Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 49
Rony


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi um dos que eu mais me diverti para criar.
Gostei tanto que ele ficou até um pouquinho maior que o padrão... heheh

Espero que gostem! Beijos!



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Arrumando sua coleção de mangá conseguiu contabilizar mais de mil e oitocentos exemplares. Praticamente todas as suas economias desde que começara a fazer diversos bicos até a modesta estabilidade na banca de revistas foram gastos para comprar aqueles gibis. Vez por outra se via obrigado a gastar com roupas, mas só as comprava quando as suas se tornavam velhas e batidas demais. Normalmente passava seis meses revezando entre três calças jeans e meia dúzia de camisetas. No que gastava um pouco mais era com seus blusões. De resto, as pilhas de revistas acumuladas em seu quarto foram no que seu dinheiro havia se transformado.

Já que Rony perdeu um dia de trabalho e ainda teria de pagar cinco refeições para Hank por lhe cobrir, aquele mercenário, o rapaz não viu muita escolha a não ser adular seus mangás naquela estranha tarde de domingo.

Estranha porque estava tentando entender que cena fora a que presenciara na frente da casa de Hermione Granger. Aquilo o assustou um pouco. Era um sujeito bem pacifico, do tipo que só enchia de porrada dentro do vídeo game. Não que fosse covarde, se precisasse se defender o faria sem pensar. Ainda assim, ver o que achava ser o noivo (ou era ex?) todo simpático da morena atracado numa posição ridícula de vale-tudo com outro cara na sarjeta o deixou atônito.

Quem era o outro cara? Hermione... Ela parecia ser uma garota bem complicada. Mal a conhecia ainda.

Ficou pensando se havia encrencado seriamente Hermione, e realmente sentiu-se muito tentado a ligar para ela e descobrir. Entretanto controlou a vontade imaginando que poderia ser pior, ou então, que aquela pancadaria maluca se voltasse para ele.

Seus pais e seus irmãos, que estavam em casa já que era o típico dia da família inteira se debruçando pelos sofás, o olharam com curiosidade quando ele voltou em menos de uma hora trazendo uma cara de cachorro deixado no vácuo.

Foi bem isso mesmo. Criou uma tremenda expectativa naquele passeio, até pediu emprestado o perfume mais caro de Percy, comprado na França, e tudo o que os esforços renderam foram um ingresso de camarote numa arena de luta livre. Cuidar de suas coisas o ajudava a distrair a cabeça, então.

Louis, seu sobrinho, estando em casa, já que Gui viera visitar os pais, jogava no Playstation ao lado. Volta e meia Rony tinha de repreendê-lo porque o garoto se empolgava no game e começava a soltar uns palavrões, mas no geral, a tarde estava terapêutica.

Gina abriu a porta do quarto e chamou a atenção do irmão e do sobrinho. Louis rapidamente voltou-se para o jogo. A ruiva sentou na cama dele espaçosamente.

— E aí, cabeção! Achei que ia trabalhar hoje...

— Se eu tô aqui, não fui trabalhar. — respondeu Rony de má vontade. Subiu na cadeira e começou a arrumar sua coleção de Yu Yu Hakusho cuidadosamente na prateleira.

— Tão delicado quanto um trasgo, esse seu tio. — ela disse a Louis, que concordou.

Moleque ingrato! E ainda o deixava gastar seu vídeo game.

— O que você quer, hein?

— Saber por que passou aquele perfume fedorento do Percy e saiu todo animadinho.

— Monitoração vinte e quatro horas por dia, liga para Gina!

Louis riu.

— Para de rir ou vou falar pra sua mãe que tá jogando jogos violentos. — ela ameaçou, e o garoto resmungou contrariado. — Eu queria vir te alertar, só isso, cabeção. O pessoal ali na sala já percebeu e agora você tá sendo o assunto.

Isso o irritou.

— Como assim?

— Eles estão discutindo há quanto tempo você não namora. Mamãe tá lamentando sobre Lilá. Daqui a pouco Percy toca no assunto do seu futuro incerto.

— Que legal. — o rapaz bufou impaciente. Lá se ia sua tarde terapêutica.

— Por que não desabafa de uma vez? Tem outra garota, eu sei. E estou curiosa.

— Ué, pergunte pro Harry. — provocou-a.

Gina aceitou o desafio.

— Tudo bem, eu conto porque quero ver o Harry esquartejado e você me diz sobre esse lance seu.

A seguir os irmãos ruivos fitaram Louis na poltrona, ardiloso com um ouvido no jogo e um na conversa.

— Se você contar alguma coisa pros seus pais ou avós, só vai jogar Mario Bros no meu vídeo game, ouviu Louis? — ameaçou Rony descendo da cadeira e indo sentar na cabeceira da sua cama.

— E eu vou te obrigar a comer meus bolinhos de baunilha queimados! — Gina reiterou.

— Tá bom! — exclamou o garoto irritado.

— Ótimo. Você primeiro, maninha. — sorriu o rapaz com cinismo.

A moça cerrou os olhos, suspirou e começou:

— Descobri que seu amigo é um tremendo babaca que quer que eu fique babando o ovo dele até ter idade para ganhar o assento preferencial no ônibus.

— Isso não é novidade, Gina.

— E... eu cansei. Estou saindo com outra pessoa e disse pra ele que não o quero mais. Cansei dessa minha paixonite idiota.

Rony ficou surpreso e contente pela decisão dela, mesmo não sentindo firmeza nas suas palavras.

— Ele tá bem desorientado depois que perdeu sua massageadora de ego predileta. — agora estava evidente os motivos a rabugice de Harry.

— Agora é sua vez. — exigiu dele.

Para Rony era um suplício abrir seu coração, contudo ele precisava conversar sobre mulheres com alguma do sexo para entender o que se passava em cabeças tão complexas e desnorteantes.

— Estou saindo com uma moça que é noiva, ou era. Ela terminou o noivado com um carinha bem abastado. Já estavam de casamento marcado e disse que se apaixonou por mim.

Gina ficou vários minutos boquiaberta.

— Vou te expulsar desse quarto senão disser nada. — o rapaz ameaçou. Ela voltou do transe.

— Então é isso. Uma garota comprometida disposta a largar tudo por você?

— Ela não largou tudo, só o noivado. E se quer saber, nosso rolo foi só o empurrão porque parece que já estava propensa a fazer isso.

— E já teve beijo e tudo mais?

— Não é justo. Eu não fiz essas perguntas pra você.

— Porque não quis. Quer saber? — o instigou, conhecendo o irmão o suficiente para saber sua resposta imediata.

— Não, não.

— Ok, me responda.

— Nos beijamos duas vezes.

— E foi encontrá-la hoje, suponho. — torceu a boca — Levou um toco?

Nesse momento Louis virou para eles. Rony encarou-o duramente e o sobrinho virou lentamente para televisão.

— Mais ou menos... quer dizer, sei lá.

— Ai, Rony, pelo amor! Você parece uma freira falando, desembucha logo.

Ele coçou a cabeça pensando como diria aquilo que pouco havia entendido.

— O ex-namorado estava na frente da casa dela...

— Vixe...

— Atracado com outro cara.

— Como? Beijando um cara?

— Não, Gina! Para de ser lenta! Ele tava brigando com outro cara, um gorila musculoso. Hermione, o nome dela é Hermione, ficava entre os dois sem saber como apartar a briga, ou sei lá. Me fez gestos frenéticos para que me afastasse. Acho que apavorada por me ver me aproximando.

— Caramba, que confusão. Tá gostando dessa garota?

— Humrum. — balançou a cabeça positivamente.

— Se não estivesse ia te falar pra ignorar as ligações dela e escapar pela tangente, afinal essa bagagem de ex-namorado já me parece bem indigesta, mas como tá afim da moça, ligue. Já ligou?

— Claro que não. E se ela ainda estiver sendo juíza de MMA?

Gina riu. Louis achou graça também, rindo de sua poltrona.

— O seguro morreu de velho, Rony. Liga e pronto. Ainda não são nem três horas da tarde, chama ela aqui em casa. Vocês ficarão mais à vontade.

— Mais à vontade? — disse, se referindo indiretamente aos pais, aos irmãos, aos sobrinhos, as cunhadas. E talvez até o abelhudo do Harry desse as caras.

— Quero dizer sem o risco de pancadaria ou ex-noivo irado, pelo menos. Não fica deixando essas coisas passarem. Às vezes ela deve estar ao ladinho do celular esperando você ligar para dizer "Amor, tá tudo bem?". — fez uma vozinha irritante imitando a dele.

— De onde você tirou esse "Amor"?

— Como a chama então? Bem, benzinho, baby, amoreco, more... — Louis começou a gargalhar — Melhor, Mioninha-chan.

— Ah, para de encher. — Rony levantou e foi a escorraçando do quarto. Aborrecido com o sobrinho rindo da cara dele, se vingou tirando o vídeo game da tomada e aproveitou para expulsá-lo também. — Vai pedir pra sua tia fazer uma trança no seu cabelo. — revidou quando Louis protestou.

Depois de conseguir ficar sozinho no seu quarto, achou interessante o conselho da irmã ligando para a morena.


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