Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 22
Harry


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Muitíssimo obrigada pelos comentários!
Ah, tenham um pouco de paciência com o Rony, logo ele acorda pra vida.
Agora vamos para o próximo... ;)



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O celular vibrou em cima da escrivaninha. Harry saiu debaixo das cobertas na cama, apoiou o notebook no colchão e foi ver quem estava lhe ligando às oito e meia daquele sábado frio.

Rony. Estranhou.

— Fala aí, cara?

E aí, Harry. Beleza?

— Tudo bem. Tá em casa?

Não. Você tá ocupado? Saindo com alguém especial?

—Agora não. Estou aqui no quarto, estudando no notebook.

Será que rola um favor para um bom amigo? — Harry escutou barulho de trânsito do outro lado da linha.

— Manda.

Dá pra você vir me buscar aqui na Browning Street? Estou esperando um táxi faz trinta minutos e nada.

— Você aprontou alguma? Cadê sua bicicleta? — Harry começou a ficar desconfiado.

Vem me pegar aqui que te passo o relatório completo, mamãe.

***

Harry encontrou Rony oculto pela sombra de um arvoredo em frente a uma praça. Todo encolhido, mãos nos bolsos e capuz socado na cabeça. Talvez algum táxi não tenha parado por medo.

Rony entrou no carro esfregando as mãos congeladas e reclamando do banco do passageiro.

— Como faço pra colocar esse banco pra trás...? — tentou empurrar. Suas pernas compridas ficavam esmagadas no porta-luvas.

— Calma, Homem das Cavernas. Os bancos do meu carro se regulam no botão automático no painel.

O rapaz apertou suavemente os comandos e os joelhos do amigo puderam relaxar.

— Valeu. — a voz do ruivo estava um tanto seca.

— E aí? Pra sua casa? — Harry cruzou os braços. Continuava curioso.

— Tô a fim de beber. Vamos?

— Nesse frio?

— Minha cabeça tá quente. — confessou, encarando o arvoredo na calçada.

Seja o que fosse que houvesse abalado Rony, Harry imaginava que tinha haver com mulher. Aquela mulher. Sua cabeça andava cheia de preocupações e compromissos profissionais, e ele tentava lembrar-se se era naquela data que Rony comentara do seu passeio de “amigos” com a garota noiva. Pelo semblante desnorteado do outro, ele podia supor que sim.

Não custava dar uma força. Primeiro porque se ausentara do amigo por bastante tempo, e não havia ninguém para quem Rony se abrisse mais do que Harry. Segundo, porque ainda havia uma instabilidade emocional, muito bem oculta, claro, mas havia, sobre as relações do coração no rapaz.

— Ok. — acabou concordando.

— Tô sem grana também. — informou.

— Eu pago.

Harry já estava acostumado com a falta de capital de Rony.

***

O pub do qual frequentavam pipocava de gente naquela hora. Contudo, era aconchegante justamente por isso. Mesinhas de madeira aglomeradas, falatório, vozes embriagadas de pessoas comuns tentando esquecer os problemas da semana. Ambos apreciavam o ambiente.

Sentaram nos últimos lugares vagos, próximo ao banheiro, e se espremeram nas cadeiras. Harry ficou acenando com a mão até a garçonete conseguir vê-lo, ao tempo que Rony se livrava da touca e do capuz, bagunçando os cabelos com a mão.

— O que vai ser? — a garçonete inquiriu com um bloquinho de notas na mão.

— Eu vou querer um chopp. E você, Ron?

— Pra mim uma cerveja na caneca de 700ml. Só pra começar.

— Pedidos anotados. — a moça informou. — Já trago.

Harry voltou-se para o outro.

— Tá, deixa eu adivinhar... Houve algo entre você e a garota noiva?

Rony sacudiu a cabeça e ficou com o olhar perdido de cego.

— Eu recuei. — suspirou.

— Que bom. Digo, ela é fria mesmo. O que você fez? Disse que era melhor vocês nem serem amigos?

— Ela me pediu um beijo e eu recuei. Não permiti.

Harry ficou atônito.

— Espera um pouco! Ela te pediu um beijo? Cara, a tal não era noiva?

A ágil garçonete chegou com as bebidas. Encontrou Harry exclamando indignado e Rony com cara de tartaruga atropelada.

— Semana difícil, rapazes? — comentou enquanto depositava as canecas.

— Você acredita que a garota era noiva e deu em cima do meu amigo? Eu acho isso uma safadeza. — Harry voltou-se para a moça.

— Ele é o seu amigo? — ela apontou para Rony. — Eu daria em cima dele.

— Vê se pode... — Harry espalhou-se na cadeira. O ruivo sorveu grandes goles da sua cerveja, indiferente.

— Se precisarem é só chamar. — a garçonete informou, e saiu para o salão abarrotado.

— Me conta melhor essa história. Como foi?

— Não quero entrar em detalhes. — Rony estava realmente chateado. — Eu deixei ela com cara de tacho, só isso. Vi a vergonha transbordar nos olhos dela, mas... Devia ter dito que não tinha nada haver... Que, que... Ela estava fantástica tentando me beijar.

— Eu não sei o que falar. Tenho medo que você se comporte daquele jeito de quando estava com a Lilá. Não quero mais te ver patológico do mesmo modo.

— Nem eu. — e voltou a colocar a touca, como se ela lhe trouxesse alguma segurança. — As mulheres são sinistras.

— Pode ter certeza.

— Ela deve estar arrasada de vergonha, a Hermione. Preciso ligar para me desculpar ou sei lá o que.

— Você não vai se desculpar.

— Eu tenho.

— Porque? A garota é noiva, nem sabe nada da sua vida, se tem alguém ou não, e já saí se atirando... Olha, numa situação normal isso é lucro para um carinha de abstinência de namoradas, mas no seu...

— Para de ficar falando que eu vou cair destruído como se fosse uma bonequinha de porcelana! Caramba, Harry! Estou tentando seguir.

— Mas uma pessoa cheia de problemas nunca será a solução!

— Eu forcei, tá legal! Estava o tempo todo estampado na minha testa: tô querendo ficar com você! Ela é esperta, anda num momento pessoal complicado e agiu por impulso. A culpa é minha.

— Para de se martirizar e nem vem com essa de ligar de volta. Me dá esse celular que vou apagar o número dela!

— Não enche.

Harry suspirou de impaciência.

— Aí você liga e não é nem ela que atende, e sim o noivo. Pode estar complicando ainda mais a garota.

— Parece que ele faz um tipo meio confiante demais, então digo que sou da banca de revistas e queria informar ela do mangá reservado.

— Tudo errado.

Ficaram bebendo em suas canecas em silêncio por um longo tempo. Observaram os outros clientes rindo, conversando assombrosamente e resolvendo dilemas entre si com uma bebida para amortecer.

— Vou ligar amanhã. — Rony por fim decidiu. — Hermione deve estar me odiando demais por hoje, para querer escutar minhas lamúrias.

— E depois?

— Depois eu sigo.

— Ron, eu vi dia desses uma vaga para auxiliar junior numa multinacional em...

— Para, Harry. Eu quero beber.

— Você precisando mudar de ares. Um trabalho que te faça conhecer gente saudável, por exemplo. E evoluir.

Rony revirou os olhos.

— Já pensou em montar workshop motivacional ou algo do tipo? — o ruivo riu. — Tô sentindo uma vocação emanando de você. Esse jeito mandão de querer me colocar nos trilhos. Não estou preocupado com meu futuro, amigo, entenda... — e antes que Harry pudesse contra argumentar ele ergueu o copo — Agora chega desse papo, porque quero beber e esquecer o desastre de hoje. Vamos falar de alguma babaquice, tipo o casamento de Kate Middleton com o Príncipe William.


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