Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 21
Gina


Notas iniciais do capítulo

Começando o segundo arco de Entre Otakus! o/
Espero seus maravilhosos comentários sobre essa relação peculiar de Harry e Gina.
Até quarta!



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Somente Gina e Rony estavam em casa naquela manhã. Ele era um desligado, um completo peso de papel quando ficava de folga do trabalho. Normalmente a garota se irritava com esse estilo vegetativo de seu irmão, mas nos dias em que saía para sua aula de dança, pouco lhe importava.

Um dia chegaria em casa e encontraria fungos brotando pelo corpo de Rony.

Eram onze e meia da manhã quando ela desceu as escadas, saltitante. Com a bolsa a tira colo e um conjunto de inverno no corpo, bateu na porta do ruivo com os punhos cerrados.

— Ei, cabeçudo! Estou saindo! — gritou.

Não obteve respostas.

— Rony, estou indo! — insistiu.

Resolveu abrir a porta e as trevas imperavam lá dentro. Era algo parecido com a tumba de Ramsés, de tão escuro e abafado, e com o adicional de roupas espalhadas para todo lado. A única coisa que o irmão arrumava dentro daquele quarto (ninho, de acordo com sua mãe) eram as coleções de mangá.

Logo seus olhos tiveram de se acostumar com o breu e ela encostou-se na cama. Uma montanha respirava debaixo dos edredons. Rony estava num sono ferrado, a boca meio aberta.

Ela sabia que tipo de sono era aquele. O sono da ressaca. No dia anterior o percebeu sair sozinho no início da tarde e voltar gargalhando e conversando alto, no carro de Harry. Quando os rapazes entraram em casa, ela estava de pijama na sala, assistindo Atividade Paranormal sozinha. A descontração alcoólica dos jovens a distraiu um pouco do arrependimento que experimentava por ver o filme sozinha.

Rony foi para a cozinha fazendo barulho nas panelas, procurando jantar, enquanto ela o mandava parar com a algazarra porque os pais já dormiam. Por fim, ele ficou criando sanduíches com restos da geladeira e rindo feito um retardado para o nada.

Harry escapuliu para sala e sentou ao lado dela. Gina tentou continuar prestando atenção ao filme.

— Qual Atividade Paranormal é esse?

— O três. — a ruiva respondeu, encolhida no seu lado do sofá.

— Você não tem medo de ver esses filmes sozinha? — Harry olhou-a com olhos azeitados.

— Quantas cervejas tomaram?

O ruivo cantarolava em japonês a abertura de um anime qualquer lá da cozinha.

— Poucas. Mas você conhece seu irmão, ele é fracote, fica alto rapidinho.

— Humm... Você não se considera bêbado então?

— Claro que não. Estou aqui, sentando, conversando com uma garota corajosa, numa voz passiva e civilizada. Não cantando enquanto procura carne de porco para colocar no meio do pão.

Ela sorriu atravessado.

— Sei...

— E quando você for ver esses filmes perturbadores, pode me chamar.

— Por que? Estou muito bem aqui, sozinha. — mentiu.

— Que nada. Você tá toda encolhidinha no seu assento. — Harry aproximou-se.

— É porque tá frio.

— Ou porque está com medo de que algum espírito venha pegar seu pé? — ele agarrou o pé direito dela por debaixo do edredom.

— Para! — Gina exclamou rindo.

Era meio complicado ignorar Harry ultimamente. Ele parecia diferente com ela depois do longo tempo fora.

— HARRY, VEM! — Rony gritou da cozinha.

— Ele tá te chamando. Deve ter preparado algum goro daqueles pra vocês dois!

— Acho que não devia tê-lo deixado beber tanto. — o rapaz confessou, resignado.

— O que houve, hein? Marcaram de se encontrar aonde?

— Ele me ligou. Estava numa feira otaku, essas coisas que seu irmão adora, e não encontrava táxi pra voltar.

— Que estranho, Rony só anda de bicicleta por aí. Daqui a pouco vou encontrá-lo atravessando a lua.

Harry sussurrou.

— Parece que não estava sozinho antes de eu chegar.

Gina abaixou o som do filme e aproximou-se do rapaz para captar melhor a fofoca.

— Ele tá saindo com alguém?

— Parece que não deu em nada. — deu de ombros.

— Quem será...?

— Eu não te disse isso. — Harry levantou, parecendo estar arrependido de passar a informação para ela.

— Não vou contar, fofoqueiro. — mostrou-lhe a língua.

— Olha quem fala...

— Quatro olhos!

— Fica aí com esses espíritos malignos, docinho. — e deu um puxão no cabelo dela.

Gina tentou arremessar-lhe uma almofada, mas ele se esquivou e correu para cozinha.

A lembrança da noite deu até uma pontada de remorso de encher o saco de Rony. Talvez ele estivesse na fossa, e ela recordava bem como era Ronald Weasley na fossa! Entretanto, a compaixão passou na mesma rapidez que veio e Gina gritou enquanto lhe dava um cutucão.

— Hey, Rony! — ele abriu os olhos, desnorteado — Estou indo para a aula de dança. Vê se não morre até as cinco da tarde nessa cama. Já são onze e tanto da manhã.

E saiu de casa mais satisfeita, contudo, ainda curiosa em saber quem era o novo par do ruivo.


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