Attack on Zombie escrita por Nobody


Capítulo 14
Capítulo 14 - Teste Inicial




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Quando eu voltava para minha cama no dormitório, uma moça magra e pálida estava debruçada no beliche superior ao lado do meu. O cabelo ondulado e ruivo da garota chegava até o início do pescoço, fazendo com que o tamanho curto o deixasse armado. Em meio as sardas no rosto da garota havia um grande sorriso branco que me seguia enquanto passava por ela. Ela levantou rapidamente e deu um salto até o chão, parando ao meu lado.

– Oi! Você viu o meu bilhete? – Os olhos verdes claros da garota olharam para os meus pés calçados com os chinelos. – Sou a Emma.

– Sou Mikasa.

Apertei a mão branca que a garota esticava em minha direção. Depois ela subiu o primeiro degrau da pequena escada do beliche e jogou uma bala caseira para mim.

– É bem doce... E uma delícia! – A moça gargalhava enquanto abria o papel que revestia a bala. Seu sotaque alemão era deveras encantador. Será que as pessoas de lá eram sempre tão animadas assim?

Enquanto ela mastigava a bala, sentando na cama inferior, dava sinal para que me sentasse também. A moça parecia ser um pouco mais nova do que eu, talvez um ou dois anos, usava um vestido vermelho com renda preta no busto e na barra, a qual batia em seus joelhos.

– Poxa... Seu cabelo é tão lindo... – A menina deslizava suas mãos por meus cabelos negros. - Você é asiática, não é?

– S-Sou descendente... minha mãe era.

Emma colocou as mãos na face branca e começou a sorrir abertamente:

– Aaah! Que legal! Dizem que asiáticos são muito inteligentes!

Eu não sabia bem o que responder no momento. Até agora eu não havia pensado dessa maneira e não sabia se afirmar isso era como aceitar um elogio ou me gabar. Antes que eu pudesse responder alguma coisa a garota pulou para a cama seguinte, na frente da dela, e se jogou no colchão.

– O legal daqui é ter várias camas que ainda não são usadas. Parece que os outros dormitórios estão todos cheios... – Ela se levantou novamente e ficou parada na minha frente com as mãos na cintura. – Então é como se estivéssemos na primeira classe!

Ela jogou uma gargalhada ao ar novamente. Dessa vez um sorriso partiu de meus lábios com aquela risada, quase maligna, da moça. A energia que ela tinha era de certo animadora, e devia fazer qualquer um esquecer o lugar em que estava.

Quase que instantaneamente após a gargalhada, ela apontou para meu beliche. Levantei para ver melhor o que ela indicava e vi o seu dedo magrelo apontando para minhas roupas sujas.

– Que tal irmos à lavanderia? – Ela se abaixou e começou a pegar uma pequena sacola com algumas roupas embaixo da cama.

– Agora...? – Já era noite e eu não esperava lavar roupas a noite.

– Mas é claro! – Ela deu um rebolado de lado e segurou a sacolinha jogando uma piscadela para mim. – Agora é a hora que tem poucas pessoas!

Peguei minhas roupas e embrulhei-as na jaqueta e corri atrás da moça que já estava bem na frente, saltitando em direção ao fim daquele quarto gigantesco.

– Fico feliz por você estar aqui, Mikasa. Não tinha nenhuma menina da minha idade neste setor... – ela virou para mim e jogou-me mais um sorriso branco.

A lavanderia ficava mais longe do que o refeitório e então tivemos que andar cerca de meia hora até ela, tempo aproveitado por Emma para ela investigar um pouco da minha vida e contar sobre a dela.

Quando entramos ao prédio de azulejos azul-bebê, cada uma pegou uma máquina livre para colocar as roupas. Havia várias mulheres e homens sentados que conversavam enquanto a roupa ia sendo lavada. O sabão usado era raspas daqueles feitos em casa, mas as máquinas eram potentes e de avançada tecnologia.

Emma estava debruçada em uma das máquinas batucando com suas unhas curtas.

– Você viu como tem pouca gente? Se viesse de dia talvez não passasse nem pela porta!

A menina jogou o corpo para trás e sentou em uma das cadeiras. Eu fui e sentei-me ao seu lado. Uma conversa boba sobre como nossas mães lavavam as roupas ficou entre nós até que a roupa, que já estava na secadora, ficasse seca e limpa.

– Mikasa, você não acha esses vestidos melhores do que essa roupa cinza? – A moça pegou um dos vestidos limpos e ergueu-o no ar — Esse eu ganhei por trabalhar uma semana na floricultura... E este que eu estou, – Ela deu uma volta rápida. – é da confeitaria Arlet.

– Você ganha roupas dos seus empregos? – A ideia pareceu-me superficial de início.

– Sim! Pode-se dizer que é um “uniforme”... ou uma recompensa por você ajudar a cidade. – Ela começou a dobrar o vestido e colocar um sobre o outro. – Você já sabe onde quer trabalhar? Se quiser, pode ir à confeitaria comigo!

Ela esperava a resposta animadamente, olhando-me com seus olhos claros e alegres.

– Obrigada, Emma. Mas eu quero entrar para a Tropa de Exploração.

E então, a animação e a alegria desapareceram do rosto da garota instantaneamente.

– Emma, você sabe onde eu devo ir para me inscrever?

– Eu... sei.

A garota pegou as roupas e saiu da lavanderia sem dizer outra palavra.

*

– Aqui. – A moça apontava para um pontinho no mapa de meu panfleto: “Base do Sistema Militar”. – Você tem certeza disso? – Os olhos da garota encaravam-me profundamente, sem o encanto e a alegria da moça que a pouco pulava de cama em cama.

– Eu tenho.

Ela suspirou forte e lançou-me um olhar triste e repreensor.

– Espero que você não passe no primeiro teste.

*

Quando eu acordei no outro dia, Emma já havia saído. Ela não tinha mais falado comigo naquela noite.

Depois de esperar Max por um tempo, decidi ir sozinha até o refeitório e aproveitar para passar na Base Militar. O dia amanhecia enquanto eu andava com um pedaço de pão na boca e me localizava pelas pequenas ruas naquele mapa cheio de pontos.

Caminhei por uma hora até chegar a uma construção nova com uma grande placa mostrando que era ali o meu destino.

Ao entrar pela porta tinha uma pequena fila que esperava o atendimento na secretaria. Quando foi a minha vez de ser atendida, um homem forte foi quem me atendeu:

– O que deseja moça?

– Eu quero alistar-me na Tropa de Exploração.

Ele levantou uma das sobrancelhas e deu um riso sarcástico medindo-me, mas começou a procurar uma ficha com alguns nomes.

– Certo, os testes iniciais terminam hoje. Se você passar, volte aqui com isso preenchido e assinado. – Ele colocou no balcão um papel pequeno, com o octógono vermelho e branco da Umbrella estampado como marca d’água e um local para o nome no centro. – O primeiro teste será na base das Tropas.

– Na base...?

– Sim. Você não achou que aqui nós teríamos o acampamento das Tropas de Exploração e Estacionárias, não é mesmo?

Minha mente ficou confusa por um tempo. Havia mais divisões? O homem, vendo a minha expressão vacilante, deu um suspirou e começou a me explicar:

– A polícia militar trabalha dentro do muro, eles são policiais comuns. São os que abrigamos aqui. A tropa estacionária trabalha como vigia nos portões e as tropas de exploração saem à procura de sobreviventes. Eles precisam de treinamento especial. – Então ele recuou o papel para trás. – Você tem certeza de que quer a Tropa de Exploração?

– Eu tenho.

Eu tinha uma certeza plena sobre isso, sobre encontrar e salvar pessoas, dando para elas um lugar melhor do que o caos daquele mundo. Puxei o papel para mim e ele mostrou-me onde ficava a base em que eu teria que fazer o teste.

A base ficava há apenas alguns quarteirões e era protegida por uma cerca alta que rodeava o local.

Quando me apresentei na secretaria mostraram-me uma fila composta por três homens e pediram que eu esperasse. Mais cinco pessoas apareceram naquela manhã e quando já iniciava à tarde, um velho careca cheio de rugas surgiu na porta de madeira daquela sala cinzenta. Seu rosto de nariz fino era terminado com um cavanhaque longe e marcado pelas fortes olheiras negras que contornavam seus olhos assustadores.

Ele guiou-nos até o fim daquela instalação, onde eram visíveis os domínios daquela base de treinamento especial que se estendiam até o muro. O local não era cimentado como o resto da cidade, o que fazia a poeira subir por nossos pés enquanto caminhávamos seguindo o senhor a nossa frente.

Nossa parada ocorreu ao chegarmos a um lugar equipado com duas toras de madeira com fios de aço presos nela. O homem velho jogou para o primeiro da fila uma cinta para ser amarrada no quadril e nas pernas.

– Sou Keith Shadis, serei o instrutor de vocês. – Ele apontou com os seus dedos enrugados para as toras. - Esta será a prova inicial de vocês. Aqueles que não passarem serão inúteis ao nosso corpo militar.

Ele pegou o ombro do rapaz que ainda vestia a cinta e começou a arrastá-lo até o meio dos postes de madeira, depois pegou os cabos de metal e prendeu-os um de cada lado da cinta.

– Vocês que se alistaram devem saber que esses cargos utilizam o Equipamento de Mobilidade Tridimensional. Eu não ensinarei a teoria para fracotes que não conseguirem se equilibrar aqui!

Shadis andou até a roldana ao lado de um dos postes e começou a puxar uma corda, fazendo com que o moço na cinta começasse a ficar suspendido no ar. O rapaz moreno ficou segurando nas correntes de aço até que o velho parou se suspendê-lo e veio observá-lo. Quando soltou sua mão, o moço começou a tremer, mas não cambaleou fortemente. O rosto do homem continuava sério e intimidante apesar do sucesso do rapaz.

– Muito bem. – Ele voltou para a roldana e soltou-a de uma vez, fazendo com que os pés do rapaz batessem com força no chão e levantasse poeira. – O próximo agora.

O próximo rapaz era alto, mas seu tamanho não causou problema em seu equilíbrio e ele ficou mais parado do que o anterior. O homem loiro de minha frente era o seguinte e ele começou a balançar tanto naqueles fios que não conseguia soltá-los. Shadis encarou-o decepcionado e soltou-o no chão. Agora era minha vez.

Assim que os fios começaram a me suspender eu sabia que não precisaria segurá-los. Meu corpo foi se levantando do chão sem cambalear ou tremer. Ao olhar para o velho ao lado, pude ver seu rosto maravilhado encarando-me.

Ele desceu-me e os outros continuaram a fazer o teste, mas parecia que nenhum ficava tão sereno naquilo como eu. Como eles podiam balançar tanto? Era algo tão fácil...

No fim do teste, das nove pessoas que o faziam, cinco foram aprovadas. E eu estava no meio delas.

– Bem-vindos recrutas. – Um leve sorriso esboçou naquele rosto enrugado e sério. - Amanhã começaremos o treino.


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Notas finais do capítulo

E aí? Ansiosos para o treinamento? xD
Espero reviews sobre o que estão achando ^^



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