Entre Otakus escrita por Van Vet
Notas iniciais do capítulo
Agradecendo Tati, Andye e Arya pelos últimos comentários.
Mil beijos, garotas!
Ao resto do pessoal comentem, aproveitem que o capítulo está para debate mesmo.
Beijos!
Ao saírem do pavilhão a noite já havia caído. O frio londrino se fez presente e o termômetro de rua mais próximo marcava oito graus centígrados. Pequenos grupos de adolescentes esperavam seus pais virem lhes buscar. Enquanto falavam fumaça saia de seus lábios.
Ele olhou para Hermione e ela tintilava os dentes, não se agasalhara adequadamente. Ao contrário dela, Rony encontrava-se maciçamente protegido dentro de seu grosso moletom negro.
— Quer usar? — ofereceu tencionando descer o zíper.
— Não, não. Vamos encontrar um táxi logo. — a garota recusou, olhando para a longa avenida.
— É difícil eles pararem aqui, estão em alta velocidade nessa avenida. Temos que contornar o pavilhão por fora. Tem um ponto de táxi na praça ao lado. — sugeriu.
— Então vamos logo para lá.
Caminharam rápido durante dez minutos e chegaram numa calçada estreita, densamente povoada por árvores. Atrás de uma grade de ferro havia a praça silenciosa e fechada. Imediatamente na frente desta, a calçada alargava e placas sinalizavam ser um ponto de táxi. Não havia nenhum carro a vista.
— Droga... — ela gemeu, zanzando para esquentar-se do frio.
— Eles não demorarão a aparecer, mas se eu fosse você, aceitaria meu pedido. Fique com minha blusa.
— Claro que não! Aí quem vai congelar é você.
— Sou macho. — brincou.
— Tem outra blusa por baixo?
— Só camiseta.
— Então não. Tá gelado a beça, garotão! Eu estou com essa blusa fina e já não me aguento...
— Quer que eu faça polichinelo com você pra te incentivar a se aquecer? — disse, sendo sarcástico por ela zanzar debilmente. Então, sem esperar pelo consentimento dela tirou seu blusão. — Vamos! Veste logo.
É! Estava frio pra burro! Ele fez-se de resistente mesmo assim. Hermione pegou o agasalho, vestiu e ficou perdida dentro dele. Era imenso.
— É como estar debaixo das minhas cobertas. — começou a se confortar.
— Eu sei. — Rony tentou não tremer na camiseta fina.
— Não tá com frio?
— Nem tanto. — mentiu, mas seu corpo o delatou. Os pelos do antebraço começaram a se arrepiar e o maxilar a bater.
— Agora chega, vai. Coloca isso! — a jovem voltou a tirar a blusa.
— Não...
— Sim...
Rony olhou para a esquina e nem sinal de um táxi. Não havia jeito. Corria o risco de ser imediatamente visto como um tarado pervertido, mas tinha de lançar a proposta se não quisesse que fossem encontrados pelo corpo dos bombeiros na manhã seguinte congelados.
— Vamos compartilhar o agasalho.
— E como seria isso? — foi indagado pelo olhar intrigado daquela morena.
— Como eu sou mais alto, visto ele de novo. Então você me abraça e eu fecho o zíper nas suas costas.
— Ficamos amassados dentro no moletom?
— É por aí... — respondeu batendo os dentes mais violentamente.
Hermione aceitou a sugestão. O ruivo voltou para o aconchego de seu agasalho e abriu convidando-a.
— Eu te abraço pela cintura? — ela aproximou-se. Ele começou a se arrepiar novamente, mas não foi de frio.
— Assim ou do outro jeito.
— Qual outro jeito? — perguntou desconfiada.
— Tenho mesmo que dizer? — o rapaz revirou os olhos.
Rindo da situação, ela entendeu.
— Não, não. Prefiro ficar de frente para você mesmo.
Então veio. Passou os braços ao redor da cintura dele e enlaçou-a quase que por completo. Rony sentiu o calor daquele corpo irradiando sobre o tórax dele e o volume delicado do que seriam seus seios. Fechou o zíper da blusa comprimindo ainda mais ela sobre ele.
Que cheirinho delicioso ela tem.
— Imagina se Córmaco me vê assim na rua... Ou qualquer outra pessoa que nos conheça.
Algo pouco provável. Estavam ocultados nas sombras de uma árvore e na escuridão da noite ainda por cima. Entretanto ele achou que valia a pergunta.
— Córmaco é seu noivo?
— Isso. — ela olhava para a rua. Rony, por sua vez, para o alto de sua cabeça.
— Sei que já perguntei isso, mas ele não faz o tipo ciumento?
— Não, nem tanto, mas nesse caso, na nossa situação, seria inevitável não pensar em algo.
— É verdade.
Ficaram quietos por alguns segundos. Seus corpos usufruindo da emanação térmica.
— Tudo bem aí? — o ruivo não gostava muito daquela quietude. Dava para ouvir seu coração martelando no peito.
— Tá quentinho sim.
— Essa coisa de calor humano funciona mesmo.
— Pois é. — ela riu.
E ergueu a cabeça encarando-o.
A luz do poste incidia sobre suas bochechas coradas e fatalmente sobre seus lábios convidativos. Rony ficou hipnotizado pela sua beleza de tal forma que não conseguiu desviar os olhos do rosto dela.
— Me diz qual é meu estilo agora. — foi intimado.
As mãos dele estavam plantadas nos bolsos para que não houvesse nenhum mau juízo sobre a pessoa dele. Nos seus devaneios, contudo, deslizava os dedos na cintura esbelta que reparara Hermione ter.
— Seu estilo é autêntico. É através das suas roupas que consegue gritar para o mundo sobre quem é. Gosta de ser livre e está pronta para o imprevisível, porque faz parte de sua personalidade mudar o rumo das coisas sem aviso-prévio. Nunca se importou com opiniões alheias, mas ultimamente tem estado furiosa por se ver fazendo justamente o contrário.
— Você tá a fim de mim...? — ela perguntou com a voz amortecida.
— Só por que tentei te analisar?
— Não. Porque parece reparar em mim direitinho.
Rony mostrou um sorriso torto. Seu coração bateu mais forte.
— Acho que essa quentura toda está nos levando para algo... meio...
— Não aguento mais minha vida. Quero largar tudo. — ouviu-a desabafar, ainda o fitando.
— Então larga.
— Teria você do meu lado?
E naquela frase tudo desandou. Rony sentiu as mãos ágeis da jovem descendo até seu jeans e indo parar nos bolsos do seu traseiro. Hermione puxou-o para mais perto e ergueu o queixo, determinada.
Ele se viu num impasse, quase flutuando até os lábios dela. A ponto de responder com um sim a pergunta provocante. Mas algo o freou. Não o fez. Havia uma barreira estranha erguida repentinamente, mesmo ela desejando com os olhos e os lábios, um beijo dele.
Rony afastou sutilmente. Ela pareceu voltar do seu torpor de imediato. Entendeu que ele não queria. Num repente a morena refletiu vergonha.
— Foi mal.
— Hermione...
— Olha, tem um táxi chegando! — ela ignorou numa espontaneidade desafinada. — Pode me soltar?
Ele o fez. Seus corpos descolaram bruscamente e a friagem rebateu no tórax dele. Hermione foi para a sarjeta e acenou freneticamente, o veículo já estava parando.
— Você pega o próximo táxi? — perguntou-lhe de supetão.
— Eu... — ele simplesmente não conseguia formular uma palavra. Ela mirou-o, visivelmente perturbada agora. Seus olhos estavam lhe dizendo Por favor, me deixe sozinha.
— Tudo bem. — Rony concordou. — Boa noite.
Hermione jogou-se dentro do táxi sem lhe responder.
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E então, porque acham que Ron recusou o beijo da Mione no último segundo?
Aguardo suposições ~
;)