Estávamos no nosso quarto e colocamos alguns feitiços nele para que ninguém nos ouvisse. Cada uma sentou na sua própria cama e olhava uma para a outra, esperando alguma de nós tomar a iniciativa de começar a falar.

— Okay, meninas, — Lene começou, depois de um longo suspiro — eu começo contando. Eu estava lá nos jardins, quando o Black... — basicamente, o que ela contou foi que ela e o Black discutiram e a coisa foi bem séria, porque o Black a chamou de sangue-ruim, mesmo que ele odeie rótulos tanto quanto ela. Lene parecia chateada, mas não pelo motivo que ela queria nos convencer. Agora todas nós estávamos na cama da Lene, confortando-a com um meio abraço de cada uma.

Dorcas contou que descobriu que o Lupin estava escondendo alguma coisa muito importante e que ele disse que não a queria por perto porque ele poderia machucá-la.

— Tudo bem, Dorquinhas, — Lene abraça Dorcas, que está à sua esquerda, que começa a chorar — a gente vai descobrir o que ele quer dizer com tudo isso, tá? — ela assentiu e parou de chorar quando eu me sentei ao seu lado dela para a abraçar.

— Mas o que aconteceu com você, Lils? — Dorcas se pronunciou pela primeira vez depois que terminou de contar o que tinha acontecido com ela.

— O que vocês acham que aconteceu? — perguntei frustrada para as duas, que se entreolharam e disseram em uníssono: "James". Apenas assenti, colocando meus cotovelos apoiados nos meus joelhos e minha cabeça nas minhas mãos.

Bufei por causa do reboliço no meu íntimo pelo que aconteceu antes do almoço. E me lembrei do olhar de James sobre mim durante o almoço. Balancei a cabeça, que ainda estava com minhas mãos de apoio, para tentar esquecer esses pensamentos. Você odeia o James, Lily Evans. Odeia... Repetia para mim como um mantra.

As meninas esperavam pacientemente o meu relato. Olhavam para mim como se eu fosse um grande enigma para ser decifrado. Enigma que nem eu mesma conseguia decifrar.

Comecei a contar para elas desde quando James pegou o livro de minhas mãos até a hora do almoço. Contei sobre o que estava sentindo, e elas escutavam atentamente, sempre assentindo nas minhas pausas.

— Lilindinha, — fiz careta com o apelido que Marlene me dera. Definitivamente, ela não tinha o dom de dar apelidos — você sabe o que tá acontecendo com você, minha flor. Só não quer admitir. — dizendo isso, puxou Dorcas para fora do quarto, me deixando só. Elas sabiam que eu precisava desse tempo para ajeitar um pouco meus pensamentos.

Depois de pensar que eu deixei o Potter um tanto quanto perturbado, — principalmente depois do olhar dele de preocupação que ele me lançou na hora do almoço — decidi pedir desculpas para ele. Não sabia direito o porquê; talvez o transtorno, ou de deixá-lo tão preocupado comigo à toa.

Saí do meu quarto com a certeza de que encontraria James Potter e lhe pediria desculpas (pelo que quer que fosse). Fui em direção àquela árvore onde tudo aconteceu. Quem sabe ele está lá? Posso dar uma chance para ele. Quem sabe...

Mas, antes de chegar lá, a cena na qual eu me deparei fez com que todas as chances que Potter tinha comigo irem por água a baixo.