Turno: Shikamaru Nara

Naquele longo corredor, as únicas almas ainda vivas era eu e Chouji. Seu sangramento estava parando, mas ele ainda estava mau. O suor frio lhe escorria o rosto livremente.

– Oe...- Com o canto dos olhos, vejo alguém se aproximar e se pronunciar. Viro-me e percebo ser o capitão do navio, o que deu as boas vindas á todos algumas horas atrás.- O que está acontecendo aqui?- Seu semblante era de preocupação, e andava com as mãos nos bolsos da calça.

– Senhor, acredito que seu navio esteja navegando em más águas.- Comentei suspirando pesadamente.

Turno: Sakura Haruno

– Você deve estar deveras preocupada com sua amiga loirinha, sim?- Obito percebia toda a minha apreensão, andando até a Ino e ajoelhando-se ao lado da mesma. Um calafrio se apoderou do meu corpo neste instante.- Sabe, ela foi de grande ajuda. Não teríamos chegado até aqui se não fosse por ela. Tínhamos que empregar alguém neste papel do qual você confia muito.- Pude ver Ino abaixar o olhar e franzir as sobrancelhas.

– Como assim?- Perguntei incerta, após a retirada de minha mordaça.

– Você é muito lerda, Haruno. Com certeza puxara o seu pai.- Debochou.- Mas especificando as coisas para você, sua “amiguinha”...- Gesticulou com os dedos.- Faz parte da nossa organização.- Aquele calafrio tornou-se mais intenso neste momento; no meu estômago, parecia que um grande triturador de comida se agitava. Não poderia ser verdade.

– Não pode ser... Ino, não...- Grossas lágrimas se acumulavam nos meus olhos, escorrendo sem qualquer ordem. Ino continuava com o olhar abaixado, mas percebia-se as minhas mesmas lágrimas escorrendo pelos olhos dela.

– Acho que sua amiga loirinha não contara para você sobre a família dela estar falida, não? E claro, depois que descobrimos por parte de sua tia teimosinha, a possível herança da filha dos Harunos, tivemos que agir e prometer a sua amiguinha uma parte da grana. Mas isso não vai acontecer.- Olhei para Ino novamente, não acreditando nas palavras de Obito.

– Por que você não me contou Ino? Por que?- A mesma voz falha, enunciava.

– Antes estávamos atrás de você apenas para completar a nossa vingança pelos líderes, mas Kurenai abriu uma brecha. Dava para ver que ela escondia algo; e depois de tanta tortura, ela finalmente abriu a boca. Aquela ignorante... Queria toda a grana para si e escondeu isso da pobre sobrinha.- Obito parou entre mim e Ino.- Aí decidimos correr atrás da fortuna que nem você sabia. E realmente, não estava nos nossos planos você achar aquela carta. Foi um erro imperdoável.- Obito parecia viajar em seus devaneios, voltando a andar sem rumo.- Mas para o que serviu o Sasuke? E aquela bonequinha que você pensou ter sido um presente do Sasori? Colocamos eles dentro de sua vida para você, como fizera a sua tia, abrir uma brecha e dizer a senha. Mas você é muito danadinha, e nada disse. Talvez se você não tivesse sido tão teimosa, não estaríamos aqui e seus amigos não estariam correndo perigo.- Uma curva sádica correu nos lábios de Obito. Ele tinha uma espécie de controle nas mãos, apertando um botão do mesmo. Neste momento, uma tela se abriu a minha frente revelando ser a cabine de comando do capitão do navio. Como se existisse uma pequena câmera alí, vejo duas pessoas entrando na cabine; logo decifrei ser Shikamaru e o capitão. Uma onda de esperança correu pelo corpo, mas logo foi derrubada tragicamente quando vejo o capitão do navio segurar uma grande marreta e acertar em cheio as costas de Shikamaru.

– NÃO!- Berrei vendo aquela imagem.

– Sim sim sim...- Murmurou Obito.- Obviamente não poderíamos envolver o restante do navio. Isso poderia dar problemas como por exemplo, alguém decidir chamar ajuda ou coisa do tipo. Mas graças ao nosso capitão Orochimaru-san, e essa belezinha...- Mostrava um tipo de cartão eletrônico.- conseguimos fazer com que todos os passageiros ficassem trancados em seus quartos durante a madrugada.

– De que adianta você fazer isso se irá matar a todos no fim?- Perguntei depois que a última gota de esperança descera pelo ralo.

– É apenas uma forma de segurança.- Respondeu, naturalmente.- Mas agora, voltando para a sua amiga loirinha... Você confiava tanto nela, não?- Obitou afagou as madeixas soltas de Ino.- Me dói pensar que ela terá o mesmo fim que você.- Mordi fortemente meus lábios, apertando os olhos e deixando as lágrimas escorrerem.

– Me desculpe, Sakura... Eu tentei... tentei tanto contar á você, mas eu precisava ajudar meus pais...- Mais grossas lágrimas se acumulavam nos olhos de Ino.- Por muitas vezes... pensei em desistir... por muitas vezes... pensei em deixar você segura...- Minha mente fez uma longa viagem até as minhas memórias. Naquele dia, Ino tentara esconder a ficha de Sasuke de mim. Agora estava tudo correndo nos trilhos.- Mas eu não consegui... me desculpe, amiga...- Obito revirou os olhos e tomou o revólver do mascarado ao lado de Ino, ficando atrás da mesma e recostando o cabo da arma na nuca da mesma.

– Infelizmente, não gostamos de agentes duplos.- O estrondo feroz da arma pareceu bater contra o meu peito. Meus olhos que secavam ao presenciar aquela cena, reluziram o último olhar melancólico e misericordioso de Ino. Seu corpo esbelto e tão belo chocou-se contra o frio azulejo daquele salão quieto como uma casa abandonada, escorrendo o sangue rubro e forte no mesmo.