Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 14
Hermione


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento mais do que especial as fantásticas recomendações de Ryuuzaki e Andye GW!
Muito feliz também com as participações de Andrielly e Paola Mellark nos comentários. Obrigado pessoal, estou muito feliz de verdade!!



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Córmaco, seu estimado noivo, era uma estátua esculpida nas mãos perfeitas de um artesão valioso. Estava sentado no sofá com as costas eretas e uma perna cruzada com o tornozelo repousando sobre o joelho esquerdo. Usava camisa de algodão branca, calça de sarja marrom e sapatos. Seu sorriso não tinha ressalvas quanto ao charme que exalava. Nem as duas costureiras ajudantes de Álwaro de Doorf conseguiam disfarçar o interesse na beleza dele.

Álwaro fazia de um modelo pobre coitado, um rapaz do mesmo porte físico de Córmaco, seu manequim ambulante, desfilando na sala da residência dos McLaggen com dezenas de fraques, meio fraques, casacas e ternos exatamente iguais para os olhos de Hermione, e talvez de seu futuro esposo também.

Claro que essa adorável tarde de sábado (Hermione não tinha mais um sábado há alguns séculos) Tremelique havia marcado com o estilista a escolha do traje que seu filho casaria. Isso fez a garota pensar em como ela ficaria feliz se aquele costume de não ver a noiva de vestido antes do casamento se estendesse aos noivos também.

Depois de ter passado a noite de quinta estudando para uma prova muito difícil na sexta feira, a moleza pela falta de descanso reverberaria no fim de semana. Hermione não parava de bocejar diante do “desfile”. Sua sogra às vezes a fitava cheia de reprovação, e ela prazerosamente fingia não perceber. Córmaco a cutucava na nuca, um beliscãozinho carinhoso na coxa sobre o jeans, o suave enroscar de dedos nos cabelos sempre que sua mãe abaixava a guarda, para mantê-la acordada e quebrar o tédio do qual ele mascarava tão bem não estar sentindo.

Finalmente, após três horas, escolheram uma casaca preta que aparentemente fora optado pelos noivos, completamente coagidos pela Sra. McLaggen. Foi uma vitória não a escolha, mas o término da sessão. Então Córmaco se levantou e foi para a suíte de baixo da casa onde Álvaro e suas assistentes espevitadas iriam tirar as medidas dele e acariciar seu bíceps modelado acidentalmente.

Ele deu uma piscadela para Hermione antes de levantar-se de deixá-la a sós com Tremelique.

— As ajudantes de Álvaro não conseguem nem disfarçar o quanto estão impressionadas com a beleza de meu filho.

— Uma graça elas. — Hermione roubou um biscoito amanteigado da bandeja sobre a mesinha de centro na sala.

Tremelique se serviu de um pouco de chá fumegante e bebericou fazendo beicinho. Os lábios estavam excessivamente pintados de rosa. Depois de quase um minuto de silêncio, sibilou:

— O que achou do traje?

— Bonito.

— Hermione — ela repousou o pires em cima do colo e começou a piscar abobadamente — você tem que se comportar como uma noiva. A noiva de um McLaggen. Achei tão inapropriado comparecer nesta reunião de calça jeans e... essas blusinhas de frio.

Ela se referiu a uma blusa modelo feminino, vermelha e de capuz, que o seu pai havia lhe trazido do Magic Kingdom. Era uma das preferidas da garota. Quente, confortável e combinava com todas suas calças jeans. Imagine se Tremelique visse o selo do Mickey dentro da gola.

— Não foi minha intenção desagradá-la. — respondeu a jovem cheia de cinismo pegando outro biscoito e mordendo com força e raiva.

— Olhe, meu filho é um rapaz de muito requinte, querida. Quando lhe dou essas dicas não estou pegando no pé, nem nada parecido. Apenas quero prepará-la para não passar vexame. Pense quantas reuniões, coquetéis e festas terá de comparecer quando for uma McLaggen também.

— Eu vou conseguir me virar quando o momento chegar, e prometo vir de acordo nos próximos compromissos.

Tremelique não disse nada, sabia que estava sendo esnobada por Hermione e era isso que satisfazia a garota de não levantar e jogar aquele chá fervendo no colo da sogra. Desde que se entendia por namorada de Córmaco as indiretas vinham. Antes, quando o compromisso não parecia sério, eram palavras vagas e raras uma vez que não se viam tanto. Entretanto, agora que tudo tomara proporções mais oficiais as farpas espetavam assim que Hermione encostasse na carapaça de espinhos da Sra.McLaggen.

Talvez pressentindo o desconforto de sua noiva sozinha com a mãe na sala, Córmaco conseguiu voltar rapidamente da retirada de medidas. Ele abraçou a mãe, deu-lhe um beijo no rosto e saiu de mãos dadas com Hermione para os jardins.

Era uma tardezinha deliciosa, com um pôr do sol avermelhado e sem vento, de forma que decidiram pegar o carro esporte dele e passearem por Nothing Hill. Pararam num parque próximo a uma capela e foram para os bancos encarrapitados numa elevação geográfica onde conseguiam ver o mergulho do astro rei horizonte adentro.

— Senti o clima fúnebre quando voltei pra sala. O que minha mãe fez? — Córmaco perguntou.

Estavam aconchegados um no abraço do outro.

— Essa conversa precisa mesmo existir?

Ele beijou o alto da testa da noiva com ternura.

— Eu tenho medo dessas coisas. — confessou para ela.

— Medo do que?

— De te perder para essas besteiras da minha família. E quando eu digo “minha família” leia-se minha mãe.

Ela carinhosamente roçou os dedos nas costas das mãos dele. Eram quentes e firmes.

— Nunca te deixaria por uma coisa dessas. Não vou casar com sua mãe, não é?

—Por quais besteiras você me deixaria, Mione?

A garota lhe lascou um beijo na bochecha.

— Ei, garotão! Porque tá tão emotivo? Vamos parar com essas conversas sem propósito. O que for será, ou seja, nós casados e morando há muitos quilômetros da casa dos seus pais.

Córmaco ajeitou as madeixas loiras.

— Sim. Isso vai durar somente durante os preparativos do nosso casamento. Depois não vou deixar minha mãe meter o bedelho em mais nada relacionado a nós dois!

Esse discurso elevou em muitos por cento o astral de Hermione. Tremelique distante, ressentida e excluída era o oconcur dos seus desejos.

— Mas o que ela tava te irritando?

— Não vamos alimentar o Tiamat, que tal? — e piscou sugestivamente como o tique nervoso da sogra.

Ele coçou o queixo e fitou-a com os olhos serrados.

— Você está imitando minha mãe?

— Eu? Não. Acho que só adquiri tétano naquele seu carro velho. — escondeu um risinho.

Recebeu um apertão caloroso na bochecha como uma criança travessa.

— Então diz que me ama. — ele pediu.

— Eu não. Você tava flertando com as funcionárias do tal estilista na minha cara.

— Eu estava na minha o tempo todo. — ergueu os braços em rendição.

— Mesmo quando foi para a suíte e elas ficaram te apalpando?

— Mesmo quando cutucaram meu bumbum de leve!

— Traíra! — ela fingiu-se de horrorizada.

Eles riram.

— Vai, diz que me ama. — Córmaco voltou a pedir.

— Você sabe que sim.


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