Turno: Sakura Haruno

Casa da Sakura

03h20min

Estava meio incomodada sabendo que um homem- do qual eu nem conheço direito- dormia no quarto do lado. Mesmo com ele aqui em casa, sinto um arrepio á cada vibra do meu celular. Era madrugada e o sono não vinha de maneira alguma. Aperto os olhos, virando de bruços e apertando o travesseiro atrás da cabeça, tentando dormir. Mas fora em vã, ainda mais quando escuto passos na sala. Prendo a respiração, mantendo os ouvidos bem alertas. Vou me mexendo, saindo da cama como um gato. Toco a maçaneta da porta de meu quarto, a girando o mais silenciosamente possível, porém, houve algo estranho. Parecia que alguém havia tocado ela pelo outro lado. Girava para um lado e para o outro, tentando abrir. Por fim, consigo, abrindo a porta e olhando para um lado e para o outro do corredor. Não havia nem uma alma penada e estava tudo escuro e isso me bateu um medo, desejando voltar para o quarto. Foi aí que eu desejei mais ainda, quando lembrei que Sasuke havia quebrado minha tranca da porta de casa. Como fora burra, esqueci de colocar o cadeado que ele me deu ontem quando fora dormir. Aparentemente não havia ninguém na sala, e fui em direção á cozinha onde tomei uns remédios para dormir, virando um copo de água garganta abaixo. Abro a geladeira devolvendo a garrafa de água, e ao fechar, virando-me de frente para a sala vejo vitral que dava á varanda aberto. Quase nunca o deixava aberto por que, como moro no primeiro andar é normal alguns insetos entrarem, mas ontem foi exceção. Mesmo assim...

– Jurava que tinha fechado antes de dormir...- Estranho, vendo a cortina chacoalhar de acordo com o vento que vinha da varanda, seguindo para fecha-la.

Fecho as portas do vitral que eu tanto amava, passando a tranca em cima e em baixo. Estico as cortinas, voltando para o meu quarto, mas algo me faz parar de frente para o corredor. Algo não... alguém. Engulo em seco, mantendo-me estática. Vestia uma máscara branca, com olhos que pareciam rubis. Percebi a luz de algo que brilhava em sua mão. Uma faca de cozinha, afiada e lustrosa. A cada passo para frente que ele dava, eu andava um para trás. Não conseguia chamar Sasuke... minha voz não saía. Minha voz não... saía...

– Sas-Sasuke...- Sussurrei e isso atraiu a atenção do invasor, vindo para cima de mim. Agachei-me no momento em que ele correu em minha direção, conseguindo passar por baixo de suas pernas e tendo chance de correr e bater na porta de Sasuke.- Sasuke! Sasuke! Pelo amor de Deus!- Batia freneticamente, vendo que o invasor voltava para me atacar novamente. A porta abre e Sasuke me dá passagem para entrar no quarto. Vi de relance o Uchiha passar uma rasteira no invasor e o acertando em cheio a barriga. Com medo, fechei a porta e encostei-me nela, tampando os ouvidos e deixando algumas lágrimas caírem de nervoso. Eu não quero escutar isso... Eu não quero...

[...]

– Sakura... Sakura... !- Escuto uma voz chamando por meu nome. A voz estava distante, mas eu ainda conseguia ouvir. Abro os olhos, os fechando novamente e os apertando. Estava tudo embaçado, mas pude ver o Sasuke. Me pareceu transmitir uma expressão de alívio.

– O-O que aconteceu?- Ajeito-me passando a mão nos cabelos, olhando ao redor. Estava no quarto de hóspedes, do qual agora é o do Sasuke.

– Invadiram a casa. Você ficou frente a frente com ele, Sakura.

– Eu?- Estranhei de começo, não me lembrando. No entanto, as memórias começaram a vir e ficarem mais claras.- Ah, espere, eu lembro. Eu não conseguia dormir. Ai eu ouvi um barulho na sala e fui ver quem era. Parecia que alguém havia tentado abrir a porta por fora enquanto eu abria por dentro.- O olhei signitivamente.- Depois que eu sai no corredor não encontrei ninguém e fui beber água. Vi o vitral aberto, e quando eu fechei uma pessoa mascarada apareceu na minha frente.

– Essa máscara?- O Uchiha me entregou a máscara e eu a segurei, admirando-a.- O covarde correu e fugiu pela saída de serviço. Mas acabara deixando a máscara cair. Perdão, Sakura.

– Rubis...- Circulei os buracos onde a pessoa podia enxergar com a máscara.- Ele tinha olhos vermelhos-sangue.

– Vermelhos?- Sasuke se interessou.- Raro.- Apertou os lábios, parecendo resgatar algo de seu consciente.

– Que horas são?- Jogo a máscara para um lado, esfregando meus olhos.

– Quase 4h30min.- Respondeu olhando seu relógio de pulso.

– A-Ah...- Com toda essa movimentação, nem havia percebido que o mesmo estava sem a camisa. Senti as bochechas esquentarem, mas olhei para o lado distraidamente.- Gostaria que você dormisse com alguma camisa... por favor.

– Como quiser.- Assentiu.

– Acho melhor eu voltar para minha cama.- Disse levantando-me e passando as mãos na roupa que estavam um pouco amassadas.- Obrigado e boa noite, Sasuke.- O agradeci, sorrindo docilmente e demorando uns segundos para sair de sua frente. Voltei ao quarto, onde deitei-me dormindo em instantes.

~ X ~

Colégio

11h30min

Havia se passado uma semana depois daquele dia em que eu fiquei cara a cara com o meu perseguidor. Já estava mais acostumada com Sasuke dormindo no outro quarto, apesar de o Naruto não gostar nadinha dessa história. Isso por que ele tinha uma queda por mim quando nós estudávamos juntos, mas não contem pra ele que eu disse isso á vocês, em?

Chegara o dia da apresentação final de violão. Estava orgulhosa por ver os sorrisos nos rostos de meus alunos, que tanto batalharam até ficarem com calos nos dedos. Faltava ainda umas duas horas até o horário oficial da apresentação, portanto ainda havia muito trabalho a fazer!

– Naruto, você trouxe as caixas e o painel de som, não é?- Perguntei segurando a cintura com a sobrancelha arqueada ameaçadamente.

– Ihhhh...- Coçou os cabelos loiros arrepiados.

– Eu não acredito que- Iria dar uma surra naquele loiro, porém me cortou enquanto falava.

– Brincadeira, Sakura-chan.- Deu umas risadinhas abafadas, pegando umas caixas que pareciam bem pesadas.

– Pode entregar essas caixas para Hinata, ela saberá o que fazer.- Massageei as têmporas.

– Quem é Hinata?- Naruto perguntou, se esforçando para não deixar cair as caixas que estavam empilhadas em seus braços.

– Aquela. A garota de cabelo comprido azul escuro.

~ X ~

Turno: Naruto Uzumaki

As caixas estavam realmente pesadas, mas me esforcei a beça para não pagar mico na frente de Sakura. Andei com as pernas um pouco trêmulas pelo peso, parando atrás da garota que me ajudaria. As caixas tampavam minha visão, então só conseguia olhar pelos lados, mas necessitava de muito esforço. Então me anunciei para que ela percebe-se minha presença:

– Você é a encarregada de arrumar o equipamento de som?- As pessoas que estavam em volta pensavam que eu estava falando sozinho.

– Oh, deixe-me te ajudar. Desculpa!- A primeira caixa do topo é retirada diminuindo o peso. A do meio também foi rapidamente removida, agora podendo ver o rosto da garota que me ajudava. Abri a boca e quase senti meus olhos saírem de suas órbitas. A última caixa cai no meu pé fazendo eu cair no chão e começar a rolar, choramingando:

– MEU PÉ, MALDIÇÃO, MEU PÉ!- Seguro o pé machucado, apertando-o na intenção de diminuir a dor.

– A-Ah, quer ajudar?!- A garota que me ajudava, ajoelhou ao meu lado sem saber o que fazer.

– Eu já to legal.- Finjo que nada aconteceu, me comportando de modo elegante na frente da garota.

– O que te espantou tanto?- Ajudou-me a levantar.

– Ah, bem, é que você é muito bonita.- Baguncei meus cabelos loiros, embaraçado.- Desculpe, não sou bom para cantadas. Sou direto.- Soltei risadinhas baixas, andando ao lado dela distraidamente.

– A-Ah, o-obrigada.- Percebia-se que ela tinha um gene muito tímido.

– Desculpe se te deixei sem graça.- Toquei seu ombro com intenções amistosas.

– A-Ah, obrigada por me trazer as caixas de sons e derivados. D-Deixe que eu coordeno daqui pra frente.- Não consegui nem impedi-la. Carregou um monte de caixas ao mesmo tempo, correndo daqui.

– Parabéns Naruto!- Elogiei-me ironicamente.

~ X ~

Turno: Sakura Haruno

Não sentei-me na platéia, com medo de algo na apresentação desse errado e necessitassem de . Fiquei atrás do palco, mas mesmo assim conseguia ver o desenvolver da exibição de meus alunos que eu tanto prestigiava. Estava tudo indo conforme os planos, até que encontro uma pessoa estranha na platéia. Vestia uma capa de pescador negra e... possuía uma máscara. Meus olhos teimaram em sair das órbitas, recordando que poderia ser o a mesma pessoa que invadira meu apê. Ele estava com as mãos nos bolsos, vendo a apresentação de violão como qualquer um. Havia algo de errado... Acompanhei seus movimentos. Tirava as mãos dos bolsos, virando o rosto para mim. Estava longe mas mesmo assim, podia ver.

– Rubis...- Sussurrei, mordendo os lábios. Era uma espécie de hipnose... e eu estava sendo levada por aqueles mesmos olhos.

Eu, com muito esforço, conseguia captar as migalhas de minha consciência. Desci meus olhos até suas mãos, estava com uma arma... um revólver calibre 38, apontando para o pessoal no palco. Ninguém percebia nada e eu não podia ajudar. Parecia que meu corpo se imobilizara... O que eu posso... fazer?

– S-Sasuke...