A ruiva trocou-se no vestiário e se uniu as colegas de aula no salão. Eram na maioria moças esbeltas e belas como ela, contudo, o grupo se mesclava de algumas figuras únicas. Havia uma professora de inglês aposentada e recém-divorciada e duas donas de casas entediadas de ficarem lendo romances desinteressantes e esperando seus maridos para esquentar o jantar.

O que todas as alunas, inclusive Gina, tinham em comum era o desejo casual de aprender a movimentar o corpo com a dança, por alguns dias da semana.

Todas estavam encostadas no banco esperando o novo instrutor chegar. A antiga professora saíra para um evento europeu e não tinha previsão para voltar, assim a escola teve de contratar outro tutor às pressas. Corriam boatos de que agora se tratava de um homem. Isso estava deixando algumas delas desconfortáveis, principalmente as conservadoras esposas que disseram aos maridos o quanto a academia de dança era conhecida por ser exclusiva para mulheres.

Gina ouvia o burburinho das colegas com desdém.

A dança flamenca podia se tornar algo entediante sem o braço firme de um homem para conduzir a dança, às vezes. Por outro lado, ela podia se transformar num jogo sensual dependendo do parceiro. Havia dois alunos de outra turma que vinham dar apoio em alguns passos, mas eles eram um tanto... Inofensivos para as mulheres.

A ruiva ouvia-as falando sobre isso e se sentia no início do século passado. Qual o problema de ter um cara hetero ensinando a nós? E o instrutor seria um profissional, não um aproveitador maluco. A escola não contrataria ninguém assim.

Sandy questionava ela sobre um passo de dança no instante que a porta do salão se abriu. O queixo das alunas, que somavam dez no total, caíram ao ver tal figura.

O rapaz entrou muito a vontade, sem encará-las. Colocou sua mochila próxima ao espelho, agachou-se sobre um dos bolsos, puxou seu celular, o desligou calmamente e guardou o aparelho outra vez. Depois ficou em pé, olhou nos olhos de cada uma das mulheres que o encaravam e sorriu enquanto esfregava as mãos. Talvez seu nervosismo estivesse retido naquele movimento rápido.

— Bom dia, garotas! Eu sou Erik Kleiner. Estou aqui para substituir a professora Helen nas aulas de flamenco.

Um suspiro involuntário ecoou das menos contidas da turma. Gina o achou atraente também. Vestia calça preta, sapatilhas de dança e uma regata branca bem colada no tórax. Sua forma era de dar inveja a muito entusiasta de academia. Os olhos eram verdes, os lábios e o nariz lindamente simétricos.

As alunas não paravam de suspirar. A ruiva começou a achar aquele coral de abobalhadas, irritante, e se pronunciando a ele para quebrar o constrangimento que parecia surgir em Erik:

— Eu sou Ginevra Weasley. Olá! — achou-se um tanto idiota por aquela apresentação.

Foi interessante, porque o professor mirou-a com um ar de gratidão por ela tê-lo livrado da avaliação exagerada do esquadrão vagina. Imediatamente aproveitou o embalo e pediu:

— Obrigada, Ginevra. Vamos as outras alunas. Se apresentem, garotas!

Lisa, Jane, Ashley, Tamara... Todas foram se apresentando e a aula enfim começou.

De repente Gina percebeu que no rosto de nenhuma delas havia a rejeição pela escolha de um professor homem ao grupo. Logo, estavam todas risonhas e graciosas, disputando a atenção de Erik num passo de dança a dois. Ele era profissional e reservado. Foi gentil com cada uma que o requisitou, mostrando também grande parte de sua prática no flamenco.

Passaram a primeira hora apenas em aquecimento, fazendo passos mais simples. A aula acabou rapidamente, e todas se dirigiram ao vestiário mais bem humoradas do que quando Helen comandava.

Gina tomou um banho rápido, vestiu o casaco de frio e saiu passando pelo salão. Erik terminava de se livrar das suas últimas novas fãs. Despediu-se das duas loiras, Talia e Meg, e foi pegar seu celular na mochila. Então ouviu os passos da ruiva passando no assoalho lustroso em direção à porta e ergueu a cabeça.

— Ginevra! Valeu a força no primeiro dia. — agradeceu sorrindo.

Tinha uma risadinha de lado, incógnita.

— Não foi nada. — ela disse alcançando a maçaneta.

— Elas são sempre assim?

— Assanhadas?

— Eu ia dizer “empolgadas”.

— Com você, talvez sim. Mas sempre tem a “empolgação” da novidade.

— Conto com isso.

— Até a próxima aula, professor.

— Me chama de Erik apenas. Não estou dando aula numa faculdade. — pediu.

— Então eu prefiro Gina. É como me chamam.

— Anotado. — ele bateu com o indicador direito na testa.

Somente quando Gina estava há um quarteirão de distância foi que deu seu primeiro suspiro por Erik. O professor de dança.