Entre Otakus escrita por Van Vet
Notas iniciais do capítulo
Começando o segundo arco de Entre Otakus! o/
Espero seus maravilhosos comentários sobre essa relação peculiar de Harry e Gina.
Até quarta!
Somente Gina e Rony estavam em casa naquela manhã. Ele era um desligado, um completo peso de papel quando ficava de folga do trabalho. Normalmente a garota se irritava com esse estilo vegetativo de seu irmão, mas nos dias em que saía para sua aula de dança, pouco lhe importava.
Um dia chegaria em casa e encontraria fungos brotando pelo corpo de Rony.
Eram onze e meia da manhã quando ela desceu as escadas, saltitante. Com a bolsa a tira colo e um conjunto de inverno no corpo, bateu na porta do ruivo com os punhos cerrados.
— Ei, cabeçudo! Estou saindo! — gritou.
Não obteve respostas.
— Rony, estou indo! — insistiu.
Resolveu abrir a porta e as trevas imperavam lá dentro. Era algo parecido com a tumba de Ramsés, de tão escuro e abafado, e com o adicional de roupas espalhadas para todo lado. A única coisa que o irmão arrumava dentro daquele quarto (ninho, de acordo com sua mãe) eram as coleções de mangá.
Logo seus olhos tiveram de se acostumar com o breu e ela encostou-se na cama. Uma montanha respirava debaixo dos edredons. Rony estava num sono ferrado, a boca meio aberta.
Ela sabia que tipo de sono era aquele. O sono da ressaca. No dia anterior o percebeu sair sozinho no início da tarde e voltar gargalhando e conversando alto, no carro de Harry. Quando os rapazes entraram em casa, ela estava de pijama na sala, assistindo Atividade Paranormal sozinha. A descontração alcoólica dos jovens a distraiu um pouco do arrependimento que experimentava por ver o filme sozinha.
Rony foi para a cozinha fazendo barulho nas panelas, procurando jantar, enquanto ela o mandava parar com a algazarra porque os pais já dormiam. Por fim, ele ficou criando sanduíches com restos da geladeira e rindo feito um retardado para o nada.
Harry escapuliu para sala e sentou ao lado dela. Gina tentou continuar prestando atenção ao filme.
— Qual Atividade Paranormal é esse?
— O três. — a ruiva respondeu, encolhida no seu lado do sofá.
— Você não tem medo de ver esses filmes sozinha? — Harry olhou-a com olhos azeitados.
— Quantas cervejas tomaram?
O ruivo cantarolava em japonês a abertura de um anime qualquer lá da cozinha.
— Poucas. Mas você conhece seu irmão, ele é fracote, fica alto rapidinho.
— Humm... Você não se considera bêbado então?
— Claro que não. Estou aqui, sentando, conversando com uma garota corajosa, numa voz passiva e civilizada. Não cantando enquanto procura carne de porco para colocar no meio do pão.
Ela sorriu atravessado.
— Sei...
— E quando você for ver esses filmes perturbadores, pode me chamar.
— Por que? Estou muito bem aqui, sozinha. — mentiu.
— Que nada. Você tá toda encolhidinha no seu assento. — Harry aproximou-se.
— É porque tá frio.
— Ou porque está com medo de que algum espírito venha pegar seu pé? — ele agarrou o pé direito dela por debaixo do edredom.
— Para! — Gina exclamou rindo.
Era meio complicado ignorar Harry ultimamente. Ele parecia diferente com ela depois do longo tempo fora.
— HARRY, VEM! — Rony gritou da cozinha.
— Ele tá te chamando. Deve ter preparado algum goro daqueles pra vocês dois!
— Acho que não devia tê-lo deixado beber tanto. — o rapaz confessou, resignado.
— O que houve, hein? Marcaram de se encontrar aonde?
— Ele me ligou. Estava numa feira otaku, essas coisas que seu irmão adora, e não encontrava táxi pra voltar.
— Que estranho, Rony só anda de bicicleta por aí. Daqui a pouco vou encontrá-lo atravessando a lua.
Harry sussurrou.
— Parece que não estava sozinho antes de eu chegar.
Gina abaixou o som do filme e aproximou-se do rapaz para captar melhor a fofoca.
— Ele tá saindo com alguém?
— Parece que não deu em nada. — deu de ombros.
— Quem será...?
— Eu não te disse isso. — Harry levantou, parecendo estar arrependido de passar a informação para ela.
— Não vou contar, fofoqueiro. — mostrou-lhe a língua.
— Olha quem fala...
— Quatro olhos!
— Fica aí com esses espíritos malignos, docinho. — e deu um puxão no cabelo dela.
Gina tentou arremessar-lhe uma almofada, mas ele se esquivou e correu para cozinha.
A lembrança da noite deu até uma pontada de remorso de encher o saco de Rony. Talvez ele estivesse na fossa, e ela recordava bem como era Ronald Weasley na fossa! Entretanto, a compaixão passou na mesma rapidez que veio e Gina gritou enquanto lhe dava um cutucão.
— Hey, Rony! — ele abriu os olhos, desnorteado — Estou indo para a aula de dança. Vê se não morre até as cinco da tarde nessa cama. Já são onze e tanto da manhã.
E saiu de casa mais satisfeita, contudo, ainda curiosa em saber quem era o novo par do ruivo.
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