Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 78
Hermione


Notas iniciais do capítulo

>>Recado importante: Entre Otakus agora será postado toda Terça e Sábado.

>>E a pergunta que não quer calar: Pra onde foi a maioria dos meus leitores que costumavam comentar? :(



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No passado, Vitor tinha algumas costelas aparentes no tórax e panturrilhas finas. Não era nenhum magricelo, mas também estava longe de ter o porte atlético que exibia agora. Era como diziam: As pessoas canalizam a ansiedade naquilo que as convém e o fim de um relacionamento, uma fossa, leva a sérios picos de ansiedade. Muitas mulheres extravazam comendo uma locomotiva de doces, muitos homens ficavam com todas as moças ao seu alcance. Vitor malhou. Malhou, malhou e malhou. Agora era aquela harmonia de músculos diante dela, dentro da piscina.

A calmaria no clube favoreceu que eles aproveitassem mais. Escolheram um dia da semana que nem ele nem ela estariam ocupados e foram se divertir nas piscinas aquecidas do estabelecimento. Com Vitor, Hermione tinha sempre de estar disposta a fazer esse tipo de programa. Era corrida, natação e longas caminhadas. Ele conhecia umas trilhas incríveis atrás dos parques públicos, e os encontros tornavam-se agradáveis. Dali saíram para mais uma trilha, na qual o rapaz lhe prometeu uma surpresa ao fim.

Ela gostava de tudo aquilo. Era bom para o corpo e Vitor parecia tão leve nesses momentos como nunca fora na relação anterior deles. Abandonou o corte raspado e deixou os cabelos voltarem a crescer a pedido dela. Adorava seus fios negros e lisos e queria revê-los novamente dando-lhe um ar principesco.

No seu aniversário de quinze anos os pais promoveram uma senhora festa de debutante, e Hermione, já namorando Vitor, jamais esqueceu o sonho que foi vê-lo no baile aproximando-se para formarem um casal na valsa. Lá ele já era um menino alto, de porte e com ombros largos, encantando as outras garotas por ser seu par. Ao darem os primeiros passos com os olhos dos convidados postos neles, Hermione percebeu que ele era lindo. E se tornava mais ainda com aqueles charmosos cabelos escuros penteados no gel, fazendo um topete charmoso.

Ele foi seu príncipe naquela noite e em muitas mais. Depois virou o carrasco... E agora, o que era? Príncipe outra vez?

Não sabia. Hermione ficou em sérias dúvidas depois do último encontro com Rony Weasley e tentava abominar qualquer pensamento que criasse esse dilema. Eu escolhi Vitor agora! Me empenharei nele.

Hermione abraçou o namorado dentro da piscina e sentiu seus músculos maciços em torno dela. Vitor beijou o topo de sua cabeça, perguntando por que ela estava assediando-o, analisando demoradamente seu tórax.

— Porque você é meu namorado e é analisável. — se justificou.

— Analisável quer dizer musculoso? — ele fez um muque que era uma montanha de músculos, seduzindo-a.

— Espero que não fique fazendo isso pra toda moça que vê babando no seu físico.

— Claro que não. Meu corpo, meus lábios e meu amor são só pra você, Mione. — disse carinhoso, abraçando-a e erguendo-a para si.

Foram se deslocando para lateral da piscina e encostaram-se à borda. Lá ele pressionou seu corpo contra o dela, a beijando com bastante euforia. Ela retribuiu no mesmo vigor, o clima da água morna provocava sensações, porém freou ao sentir que o namorado se animara demais dentro da sunga.

— Vitor, tem mais gente nessa piscina. — sussurrou encabulada.

O búlgaro desencostou suavemente, dando uma braçada para trás na água.

— Quer sair daqui?

— Já? — chegaram não fazia nem uma hora direito.

— Tô cansado de enrugar nessa piscina. Vamos fazer nossa trilha.

***

Cada um voltou para seu respectivo vestuário do clube e tomou uma chuveirada para tirar o cloro do corpo. Hermione vestiu calças jeans, botinas de trilha, camiseta de algodão e um casaco anarok fino para enfrentar o clima fresco da região para onde seguiriam. Foi encontrar Vitor esperando-a próximo a saída do vestiário feminino, já todo aparatado numa roupa muito parecida com a dela, exceto por estar usando tênis esporte e não botinas.

Pegaram o carro dele no estacionamento, seguindo calmamente a nordeste de Londres, próximo a Essex. Era quase três da tarde quando conseguiram alcançar a floresta de Epping.

— Caramba! Olha essas colinas. — os olhos de Hermione brilharam admirando centenas de copas verdejantes passando diante deles. O ar ficava mais puro e leve a cada avanço sobre a floresta.

Por fim, pararam num estacionamento improvisado de cascalhos, com outros dois carros estacionados, mas nenhum ser humano a vista.

— Fim de semana lota aqui. — comentou Vitor desligando o motor.

— É de cair o queixo.

— Você ainda não viu nada. — piscou-lhe galante.

Ambos saltaram do veículo. Ele foi buscar a mochila abastecida de provisões no porta-malas ao passo que a garota bebia a natureza com os olhos, atenta ao cenário que a rodeava, Ao sul, a poucos passos do estacionamento, as árvores abriam-se numa convidativa clareira. No início do percurso uma plaquinha sinalizava aos visitantes para prosseguirem por ali.

Vitor surgiu ao lado dela com o mochilão nas costas.

— Tem umas trilhas meio cruéis por aí, mas hoje faremos o roteiro mais fácil. — apontou para a clareira.

Eles começaram a andar.

— Como conheceu esse lugar?

— Vim correr por aqui.

— Assim? Simples? — o seu Vitor era um garoto acomodado e preguiçoso. Aquele parecia aventureiro e destemido.

— Eu procurei na internet. Era na época que comecei a querer mudar de ares. — a voz estava um pouco rígida. Hermione sabia o que isso significava.

— Mudar de ares foi bom então. Olha que lugar lindo você conheceu!

— Já acampei por aqui. Fazia isso com grande frequência no ano passado, daí os estudos para entrar no serviço naval e o trabalho na oficina tomaram muito meu tempo. Acho que esse ano só consegui dormir por aqui uns dois fins de semana.

— Tipo Tarzan? — ela riu. Para uma moça tão urbana como Hermione fazer xixi atrás de uma árvore correndo risco de encontrar uma caranguejeira parecia assustador.

— Não é tão arcaico assim. Eu levei uma barraca e o fogão elétrico do meu pai.

— E o medo de uma cobra entrar na sua colcha enquanto dorme?

— É gostoso, bobinha. Só se ouve o som da noite. Quando se dá pra ouvir somente o som da noite na cidade?

— Você parece tão meditativo...

— E eu acho que você ficou apegada demais as coisas práticas. — retorquiu.

Ela fez uma careta de desaprovação, porém ele não estava mais olhando-a. O terreno ficava mais íngreme e era necessário prestar atenção no chão. Contudo, o cenho continuou franzido por um tempo no rosto dela. Quem é ele para falar de se apegar? Quem é ele? Pensou irritada.

Não tardou a trilha judiar das pernas de Hermione. Prosseguiram num caminho que ia ficando cada vez mais estreito e elevado. De repente o terreno mudou de inclinação mostrando para eles uma descida instável nas pedras finas, resultados da antiga glaciação. Ela quase escorregou duas vezes, e Vitor estava lá, logo na frente, como um paredão de músculos para lhe amparar. Uma pastagem irregular tomou o lugar das árvores e, encantada, a morena pôde avistar dois cervos se alimentando ao longe. Ficou eufórica com aquilo e Vitor sorriu-lhe orgulhoso. Deveria estar certo. Estava apegada demais as coisas práticas.

O sol descia vigorosamente para o oeste quando eles chegaram ao sopé de outra colina arborizada. Finalmente o namorado deu um descanso para eles ali.

— Estou com fome. Quer comer antes de enfrentarmos a subida?

Ela, suada e de músculos fatigados, encarou a colina concordando.

— Preciso de muito açúcar pra encarar ela.

— Terá. Eu fiz bolo de chocolate. — argumentou estendendo uma toalha para eles e retirando algumas vasilhas da mochila.

— Você fez bolo? — outra surpresa.

— Mione, faz muito tempo que nos separamos. Tem tanta coisa de mim que não sabe mais. — passou-a uma garrafinha de suco.

A morena tomou a bebida, encarando-o. Ele devolvia o olhar. Era tão negro e penetrante.

— Estou envergonhada por ter pensado outras coisas. — admitiu cabisbaixa.

— Que coisas? — o rapaz aproximou-se dela e ergueu seu queixo cheio de carinho. Sua mão era gigante no rosto de Hermione.

— De que estava patinando numa fossa absurda por causa de nossa separação todos esses anos.

— É verdade. Você sabe que é. Não quero esconder.

— Então como me explica ter sido tão produtivo com você próprio durante esse tempo? Cuidou do corpo, almeja uma carreira e trabalha para estar nela, se esforça em todos os sentidos. Você aprendeu a fazer bolo! Vitor, você mal conseguia fritar um ovo!

O búlgaro abraçou-a pelos ombros.

— Estava me tornando melhor para quando nosso momento voltasse, meu amor. — ela aceitou sua resposta de bom grado. Satisfeita pela justificativa, mas longe de ficar feliz.

Após o piquenique eles recolheram as vasilhas e garrafas para dentro da mochila. A garota chegou a perguntar a ele o que mais levava ali porque parecia pesada e inchada. Vitor desconversou e começaram a subir a colina. A trilha perdeu-se um pouco e o namorado foi desbravando galhos pontudos habilidosamente no auxílio de seu canivete. Entre as copas das árvores a tarde avançava rapidamente, já passando das quatro da tarde. Era entardecer, um lindo horizonte derramado em laranja e vermelho, quando chegaram ao topo.

Hermione viu o resultado da caminhada naquele sol fantástico caindo por de trás do rio escuro que cercava a colina abaixo. Na outra margem mais floresta continuava. Vários hectares plenos de vida. Não soube bem porque a emoção lhe veio, mas sentiu os olhos marejados.

— Não te trouxe aqui para chorar. — Vitor abraçou-a por trás, numa voz zelosa.

— É que é lindo. — a jovem limpou uma lágrima que caíra.

— E eu queria te deixar mais perto disso. — mordiscou o pescoço dela. Desta vez a moça teve de concordar:

— Acho que andava vendo carros e prédios demais.

— E mansões também. — alfinetou. Ela estava tão maravilhada que ignorou.

— Estava planejando viajar para a América do Sul, nas florestas do Peru e Chile. Juntei dinheiro e tudo, só que acabei gastando com outra coisa. Tenho meu lado natureba se quer saber!

Não achou conveniente dizer que gastou esse dinheiro pagando um terço da festa de casamento (que nunca aconteceu) em nome do pai, porque não queria dar o gosto a Tremelique de bancar tudo e ainda dizer mal dos Granger pelas costas. Foram suas economias de quatro anos em trabalhos provisórios nas férias jogados fora.

— Aqui em Londres tem muitos lugares lindos também. — Vitor argumentou.

— Só queria saber como voltaremos agora? Já tá perto de anoitecer. — seu lado preocupado não a abandonava nunca.

— Tá vendo aquela corda ali? — apontou fazendo a atenção dela chegar para uma corda de aço atrelada em um robusto pedregulho de toneladas, fincando no solo, que descia para a outra margem do rio.

— Uma tirolesa. O que tem?

— É com ela que vamos chegar à margem oposta, e de lá para a surpresa final.

— Nem morta que vou descer nesse cabo de aço!

— Eu trouxe equipamento de segurança e cordas para te prender, Mione. É seguro.

— Não! Não!

***

O que não adiantou foi reclamar. Mais uma faceta de Vitor foi revelada quando ele tirou o equipamento da mochila e amarrou-a com grande perícia nos cabos de segurança. Hermione desceu igual um sapo estatelado, morrendo de medo, até a outra margem. Ele seguiu logo atrás, aterrissando bem no solo.

A última surpresa era uma clareira grande na floresta, com duas barracas de lona armadas distantes uma da outra. Eles estavam exatamente ao meio. Foi fácil para Hermione deduzir o que ele queria: acampar. Ela olhou-o aborrecida, por não ter planejado com ela aquele acampamento.

— Você vai gostar. — o rapaz se pôs a tirar todo equipamento de camping da mochila.

— Então era isso que escondia aí dentro?

— Vou montar nossa barraca. Se não gostar de como ela ficará podemos ir... só que teremos de voltar a noite.

— Me enfiou direitinho nessa armadinha, Vitor. — resmungou.

— Vai gostar, Mione. Confie em mim, amor.

— E quanto a segurança dessa floresta? Podemos ser assaltados ou coisa pior!

— Já viu que tem mais pessoas acampando? — apontou para as barracas ao longe — A área é protegida e vigiada no local de camping. E, por via das dúvidas, você tem a mim.

— Um maquiavélico?

— É. Isso tenho de admitir que fui. — ele sorriu.

Após terminarem de montar o abrigo, Hermione constatou que poderiam ficar bem seguros das intempéries da natureza ali dentro. Já que estava lá não adiantava ficar carrancuda, então ela entrou na aventura e ajudou o rapaz a preparar a janta deles. Espaguete com molho pronto. De barriga cheia ficaram fitando as estrelas por quase duas horas até começaram a bocejar.

Dentro da barraca os colchões individuais, acomodados próximos, e a manta térmica era uma boa amiga na noite fria. Em poucos minutos estavam bem abraçados e aquecidos. Vitor beijou o pescoço dela e sentiu um arrepio subindo potente pela espinha.

— Faz tempo né... — lhe sussurrou.

— Faz. — a última oportunidade de dormirem agarrados fora há quase um mês antes da briga definitiva que os separou.

— Continua cheirosa e quente.

— Tá me deixando arrepiada. — disse manhosa.

Ele passou a mão na barriga dela por debaixo da roupa e foi subindo lentamente de encontro aos seios. Parou os dedos no decote e escorregou o polegar para um mamilo.

— Faz tempo... — ela murmurou repetindo-o. O búlgaro beijou-a mais vigorosamente no pescoço.

Como a moça não criou resistência as suas carícias, ele abandonou seus seios e desceu para dentro da calça dela. Hermione chegou a inclinar, surpresa, quando dois dedos grossos e intrusos cavaram a intimidade dela. Gemeu baixinho.

— Quero fazer amor com você, Mione. — convidou-se.

A garota deitou de frente e encontrou a boca dele, beijando-o demoradamente. Suspirava mais alto entre um beijo e outro porque ele continuava a masturbá-la habilidosamente. Já estava suficiente úmida para negar a si mesma que não o queria nela quando o búlgaro refez o convite.

— Quero você, Mione. Quero de novo.

Ela buscou algo apropriado para falar, porém não encontrou. Ficou quieta e deixou-o comandar o momento. Ao penetrá-la, Hermione sentiu-se confusa. Algo naquela interação já não mais se encaixava. Tentou não questionar-se por aquele instante e aproveitar o que estava acontecendo. Quando o outro dia viesse repensaria aquela sensação esquisita.


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