So close, So far escrita por Lorena Cristina


Capítulo 4
Capítulo Quarto


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, muito obrigado pelos comentários, todos eles! Eu queria pedir desculpas por não responder um por um, pois eu confesso que ando um pouco sem tempo, mas assim que puder eu irei fazê-lo. Bom, agora sobre esse capítulo, eu escrevi ele hoje, passei a tarde trabalhando nele, e confesso que ainda não sei exatamente o que pensar sobre. Esse é um capítulo que me foi bem complicado de escrever, devido a carga emocional do personagem, eu estou com muito medo de ter me excedido e fugido muito o personagem, eu espero que não. Nem me dei ao trabalho de revisá-lo, pois sei que se o fizer, vou apagar tudo e reescrever. Espero que vocês gostem.
xoxo



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Capítulo Quarto

Eu sinto falta dos anos que foram apagados

Eu sinto falta do jeito que o brilho do sol iluminava seu rosto

Eu sinto falta de todas essas coisas pequenas

Nunca imaginei que elas significariam tudo pra mim

Sim, eu sinto sua falta

E eu queria que você estivesse aqui

Eu sinto as batidas do seu coração

Eu vejo as sombras do seu rosto

Só saiba que onde quer que você esteja

Eu sinto sua falta

E eu queria que você estivesse aqui

(Life House )

Lisbon sempre pensará que quando Red John fosse finalmente pego a paz voltaria a se instaurar na vida de todos que se encontravam envolvidos nessa trama. Acreditava que tal realização poderia proporcionar conforto para todas as famílias que um dia vieram a sofrer alguma perda em função do assassino e que todos aqueles que tanto se dedicaram a sua captura poderiam finalmente se deitar ao fim do dia e ter uma noite de sono sem pesadelos, apenas bons sonhos. Mas de uma maneira que lhe partiu o coração, pode ver que Jane ainda não havia encontrado tal paz e conforto. Isso definitivamente não estava permitindo a si uma boa noite de sono cheia de sonhos.

Ele a pediu para que fosse levado para seu quarto de motel, e assim ela o fez, sentindo um medo enorme crescendo dentro de si em deixá-lo sozinho em tais circunstâncias. Mas ela também entendia a necessidade do amigo em ficar sozinho com suas ideias, quem sabe assim ele não conseguia finalmente se colocar no lugar e enxergar o fim de um sofrimento que perdurara por tantos anos.

– Me ligue se precisar de alguma coisa – A morena falou de dentro do carro, arriscando lançar um leve sorriso para o homem.

– Você é um doce.

Suas palavras não foram acompanhadas por sentimentos e nem expressões, foram apenas palavras escorridas pelos lábios de um homem apático funcionando no automático. Na última vez em que a policial ouvira aquelas mesmas palavras saindo da boca do consultor, ele desaparecera de sua vida por seis meses. Eram palavras duras.

Durante a visita de Jane ao Xerife McAllister, teve certeza de que ele estava pendendo nas bordas do que ainda lhe restava de autocontrole, precisando de apenas um mísero empurrão para explodir. Com a graça de Deus, pensou ela, Jane era muito mais forte do que qualquer um podia imaginar, e ele foi capaz de se manter são, e ainda estava sendo. Perguntava-se até quando.

Abbott lhe informará que durante a semana iria haver o julgamento formal de Red John, e que em exatamente uma semana sua pena de morte estaria sendo realizada. Seria um momento aberto para os parentes de todas as vítimas, incluindo os principais policiais envolvidos no caso. Jane e ela ficarão de se encontrar nesse dia então, para finalmente presenciarem o findar de um homem que trouxera para a vida de tantas pessoas a infelicidade da perda prematura.

Lisbon rezava a Deus que essa semana passasse logo, para que finalmente toda a agonia tivesse fim, para ela, para os parentes das vítimas, para Jane.

Especialmente Jane.

XXX

Patrick Jane chegou a seu quarto de motel, adentrou o pequeno cômodo, jogando suas chaves sobre uma pequena mesinha ao lado da porta, retirando seu casaco e desabotoando seu colete. Afrouxou um pouco sua camisa, retirou os sapatos. Foi até o banheiro e se olhou no espelho, pode ver o reflexo de um homem sem esperanças, sem o habitual brilho nos olhos, sem nenhum resquício de seu famoso sorriso sedutor. Havia algo ali dentro, algo que ele pode ver através de seus olhos agora sem brilho e vida, algo que implorava para finalmente sair. Existia uma agonia que se contorcia dentro de seu peito como se dotada de vida própria, um bolo tão denso de sentimentos que o sufocavam, subindo e descendo por seu interior, brincando com sua capacidade de controle. Rapidamente encheu a mão com água e jogou sobre sua face, passando os dedos desajeitadamente entre os cabelos.

Olhou-se novamente no espelho, sabendo que elas estavam ali, tímidas e amargas lágrimas, misturadas com a água em seu rosto, dando-lhe uma expressão de desfalecimento.

Era amarga a sensação que tinha, ainda lhe estava nítida a imagem do serial killer lhe sorrindo serenamente na sala de interrogatório, desafiando-o ao extremo. Podia ouvir o som de sua voz ao fundo de seus ouvidos, escorrendo por sua memória. Como ele gostaria que se pudesse fazer silêncio em meio a tempestade de sua vida, de seus pensamentos.

Por fim, sentara-se a beira de sua cama, até se jogar sobre ela, de peito pra cima, braços abertos, respirando dolorosamente. Aquele bolo de agonia o estava matando por dentro, corroendo cada vez mais as extremidades de seu coração, chegando cada vez mais próximo ou centro, a essência de sua força. Era lá onde ele guardava todas as lembranças doces, todos os bons momentos, o perfume de sua esposa, o sorriso de sua filha. Eram-lhe coisas tão preciosas, aquilo era sua vida, ou foram, ele não sabia mais ao certo. Novas lágrimas brotaram de seus olhos, invadindo tudo o que ele era naquele momento, fazendo doer sua alma, o coração.

Poucas eram as vezes que se permitia realmente afogar naquela tristeza, em toda a saudade, deixando-se chorar, deixando-se acessar o que tinha de mais bonito no íntimo de seu coração. Não se sentia no direito de ir em busca daquelas lembranças boas sempre que queria se sentir melhor, sempre que sentia necessidade de um conforto. Fazer isso, no seu entendimento, ficar a procura de alívio nas lembranças felizes das pessoas que ele mesmo matará um dia, era egoísmo de mais, até mesmo para si. Ao fim, ele sabia que estava fadado a lembrar-se apenas daquele maldito sorriso de sangue, estampado em sua parede, encarando-o friamente, permitindo que sofresse a dor que ele sabia precisar sofrer, merecia sofrer.

Mas ele sentia tanta falta, era tão grande a saudade em seu peito, que lhe doía, como uma dor física, latejando e indicando cada vez mais forte sua existência. Seria capaz de dar a vida para que tudo aquilo nunca houvesse acontecido, para que sua pequena Charllote pudesse sorrir novamente, que sua amada Angêla voltasse à seus braços. Se fosse preciso que ele morresse para que elas vivessem, ele o faria, ele o teria feito.

Havia um lugar enorme e somente para as duas em seu palácio da memória, um lugar que não permitia nenhuma mágoa a perscrutar, pois de todas as lembranças, de todos os momentos vividos ao lado de seus dois amores, só podia haver felicidade. Sentia falta de todos os simples acontecimentos, até o mais singelo deles. Um dia pensara estar fazendo o melhor para sua família, buscando cada vez mais riquezas, usando de sua inteligência para arrancar dos outros, aquilo que engrandeceria seu ego. Trocaria toda sua fortuna e seria capaz de viver na mais completa miséria se em troca pudesse ter de volta outros momentos simples, mais sorrisos de sua filha, novas palavras doces de sua esposa. Apenas elas, de volta consigo.

Jane ergueu-se abruptamente da cama, caminhando pelo pequeno quarto, tentando colocar em prática os seus mais avançados truques de biofeedback, procurando de todas as maneiras voltar ao controle de seu corpo e sentimentos. Ele não podia perder o controle agora, não podia.

XXX

O céu estava estranhamente nublado, sem permitir o mínimo espaço para que o sol viesse a brilhar. Havia alguns salpicos alaranjados bem ao longe, indicando que a noite já estava chegando e que o dia estava se pondo. Era um espetáculo divino, pensou Lisbon, pois parecia que até mesmo os céus prestavam condolências àquela ocasião.

A policial adentrou o grande edifício onde por fim se daria o fim de anos de sofrimentos para diversas pessoas, não deixando de sentir um leve arrepio lhe transpassar o corpo. Não estava necessariamente com frio, mas todo aquele ambiente lhe parecia mórbido e gelado de mais.

Ao adentrar a sala destinada aos convidados, sentiu seu estomago afundar completamente, pois o que estava presenciando naquele lugar, naquele momento, não era algo nem de perto agradável e feliz. Havia várias cadeiras dispostas pelo local, onde muitas pessoas já se encontravam sentadas, envoltas por um completo silêncio. Mas o que a fizera se sentir realmente tão mal foram suas expressões de tristeza, tão sublimemente desenhadas, em seus lábios, olhos, gestos.

Rapidamente procurou pela sala um emaranhado de cabelos loiros, mas não encontrou. Imaginou que ele seria um dos primeiros a chegar, e de certa forma chegar naquele lugar a menos de quinze minutos para tudo ter início e não encontrar Jane, a incomodou profundamente. Fazia exatamente uma semana que não se falavam e nem se viam, o único breve contato que tiveram foi na troca de duas rápidas mensagens de texto onde ela o perguntava se estava indo tudo bem, e ele a respondia com um mísero “Não se preocupe comigo, tire um tempo para si e vá fazer as unhas mulher”.

Aquele era Patrick Jane. Em outras circunstâncias ela teria achado graça, mas nas atuais condições, ela sabia que ele simplesmente a estava evitando.

Logo que se sentara, pode ver Van Pelt, Rigsby e Cho também adentrarem o local, vindo para ficar perto de onde ela estava.

– Hey chefe... – Cumprimentou Rigsby, enquanto Van Pelt e Cho apenas lhe sorriram.

– Hey pessoal... – A mulher lhes sorriu docemente, e logo acrescentou: - Não sou mais seu chefe, Wayne...

– Eu sei, mas não acho que algum dia irei me acostumar com isso.

Acomodaram-se em suas cadeiras e não falaram mais nada, apenas acompanharam o silencia da sala. Cho manteve-se estoico como sempre, enquanto Rigsby parecia profundamente incomodado ao lado de Van Pelt, tendo seus braços entrelaçados um no outro. Já a ruiva mantinha-se séria, mas seu olhar era tão triste como se também houvesse perdido alguém para o assassino.

E até agora, nada de Jane.

Então o tempo se esgotara, e já estava na hora de tudo ter início. Um homem muito alto e vestido impecavelmente se colocou a frente de todos os presentes na sala, sem nem mesmo se incomodar em pedir silêncio, aquilo seria literalmente um gesto desnecessário. Por fim, começou um denso discurso sobre o que estava preste a ocorrer no local.

Foi nesse momento que Lisbon o avistou. Patrick Jane adentrando calmamente a pequena sala, chamando a atenção de alguns. Ele estava no mínimo diferente do habitual. Encontrava-se vestido em um impecável terno preto, cabelos aparados e cuidadosamente penteados, nenhum resquício de barba, e estava usando uma gravata. A última era no mínimo o elemento mais surpreendente. A última vez que Lisbon vira o homem usando uma roupa parecida com aquela foi em uma festa da CBI, mas logo ele se livrara do pequeno acessório em seu pescoço.

Ele veio até onde seus amigos se encontravam, lançando um rápido olhar de cumprimento para Cho, Van Pelt e Rigsby, evitando olhar para Lisbon, porém sentando-se ao seu lado. Todos os três olhavam incrivelmente confusos para o loiro, mas era óbvio que Lisbon era a que parecia demonstrar maior preocupação.

A morena esperou que ele dissesse algo, mas ele não o fez. Pelo o menos não da maneira que ela esperava. Jane agarrara sua mão mais próxima e entrelaçou seus dedos, apertando-a delicadamente, sem soltar. Ela encarou seu perfil, procurando desesperadamente por seus olhos, mas encontrando apenas sua mandíbula contraída. Então ele se virou e a olhou, sem sorrir, sem falar.

O que Lisbon pode ver por trás de seus olhos, ela nunca seria capaz de esquecer. E de certa maneira, ficara feliz que ele a permitiu ver.

Chegando mais perto do amigo, permitiu que seus braços se tocassem, enquanto intensificava o contado de suas mãos, seus dedos tão fortemente entrelaçados. Então quebraram o contado visual, e voltaram-se para o tão denso discurso do homem alto a frente deles.

XXX

Tudo acabou. Era o fim.

Jane suspeitava que estivesse machucando a pequena mão de Lisbon com seu aperto, mas de uma maneira inexplicável, se encontrava incapaz de soltá-la. A mulher não manifestou nenhum desconforto, apenas retribuía seu forte aperto, enquanto direcionava a mão livre para cima de suas mãos já unidas, fazendo leves círculos de carinho sobre os nós de seus dedos.

Era possível ouvir algumas pessoas chorando baixinho, enquanto outras se encontravam completamente inconsoláveis. Finalmente o causador de tanto sofrimento tivera sua vida findada, e todos os presentes naquela sala puderam presenciar a vida do serial killer escorrendo lentamente por seus poros, deixando de fazer brilhar seus olhos. A injeção letal estava a fazer o papel necessário no organismo do bastardo, e todos se encontravam tendo a justiça feita por suas perdas.

Jane ergueu sua mão entrelaçada com a de Lisbon até os lábios, depositando um delicado beijo sobre os nós dos dedos da mulher. Então a soltou, levantando-se em um ímpeto e saindo da sala em passadas largas. Nem se quer ouve tempo de ouvir Lisbon lhe chamar.

– Jane! – A morena disse, olhando preocupadamente para o homem se afastando do local.

Mas não adiantava mais, ele já havia indo embora.

– Oh meu Deus! – Exclamou Van Pelt – Para onde será que ele foi?

– Eu não tenho ideia – Lisbon respondeu, ainda olhando para a porta pela qual Jane saíra.

– Talvez ele só queira ficar um pouco sozinho...

– Então me explica o motivo para aquelas roupas Wayne? – Van Pelt se encontrava tão preocupada que nem estava se dando conta de seu tom frio com o marido.

– Grace, me desculpe, okay? Eu não sei... Não entendo o que se passa pela cabeça de Jane... Ma ele sempre foi assim, talvez ele só queira ficar sozinho.

– Wayne está certo. – Cho disse – Jane precisa de um tempo para se acostumar com as coisas agora.

Rigsby lançou um olhar de agradecimento para Cho, sentindo-se aliviado que pelo o menos alguém estivesse do seu lado.

– Bom, me parece que não temos mais nada o que fazer por aqui... – Lisbon comentou, levantando-se – Acho melhor todos nós voltarmos para casa e finalmente termos uma noite de sono sem preocupações... – Suas palavras deveriam soar animadoras, porém a expressão em seus olhos de preocupação, junto de seu arrastado tom de voz, não convenceram muito seus amigos.

– Certo chefe... argth, Lisbon... – Rigsby rapidamente corrigiu – Então nos vemos por aí...

Todos se despediram, cada um deles indo para suas respectivas casas, na espera de ao chegarem poder encontrar finalmente um pouco de paz.

XXX

Já era de madrugada quando Lisbon tivera sua atenção chamada por fortes batidas na porta.

A morena encontrava-se enrolada em cobertores em seu sofá, buscando a todo custo conseguir dormir, mas tudo o que conseguia era se sentir cada vez mais preocupada com um Jane vagando pelas ruas de sacramento em meio a uma tempestade. Fora no mínimo estranho a maneira como ele aparecera para ver a execução de Red John, e mais estranha ainda a maneira como fora embora. E bem agora que conseguira pegar no sono, algum individuo resolvera que duas horas da manhã era um momento propício para bater a sua porta.

Mas então, ao se levantar, ainda envolta por seu recente sono, passou-lhe pela cabeça que pudesse ser Jane, e isso a levou rapidamente até a porta. Olhou pelo olho mágico e em menos de um segundo já havia aberto a porta.

– Jane! O que houve com você?

O homem a sua frente estava completamente encharcado pela chuva, seus cachos loiros pendiam em sua testa e suas roupas estavam perfeitamente grudadas em seu corpo. Não havia mais gravata, a jaqueta de seu terno estava posta sobre seu ombro direito, enquanto sua camisa tinha alguns botões abertos expondo seu parte de seu peito. Porém em todo aquele quadro, o que mais chamou a atenção de Lisbon foram seus olhos, estes que se encontravam mais azuis que o habitual, cristalinos na verdade, inchados. Patrick Jane estava a beira das lágrimas.

– Hey Lisbon... – Sua voz saiu arrastada e rouca, como se doesse pronunciar qualquer tipo de palavra – Acho que estou precisando de ajuda... – Definitivamente eram palavras de difícil pronuncia para Jane.

– Oh Jane... – Ela deu espaço para que ele entrasse, enquanto fechava a porta – Olhe só pra você... – Lisbon o encarou, sentindo seu coração quebrar ao encontrar seus olhos, tão tristes e confusos. Ele estava tendo um colapso.

A mulher se aproximou e passou a mão pelo rosto do amigo, limpando-o de toda umidade, afastando os cabelos grudados da testa. Jane não se moveu, ele parecia completamente fora de si, em um choque profundo e inquebrável.

– Nós precisamos tirar essas roupas molhadas, você pode ficar doente... – Ela colocou a mão sobre a sua testa, checando sua temperatura – Meu Deus Jane! Você está queimando em febre, quanto de chuva você tomou? – Ele não a respondeu, abriu e fecho os lábios uma ou duas vezes, na tentativa de formular alguma frase, mas não conseguiu. Lágrimas brotaram em seus olhos, e começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto.

– Olha, eu vou buscar alguma coisa pra você vestir, não saia daqui...

Não era preciso que ela pedisse tal coisa, pois nem se ele quisesse aquilo seria possível. Suas pernas haviam parado de obedecer no momento em que chegara no apartamento de Lisbon.

Quando está voltou, encontrou Jane sentado a beira de sua porta, os joelhos dobrados contra o peito, enquanto arfava em agonia, chorando desesperadamente.

– Jane! – Lisbon colocou as roupas que trazia nos braços sobre o sofá, indo rapidamente até o amigo, ajoelhando-se de frente a ele, segurando firmemente suas mãos – Jane, olhe pra mim... Patrick... – Ele a olhou, e quando ela o viu, pode sentir lágrimas nos próprios olhos. Mas ela não podia chorar agora, ela precisava ser forte, pelos dois.

– T-Teresa... E-E-Eu... – A expressão em seu rosto era a de uma pessoa que se encontrava submetido a mais terrível de todas as torturas, era a expressão da mais completa dor – Porque elas... Porque minha doce Charllote... Meu amor... Meu amor... Angêla... – Jane ficou pronunciando, cada vez mais suas palavras fazendo menos sentido, palavras soltas, mas que para o homem significavam alguma coisa.

– Patrick, olhe... – Lisbon passou novamente a mão pelo rosto dele, tentando a todo custo conter o fluxo de suas lágrimas, encontrando a tarefa impossível – Deixe-me ajudá-lo... Vai ficar tudo bem agora... Está tudo acabado, okay?

Jane parou de falar, mas as lágrimas ainda se encontravam escorrendo por seu rosto, deixando cada vez mais seus olhos de um azul claro.

– Venha comigo... – Ela se levantou, pegando o homem pela mão, erguendo-o junto de si – Você precisa trocar essas roupas molhadas e deitar-se, vou arrumar algum remédio para essa sua febre...

– Eu não deveria ter vindo aqui... – Jane falou abruptamente, cortando Lisbon – E-Eu preciso sair daqui... – O homem se moveu até a porta, mas a encontrou fechada, então passou os olhos pelo apartamento como se a procura de uma saída alternativa, mas não encontrou nada satisfatório. Suas lágrimas haviam cessado um pouco, mas seu comportamento era descontrolado.

Lisbon apenas o observava tristemente, vendo diante de si a pessoa com o maior alto controle que conhecia, se desfazer em gestos desesperados, em busca de algo que ela não sabia se era capaz de oferecer.

– Patrick... – Ela caminhou até ele, pegando uma de suas mãos e entrelaçando seus dedos, enquanto levou a outra até seu peito, rumo ao seu coração – Deixe-me ajudá-lo... – Elevou a mão de seu coração até seu rosto, pela terceira vez o secando. Em um instante de fraqueja, contornou seus trêmulos lábios com a ponta dos dedos, logo se afastando – Venha...

Ele ficou de pé de frente para o sofá, enquanto Lisbon pegou as mudas de roupa sobre ele, lhe mostrando.

– Eu acho que deve servir em você... Eram de meu irmão Tommy... – Mas ele não se moveu para pegar as roupas, e ela pode notar que ele estava tremendo – Patrick, você precisa ir para o banheiro se trocar, ou pode se trocar aqui mesmo, eu vou aproveitar para buscar um remédio e...

Ela parou de falar, notando novamente as lágrimas banhando seu rosto. Ela nunca imaginara que um dia veria aquele homem em tais condições. Ele sempre fora tão bom em esconder seus sentimentos, em controlá-los, mas agora, ele parecia outra pessoa. Provavelmente não estava mais no controle de si mesmo, de suas lembranças. A dor de perder alguém amado não era algo simples de se lidar, pensou Lisbon, lembrando-se de quando perdeu sua mãe.

– Okay... Vou ajudá-lo... – A mulher esperava não se arrepender disso depois, mas quando começou a desabotoar a camisa de Jane pode notar que ele não a evitou, e que seus olhos se encontravam mais tristes do que nunca, marejados por amargas lágrimas.

Retirou sua camisa, e o encarou por um instante, esperando que ele mesmo retira-se o cinto e as calças, mas ele não se moveu, mantendo-se ainda com os olhos para ela, mas sem verdadeiramente olhá-la.

– Okay... Okay... – Murmurou ela para si, enquanto criava coragem para o que precisava fazer.

Retirou o cinto de Jane, seguido de seus sapatos e meias, depois suas calças. Ele havia acabado de vir de uma tempestade, no entanto, todo seu corpo ardia em febre. Lisbon pegou as roupas que eram de seu irmão e o ajudou a colocar, depois de secá-lo da melhor maneira que pode com uma toalha. O homem parecia completamente alheio à situação ocorrente, como se ela despi-lo e vesti-lo fosse algo rotineiro na vida de ambos.

Então ele se deixou sentar no chão, a beira do sofá, as pernas esticavas, os olhos vagando por algum lugar desconhecido por Lisbon.

A mulher retirou-se rapidamente para levar suas roupas molhadas e para pegar algum remédio para sua febre. Voltou e o encontrou no mesmo local, ainda com olhos perdidos. Sentou-se a beira do sofá ao seu lado, entregando-lhe o copo com água e comprimido. Jane abaixou a cabeça um pouco, levando a mão ao rosto, pressionando duramente seus olhos, para em seguida passar também as mãos pelos cabelos, bagunçando-os mais. Ele levantou-se com força, pegando o copo com água e tomando-o junto com o remédio muito rápido. Colocou tudo sobre a mesinha de centro e se sentou novamente no chão próximo ao sofá, ao lado de Lisbon.

– Eu não sei o que fazer... Me desculpe...

– Patrick...

– Eu sei que não sou assim... E-Eu... Eu sinto como se... – Novas lágrimas surgiram, parecia que elas não tinham fim, pensou ele, pois a cada frase que tentava formular, ou lembrança que lhe arrombada a consciência, eram novas lágrimas o resultado – Você não precisava estar vendo isso... Você...

Então Lisbon sentou-se a seu lado no chão, e pegou uma de suas mãos, igual ele havia feito com ela mais cedo, entrelaçando seus dedos.

– Patrick, eu me importo com você... Nós somos uma família tudo bem? – Ele a encarou, sentindo seu coração batendo cada vez mais forte – Estou aqui por você, não precisa se explicar para mim...

O homem se moveu, virando-se para ela, envolvendo-a em um abraço. Ela pode sentir o calor de seu corpo com febre, pode sentir que ele estava tremendo. Jane escondeu o rosto em seu pescoço e começou a chorar, os soluços causando leves contrações em seu peito.

– E-Eu as amava tanto... Eu não queria... N-Nã-ããoo queria que isso houvesse acontecido, eu...

– Shiiii... – Lisbon disse, enquanto fazia leves movimentos com as mãos em suas costas e nuca – A culpa não foi sua Patrick, por favor, entenda isso...

– Claro que a culpa foi minha Teresa – Ele se afastou de seu abraço, falando duramente – Se eu não fosse tão egoísta e arrogante, talvez elas não houvesse morrido, talvez...

– Talvez Patrick... Você nunca vai ter certeza.

Ele desviou o olhar, sentindo a velha agonia se remexer em seu interior.

– E tudo isso não parece ter melhorado nada...

Ele não precisava dizer mais nada, pois agora Lisbon entendia.

– Patrick, me escute... Matar Red John não iria trazer sua família de volta, ele morrer não a trás de volta – Eram palavras duras, mas necessárias – Você não está sentindo que a morte dele te alivia da culpa que sente, não é? – Ele não respondeu, mas sua mandíbula se contraiu, e mais lágrimas escorreram por sua face – Patrick, olhe pra mim... – Delicadamente ela virou o rosto do homem para si, olhando para seus olhos docemente – Você é um homem bom Patrick, você não deve se sentir culpado mais, tudo acabou, finalmente acabou... Agora tudo parece confuso mais... Vai ficar tudo bem... Confie em mim, por favor...

Ele se manteve em silêncio, mas incrivelmente, sorriu para ela, um sorriso leve, mas sincero.

– Eu confio em você Teresa.

Tudo finalmente havia tido um fim, e não seria fácil para ninguém a partir de agora. Mas recomeços sempre são necessários quando se quer realmente continuar a viver.

Jane se moveu de forma de pode repousar sua cabeça no colo de Lisbon, fechando seus olhos, mas lágrimas ainda escorrendo por seu rosto.

A morena começou a fazer leves carinhos no cabelo do homem, vez ou outra contornando seu rosto. Lágrimas se encontravam banhando seu próprio rosto. Tentou secá-las meio desesperadamente, procurando controle, tentando disfarçar para que Jane não a visse. Agora ela tinha certeza que, ela era apaixonada por ele, e queria de todo o coração que ele ficasse bem.

Se inclinando sobre ele, depositou um delicado beijo ao lado de sua têmpora, murmurando perto de seu ouvido: “Vai ficar tudo bem, eu prometo.”.


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Notas finais do capítulo

Por favor pessoal, me deixem saber o que acharam deste aqui...
O próximo é quando a coisa começa realmente a ficar mais séria entre nosso casal favorito. Espero vocês lá!
xoxo



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