Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 10
Rony


Notas iniciais do capítulo

Essa é a última parte do casal. Depois vamos ver um pouquinho de outro casalzinho e voltaremos a eles então.
Pessoal, desculpem, mas não dá ânimo de perder tempo com uma fanfic que parece que ninguém tá lendo. O próximo capítulo só vem com seus comentários.
Sorry :/



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Com o shopping tão lotado naquele domingo, Rony quase não encontrou uma brecha para seu almoço. O proprietário teve de aparecer por lá durante a tarde para dar uma força a ele e Hank, e deixar que os funcionários saíssem um pouco para suas necessidades fisiológicas. O primeiro a pegar o turno do almoço (às quatro da tarde) foi o ruivo.

Enfiou as mãos nos bolsos e partiu para a praça de alimentação, desanimado com a fila insuportável nos fast-foods. Resolveu esquecer-se do seu típico Big Mac com batata frita tripla e entrou a contra gosto numa fila de pratos à la carte.

Aqueles restaurantes sem graça, cheios de verdura e carnes grelhadas nunca lotavam fora da hora real de almoço.

Ao fazer o pedido pegou uma senha e foi sentar-se numa cadeira próxima esperando seu bife saudável de carne magra ser preparado. O acompanhamento que conseguiu pedir ali para trazer alguma graça a sua refeição foi purê de batata, muito purê.

Estava distraído, baixando pelo celular alguns scans de Good Ending para ler mais tarde, quando foi surpreendido por uma presença arrebatadora. Uma moça com cabelos castanhos, belamente penteados para o lado, sentou na sua mesa.

— Oie! — a garota dos mangás o cumprimentou.

— Ah... Oi!

— Eu te assustei de novo, não? Chegando feito uma louca no meio do nada. — deu um risinho muito meigo.

Alguma coisa ficou dormente dentro do peito dele. Torceu para que fosse o estômago faminto.

— É, você tem o dom! Agora vou começar a ficar preocupado e conferir se não está embaixo da minha cama antes de dormir.

— Como adivinhou que eu tenho Krueger* no sobrenome?

— Eu te vi outro dia na rua com um suéter listrado e um chapéu fedora. Acho que você ia matar alguém. — arregalou os olhos, fingindo medo.

Ela lhe deu um tapinha no braço. Tão simples e imparcial, mas tão íntimo na cabeça dele. Contava cinco dias desde quando Hank lhe trouxe a agradável notícia (com risadinhas bestas e maliciosas) de que aquela morena, pertencente a um outro carinha, veio perguntar por ele. Rony perdeu a pouca concentração que tinha no mundo ao seu redor pelo resto daquele dia, mas continuou firme na decisão de evitá-la.

Gostava da sua vida pacata e já tinha sofrido outra vez com esse lance de paixão. Preferia ver personagens de quadrinho se debulhando por esse sentimento somente nas páginas dos mangás.

— Tá fazendo compras ou só veio para um lanche? — perguntou dividindo a atenção entre ela e o painel de senhas.

O celular de Hermione tocou, tirando um pouco sua concentração. Em vez de atender, a moça que passou a expressão de estar emburrada com o remetente anunciado na tela, silencio-o sem atender.

— Eu vim para compras, mas isso daqui está lotado!

— E olha que eu nem comecei a distribuir os autógrafos ainda.

— Bobo! Sumiu da banca!

Adorou ter sua presença cobrada.

— Precisei mudar de turno. — não achou que cairia bem dizer “Tô ficando cada vez mais a fim de você, então prefiro te evitar”.

— Humm, entendo. É que você é o especialista mais próximo de mim. Então fiquei meio sem ter pra quem perguntar se Love Hina é bom mesmo.

— Você quer ler?

— Tô pensando.

— Olha, é shounen*, mas super engraçado.

— Estou precisando dar uma relaxada mesmo! — ela soltou despretensiosamente. — Só preciso encontrar onde comprar.

— Eu tenho! — a exclamação escapuliu de sua boca.

“Rony, porque tá tentando alimentar amizade com essa garota? Não, não, não...”.

— Oh... — Hermione pareceu meio indecisa. — Eu acho que vou tentar procurar na internet mesmo.

Mas ele não parou.

— Porque você não frequenta uma feira de otakus de vez em quando? Ela não é só regada a pessoas com fantasias bizarras e nerds bitolados. Tem bastante gente saudável também.

— Acho que meu noivo enfartaria se eu dissesse “amor, vamos há uma feira de gibis japoneses”!

A referência “noivo” pareceu um comentário para lembrar a ele qual era seu lugar.

— Porque não leva aquela sua amiga de cabelo colorido? Tem uma feira dessas semana que vem na Browning Street. Com certeza vai ter gente vendendo os exemplares de Love Hina por metade do preço que você pagaria na internet.

— Ninguém ao meu redor entende esse meu gosto, até mesmo Marvin.

Então ele estupidamente comprometeu suas ilusões ao soltar:

— Eu vou com você... — os olhos dela encararam-no misteriosamente — se quiser a companhia, eu digo.

— Seria legal. — ela abriu um largo sorriso. — Mas só se você prometer não me sequestrar?

— Desculpa, costumo sufocar garotas com páginas dos mangás que odeio. Sinta-se privilegiada, pois vou gastar metade da minha coleção de Bleach com você.

— Droga! Vou ter que arriscar.

A perspectiva de encontrá-la em outra ocasião deixou-o com vontade de pedalar freneticamente. A bicicleta era sua amiga, sua psicóloga, sua extravasadora nos momentos que queria sonhar.

— Oh, meu pedido! Já volto! — saiu correndo ao ver seu número no painel.

Quando voltou achou que não iria encontrá-la mais lá, entretanto Hermione sequer levantou. Espichou os olhos para sua comida de “afrescalhada” e comentou:

— Você é um garoto saúde.

— Isso chama-se muita fome e pouca paciência. — atacou o purê. — Quer um pouco? — ofereceu uma garfada.

— Obrigada. Acabei de devorar um sorvete.

— Traíra!

— Hermione! — uma mulher de meia idade num vestido florido e óculos escuros aproximou-se da mesa.

Ele viu a expressão da moça mudar completamente de descontraída e feliz, para tensa e rígida.

— Sra. McLaggen?! — sua voz falhou levemente.

— Olá, querida. — agarrou-a para um beijo, depois olhou de um modo muito depreciativo para Rony, como se ele fosse um marginal (talvez culpa da touca), e nem se deu ao trabalho de cumprimentá-lo. — Liguei para sua casa e para seu celular, precisamos conversar.

— Oh... É urgente?

— Claro que é! — ela parecia histérica — Aquele escultor no gelo nos concedeu uma hora agora, nesta noite. Já enviei os modelos para ele por e-mail, mas precisava de você para escolhermos qual cisne usaremos na entrada da recepção.

A seguir ela pousou os olhos em Rony, aparentava estar muito envergonhada. Levantou da cadeira, pegou sua bolsa e disse baixinho:

— Tenho que ir. Tenta voltar para o turno de antes pra gente combinar a compra das revistas. — procurou ser o mais discreta possível.

— Humrum. Boa caçada. — retrucou sobre o pouco do que conseguiu entender daquela conversa da estranha com ela.

— Quem é esse maluco? — perguntou a Sra. McLaggen a Hermione assim que elas viraram. Procurou ser alto o suficiente para ele poder escutar.

E ele era mesmo, por estar tentando criar laços com alguém completamente improvável.


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Notas finais do capítulo

*Krueger: Referência a Freddy Krueger das sequências de filmes de A Hora do Pesadelo.

*Shounen: mangá voltado para homens, com batalhas, violência, humor negro, competição, ação (Eu adoro shounen e não sou menino). :p



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