Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 71
Hermione


Notas iniciais do capítulo

Primeiro queria dizer que, apesar da essência dos comentários terem sido de singelas ameaças e negativo choque, fiquei muito feliz com o feedback!!! Acho que foi o auge de reviews num capítulo.

Segundo, não vamos ficar chateados com Rony. Ele precisava de mais alguém levantando a moral dele, afinal a Hermione tá quase formando um time de futebol de admiradores.

Terceiro, estamos sim numa fanfic Romione, portanto tenham paciência porque estamos passando por uma tempestade apenas. E uma tempestade necessária, que fará bastante sentido adiante! ;)

Quarto, desculpem pelo capítulo intruso no início da semana. Esclerosei com força, mas uma leitora me alertou sobre ele. Desconsiderem a maluquice kkkk

Quinto, aguardando as juras de morte restantes por esse capítulo 71, que tá daquele jeito também.. hehehhe

Beijos Mil!!! Adoro vocês!! o/



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Pela resposta à sua mensagem ter vindo apenas no outro dia, perto da hora do almoço, Hermione sentiu-se tola. Esperava vê-lo colado ao celular, pronto para responder sua saudação, mesmo ela tendo violado o acordo tácito entre eles de se falaram dali três meses. Havia batido nela uma saudade dolorosa de Rony ao folhear alguns de seus mangás, por isso o contatara. A resposta dele dizia: "Tudo beleza. E com você?" Sorriu para a tela pensando nele dizendo aquilo pessoalmente. Aquela frase era a cara dele.

O que queria com o ruivo, no fim das contas? Continuava tão confusa como sempre. Algumas lembranças do longo noivado, uma relação boa e estruturada, de anos, voltavam martelando em sua cabeça em certas ocasiões. Como quando passara em frente a uma agência de turismo na semana passada e um cartaz propagandeava viagens para os recantos misteriosos dos Incas no Peru. Córmaco e ela programaram aquele roteiro por meses a fio, ele se empolgando na empolgação dela. Algo tão típico de Córmaco.

Agora aceitara acompanhar Vitor nos treinos e a proximidade vinha despertando antigos e bons sentimentos. Por trás dos músculos e do ar fechado, reencontrou o cativante ex-namorado. Voltou a apreciar sua companhia, embora os pais a olhassem numa nota de receio pelo retorno daquela socialização. Numa noite Jane Granger entrou no quarto dela e ficaram conversando, Hermione já pronta para dormir. A mãe sentou na beirada do colchão e perguntou:

— O que há entre você e o Vitor, filha?

— Nada. Apenas conversando.

Uma ruga de preocupação surgiu na testa de Jane. Hermione não poderia culpá-la, a separação traumática entre ela e o búlgaro afetara a todos, além do casal.

— E como estão essas conversas? Sadias?

— Mãe, pare com isso.

— Hermione, vá com calma. Acabou de sair de um noivado...

Aquele assunto aborrecedor ia tirar o sono dela, portanto quis cortá-la:

— Estou travando um convívio pacifico. Me lembro de ter me dito isso uma vez, de que ele não merecia e tudo mais, pois bem, agora estou cumprindo o recomendado de anos atrás.

Jane pegou na mão dela e olhou-a num cansaço rendido.

— Está certo, querida. Sei que é adulta e que pensará duas vezes antes de cometer os erros da adolescência.

Ali estava o modo mais explícito e sentencioso da ardilosa mãe expressar suas opiniões. Nas entrelinhas, Jane dizia com mais clareza. Neste instante a frase dela queria dizer algo mais ou menos assim “Se perceber que as confusões do passado podem voltar, trate de ser esperta e se afastar antes que a avalanche nos leve a todos outra vez, e mais intensamente também”.

Depois da embaraçosa advertência, Hermione buscou ter mais cautela na interação com Vitor, porém era complicado. Estava gostando das escapadelas nos inícios de noite para treinarem. Então investigou algo no comportamento do búlgaro que indicasse o temperamento efervescente, mas só tinha como referência o tumulto entre ele e Córmaco, e aquilo nem contava porque fora Córmaco quem provocara. Era capaz de até a serenidade de Rony ficar abalada se fosse confrontado assim.

A hora do treino com Vitor se aproximava. Eles sempre saíam por volta das dezenove horas, que era o tempo em que o rapaz tinha de chegar do trabalho, comer algo, vestir-se para ocasião e chamá-la. Naquela noite Hermione já o esperava nos degraus de casa.

— Estou atrasado? — o moreno quis saber a vendo a sua espera.

Hermione desceu os degraus e começaram a correr.

— Não, eu que me adiantei.

— Ansiosa por ganhar mais fôlego?

— Pode-se dizer que sim. — o ritmo da corrida vinha fazendo bem para ela. Entre outras coisas, já tinha muito mais pique do que nos primeiros dias.

Seguiram pelo percurso rotineiro. Contornaram o bairro duas vezes, depois partiram para a avenida principal. Não chegaram a entrar nela, apenas usaram-na para chegarem à área do lago, numa trilha verde entre outro bairro mais abastado. Quase uma hora depois, pararam diante das margens do lago, suas águas escuras e calmas os encarando de volta. Hermione jogou-se na grama, as pernas estendidas relaxadamente. Ele a imitou.

— Obrigada. — disse a ele.

— Pelo treino? De nada.

— Não por isso. — mirou-o — Por não me rejeitar, por não sentir raiva de mim e me ignorar pelas atitudes infantis do passado.

— Mione... — murmurou chamando da forma tenra de outrora. — Nunca te rejeitaria, teria raiva ou a ignoraria. Nunca. Eu te amo.

A declaração a fez arrepiar-se. Aquela frase proferida da boca dele ficara perdida em algum lugar e agora retornava aos lábios tão forte como se recordava ser.

— Ainda?

— Sim. — meneou a cabeça. Sorrateiramente ele encostou a mão no pulso dela e o acariciou. Seus dedos grandes cobriam a circunferência dele. — Algo quis morrer em mim quando parou de falar comigo.

De repente ela se viu lacrimejando. A dor daqueles dias estava dentro da moça.

— Desculpe, Vitor. Desculpe. — apertou os olhos para tentar fazer as lágrimas pararem.

Ele se aprontou em abraçá-la. Um abraço forte, repleto e protetor. Agora os braços e o tórax dele cobriam-na por completo.

— Não chora, Mione. Eu não mereço.

— Claro que merece. — tocou-o no rosto. Sentiu-o espetando pela barba por fazer. Através dos poros seu cheiro singular nocauteou os sentidos dela. De repente cinco anos voltaram no tempo e Hermione estava aconchegada nos músculos dele novamente. — Você foi meu primeiro amor. — lembrou.

— E você meu único.

Ficaram encarando-se assim, rendidos nos braços um do outro. Vitor se pôs a secar as lágrimas dela. Primeiro com os dedos, depois com os lábios. Os toques amorteceram a morena, sua boca abriu-se anestesiada e não tardou a ele direcionar seus beijos das bochechas para os lábios dela.

Beijaram-se ardente e verdadeiramente. A sintonia de seus toques voltou a se equiparar. Hermione deixou que ele ditasse os movimentos iniciais, depois se tornou mais participativa, mordiscando e roçando a boca pelo seu queixo e lábios.

Muitos minutos avançaram até que se desgrudaram. Vitor abriu os braços gentilmente, ergueu-se e ajudou-a a se levantar. Quando a moça se pôs de pé, a surpreendeu num abraço desesperado pela cintura.

— Esperei esse momento por anos, anos. — segredou-lhe. — Tinha certeza de que ele não viria, e mesmo assim esperei.

Hermione não podia dizer o mesmo. Não pensava mais nele desse jeito desde o rompimento e o envolvimento com Córmaco. Pelo contrário, anulava-o sempre que tais pensamentos chegassem. Estar nos braços e nos lábios dele era uma surpresa. Uma surpresa da qual a moça perguntou ao seu coração gostar. Abobadamente ele respondeu que sim. Vitor a balançava por dentro igual um transatlântico engolido por uma onda dantesca.

Retornaram correndo para casa, sem dizerem mais nada. Se despediram através de acenos incertos, como se tudo fosse um sonho proibitivo. A jovem entrou em casa e só então conseguiu deixar a tensão daquele novo beijo escorrer-lhe pelos ombros. Encostou-se à porta, fechou os olhos e sentiu os lábios de Vitor marcando-a com firmeza. Ainda beijava estupidamente bem. Quando abriu os olhos outra vez, Jane Granger a encarava de passagem para cozinha.

— Você o beijou, não é? — a mãe sabia. Ela sabia de tudo.

— Eu quero que ele seja o Vitor pelo qual me apaixonei, não pelo qual eu sofri.

— Estarei torcendo por isso, filha.


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