You raise me up escrita por Mellorine, Sandy


Capítulo 1
Bônus CFM – You raise me up




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452788/chapter/1

"Você me levanta para alcançar montanhas.
Você me eleva para andar sobre o mar.
Eu sou forte quando estou sobre os seus ombros."

CFM

Especial de Natal

A véspera de Natal é uma data em que as pessoas usam para estar mais perto de suas famílias, e Winry não pensou diferente. Neste Natal, queria fazer como todos os anos, estar mais próxima de sua família, mas, mesmo assim, de um modo diferente. Queria estar realmente próxima. Não bastava a sua presença, ela queria algo mais, ela queria estar próxima de todos em todo o sentido. Estar se dando bem com sua mãe, harmonizando com Ed. Com o seu pai e seu irmão Alphonse estava tudo nos conformes. Nunca tivera problemas realmente sérios com eles.

O dia 24 amanheceu com uma camada grossa de neve na frente da casa dos Rockbell. Winry ficou maravilhada ao observar aquele lençol fofinho que de lá do alto, do andar onde ficava seu quarto, por onde observava pela janela, parecia brilhar. Ela pegou uma xícara de café bem quentinho e ficou lá por um bom tempo, até que toda a família acordasse e pudesse se reunir com os demais para tomar um café da manhã mais reforçado.

Ela deu bom dia ao jornaleiro que quase caiu com a neve quando ele veio deixar o jornal. Deu bom dia ao casal de velhinhos que eram vizinhos de seus pais quando eles saíram para a padaria de mãos dadas. Deu bom dia à neve, deu bom dia ao seu cachorro, deu bom dia a si mesma e deu bom dia ao dia. Ela parecia estar tão radiante. Realmente estava. Quando seu pai saiu com uma pá para tirar boa parte da neve que obstruía a entrada de casa, ela não hesitou em perguntar se ele queria ajuda. Claro que ele queria.

Já o ajudando com outra pá na mão, mesmo que não tivesse a mesma força que ele nos braços, ela perguntou:

– Alphonse não ira mesmo passar o Natal conosco?

– Seu irmão não vai poder... – Seu pai suspirou. – É uma pena.

– Eu queria muito que ele estivesse aqui...

O Sr. Rockbell observou a cara de tristeza da menina e sorriu. – Você gosta muito do seu irmão, não é?

– Claro. É meu irmão. – Ela sorriu de volta, abandonando a tristeza por instantes.

O Sr. Rockbell adorou a forma como Winry não negou a família. Ela sempre se sentiu assim, como da família mesmo. Mas de uns tempos para cá vinha questionando isso.

– A Nana vai fazer panquecas pra comer com mel. Você não quer ir lá ajudá-la? Parece que esse serviço é meio pesado pra você, querida – ele disse docemente.

Winry não estava se dando muito bem. A neve parecia ser mais pesada do que parecia. Como poderia ser pesada justo a neve que era tão bonita e leve? Winry concluiu que coisas leves, quando juntas, tornam-se pesadas. São como os problemas. Mesmo que você tenha pequenos problemas, quando tem muitos, você tem um problemão.

– Ah, eu vou deixar a Nana trabalhar em paz. – Winry largou a pá e se sentou no meio da neve, procurando por alguns gravetos. – Talvez eu deva fazer um boneco de neve. Faz tanto tempo que eu não faço isso...

– Você gostava muito de fazer isso antes – disse seu pai, lembrando dela e de Ed quando ainda eram muito pequenos e costumavam brincar juntos. Bem, Ed do seu próprio jeito muito conversador. Mas ele achava interessante os bonecos que Winry fazia. Quando ela não estava perto, sempre ia lá concertar o nariz de cenoura que ficava meio torto.

– Eu ainda gosto – ela confessou. – É que talvez eu esteja grandinha demais pra fazer isso.

– Nunca se é “grandinho demais” pra ser feliz. Vamos lá, faça um boneco de neve esse ano também.

Winry abriu um largo sorriso incentivado pelo seu pai. Amava o jeito como ele se preocupava com ela e como era amoroso com todo mundo.

– Não saia daqui, sim? – Winry levantou-se e foi correndo para dentro de casa buscar coisas que poderiam deixar o Sr. Boneco de Neve mais bonito. – Eu volto logo!

– Não tenha pressa, querida.

Winry correu até a cozinha e deu um beijo na bochecha de Nana. Pediu a ela uma lista de coisas: cenoura para o nariz, botões para a camisa, a boca e os olhos, e um xale velho que pudesse deixá-lo mais estiloso. Ela também quis levar a vassoura e o chapéu de Nana, porque achava mais bonito os bonecos que não usavam gorrinhos de Natal; mas Nana não autorizou e teve que pegar um dos gorros que estava na árvore de Natal da sala que montaram juntas semanas antes. Pronto, disse a si mesma, está tudo aqui.

Winry voltou para a sala para sair na varanda com os materiais em mãos e quase os derrubou quando viu Ed recém acordado em sua frente. Ela sorriu e rapidamente ele desviou os olhos. Mas notando que ela não iria embora, ele corou as bochechas e olhou pra ela rapidamente, sorrindo sem mostrar os dentes. Depois virou de novo e não a encarou mais.

– Estou indo montar um boneco de neve, Ed. Quer ir comigo? Não sei... Pra no caso de o nariz dele ficar torto. – Ela deu um risinho, sabendo que sempre ficava e que ele sempre ajeitava escondido dela. – Você sabe, eu não sou muito boa quando o assunto é o nariz de cenoura.

Ela ficou um tempo em silêncio esperando pela sua resposta, mas ele não respondeu.

– Tudo bem, então você pode ajeitá-lo para mim depois que eu terminar? Eu quero que ele fique perfeito como nos outros anos.

Ed também não respondeu, mas o fato de ele ficar ali por muito tempo, sem fugir, ela encarou como um sim.

– Estou indo agora, ok? Conto com você.

Winry passou por Ed sem olhá-lo nos olhos, mas ficou maravilhada com a forma como ele não se afastou dela quando ficou mais próxima dele. Por um fio os seus ombros não se tocaram. Trinta centímetros era a distância que os separavam. Ed estava evoluindo muito rápido. A felicidade não cabia dentro do peito de Winry. Era como se ele precisasse aceitá-la para ela poder se aceitar.

Ela reuniu no chão de neve o material que conseguiu juntar dentro de casa. Seu pai ficou rindo e encarando aquelas parafernálias, mas o que mais chamava a sua atenção era o sorriso que a sua menina esboçava. Pensou ele que se devia ao fato de estar muito empolgada em poder fazer um boneco. Bem, isso também, mas não era só isso.

– Eu ia pedir para que você se esforçasse agora, para o boneco sair bonito como todos os anos, mas parece que isso não será preciso. – Ele voltou a tirar a neve em excesso da porta de casa com a pá. – Você está bastante animada.

– Eu vou dar o meu melhor – ela disse com empolgação.

Então ela deu início ao seu projeto natalino. Winry não era tão alta, tinha a estatura ideal para uma menina da sua idade e também não tinha muita força em seus braços. Ela se esforçou ao máximo para conseguir uma quantidade bem grande para fazer a bola de neve base do corpo do boneco; não quis ajuda do seu pai. Queria fazê-lo sozinha. A única ajuda que queria era de Ed, para ajeitar o nariz do boneco quando este estivesse quase pronto. Quando uma árvore de Natal está quase pronta, coloca-se a estrela no topo para dar o toque final. Significava a mesma coisa para Winry. Ed sendo o último a dar o toque final era como se ele fosse a estrela da árvore de Natal que estava plantada no seu coração.

Com muito esforço, sem deixar de se empenhar ao máximo, mas muito cansada, Winry correu com a neve por todo o jardim da frente da casa que agora estava coberto de neve. Formou uma bola enorme, quase do seu tamanho, e a implantou perto da escada do alpendre.

– Você vai deixá-lo mesmo aí? – Seu pai perguntou. – Se você quiser, eu posso limpar o lugar que queira agora, querida, não acha que está muito perto?

Sr. Rockbell pensou que Winry havia escolhido aquele lugar por conta que era o único que estava livre, até agora, da camada de neve grossa que atrapalha a deambulação.

– Ah, não se preocupe com isso. Eu quero ele aí mesmo. – Ela abriu um sorriso enorme. – É para dar as boas vindas, não vê? Ele está perto da porta para que todos possam vê-lo.

– Você quer que todos vejam a sua obra? – Ele riu.

– Vai ser uma bela obra, eu quero mesmo que apreciem.

Até porque a obra teria uma ajudinha de Ed, por menor que fosse.

Com esse pensamento em mente, Winry juntou mais duas bolas de neve. A primeira, menor do que a bola base que era quase do seu tamanho, e a segunda menor ainda. Tinha o tamanho de uma bola de futebol. Ela foi enfeitando o boneco com as parafernálias aos poucos. Primeiro colocou os botões que Nana lhe deu formando os botões do casaco imaginário do boneco. Depois passou o xale pelo seu pescoço e sorriu, gostando do resultado. Trabalhando ainda na neve, seu pai sorria toda vez que a olhava empenhada em uma brincadeira de criança.

Winry usou o restante dos botões para fazer os olhos e a boca do boneco. Os galhos de árvore seca serviram para fazer os braços e o gorro que carregou da árvore de Natal da sala serviu para dar um estilo natalino a ele. Por último só faltava o nariz, que seria feito com a cenoura. Ela colocou-a pensando em Ed. Aquele ficou o nariz mais torto da face da Terra, que era para ter a certeza de que ele iria concertar depois.

Seu pai a essa altura também já tinha terminado de limpar a frente da casa e ficou olhando o boneco abraçado a Winry, com a pá em pé.

– E então? – Winry perguntou.

– Está lindo, querida, mas esse nariz... – Ele tentou ajeitá-lo, porque estava óbvio que o nariz estava torto.

– NÃO TOQUE! – Winry gritou puxando-o pelo braço.

– Mas por que, querida? Ele está torto – ele disse com uma voz inocente, assustado que tivesse estragado algo. Foi quase.

– Eu sei. Mas deixe-o assim.

O resto do dia se passou e Winry ficou plantada na janela, mirando o boneco, esperando que Ed fosse lá ajeitar o nariz torto feito de cenoura. Seus parentes de outra cidade chegaram para visitar a família, trouxeram presentes, cartões de Natal e felicitações, mas não ficariam para a ceia. Seriam só Ed, Winry e seus pais. Sua mãe conseguiu comprar um Peru no mercado mesmo que em cima da hora e Nana estava recheando-o para que quando fosse embora, celebrar com as suas filhas que estavam vindo com seus maridos para passar o Natal com ela, a Sra. Rockbell pudesse colocá-lo para assar no forno.

Era quase a hora de a família se reunir para ceiar quando Winry resolveu usar a sua chance de falar com Ed através do bloco.

Ela bateu na sua porta e esperou que ele batesse de volta por dentro como forma de dizer que ele estava ali.

Ele não bateu. Ele não estava.

Rapidamente ela desceu as escadas e procurou por ele em todos os cômodos da casa. Velozmente. Com sua mãe feito louca perguntando para onde ela iria com tanta pressa e ela sem querer dizer. Onde estava Ed?

Ela passou pelos corredores. Ed, em nenhum deles, estava.

Foi até a cozinha. Ed não estava.

Na sala, sem sucesso.

Onde estava Ed?

Respirando com os pulmões quentes, cansados, com os olhos ardendo, pensando que ela estava tão perto de conseguir com ele uma oportunidade de aproximação, mas, como todas as vezes, pensando que ele havia fugido, ela escorregou pela porta da sala, cabisbaixa. Até que ouviu um barulho de pegadas na neve que vinham de fora e ela pensou que fosse o seu pai, que tinha saído e estava voltando para ceiar junto com a família.

Mesmo assim, ela quis conferir. Ela ficou de pé, pôs a mão na maçaneta da porta e saiu para o alpendre que estava sendo iluminado pelas luzes que piscavam. Lá estava.

Lá estava ele.

Lá estava Ed, observando o boneco. Ele sorriu e ajeitou o nariz de cenoura do boneco de neve. Agora sim estava perfeito.

Ele viu que Winry estava ali, olhando pra ele com as mãos na boca e tomou coragem para fazer contato visual.

– Oh, meu Deus, que coisa linda...

Feliz Natal, Winry – Ed falou com Winry pela primeira vez na vida. Os olhos da garota se encheram de lágrimas, pensando que estava sonhando.

– Feliz Natal... – Ela falou com a voz tremendo. – Feliz Natal, Ed.

Nesse instante, começou a nevar.

Ed, luzes que piscam, um boneco de neve, Winry soluçando, a ceia chamando e flocos caindo do céu.

Winry poderia ter a certeza que o que mais temia não iria acontecer. Esse Natal seria diferente de todos os outros anos. Valeu à pena ter voltado pra casa. Muito à pena.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. ♥
Feliz Natal! E continuem acompanhando CFM.
Estamos voltando :)

Não deixem de participar do grupo de leitores: https://www.facebook.com/groups/494761710616550/

Mellorine