Attack on Zombie escrita por Nobody


Capítulo 13
Capítulo 13 - Tropa de Exploração




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Meus dedos abriam o panfleto que se dividia em três partes enquanto eu estava deitada na cama superior do beliche. O panfleto continha algumas regras que deveriam ser obedecidas: não chegar perto dos portões ou tentar sair do abrigo — o que eu achava algo óbvio, já que a maioria não tinha a mínima vontade de voltar para o lado de fora dos muros — ; não deveria haver abuso da gratuidade dos recursos, como a alimentação; avisos sobre as pequenas plantações locais e os poços artesianos de uso coletivo; e também dizia que todos os moradores, jovens à partir de quinze anos e adultos, deveriam ajudar na organização e nos serviços internos.

Lembrei-me do bilhete de Emma, onde ela dizia sobre ter que trabalhar. Então estes eram os “serviços internos”.

Quando abri o panfleto por inteiro pude ver o mapa que a moça nos mostrara cobrindo todo o seu verso. Ele mostrava toda a extensão daquela cidade-abrigo de forma simples, apenas com as ruas principais e alguns pontos enumerados. Algumas áreas eram coloridas em vermelho, mostrando a periculosidade ou restrição, como as partes que cercavam os portões e um segundo muro ao fim que era marcado como “Centro de Pesquisas da Umbrella Corporation”; outras eram coloridas por conta dos vários pontinhos, mostrando que lá se localizavam os lugares importantes.

Antes que eu terminasse de ver o que era cada um daqueles pontinhos, minha barriga começou a gritar por comida. Eu não comia desde nossa parada naquele posto de gasolina.

Com um salto eu desci do beliche e coloquei os chinelos ganhados que, apesar de serem um pouco grandes, eram extremamente confortáveis. Olhei para a cama bagunçada com o panfleto no meio de minhas roupas e saí deixando-a daquele jeito. Depois eu encontraria algum lugar para lavá-las e deixaria o meu leito mais organizado, mas por hora eu queria apenas me alimentar.

Enquanto andava até a porta de saída, observando melhor o tamanho daquele cômodo amontoado com vários beliches, pensei se Max estaria no refeitório também. Pelo mapa, havia cerca de vinte refeitórios em vários cantos do abrigo e o mais próximo ficava a quatro quarteirões. Se ele fosse a algum refeitório, ele iria naquele.

Depois de sair do dormitório e ir a caminho da porta de vidro, o moço de cabelos negros encaracolados que estava sentado no sofá do pequeno hall acenou para mim e veio ao meu encontro. Max estava usando a versão masculina do conjunto moletom cinza e nele havia servido perfeitamente bem. O rapaz segurou a ponta de meu cachecol e deu um sorriso de lado:

– Um pouco de cor é ótimo. – Seus olhos escuros brilhavam enquanto encaravam os meus. – E aí, eu estou com fome... E você?

O sorriso convidativo do rapaz era encantador. Confirmei com a cabeça e nós dois saímos em uma caminhada até o refeitório. Ter encontrado com ele e o conhecido era algo que me alegrava, pois o que seria de mim se não encontrasse aquelas duas pessoas de olhos assustados no supermercado?

Nossa caminhada pelo asfalto desgastado até o refeitório era cercada por prédios pequenos, a maioria de três andares, e por carroças e bicicletas no meio das ruas. Não havia motos, carros ou ônibus circulando pelas ruas, o que fazia um silêncio pairar no ar, sendo cortado apenas por passos de cavalos distantes e por nossas vozes que conversavam pelo trajeto.

Quando chegamos ao refeitório, uma fila imensa esperava por nós. Era um restaurante vermelho, com paredes de vidro na entrada que faziam com que pudesse ver as várias mesas ocupadas em seu interior.

Max corria até uma das pequenas mesas de canto que tinha na parte de fora, uma das poucas ainda livres, e arrancava a blusa de frio e a deixava em cima da mesinha. Quando voltou estava apenas com a camiseta cinza e um sorriso no rosto. O vento frio uivava pelos pequenos becos e mesmo eu, que estava com a blusa, sentia o frio atravessar por meu corpo.

– Hey... pegue. – O moço que esfregava as mãos por seus braços fortes olhou-me espantando enquanto eu tirava o cachecol de meu pescoço e começava a embrulhar no dele. – Um pouco de cor é ótimo... Principalmente com esse frio.

Ele arrumou o cachecol e o apertou levemente. Bem, não iria aquecê-lo muito, mas já era um bom começo.

Pegamos a comida – um prato de macarrão simples – e fomos até a mesinha que Max reservou. Ela era pequena, o que fazia nossos pratos quase sobreporem-se um ao outro. O rapaz colocou novamente a blusa e entregou-me o cachecol:

– Isto... você ganhou do Eren, não é? – Ele apertava o tecido vermelho enquanto esticava para mim.

Confirmei com a cabeça e devolvi o cachecol ao meu pescoço. Por um instante ele ficou imóvel, até que fincou o garfo na macarronada e começou a enrolá-la. Já fazia um bom tempo desde a última refeição que eu tinha sentada à mesa. E isso era muito bom.

Depois que Max levou os pratos para serem lavados, ele voltava com um panfleto amassado em mãos e abria o mapa pela mesinha:

– Mikasa, você viu só o tamanho disso? Aqui tem de tudo! Até áreas verdes com plantações e criação de animais! – Max parecia realmente maravilhado com tudo aquilo. – Ah, e você viu? Nós teremos que trabalhar... - Ele apontava animadamente para alguns pontinhos no mapa - Dizem que você pode escolher qualquer coisa para fazer!

– Dizem...? Quem?

– Ah, os caras lá do meu quarto começaram a falar sobre isso. A maioria de lá trabalha na roça... – Max já havia feito amizade? E eu que estava contente apenas com o bilhetinho em minha cama. Quando fui encarar o rapaz, ele estava com o cotovelo apoiado na mesinha e com uma mão em forma de concha sustentando o rosto. – Eu não quero trabalhar na roça...

A decepção no rosto e na voz do garoto tirou um sorriso de meus lábios por instantes. Depois que saímos do refeitório, começamos a andar pela cidade tendo como referência o panfleto amassado de Max.

Andamos por lojas que ofertavam doces, bebidas, frutas, carnes, e vários tipos de produtos caseiros. Passamos pela área verde onde os trabalhadores faziam algumas colheitas e cuidavam da plantação, onde pessoas trocavam alimentos por cavalos de forma amigável e não para receber algum lucro. Naquela cidade havia um círculo onde todos se ajudavam e se sustentavam. Nós deveríamos fazer parte daquele círculo também.

O sol já começava a se pôr quando nós voltávamos para o dormitório. O dia tinha sido tão tranquilo que era difícil de acreditar que fora real. Andar com Max por aí, ouvir histórias do rapaz e ficar ao lado dele tinha sido muito agradável, trazendo novamente para mim uma sensação que eu já tinha esquecido.

Pelo caminho, uma moça de cabelos loiros saltou de um dos prédios até o chão e ia se preparando para subir novamente quando seus olhos cinzentos se encontraram com os meus.

– Annie!

Saí correndo em direção à garota que me encarava indiferentemente. Seus olhos vazios, sem emoção, olhavam-me quase sugando a alma.

– E aí, Mikasa. Conseguiram, hein? Onde está o Eren?

A falta de preocupação da moça em sua voz causou certa raiva em mim. Lembrei-me que já não gostava muito dela no abrigo... talvez fosse por isso. Observei então a vestimenta da garota que se assemelhava a roupa do homem que estava com Michele: uma jaqueta de couro clara e com o equipamento tridimensional ao lado.

– O Eren... não conseguiu...

– Hum... Que pena.

Assim que disse isso, Annie apertou os gatilhos e estava sendo suspensa no ar.

– Hey! Espere! – Ela ficou parada com os pés apoiados na parede enquanto virava o seu rosto inexpressivo para mim. – E os outros? E onde você arrumou esse equipamento?

– Ora, ora, acho que tem gente falante agora. – Senti um rubor subir em meu rosto. Ela então deu um leve toque no equipamento. – Amanhã deve ser o último dia antes de começar os testes desse mês. Acho que você se sairia bem na Tropa de Exploração. Boa sorte.

E a moça pareceu saltar no ar enquanto sumia por entre os prédios. Max começou a se aproximar de mim e colocou sua mão em meu ombro.

– Você vai entrar para essa Tropa? – A cabeça do rapaz estava baixa e sua voz oscilante.

Tentei olhar para o mais longe possível e meus olhos conseguiram ver pela primeira vez um fim naquele muro. Tudo o que tínhamos agora estava cercado, protegido do mundo. O mundo já não nos pertencia mais. Éramos como pássaros em gaiolas. Eu não queria viver presa.

Certamente eu vou entrar para essa Tropa de Exploração.


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Notas finais do capítulo

Aê o/
A Annie está nas muralhas o/ Eu não gosto muito dela ¬¬ mas pelo menos alguém conhecido ainda ta vivo kkkk'
E aí, o que estão achando?



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