Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 7
Hermione




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Álwaro de Doorf era um estilista internacional, sempre empoleirando as capas de revista das noivas mais exigentes da Europa. Com trejeitos muito peculiares gesticulava sobre seu status de estar entre os três desenhistas de vestidos exclusivos para casamentos da alta sociedade. Suas mãos ágeis amassavam, erguiam, subiam e desciam impacientes sobre a cauda do vestido de Hermione enquanto se gabava. Às vezes espetava um alfinete aqui e ali e semicerrava os olhos na sua genialidade particular sobre o ajuste apropriado da costura.

Na sala de experimentação estava mais duas assistentes do estilista, além da Sra. McLaggen, a sogra de Hermione Granger. Fora ela que inventara aquele circo todo. O melhor vestido, a melhor cerimônia, as melhores flores, o bolo mais glorioso, o buffet mais caro. Por Hermione, por seu desejo mais sincero, preferia um casamento reservado com um coquetel agradável na casa dos próprios pais. Mas com Elisadory McLaggen não havia argumento: queria ver o filho único estampado na capa das maiores revistas de socialites do país. Eles, os McLaggen, naturalmente pagariam tudo.

Os Granger detinham o suficiente para viver confortavelmente num bairro mediano próximo de Nothing Hill. A mãe arquiteta, o pai dentista, e eles até se ofereceram para pagar parte das despesas por mais salgadas que fossem. Contudo, os sempre soberbos Sr. e Sra. McLaggen tomaram controle das despesas e Hermione sentia que da sua alma também, durante os meses preparatórios antes da cerimônia.

O pai de Córmaco controlava um conglomerado de peças automotivas e a mãe era a típica perua classuda e esbanjadora dos ganhos do marido.

— Querida, será que você consegue emagrecer um ou dois quilos até o dia? — a Sra. McLaggen piscou para ela, enquanto Álwaro saltitava igual a um ganso degolado envolta do vestido bufante.

— Ahã... — ela estava com a cabeça um pouco longe, pensando nos mangás que não poderia comprar naquele dia por conta da prova do vestido.

— Eu disse se tem como você dar uma pequena desinchada na barriga para caber de forma mais acentuada no corpete, hein?! — piscou novamente.

Era um tique que Hermione e sua mãe não demoraram a reconhecer na Sra. McLaggen, as piscadelas estampando a falsidade nas doces palavras.

— Oh, vou tentar.

— É porque Álwaro não gosta de trabalhar com números maiores do que trinta e seis. É ofensivo a sua arte. — piscou descontroladamente.

— Entendo perfeitamente.


Hermione viu seu dia melhorar como uma metamorfose milagrosa quando pode se livrar da sogra. Teve a carona do conversível com motorista particular dos McLaggen até a porta de sua casa, despediu-se com beijinhos no ar para Elisadory e entrou aliviada.

— Ufff... — bufou, escorando-se do lado de dentro da porta.

— Veja pelo lado bom, a cada dia você está mais perto do céu, Mione. — era sua mãe, observando-a da cozinha.

Jane Granger era uma bela mulher morena de cabelos ondulados. Trajava um elegante tailer azul marinho, sapatos scarpins lustrosos e óculos de grau com pedrinhas luminosas. Estava sentada num banquinho, os dois cotovelos apoiados na bancada, comendo gomos de mexerica.

— É bom que não me façam esperar no purgatório então. — Hermione tomou um lugar próximo da mãe e roubou um gomo da fruta cítrica para si. — Chegou agora?

— Sim. Muitos projetos novos entrando. Fim de ano é sempre assim, orçamentos e orçamentos.

— E isso é bom, não é?

— Se um terço dos orçamentos virarem projetos aprovados, com certeza. — fez uma cara desanimada.

— E o papai?

— Obturação do Sr. Wilson novamente. — suspirou. — Vou tomar banho, vamos pedir uma pizza? Temo que seu pai ainda vá demorar horrores no consultório.

— Não sei. A tremelique disse que eu tenho de emagrecer. — Hermione pegou mais dois gomos.

— Ah, ela disse? — Jane repousou os óculos na bancada, fitando a filha divertidamente.

— Sim. É ofensivo corpetes com tamanhos maiores do que trinta e seis a arte do tal estilista. — a garota debochou.

As duas gargalharam. Jane pulou do banquinho, pegou sua prancheta de trabalho em cima de uma cadeira da mesa de jantar e preparou-se para sua ducha.

— Eu quero um sabor com muito queijo, filha. Você me conhece.

— Estou pensando em algo com chocolate também. — os olhos da jovem brilharam.

— Pode ser. Está apaixonada, é...?

— Eu vou me casar, não vou ?


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