Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 35
Rony


Notas iniciais do capítulo

Bom, vocês leram nas entrelinhas então aqui está :3

Bom fim de semana, pessoal!



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Harry estava bem arrumado e animado para o passeio, algo que Rony notou facilmente assim que entrou no carro do amigo. Viu também um pouco de exagero no espírito feliz dele, e achou-o bem forçado em alguns momentos. O auge daquela espécie estranha de máscara foi ele disser que havia marcado com duas garotas, uma para o ruivo e uma para ele.

Transitaram pela agitada Londres noturna do fim de semana direto para o ponto de encontro. Um pub muito aconchegante assediado pelos alunos da universidade. Rony tinha estado lá duas vezes apenas, porque o preço das bebidas e das porções era um pouco elitizado por conta dos frequentadores, entretanto no quesito grana ficaria sossegado naquele encontro: Harry estava “bonado” e parecia fazer toda a questão de esfregar ao amigo as vantagens de uma carreira, e não um simples serviço.

O jovem despreocupado, que jamais fizera o tipo orgulhoso quando o bolso tinha de priorizar, tirava boas vantagens disso.

Chegaram ao pub e encontraram movimento na calçada em frente à fachada. Só havia rostos jovens entrando e saindo do bar. Harry estacionou na rua de trás e foram caminhando dali. Rony percebeu que seu passo ficara esquisito, pesado, quase num ataque de cãibra, logo deu-se conta que era o nervosismo pelo encontro a seguir.

— Anda logo, Ron. — Harry o apressou ao vê-lo reduzir a marcha significativamente.

— Estou indo.

— Fica tranquilo. Essa minha amiga disse que teria uma moça bacana para lhe apresentar — disse ele conhecendo o amigo perfeitamente. — Pedi que fosse alguém calma. Você precisa recomeçar da primeira marcha.

— Obrigado. Você é um bom amigo. — anunciou com sinceridade.

— Estamos aí pra isso. — Harry o incentivou com um tapinha nas costas e prosseguiram.

***

Não havia lugar nas mesas. Grupos alvoroçados de pessoas já ocupavam as mesinhas redondas e os bancos estofados que contornavam toda a extensão do salão. As mesas do centro também tinham gente espremida. Para eles sobraram os bancos do bar, algo que não estimulava muito uma conversa a quatro, mas era favorável num diálogo unilateral.

Os rapazes pediram cubra libre para começar, sendo que Rony deixou claro sua predileção por mais refrigerante do que vodka. A intenção da noite passava longe da de ficar de pileque.

Rony ficou meia hora tentando arrancar de Harry o verdadeiro motivo de Gina estar tão irada com ele, porém seu interlocutor foi escorregadio e safo nas respostas. Foi então que duas loiras aproximaram-se deles após um aceno simpático de Harry.

— Ron, essa é a Theresa. Theresa esse é meu amigo-irmão que lhe falei.

A loira mais alta e de cabelos curtos sorriu facilmente para o ruivo. Usava um vestidinho curto demais e saltos extravagantes, e ele se perguntou seriamente onde o amigo a conhecera.

— Prazer! É esse é minha irmãzinha de consideração, Luna.

Luna, a loira mais baixa, mirou os garotos num semblante muito sereno. Seu rosto redondo, os olhos muito azuis e os cabelos cumpridos passavam ainda mais serenidade a sua pessoa. Ela não era, nem de longe, tão extrovertida quanto a loira número um, Theresa.

Como tudo fazia parte do plano, Harry cedeu seu lugar para Luna e acomodou-se junto de Theresa nos bancos ao lado. Rony se viu afastado do amigo, tendo aquela garota calada entre eles. Sentiu as mãos suarem e lembrou-se como sempre detestara essas paqueras arranjadas.

— E aí? Como assim “irmãzinha de consideração”? — puxou conversa com ela.

— Hein? — Luna perguntou totalmente perdida.

— É... Theresa disse que são irmãs de consideração. Seria algo como o Harry e eu? Nenhum grau de parentesco, mas unidos desde moleques.

A garota ficou pensando por uma infinidade de tempo, a ponto de deixar Rony extremamente envergonhado e querer fazer outra pergunta para abafar essa primeira. Finalmente a criatura desembuchou:

— Somos filhas da mesma mãe.

— Oh...

— Meu pai é químico e faz muitos experimentos em casa. Um dia ele destruiu toda a garagem e parte da cozinha. Minha mãe disse “ou você arruma outro lugar para inventar essas maluquices ou vou embora” e apesar dele prometer que encontraria, acabou esquecendo. Demorou duas semanas até papai perceber que mamãe tinha partido. Mas isso foi há muito tempo, eu tinha uns dois anos na época. Então mamãe casou de novo e fez outra família.

— Interessante... — Rony assoviou levemente chocado, tanto pela súbita franqueza quanto pelo fato em si.

E a conversa deles ficou flutuando daquele modo. Ele perguntava algo, porque Luna não era de movimentar os diálogos, e ela vinha relatando histórias estapafúrdias e assustadoramente verídicas. Sempre numa calma constante. Logo, o ruivo tentou mudar o foco dos assuntos para algo menos pessoal, mas a loira não era muito antenada em nada que fosse do conhecimento dele. De repente percebeu que Harry lhe arrumara alguém no ponto morto, não na primeira marcha.

— Vou ao banheiro. — falou num determinado momento da noite.

— Tudo bem. — Luna anuiu bebendo sua água com gás e limão.

— Harry, vamos comigo? — passou perto do amigo e encontrou os olhos dele secando o decote de Theresa, que ria histericamente de alguma das suas piadas ruins.

Harry olhou-o impaciente, mas aceitou o convite.

Enquanto iam até o banheiro, foi questionado:

— Como vai com a Luna?

— Pelo amor, Harry! Você vai dizer que estou criando caso, que não quero dar uma chance as chances, só que não dá.

— Ela é bonita e parece compatível com você.

— Chegou a olhar bem pra ela? Chegou a conversar com ela? — entraram no banheiro e foram para os mictórios.

— Rony, não seja tão exigente...

— Ela tá morta, Harry! Eu tô ali tentando estabelecer um diálogo causal e ela fica me olhando como se eu fosse um zumbi. Quando eu faço alguma pergunta, a garota me vem com um conto sinistro que parece roteiro do Além da Imaginação.

— Acho que está exagerando.

— Exagerando?! — exclamou inconformado. — Pede uma narração sobre a morte do porquinho da índia dela e caia pra trás com as maluquices que ela vai contar.

Foram para as pias e lavaram as mãos.

— Vamos combinar o seguinte: aguenta essa bucha por mim, isso se for mesmo uma bucha e não chatice da sua cabeça, porque a linda Theresa está caidinha por mim. E eu prometo fazer uma pré-avaliação da próxima candidata antes de entregá-la a vossa alteza.

Rony virou os olhos, mas concordou em nome da amizade.

Estavam voltando para o balcão, se espremendo entre as mesas, quando um grito chamando por Harry tomou a atenção dos dois. O ruivo olhou na direção em que o amigo fitava e era nas mesas próximas a parede. Quem o chamara era uma garota singular de cabelos azuis e Rony foi arrebatado pela impressão de achá-la familiar.

— Harry! Vem cá, baixinho!

Animado e reconhecendo a garota, Harry aproximou-se. Rony o acompanhou.

— Marvin! Há quanto tempo! — os dois trocaram beijos e cumprimentos.

— Como vai, cara?

— Vou ótimo. E você, ainda na faculdade?

— Mudei de curso, seu maluco. Agora faço medicina.

— Não brinca. Tá doida?

— História longa. — a menina riu. — Chegou agora?

— Faz tempo. Estou no bar.

— Ah! Vem sentar conosco. A gente se espreme no banco. — convidou.

Um grupo de jovens acompanhava-a na mesa.

— Eu... é... — Harry ponderou.

— Tem mais gente com você? Chama eles também. — ela pareceu ler seus pensamentos.

— Tudo bem. — aceitou o amigo. — Esse é meu amigo, Ron. Vou buscar as garotas que nos acompanham lá no bar.

E deixou o ruivo sozinho perto daquele bando de desconhecidos.

— Ei, Ron, sente aqui. — ofereceu a garota simpaticamente lhe cedendo um lugar no banco.

— Valeu.

Ele se apertou entre as pessoas sentadas ali, próximo a Marvin. Sem cerimônia, com grande naturalidade, ela começou a apresentar todos na mesa para ele, porém o ruivo saiu de órbita a se ver olhando para aquele rosto tão familiar.

Era Hermione. Tinha ficado oculta, por antes estar de costas, mas agora se encontrava bem de frente para ele. Ela também o olhava com os olhos arregalados.

— Layse, Mark, Neville, Hermione e Córmaco. — ouviu Marvin apresentando.

Sua voz ficara distante.


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