“Eu perco o chão, eu não acho as palavras”

POV Hermione Malfoy

Eu havia acordado e me sentia péssima. Havia chorado até dormir, mas não foi um sono tranqüilo. Acordava aos berros chamando por Draco.

Me levantei rápido demais, senti uma tontura e lembrei:

– Céus, estou grávida. E ele ainda não sabe!

Por um momento eu entrei em pânico. Meu bebe não ia ter pai. Não, Draco e eu só havíamos brigado... Feio. Mas não vamos nos separar.

Com essa ideia, eu segui para o banheiro, quando faltavam dois degraus da escada, pisei em falso e cai:

– Oh meu Deus! Ai doeu!

Tinha ralado o joelho. Graças a Deus não havia sido o grave. Fui pro banheiro mais calma.

Fiz a minha higiene e me vesti como de costume. Foi quando a minha vista bateu no relógio:

– To atrasada, to atrasada!

Peguei todas as minhas coisas, joguei no carro e voei para o trabalho.

– Mione, onde você estava? A Minerva quer te ver, agora! – Falava a minha secretaria

– Ah Parvati, droga! Leva as minhas coisas que eu já vou pra sala dela.

Minerva era a dona da revista. Todos lá eram seus subordinados inclusive eu:

– Atrasada! Como pode fazer isso? Sabe quantos dias faltam pro fechamento da revista? – Ela me olhava severa, com a boca numa linha fina de raiva.

– Eu... eu. Me desculpe, e que... – Eu não sabia o que dizer! Eu sei que estava errada mas tinha meus motivos – Não sabia, que precisariam de mim tão cedo. Eu... er, estou com... – Ela me olhava incrédula. Como se aquela Hermione prestativa e racional, tivesse acabado de ir pro ralo.

– Isso não vai mais se repetir. – Foi o máximo que pude fazer

– Assim espero!

“Eu ando tão triste, eu ando pela sala”

POV Draco Malfoy

Depois que sai de casa, fui pro meu escritório. Ele tinha um bom sofá de couro, que me permitiria dormir bem. Mas nunca que conseguiria tal proeza, não depois de brigar com a minha mulher.

Chegando lá me joguei no sofá, e analisei o quanto aquela briga era ridícula. Mas ela me ofendeu demais, nunca havia usado o meu sobrenome pra se referir a mim, depois que começamos a namorar.

Depois de um tempo eu cai na inconsciência.

– Draco, Draco! Acorde homem! – Eu escutava essa voz longe ainda.

Depois de uns segundos abri os olhos e fitei olhos azuis sonhadores:

– Olá Luna! Como vai? – Eu disse tentando aparentar coerência

– Eu vou bem. Mas você está péssimo!

– Desculpe Luna. Mas poderia me deixar sozinho?

Ela se foi, e eu fui pro banheiro lavar o rosto e trocar de roupa. Terminei e me sentei em minha mesa. Mas lá havia um retrato da minha castanha.

Não consegui fazer nada que prestasse. Levantei e fiquei perambulando pelo escritório com varias idéias na cabeça, uma mais absurda que a outra, sobre o que Hermione estaria fazendo nesse momento.

Bufei irritado. Foi quando ouvi a porta sendo aberta:

– Posso entrar?

“Eu perco a hora, eu chego no fim”

– Já entrou né? – Disse olhando pro moreno na minha frente.

– Foi aqui que pediram uma ajuda a um pobre coitado? – Ele falou irônico

– Ai Blás. Sem brincadeiras. Eu briguei com a minha Mione!

– Normal, todo o casal passa por isso! – Ele disse numa vão tentativa de me acalmar.

– Você só diz isso, porque você e Pansy brigam três vezes no mês!

– E estamos juntos há seis anos! É o tempero da relação! – Ele disse rindo

Me joguei cansado no sofá e comecei a contar tudo o que aconteceu. No final do discurso eu lagrimei.

– Calma cara, ela vai te pedir desculpas. – Ele me abraçou. – Tamo junto nessa. Você é meu irmão!

Ficamos conversando, até sermos interrompidos pela minha secretária:

– Chefinho, você esqueceu da reunião? Ela começou há uma hora atrás – Disse Austória – Pensei que...

– Droga, eu me esqueci! Cadê a Luna, ela devia me avisar e...

– Ela saiu e disse que era pro seu bem. Eu avisei que....

– Na ausência dela, você cuida das coisas. Foi um erro seu.

– Mas ela que devia...

– Nada de ‘mas’ – Eu a interrompi – Você sabe que Luna é minha amiga, e tem livre acesso e confiança pra fazer o que quer. E mais o cargo dela é maior que o seu, e a formação também. E para de me chamar de chefinho, quem te deu tamanha intimidade?

Ela me olhava atônita e ofendida. Agora podia ver que a Hermione tinha razão falando da ousadia dessa mulher:

– Vamos Blás.

Blás e eu corremos pro elevador. A reunião com certeza estaria já no final. Ia pelo menos pedir desculpas. Sai do elevador e corri pra sala de reunião, chegando lá encontrei um dos representantes da empresa francesa que estávamos fazendo negocio:

– Oh me desculpe Pietro, eu deveria ter vindo. Mas houve um problema pessoal e...

– Oh Drraco não há porrque se desculparr. Sua assistente é muite dedicade e nos rrecebeu muito bene.

– Assistente? Como assim... – Foi ai que vi a loura saindo da sala.

Respirei aliviado. Me despedi de Pietro e fui agradecer a loura.

– Luna! – Eu a abracei – Obrigado, não sei como agradecer. Você me salvou.

– Mas eu sei como você pode me agradecer. Me deixando livre o resto do dia.

– Ah claro, você fez mais que a sua obrigação.

A liberei e voltei pro meu escritório. O que a falta de Hermione não fazia. Um dia e tudo já estava de cabeça pro ar.

“Eu deixo a porta aberta, eu não moro mais em mim”

POV Hermione Malfoy

Depois de deixar a sala da Minerva eu tentei me concentrar no meu trabalho, mas não consegui.

Estava imersa em pensamentos, não era só isso, é como se Draco tivesse levado um pedaço de mim com ele.

– Hermione? Hermione mulher responda-me!

– Parvati?

– Não, mamãe Noel! – Ela disse sarcástica – To aqui um mo tempão tentando te trazer da Lua. Enfim você tem visitas, e faz meia hora que seu celular ta tocando e você não atende.

Como assim meia hora? Será que era o Draco?

– Valeu Parvati. O que eu faria sem você?

– Acho que nada! Vou mandar a Srt. Lovegood entrar.

Luna? Mas o que ela esta fazendo aqui?

– Oi Mione! – Disse a loura entrando

Eu corri pros braços dela, sem pensar, e comecei a chorar:

– Calma Mione. Sabia que vocês haviam brigado, só isso explicaria o comportamento de Draco.

Quando eu ia perguntar sobre o que exatamente ela estava falando meu celular volta a tocar insistentemente.

– Espere um segundo ok? – Eu disse e a loura a minha frente assentiu.

– Alô?

– É a senhora Malfoy? – Um nó se formou em minha garganta. O homem na linha tinha voz de um oficial.

– Sim sou eu. – Respondi com a voz tremula

– Aqui é o policial Collor. Sua casa foi invadida.

Fiquei pasma. Como assim invadida? Draco havia posto alarme em tudo quanto é porta e janela.

– Houve um engano. O alarme iria disparar e eu saberia.

– Sinto muito senhora. Mas parece que você deixou a porta aberta.

E claro que sim. Eu mereço isso, senhor? Um dia sem Draco e minha vida vira de cabeça pra baixo.

“Eu perco as chaves de casa, eu perco o freio

POV Draco Malfoy

Assim que a Luna saiu eu não via mais o que fazer naquele escritório. Dispensei a Austória e fiquei zanzando pelo prédio. Alguma coisa me dizia que Hermione precisava de ajuda... mas ela nem me ligava.

Trim trim

‘Droga de telefone’, eu pensei.

Peguei rapidamente o celular no meu bolso e atendi sem olhar no visor.

–Malfoy falando.

–Senhor Malfoy, até que enfim. Estamos tentando contatar a sua esposa e não conseguimos.

Um nó se formou na minha garganta. Com certeza essa voz pertencia a um policial. Acho que Hermione está com problemas... Por que ela não me liga?

– O que houve?

–Senhor, aqui é o policial Collor. Parece que a casa de vocês foi invadida.

Respirei fundo. Hermione vive com a cabeça na Lua.

– Tudo bem, estou indo para ai.

Peguei o celular e digitei uma mensagem rápida para Blás me encontrar no estacionamento. Peguei o elevador e desci.

Quando as portas do elevador se abriram eu corri até meu carro, Blás já me esperava.

– O que houve cara?

–Parece que a minha casa foi invadida. Hermione deve ter deixado a porta aberta.

Subimos no carro e acelerei o máximo que eu podia .

–Calma cara – Blás disse

Mas eu ignorei por completo. Faltando duas quadras para chegar em casa, havia o engarrafamento grande.

–Vamos, vamos – Eu murmurava. – Blás pegue a chave de casa ai no porta luvas.

Blás resmungou algo e fez o que eu pedia.

– Cara não está aqui.

MERDA!

– Calma Draco- Murmurei – Blás, você tem a chave de casa não é?

– Tenho sim.

– Ótimo.

Acelerei mais uma vez, agora que o tráfego parecia melhor. Acontece que eu não contava com um burro entrando na contra mão.

Apertei o freio bruscamente, mas não consegui evitar a colisão.

– AAAAh cara ce é louco? – Perguntou Blás. – Eu tenho esposa e filha sabia?

"Estou em milhares de carros, eu estou ao meio."

POV Hermione Malfoy

Estava apavorada com a idéia de ter deixado a porta aberta. Draco me mataria se soubesse!

Meu Deus. O Draco!!

– Luna do céu. Será que eles ligaram para o Draco?

A mulher murmurava uma música ao meu lado, parou e calmamente me respondeu.

– Acho que sim ué, a casa é dele também.

É claro que sim. As vezes eu sou meio burra. Principalmente quando se trata do meu marido. Nós nunca havíamos brigado, mas acho que isso é passageiro.

–Não estou preparada para ver o Draco. Estou com vergonha. Acho que exagerei ontem a noite.

– Quando um não quer dois não brigam – A loura disse- Se vocês brigaram, Draco também tem a sua parcela de culpa. Vocês têm que sentar e conversar e chegar a um acordo.

Refleti por uns minutos no que ela disse. Ela tinha razão, obvio, mas conhecia Draco o suficiente pra dizer que ele não pensava desse jeito.

–Mas o que? – Eu disse, quando apareceu um carro de policia e o transito parou.

–Acho que alguém bateu o carro – Disse Luna calmamente.

Era só o que me faltava. Só porque o Draco foi embora várias coisas impossíveis começam a acontecer no mesmo dia. Se chover vou até me proteger, vai que cai um raio em cima de mim!

– Luna, fique aqui, eu vou descer e vê o que houve.

Desci do carro e caminhei entre vários outros. Muitas pessoas também desciam do carro pra saber o que tinha acontecido. Era tanta gente que desisti de chegar ate o local do acidente.

Abri o carro e entrei.

– Luna, você acredita que...

– Você não é a minha mãe.

Me assustei e olhei pro lado. Havia um garoto de mais ou menos 10 anos.

–Mas o que? – Exclamei espantada

– Moça você entrou no carro errado.

Como pra comprovar o que ele disse, meu celular começou a tocar. Eu atendi, e uma Luna histérica gritava do outro lado.

–HERMIONE SUA DOIDA! CE ENTROU NO CARRO ERRADO. VAMOS LOGO O TRANSITO JÁ LIBEROU.

–Já vou, já vou...

Sai correndo do carro pedindo desculpas e me joguei no meu carro... Meu carro dessa vez.

–Você é louca Hermione. – Disse a loura.

Apenas pisei no acelerador.

"Onde será que você está agora?"

POV Draco Malfoy

Quando eu bati meu carro, foi automático. O seguro ligou e o cara pateta da contra mão ligou pra policia. Se ferrou.

Ser um Malfoy tem suas vantagens. Rapidamente saímos de lá. É claro que não pude mais chegar em casa, tive que ir ao escritório assinar a papelada.

Fiquei muito aborrecido por não ter chegado em casa. Queria ver Hermione, saber o que houve. Mas se fosse algo muito grave ela teria me ligado... ou não.

–Blás, ligue para Hermione. Pergunte o que houve e me informe.

–Sim, senhor – Ele disse batendo continência.

Ah Hermione, onde você está minha querida? Por que você agiu daquela forma? O que eu faria agora? Não iria conseguir dormir no sofá do meu escritório por mais uma noite.

–Draco- Blás chamou – Ela disse que alguém realmente entrou na sua casa, mas que só levaram alguns quadros e um relógio de pulso que ela havia deixado na sala. As coisas de mais valores, parece que estão intactas.

–Claro que estão – Eu respondi. – ficam todas guardas em cofres ou no nosso quarto. Onde o acesso é ativado por voz.

Suspirei mais uma vez. Estava realmente muito cansado.

– Você não quer dormir lá em casa? – disse Blás de repente. – A Pansy e a Pâmela te adoram. Elas não iriam se importar.

– Tudo bem Blás. Valeu amigão.

Seguimos para a casa de Blás no carro dele. A Pansy fez uma festa, e não comentou nada sobre o motivo de eu estar dormindo lá.

– Draco, querido, olhe você pode usar o quarto das visitas. – Pansy disse educada – Pâm, vá mostrar o quarto pro tio Draco.

– Tio Draaaaaaaaaco! – Gritou a garotinha de cinco anos. Ela pulou no meu colo e me guiou pelas escadas.

Lá embaixo eu ouvi o Blás e a Pansy conversando sobre como haviam passado o dia. Eles brigavam mais eram muito ligados. Se amavam de verdade.

Quando eu cheguei no quarto eu enrolei a baixinha e fiquei sozinho com os meus pensamentos.

Ah Hermione, o que você fez? O que nós fizemos? Como posso viver sem a minha metade?