P.O.V. Percy

Estávamos no meu apartamento. Grover, Rachel e eu.

Por que as mulheres tem que gostar de romance? Séria tão mais fácil se elas se conformassem com nós homens do jeito que somos!

– Vamos tentar de novo! – disse Grover.

Cainhei até a Rachel e sorri para ela.

– Oi. Como está? – perguntei.

– Bem. – respondeu ela.

Fingi tirar um buquê de flores de trás de mim.

– Para você! – entreguei o “buque imaginário” a ela – Espero que goste.

– Ah, Percy... Grover isso está ridículo! – alertou Rachel e eu tinha que concordar com ela. Esse negócio dela ficar “interpretando” a Annabeth e eu tentar impressionar ela com romantismo estava... Uma merda!

– Tá bom! – falou ele – Vamos para o plano B.

– Qual o plano B? – perguntei.

Nem percebi, mas Grover estava com uma mochila. Ele retirou de lá um CD. Colocou o mesmo dentro do meu aparelho de DVD. Falou que tinha comprado para mim.

Ele, Rachel e eu sentamos no meu sofá de mola desconfortável. Dei play.

Na televisão, apareceu um homem loiro, de olhos castanhos e pele clara. Ele vestia roupa social azul escura. Ao fundo, tinha um telão rosa neon repleto de corações vermelhos.

– Olá. Eu sou Harry Adams. – disse o cara loiro. Ele sorriu e um dente brilhou.

– Que gay! – comentei.

E era mesmo!

– Não interessa. – disse Rachel num tom quase desesperado – Ele ainda é um gato.

Grover e eu bufamos.

– Eu vim ajuda-los com o tema: Romance. – continuou Harry – Que mulher não adora receber um elogio... Uma caixa com bombons... Um buquê de flores... Ou algum mimo do carinha que ela gosta?

– Não podia ser mais verdadeiro! – assentiu Rachel.

– Mas... Como fazer isso da maneira correta? Como demonstrar a originalidade? Como dar algo que seja inesquecível? – continuou Harry.

[...]

Terminamos de ver o vídeo.

– Preciso achar esse Harry Adams. – comentou Rachel – ELE É PERFEITO!

– Ele é só um cara bobo que dá dicas de amor para manés desesperados! – falou Grover.

Ri um pouco, mas...

– Ei, eu não sou um mané desesperado! – protestei. Às vezes eu sou um pouco lesado. ÀS VEZES.

– Não importa. – falou Grover – Está pronto para conquistar Annabeth, Percy? E fazer dela a futura Sra. Jackson?

– Pode apostar! – falei confiante.

P.O.V. Annabeth

Bati numa porta de madeira branca no meio do corredor cor queimado. Escutei um “entre” e abri a mesma.

O quarto da minha mãe era simples e aconchegante. Era cor nude e expressava simplicidade. Caminhei até a cama dela. Atena estava escorada num encosto enquanto lia um livro. Em cima da sua cama, havia um quadro na parede. Era um retrato meu quando completei dez anos. Não mudei tanta coisa de lá para cá!

– Oi querida. – falou fechando o livro e retirando seus óculos de grau. Ele os pôs sobre o criado-mudo do lado direito da cama. Sentei ao lado dela, na cama, cruzando as pernas.

– Mãe – comecei. Ela me olhou atenta – O Luke me pediu em namoro.

Ela sorriu feliz.

– Isso é bom!

– Mas... – senti a minha garganta fechar um pouco – Sinto que não devo fazer isso! Eu não gosto dele do jeito que ele gosta de mim. E eu não sei o que dizer a ele...

– Annabeth – minha mãe levantou um pouco o meu rosto. Isso fez com que os nossos olhos cinzentos se encontrassem – Você deve seguir o seu coração. Quer namorar o Luke? Tudo bem. Sempre aprovei relação de vocês dois. Luke é um ótimo rapaz. É bonito, inteligente, tem um bom emprego. – assenti – Mas se você não quer namorar ele... Também está tudo bem! O que importa é que você esteja feliz.

Sorri para ela. Escorei minha cabeça no ombro dela e a senti acariciar meus cabelos.

– Mãe – falei. Ela grunhiu – como você e o papai começaram a namorar?

Ela virou o rosto para o meu.

– Nos conhecemos na faculdade. Eu fazia direito e ele fazia história. Na época ele tinha uma namorada cujo nome eu esqueci. – as narinas dela bufaram – A garota tinha uma cara de nojenta e uma voz irritante. Depois que seu pai terminou com ela, ele começou a andar com o meu grupinho de amigos. O seu pai era muito atraente. Assim como nós duas, ele tinha cabelo loiro. Mas os olhos eram castanhos claros. Ainda lembro-me do dia em que ele me pediu em namoro. Foi num restaurante de comida italiana, o tataravô de Frederick era italiano. Pedimos uma lasanha e o garçom trouxe o nosso pedido e um buquê de rosas brancas. Aí seu pai me pediu em namoro.

Não tive como não sorrir. Imaginei meus pais naquela situação. Bom, mais ou menos. Nunca cheguei a ver meu pai, apenas fotografias dele.

– E o que mais? – perguntei curiosa.

– Depois que nos formamos, esperamos um tempinho. Não podíamos nos casar de imediato, precisávamos ter uma boa condição financeira. Tornei-me advogada e o seu pai professor de história na faculdade que você estuda.

Ela parou por aí, se não iria chegar ao assunto casamento e em seguida gravidez. E era melhor não lembrar isso por causa do acidente.

– Por que está tão curiosa quanto a isso? – perguntou Atena.

– Porque eu sinto que a senhora ainda ama o papai. – expliquei – E eu queria ter uma relação como a de vocês. Pura, sincera e duradoura.

Abraçamo-nos. Saí do quarto dela. Desci as escadas. Caminhei até a garagem. Lá encontrei Nico calibrando os pneus do carro.

O local era grande, espaçoso e amplo. Tinha muitas caixas de papelão com coisas que iriamos doar para caridade. Era uma típica garagem americana.

– E aí Annie? – falou ele quando percebeu minha presença.

Eu conheci Nico quando eu tinha cinco anos e ele seis. Eu fui visitar o túmulo do meu pai e o Nico estava lá. O pai dele, Hades, é dono de uma agência funerária e de um cemitério. Nico é nosso motorista há mais ou menos quatro anos.

– Nico – comecei indo até ele – como está a Lia?

Ele suspirou. Lia é a namorada dele.

– A gente terminou.

– O que? – perguntei surpresa.

– Eu falei para ela que não tínhamos mais aquela química de antes. Fora que a gente era mais amigos do que namorados. – ele ficou em pé – Foi melhor assim. Ela vai encontrar alguém que realmente a ame e eu também.

– Luke te pediu em namoro de novo não foi? – retrucou.

– Como sabe? – indaguei.

– Só você não percebe, mas... Quando vocês estão perto um do outro... Ele não tem olhos para outra garota que não seja você! – garantiu – O garoto está totalmente na sua! E quando você voltou do cinema com aquele gloss borrado... – seus olhos escuros tinham uma pitada de malícia.

– Você acha que eu deveria aceitar o pedido dele? Deveria dar mais uma chance a nós dois?

Nico estralou os dedos.

– Por que não? Caso não dê certo, vocês terminam e voltam a serem amigos. – sugeriu – Agora se me dá licença, eu preciso ligar para o meu pai.

– Ah, como está o Sr. Hades?

– Não muito bem! – respondeu – Ontem ele me bateu com uma linguiça calabresa pensando que eu era a Perséfone! – bufou – O Alzheimer dele está ficando... Pior! Mas é a vida, né? E o caso dele ainda não é tão sério.

Saí de lá me perguntando por que Hades bateria na esposa com calabresa. As coisas que Nico disse me fizeram lembrar-me do garoto que eu conheci na livraria. Percy terminou com a Rachel porque o namoro estava acabando com a amizade deles. E Nico terminou com a Lia porque eles eram mais amigos do que namorados.

Porém... O namoro que tive com o Luke quando eu tinha quinze anos não acabou com a nossa amizade. Acho que só fez aumenta-la!

Recebi uma mensagem.

Annie quer ir comigo amanhã ao Aquatic Fun? Como amigos!

Luke

Fiquei pensando um pouco. Devo realmente ir? As palavras de Nico vieram a minha cabeça.

Por que não?

Enviei uma resposta.

Ok, eu vou com você!