavam com os seus olhos amarelados enquanto meu corpo girava por cima deles e decapitava-os. Já tinham ido três nesse meu primeiro movimento e os outros dois avançavam até a garota.

Novamente os ganchos foram atirados para o alto da parede e meu corpo puxado rapidamente para frente. O primeiro a cair foi junto com o movimento do meu corpo e, jogando meus pés para trás, por alguns segundos eu permanecia de cabeça para baixo, o tempo necessário para que último tivesse sua cabeça cortada também.

Enquanto eu apagava a “consciência” daquelas cabeças decepadas no chão que ainda se mexiam, a respiração repleta de falhas e suspiros da moça pairava no ar.

– Você está bem?

Ela negou rapidamente com a cabeça e mostrou-me a sua perna que sangrava. Um aperto surgiu em meu coração.

– Me desculpe, mas eu não posso fazer nada por você.

A moça se levantou e o seu corpo pendendo começou a mancar desaparecendo pela escuridão. Eu fiz o mesmo e eliminei o resto dos seres que encontrei no caminho até o clarão me forçar a fechar os olhos. Fim do teste.

*

Soldados sujos de sangue e ofegantes orgulhavam-se por passarem no teste. Irwin parecia encarar-me na maior parte do tempo enquanto formávamos uma fileira fora daquele edifício.

– Vocês foram muito bem. – Sua visão mirou para o primeiro automóvel que eu via dentro da muralha: uma ambulância. – Tivemos apenas dois mordidos e eles serão encaminhados para o centro de pesquisas. – Ele olhou desde o começo da fileira até o seu fim. – Observamos desenvolvimento de vocês por micro câmeras. – Seu olhar fixou em mim. – Vejo que desta vez temos grandes talentos. Bem vindos a Tropa de Exploração.

Alguns homens apareceram com as jaquetas claras desejadas e começaram a entregar a cada um de nós. A jaqueta com o símbolo da Umbrella no bolso da frente carregava em suas magas as Asas da Liberdade. As Asas da Liberdade que mostravam que o mundo ainda era nosso.

Ao lado de Irwin, apareceu um moço baixo de cabelos negros lisos e olhos revoltos. Sua voz indiferente soou por todos nós:

– A humanidade aceita seus corações.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam??
Acho que não teve muita treta, bolinha garcia kkkkkkkk'

Então, quanto a demora... Agora que voltou as aulas, vai ser mais difícil escrever os capítulos, o pessoal que estuda sabe como é, principalmente se for período integral que nem eu ¬¬
Mas vou prometer postar pelo menos um capítulo por semana, mas se possível eu posto mais ^^

Espero que continuem acompanhando apesar da lerdeza que eu vou postar xD
Agradeço a todos que estão lendo e comentando! Adoro vocês



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