Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 73
Vitor


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês terem vontade de me esganar... rsrsrs!
Mas queria que vocês prestassem atenção nas entrelinhas dos pensamentos de Krum e da conversa entre ele e Hermione, blz?

Beijos! Ótimo fim de semana para todos!



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Aprumou-se com um capricho sem igual. Há anos que Vitor não gastava dinheiro com roupas elegantes e seu guarda roupa era de calças rasgadas e camisetas em liquidação. A ocasião, mas principalmente a alegria, o fez ir a uma loja masculina suprir essas lacunas em seu vestuário. Não fizera uma senhora compra, nem possuía carteira para tal, porém adquiriu três conjuntos de calças e camisas porque agora tinha ela, Hermione: sua namorada.

Quantas vezes a levaria para passear dali em diante e precisaria de algo mais apresentável do que seus trapos batidos?

O búlgaro arrumava-se assoviando. Saiu do banheiro para o quarto apenas de toalha, se enxugando no maior bom humor. Vestiu uma calça de sarja cinza chumbo com uma camisa azul marinho e deixou os dois primeiros botões abertos para não parecer formal demais. Calçou os sapatos e passou perfume. Nos cabelos nem precisava se incomodar porque estavam raspados. Deu uma última conferida no visual no espelho e partiu para buscar Hermione, logo ao lado.

Voltar a tocar a campainha dos Granger como o namorado da filha deles lhe deu um friozinho familiar na barriga. Desta vez num misto de esperança e receio, tantas coisas desagradáveis ocorreram entre eles no passado. O Sr. Granger abriu a porta. Menos mal, Jane era mais espinhosa do que ele.

— Olá senhor. — maneou a cabeça respeitosamente parado no primeiro degrau.

Oliver ajeitou os óculos de leitura e fixou o rosto dele.

— Vitor, olá rapaz.

— Tudo bem com o senhor nessa noite?

— Tudo bem sim. E você?

As amenidades começaram a serem trocadas e o rapaz desejou ser convidado para dentro da casa como um sinal de boa fé, entretanto achou que o pai de Hermione o mantinha lá fora por puro desligamento. De repente ele olhou sobre os ombros e aproximou-se do moreno aos cochichos:

— É sério isso entre vocês? — a voz estava um tanto grave, fazendo Vitor engolir em seco.

— Da minha parte sim, Sr. Granger.

Oliver desceu uns degraus e encostou a porta. A conversa parecia que ficaria ainda mais tensa. Mas então o homem colocou a mão em sem ombro, apaziguador.

— Tomem cuidado desta vez, ok? Minha filha já tem outra cabeça, está virando médica e carrega um noivado recém-terminado. Não pode se aborrecer mais. Acredita que a maldita ex-sogra dela veio aqui há uns meses e sentou a mão na cara dela?

Vitor ficou chocado. A velha na limusine, mãe do “mauricinho” refletiu.

— Como foi isso?

— Simplesmente tocou a campainha e esbofeteou minha filhinha, xingando-a de coisas que Mione jamais será. O rosto da pobrezinha ficou marcado até o outro dia, a Jane percebeu. Encostou-a na parede e exigiu saber de onde vinha aquilo. Ela chiou, resistiu para contar, não sei de quem puxou essa mania de querer guardar tudo para si... Mas, por fim, confessou.

— A Sra. Granger deve ter ficado maluca. Eu já estou de saber da petulância dessa perua!

— Jane ficou do avesso. — Oliver fez careta — No outro dia, sem eu saber, claro, foi na casa dela e chamou-a para uma conversa na portaria. A coisa fugiu do controle e, segundo minha esposa, já estava esbofeteando a cara e bagunçando o cabelo laqueado de Elisadory na frente dos vizinhos dos McLaggen.

Desta parte Vitor gostou de ouvir. Ali estava a boa língua solta de Oliver Granger.

— Muito justo. — disse o rapaz sentindo Hermione vingada.

— Justo e problemático. Essa semana recebemos uma cartinha do advogado dos McLaggen. Ela está querendo processar Jane por agressão e assédio moral. — então ele abanou a mão, terminando a fofoca — Isso não vem ao caso. Queria falar de vocês. Sabemos de toda a história e não tocaremos mais nessa tecla. Se minha filha mudou, eu tenho certeza de que você também.

— Sem dúvidas.

— Ótimo, então se preocupe em só vê-la e fazê-la feliz. — O Sr. Granger sorriu-lhe suavemente.

— Com prazer. — o jovem apertou-lhe a mão.

***

Vitor abriu a porta do carro para Hermione, mas não sem antes abraçá-la as vistas de qualquer vizinho e beijá-la apaixonadamente. A garota, muito bonita e perfumada, retribuiu. Dentro do carro ele lhe disse:

— Não repara na minha lata velha. Ele não é um carro esportivo, porém da para o gasto.

— Não estou me importando. — ela retorquiu levemente aborrecida.

— Desculpe... Mione, de forma alguma quis insinuar...

— Vitor, eu sei. — tentou apaziguar o desespero dos olhos dele voltando ao bom humor. — Para onde vamos?

— Estava pensando no cinema, lembra como gostávamos de ir?

Ela anuiu. Assistiam quase cinco filmes por mês naqueles tempos.

— E o que está passando de bom?

— Tem um filme novo com o Tom Cruise, pensei nele até porque lembrei da sua tara por esse cara.

Hermione concordou num risinho rendido.

— Ele tá cinquentão e ainda dá para o gasto. — provocou-o. Vitor buscou não cair na provação e beijou-a em resposta. Prometeu a si que roubaria a atenção dela no filme.

***

E assim foi. Os primeiros minutos da película passavam no telão quando o moreno deslizou a mão para o ombro de Hermione, envolvendo-a. Buscar sua boca foi uma tarefa deliciosa e, sem demora, beijavam-se pouco se importando com a trama.

Suas bocas sempre combinaram. Ela beijava em pequenos goles, mas vez por outra buscava os lábios dele, maiores que os dela, e os mordiscava sedutoramente. Quis deslizar para o queixo macio e suave da garota, lembrando o quanto isso lhe dava prazer, contudo se conteve por estarem num local público. Teria de ir devagar também mesmo sendo velhos parceiros sexuais. Ele tirara a virgindade de Hermione e perdera a sua com ela, portanto conhecia seu corpo, seus toques e gemidos como a palma da mão. Aprendeu todos os macetes para levá-la ao êxtase, tendo confiança de que poderia encontrar todos eles novamente com facilidade, além de um prazeroso afinco. Mas teria de ser nos limites da jovem. Sempre que nos afastamos do caminho temos de trilhá-lo outra vez...

A vontade de sentir a quentura do corpo da namorada mais próxima do seu o fez erguer a divisória entre os bancos e puxá-la para mais perto de si. Hermione soltou um gemido quase imperceptível ao toque mais firme dele em sua cintura. Em suas conversas de adolescentes ela dizia adorar o modo seguro com o que ele a pegava. Seguro e possessivo. A possessão que fez ela escapar dele e ainda causar tanto sofrimento.

Era quase raro se ver pensando nisso agora e buscava minar as recordações daquele dia confinado na cela da delegacia como um bandido feroz, somente porque quis aproximar-se e conversar com ela. Queria, deveria, angustiava-se pelo perdão dela, mesmo que viesse sem a reconciliação. Nunca ganhou verdadeiramente, até aquele doce dia após a corrida. Jamais chegou a sentir raiva de Hermione por agir intransigentemente e jogar ele nas grades por uma noite inteira, entretanto não havia como negar a pequena satisfação em ver a moça chorar em meio a desculpas. Claro que estava desculpada.

Perto do fim do filme conseguiram parar de se agarrar, saindo abraçados pelos corredores do shopping. Voltaram para o carro e ele perguntou:

— Gostou do nosso primeiro passeio de segunda chance como namorados?

— Quantos títulos para essa ida ao cinema. — ela observou. — É óbvio que sim. Continua beijando bem, por falar nisso. Andou praticando?

— Ciúmes? — gostou da curiosidade dela.

— Não, não. — a moça brandiu a mão — Apenas uma pergunta. E suas namoradas durante nosso rompimento? Nunca vi nenhuma.

— Eu não tive. — disse — Foi a única, Mione. A garota que levei para casa e apresentei formalmente ao meu velho pai como sendo minha namorada.

— Mas teve outras pelo caminho. Tem que ter tido. — ela não se deu por vencida.

Vitor não queria falar de outras quando agora só existiam eles dois. Se viu encurralado pelos olhos da morena e desembuchou:

— O que quer saber? Beijo? Sim, beijei umas duas ou três garotas por aí. Nada sério, nada que valha a pena comentar.

— Eu posso te falar sobre Córmaco, se quiser.

Isso o desagradava e muito, mas ele sabia que era um teste. Hermione o estava encurralando num assunto delicado para ver como reagiria. Se seria o touro ciumento, ensandecido e esquivo, ou um rapaz liberal, com plena confiança em si. Quando namorados, todo tipo de conversa poderia acontecer, mas algo que fosse despertar ciúme nele estava sempre fora dos temas. Como da vez em que ela dissera achar o tal Tom Cruise bonito e ele ficara emburrado por uma semana.

— O que quer que eu pergunte?

— Não sei. Como era nossa relação, porque terminamos...

— Como era a relação de vocês? — a questionou escondendo a má vontade nisso.

— Boa. Córmaco era gentil e cavalheiro. Nunca me esnobou pelo dinheiro que possuía e os assuntos mais bobos acabavam em gargalhadas.

— Legal. — resmungou. Então perguntou estupidamente — Vocês... transaram?

— Claro que sim. — ela disse como se aquilo fosse natural. E era, entre namorados adultos e resolvidos era, só que não doeu menos nele ouvir o óbvio. — As garotas com quem beijou, não transou com nenhuma delas?

Sentiu vergonha em admitir que sim, algumas vezes, e, depois delas, ficava semanas imaginando o quão melhor era quando acontecia com Hermione.

— Não. Foi a única para mim, já disse.

A resposta a desconcertou. Ele emendou na outra pergunta para não deixar o silêncio embaraçoso se instalar:

— Por que terminou se o cara era o Sr. Perfeição?

— Porque a vida maravilhosa que ele tinha para me dar me sufocava a cada pensamento. Porque descobri que os beijos dele sequer faziam cosequinhas na minha barriga. Porque a paixão passou e só restou uma vontade de querer vê-lo feliz, mas não comigo.

— Sente-se assim comigo? Meus beijos fizeram cosequinhas na sua barriga?

— Eles cavaram tão profundos como antes. — ela confessou. A resposta o deixou exultante. — Não sei que tipo de feitiço lançou em mim Vitor Krum, tudo que sei é que hoje parece que partimos do momento em que paramos quando éramos jovens e estava tudo ótimo.

— Tudo isso foi para dizer que ainda é apaixonada por mim?

— Não vá ficar convencido, tá legal?!

Aquilo era um sim. Um encantador e cheio de expectativa sim!


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