So close, So far escrita por Lorena Cristina


Capítulo 2
Capítulo Segundo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora pessoa! Mas aqui está como prometido, espero que gostem!
xoxo



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Capítulo Segundo

Encarando a face do passado

Uma memória não pode ser apagada

Eu sei, porque eu tentei

Começo a sentir o vazio

E vou sentir falta de tudo

Eu sei que eu não posso esconder

(LifeHouse)

– Vamos para o meu apartamento, tudo bem? – Lisbon perguntou gentilmente, já sentada na posição de motorista, olhando para um Jane silencioso ao seu lado, olhos perdidos na paisagem fora do carro.

– Vai adiantar eu dizer que gostaria de ficar sozinho? – O loiro se virou para olhá-la, forçando o surgimento de um fraco sorriso em seus lábios.

– Não – A agente lhe sorriu com os olhos, dirigindo-lhe essa simples resposta impetuosa.

Sem mais conversas, a morena ligou o carro, pondo-se a dirigir. Ao longo do caminho, ela não conseguia deixar de lançar alguns olhares preocupados para Jane, notando-o completamente absorto em seus próprios pensamentos. Como ela gostaria de poder ajudá-lo.

Após aqueles dez anos de convivência, Lisbon pode acompanhar a recuperação de seu consultor. Sua chegada à CBI, suas tímidas demonstrações de inteligência sobre a resolução de crimes, juntamente de um sincero desejo de vingar a morte de sua família. Como ele amava Ângela e Charlote. O respeito que tinha pela memória de sua esposa e filha podiam ser sentidos apenas por estar perto de Jane, já que seus olhos pareciam um desenho de sentimentos constantes que ele gostava de por à dançar sempre que se lembrava delas. Sim, Lisbon, juntamente de todos os outros na CBI, podiam notar isso nele. Aquele havia sido um fardo nada pequeno para um homem; carregar sobre si o peso da morte das pessoas mais amadas de seu coração.

Ela sabia que ele nunca mais seria o mesmo após tamanha perda em sua vida. Partes de seu coração haviam-lhe sido arrancadas junto de sua família, cicatrizes profundas e doloridas se mantiveram encobertas por todos os seus belos sorrisos, encobertos por um tempo longo de mais, e agora, por mais difícil que fosse enfrentar todas as dores e más lembranças, era a única opção que restara. Isso, ou passar o resto de seus tempos sobrevivendo na ignorância.

– Posso ouvir seus pensamentos, mulher! – Jane se virara levemente para ela, forçando-se um tom de voz divertido – Já quase posso vê-los também.

– Há-Há... – Lisbon não disse nada. Provavelmente ele estava dizendo a verdade, ouvindo seus pensamentos. Ela só esperava que ao menos um deles pudesse ajudá-lo.

– Você não precisa fazer isso, eim Lisbon... – Seu tom de voz ficou sério – Eu vou ficar bem, só preciso do meu sótom e uma boa xícara de chá.

A morena lhe lançou um olhar enviesado, fazendo um leve beicinho – Claro, e onde você pretende encontrar um sótom, já que a CBI está fechada?

– Bom... – Ele pareceu considerar a ideia. Lisbon ficou feliz por ver que ele estava se permitindo ter uma breve conversa mais tranquila, depois de tudo – Acho então que vou precisar de duas xícaras de chá, para compensar a perda do meu lugar favorito...

– Oh, não se preocupe, eu estou com o sofá que você me deu para o escritório lá em casa, você pode usá-lo, sei que gosta dele – Um rápido brilho passou pelos olhos de Jane, e Lisbon sorriu – E também tenho um pouco de chá, escondido em algum lugar nas profundezas do meu armário de cozinha... – Jane fez uma careta com a menção ao local, mas não disse nada em resposta. Não adiantaria, a mulher estava decidida a levá-lo para casa.

Mas talvez ela estivesse certa, talvez ele não devesse ficar sozinho. Aquilo não parecia ser uma boa ideia nem mesmo para sua mente egoísta.

XXX

O restante do caminho foi feito em silêncio. Jane pareceu se afundar em algum tipo de mundo pessoal, tornando-se completamente inalcançável, e Lisbon não fez nada para impedi-lo.

O jovem consultor não estava tendo muito sucesso em suas tentativas de frear suas lembranças, muito menos em controlar seus sentimentos. Os acontecimentos dos últimos tempos haviam causado uma bagunça difícil de arrumar em seu palácio da memória. Tantas eram as dúvidas que lhe tomavam a consciência, tantos questionamentos. Pra começar, como eles haviam chegado naquele parque antes que ele houvesse matado o bastardo infeliz? Porque eles tinham que ter chegado justo naquele momento?

Jane apertou os olhos com a ponta dos dedos, franzindo a testa, arfando lentamente, tentando se manter no controle. No atual instante, ele se encontrava em um carro com Lisbon, indo para seu apartamento, depois de quase ter matado o assassino de sua esposa e filha, enquanto este se encontrava sendo socorrido em algum hospital de sacramento. Merda, não era para as coisas serem assim.

– Jane?

– Hum? – O homem respondeu meio atordoado, por ser tirado de pensamentos tão envolventes.

– Chegamos – A mulher olhava atentamente para ele.

– Sim, claro que chegamos – Sem esperar por Lisbon, Jane desceu do carro, já indo em direção ao apartamento. Ele precisava urgentemente de um pouco de ar, de esticar as pernas, sentir-se livre. Pelo o menos no que diz respeito ao físico.

Provavelmente ele estava em choque, pensou. Depois de passar algum tempo internado sob os cuidados de Sophia, ele havia aprendido um pouco sobre as peças que sua mente poderia pregar quando se está sobre grande pressão. Então, provavelmente ele também estava caminhando para um colapso, não tinha ideia das proporções do mesmo, mas se fosse levar em conta tudo que estava borbulhando em sua mente agora, ele tinha medo de descobrir.

Lisbon o alcançou, então caminharam novamente em silêncio para o interior do apartamento. Aquele silêncio o estava incomodando, estava deixando brechas de mais para que seus monólogos gritassem dentro de si. Jane suspeitava que Lisbon também não estava muito satisfeita com sua postura reclusa, visto que seus olhos gritavam de preocupação para com ele. Ela o olhava como se ele estivesse preste a cair a qualquer momento, e ele não podia deixar de temer que ele estivesse mesmo preste a cair.

– Você gostaria de uma xícara de chá agora?

Somente depois que a morena pronunciou tal frase que o consultor caiu em si, vendo-se já dentro do apartamento de Lisbon, com as mãos cravadas nos bolsos de sua jaqueta, os pés mantendo uma relação não muito diferente com o chão.

– Eu faço – Então foi para a cozinha, em passos largos, sem pedir permissão.

A mulher deve ter levado como explicação todas as atitudes evasivas do homem como tentativas de se manter sozinho, e se realmente era isso que ele queria naquele momento, não seria ela a atrapalhar. Então, a ex-agente da CBI foi até seu quarto no andar de cima, para pegar alguns travesseiros e cobertores, ao voltar, encontrou Jane sentado em seu sofá, com a cabeça virada para trás, seus olhos fortemente fechados, causando vincos profundos em seu rosto.

Lisbon parou por um momento, mordendo o lábio inferior, segurando a pilha de cobertores e travesseiros contra o corpo. Olhou para Jane por um instante, meditando sobre aquele momento, sentindo um leve incômodo em seu peito. Ele estava em seu apartamento, provavelmente lutando contra todos os tipos de pensamentos e lembranças, pensou ela, provavelmente ele deveria estar pensando em certo serial killer que ainda estava vivo em algum lugar de sacramento.

– E se ele fugir, eim Lisbon?

O homem dirigiu-se a ela, como se estivesse lendo seus pensamentos.

– Ele não vai Jane – Ela se aproximou do sofá, colocando os cobertores e travesseiros ao lado dele. O loiro manteve-se de olhos fechados – Nós sabemos que Abbott não faz parte da associação Blake, e ele não vai se permitir cometer a estupidez de perder Red John agora, não depois de tudo que aconteceu, seria um soco em seu ego.

Então ele abriu os olhos, e se virou para Lisbon – Provavelmente você está certa... – Não havia convicção em sua voz, no entanto, e a morena pode notar isso – Acho que agora acabou...

Lisbon deixou escapar o pensamento de que tudo aquilo só teria fim quando Red John finalmente fosse condenado a morte, mas não os transformou em palavras, ela tinha certeza que Jane sabia o que ela estava pensando.

– E o que você vai fazer agora? – Sua pergunta saiu hesitante, em meio a um suspiro. Não havia notado que estava segurando a respiração, e nem mesmo que a resposta para tal questionamento lhe era tão assustadora.

Rapidamente, quase que imperceptivelmente, o loiro desviou o olhar, para voltar logo em seguida com um forçado sorriso amarelo no canto dos lábios – Bem... – Ele se levantou, enquanto pegava alguns travesseiros e os ajeitava de maneira mais adequada para que pudesse se deitar. Retirou sua jaqueta e seu colete, colocando-os delicadamente no braço oposto do sofá, sentou-se e retirou os sapatos, para somente depois de tudo voltar a dirigir o olhar para Lisbon – Acho que irei dormir...

Okay. Ele não iria contar para ela. Talvez nem mesmo ele soubesse a resposta. Ela resolveu não insistir na pergunta.

– Você não gostaria de comer alguma coisa?

– Não acredito que meu estômago está aceitando comida hoje, mas obrigado – Respondeu ele afável, já debaixo de seus cobertores, sua voz um pouco rouca, mas estável.

– Bom, nem o meu... – A morena deu de ombros – Então boa noite Jane. – Ela se virou para sair.

– Boa noite Lisbon, e... – Por um segundo ele considerou suas palavras, como se elas fossem grandes de mais para serem ditas. Talvez o significado fosse – Obrigado pelo que está fazendo por mim... É realmente um acréscimo à minha conta com você... – A última parte foi dita em tom de brincadeira.

– Oh, cale a boca Jane... – Lisbon disse sem se virar, já subindo as escadas para seu quarto. Mas ela estava sorrindo.

XXX

Lisbon ergueu-se em sua cama irritada. Porque estava sendo tão difícil dormir? De acordo com o que ela premeditará, após ter realizado o trabalho de anos e finalmente pego o mais procurado Serial Killer de toda a Califórnia, o mínimo de recompensa que pensara que receberia era uma bela noite de sono, sem preocupações. Oh, como a realidade estava se saindo diferente do sonho.

Sentada em sua cama, em meio a escuridão, um milhão de pensamentos dançavam diante seus olhos, quase como se tivessem vida própria. Aquilo já a estava irritando. Em meio a um longo suspiro, tentou concentrar-se em sua própria respiração, no silêncio de seu apartamento. Mas havia um problema, seu apartamento não estava tão silencioso como ela gostaria. Muito sutilmente, ela podia ouvir o som de sua TV, lembrando-a que provavelmente Jane também não estava conseguindo dormir. Sentiu-se tentada a descer e ver se ele estava bem.

Oh, Patrick Jane estava dormindo em seu sofá. Aquilo soava estranho, pensou. Por mais que ele não estivesse dormindo, ele ainda estava em seu sofá, em sua casa.

Lisbon fez um rápido movimento brusco com a cabeça, tentando afastar alguns pensamentos inapropriados para a situação para um lugar bem distante de sua mente.

“Eu não estou apaixonada por Patrick Jane”

“Eu não estou apaixonada por Patrick Jane”

“Eu não estou apaixonada por Patrick Jane”

Talvez, repetindo aquela frase várias e várias vezes, ela fosse capaz de convencer seu coração.

Foram dez anos juntos, dez anos de uma convivência assídua. Muitas coisas haviam ocorrido, ambos viveram coisas suficientes para encher livros e mais livros de história. Mas será que havia amor no meio desses momentos?

Bom, enquanto estava sozinha e no silêncio de seus pensamentos, e uma parte mais obscura de seu cérebro se mantinha focada em certa presença no andar de baixo, Lisbon pensou em revisar seus conceitos de “Estar apaixonada”, pela milésima vez, mas ela estava cansada de mais para isso. Por mais que o sono não estivesse muito a seu favor naquele momento, a mulher não estava com vontade de remexer em sentimentos que faziam doer tão amargamente seu coração.

Levantou-se em um salto, jogando as cobertas para longe de si, decidida por um copo com água. Bela desculpa a sua, pensou.

Desceu as escadas cuidadosamente com os pés descalços, para no caso de Jane estar dormindo, e não acordá-lo. Aquilo não seria realmente um problema, pensou consigo, visto que ao chegar à sala encontrou apenas uma TV ligada e vários cobertores espalhados pelo chão, nada de Patrick Jane. A luz de sua cozinha estava acesa, no entanto.

– Hey Lisbon, vejo que também não consegue dormir. – Saudou o homem gentilmente, dirigindo-se para a mulher que acabara de adentrar a cozinha.

– Não se engane Sherlock, estou apenas me certificando que você não fugiu. – A policial lhe lançou um olhar desafiador, enquanto sorria serenamente.

– Oh – Ele disse simplesmente, não querendo considerar muito a brincadeira feita. Ele sabia que ela só não conseguia dormir – Que tal uma xícara de chá? Estou fazendo uma especialmente para pessoas com insônia... – Ele lhe estendeu uma xícara, enquanto Lisbon olhava desconfiadamente para seu conteúdo, sobrancelhas arqueadas – Ah, vamos lá mulher, eu não coloquei beladona no chá... – Ela pegou a xícara – Pelo o menos não no seu...

– Jane! – Exclamou a mulher em advertência.

– Estou brincando... – Ele sorriu para ela – Por mais que fugir da realidade agora seria ótimo – Considerou ele, pensativo.

– Jane... – Lisbon amaciou o tom de voz, enquanto o olhava condescendente, sem saber exatamente o que fazer.

– Não se preocupe comigo Lisbon, eu vou ficar bem.

Se ele estava admitindo que ficaria bem, é porque ele também estava admitindo não estar bem naquele momento, considerou a morena com uma careta.

– Porque não assistimos um pouco de TV? – Sugeriu ele.

– As duas da madrugada? – Perguntou ela, sem muita convicção.

– Bom, eu não pensei que já fosse tão tarde... Mas talvez nos ajude a ter um pouco de sono – Ele fez um gesto para que Lisbon passasse por ele, rumo à sala, enquanto pousou delicadamente a mão esquerda na parte inferior de suas costas, guiando-a – E nós também não precisamos mais nos preocupar com horários, não temos que trabalhar amanhã... Nem depois... E nem depois... – Brincou ele.

– Okay, eu já entendi que estamos desempregados.

A realidade assombrou a policial de uma maneira terrível. A CBI era mais do que um simples emprego para ela, era o lugar onde havia construído uma família. Sentiu uma pontada de raiva ao adicionar esse acontecimento a lista de coisas que Red John havia tirado de todos eles.

Sentaram-se lado a lado no sofá, mais perto do que normalmente fariam mais perto do que era realmente necessário. Seus ombros e pernas estavam se tocando, mas nenhum deles pareceu se importar com a súbita proximidade, ela era quase reconfortante na verdade.

– Acho que estou em negação. – Jane disse após alguns minutos em silêncio, olhando para algum tipo de filme antigo que passava na TV, sem realmente vê-lo.

Lisbon olhou para o perfil do homem ao seu lado, notando que os vincos de tristeza se encontravam mais profundo agora. Sua mandíbula estava duramente flexionada, seus olhos sem brilho algum.

– Provavelmente estou em negação – Ele repetiu enfático, soltando um suspiro em meio a toda sua frustração – E você não precisa ver isso Lisbon.

– Acho que já estou grandinha o suficiente para escolher o que quero ou não ver, você não acha? – Ela tentou soar tranquila, mas era gritante a preocupação em sua voz.

Jane soltou um grunhido engraçado, enquanto sorriu amargamente – Você está sempre aqui, já percebeu? – As palavras dele soaram mais para si do que para Lisbon – Obrigada, mais uma vez... – Seus lábios formaram uma linha fina e branca, pressionados em um gesto desesperado – Por sempre estar aqui por mim.

– Está tudo bem Jane, não precisa me agradecer... – Seu sorriso era inevitável após ouvir tais palavras, por mais que tentasse conter seu coração de transbordar, lhe era mais forte a alegria que inundava seus poros.

– Oh, Santa Teresa... – Ele lhe sorriu mais uma vez, até que se virou novamente para a TV, o silêncio retornando a envolvê-los.

Antes que Lisbon pudesse ver, Jane segurou sua mão esquerda, entrelaçando seus dedos gentilmente, enquanto ainda se mantinha “concentrado” no filme a sua frente. Ela não disse nada, e nem quebrou o contato, apenas direcionou a ele um aperto mais forte, querendo transmitir através dele todos os sentimentos que não conseguia traduzir em palavras.

Agora que tentei

Falar com você e fazer você entender

Tudo o que você tem que fazer é

Fechar seus olhos e só estender suas mãos

E me tocar, me abraçar apertado

Não me deixar nunca ir embora

(More Than Words – Extreme)


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Notas finais do capítulo

Oh, espero que tenham gostado. Estou aberta a críticas e elogios eim pessoal! kkkk Fiquem a vontade para comentar e fazer uma autora feliz haha *0*
Até o próximo capítulo.
xoxo