Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 85
Gina


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Desculpem a demora! Meu computador estava com problemas e tudo mais...
Seguinte galera, provavelmente essa é a última postagem do ano. Vou pegar esse hiato de mais ou menos vinte dias para poder finalizar Entre Otakus e começar o ano com todos os capítulos agendados e revisados, assim não teremos mais atrasos na reta final.
Minhas outras fics também estarão pausadas até Janeiro, exceto Black Jack que já está completamente agendado.
Enfim, tudo de bom para todos nesse fim de ano. Ótimas festas, ótimo início de ano!
Não esqueçam de comentar! Um beijão no coração do todos!!!



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No primeiro momento que Gina teve de solidão, já em casa, pegou o celular e leu a mensagem de Erik outras vezes. Suas palavras eram simples, tão simples que a rasgavam-na por dentro.

“Você sumiu então devo considerar um adeus, é isso? Me desculpe por qualquer dor que tenha lhe causado. Nunca foi a intenção. Estou saindo da escola na semana que vem, pode voltar sem medo. Não desista, você sempre dançou com tanta alma...”

Deitou sentindo uma dor de cabeça latente, imaginando onde Erik estaria agora, no que deveria estar realmente pensando dela. Mandou dezenas de mensagens nos dias após o último desastroso encontro deles, dizendo que afastara duramente, e definitivamente, Camille. Ele estava certo em questioná-la. Era um “adeus”? A ex-namorada dele e a agressão gratuita a assustou ao ponto de uma corça traumatizada? Ou fugiu por outro motivo? Ignorou as ligações dele porque começou a se envolver com Harry ou começou a se envolver com Harry para tentar ignorá-lo? Que confusão!

O sono não veio fácil, mas quando acordou na fria manhã de segunda-feira já sabia o que tinha de fazer. Se Erik achava que iria desestruturar seus planos, sair da escola somente para trazer um ambiente mais cômodo para ela estava redondamente enganado. Esse era o tipo de fardo que Gina não iria carregar.

Depois do almoço pegou o transporte público e traçou aquele caminho tão conhecido para a escola de dança. Ainda dentro do ônibus, Harry tentou ligar para ela duas vezes, porém o ignorou para evitar desculpas esfarrapadas. O namorado ficaria notoriamente irado por saber de sua visita a um território “concorrente” e a ruiva precisava de tempo para inventar alguma mentira satisfatória.

Dentro do prédio cumprimentou rostos conhecidos na portaria, e ficou feliz por sua turma de dança não estar marcada para as segundas-feiras. Teria de explicar para as garotas o motivo do seu abandono, o que levantaria outra série de especulações. Era bem irritante isso, pensou ela enquanto tomava o elevador, o elevador que teve sua primeira experiência sexual de verdade. Ficar bolando tantas desculpas para ver Erik lhe dava sensação que algo estava errado em suas ações.

Ao aproximar-se do local onde o encontraria teve um acesso de calafrios no estômago. Suas pernas quase recuaram involuntariamente de medo de encará-lo, e seu coração bateu tão rapidamente que podia senti-lo reverberando na garganta. Abriu a porta do salão devagar, revelando pouco a pouco o recinto parcamente iluminado pela luz vespertina de Londres, por suas janelas grandes e polidas. E ele estava lá. De costas para entrada, os braços cruzados encarando a rua, possivelmente na mesma medida de devaneio que ela durante todas essas semanas de separação.

— Erik. — chamou baixinho para não assustá-lo. Ele virou-se rapidamente. — Oi. — disse como uma criança que fez algo errado.

— Gina! — ele exclamou com felicidade nos olhos, entretanto não correu para abraçá-la.

— Não respondi sua mensagem ontem porque queria vir conversar pessoalmente. — justificou-se. Era uma justificativa bem hipócrita levando em consideração que não respondeu todas as mensagens anteriores dele.

— Que bom que pôde vir. — Erik sentou nos bancos laterais, próximo as janelas.

— Vai dar aula agora? — Gina o inquiriu andando para ele e indo sentar bem ao seu lado.

— Daqui quarenta minutos.

— Tudo bem. Acho que dá tempo de conversarmos. — o professor ficou calado, esperando que ela prosseguisse. — Quero me desculpar pelo meu desaparecimento.

— Eu ia me desculpar com você por Camille e tudo mais, mas seria gastar saliva à toa, acho. Já supliquei e expliquei sobre aquele dia e as consequências dele de todas formas para você, de todos os jeitos, com todas as palavras suplicantes possíveis, pelo celular.

— E eu li. — ela não resistiu e pegou a mão dele. Foi uma ação impulsiva que a deixou aliviada por ele não repelir o toque. Ao invés disso, apertou carinhosamente os dedos dela. — Tá bravo comigo?

— Claro que não. — lhe deu um sorriso mais cansado do que triste.

— Então eu posso sair descendo o sermão. Que papo é esse de que você vai sair da escola?

— Sabe aquela regra máxima do professor nunca se envolver com a aluna? É dolorosamente verdadeira. Acha que temos algum clima para ficarmos juntos na mesma turma? Se tocando?

— Profissionalmente...

— Não existe mais profissionalmente entre nós, Ruiva. Olhe nos meus olhos, acha que consigo? Porque quando olho nos seus sei que não consegue.

— É algum vidente agora? Eu nem te disse exatamente porque vim. Dei a minha opinião sobre nós, afinal?

— Seu namorado deu. — ele sentenciou. — Vi as fotos do seu jantar com os pais dele pelo seu Facebook.

Harry saiu me marcando nas redes sociais da vida? Quem deu o direito a ele? Quem deu? Ficou aborrecida.

— Devia ter falado com você antes. Antes de tudo.

— Gina, não estou jogando nada na sua cara. Eu fui por esse caminho sabendo o quanto previsível ele era. O professor de dança falastrão versus o primeiro amor. Como alguém pode ganhar quando compete com o primeiro amor de uma mulher?

— Você não é falastrão! — ela reclamou. — Olha...

— Porque sua mão está tremendo?

Porque eu inteira estou uma pilha de adrenalina! Porque você tem um efeito atormentador sobre mim!

— Erik — a moça ignorou a questão, prosseguindo — Eu vim aqui para dizer que não te autorizo a abandonar a escola. Você sair não fará com que eu volte, sabemos disso muito bem.

— Então você sabe o quanto está sendo vazia essas aulas sem sua presença. É difícil para mim também. E além de perder minha namorada, perdi meu par de dança no concurso. Nenhuma das alunas faz uma química tão boa comigo quanto você.

— Eu sei que sou única. — ela tentou descontrair.

— Vou ver se me apaixono por alguma delas pra encontrar outra química.

— Faria isso? — perguntou sentindo ciúmes pela insinuação dele.

— Você não me dá chance pra brincar, deve ser a convivência com seu namorado atual. — Erik disse num tom abusivamente sarcástico.

— Você vai prometer não sair daqui então? — Gina decidiu que era hora de ir levantando. Ficar próxima ao dançarino estava dando desejos compulsórios, que não condiziam com sua natureza fiel.

— E você, promete que está feliz? Digo, vivendo seu amor platônico como sempre desejou?

— Te desejo tudo que há de melhor na vida, Erik. Palavra de Weasley!


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